Fanfic: Não posso amar, não sei amar. | Tema: Romance/Drama original.
Deixei a cortina aberta na noite anterior, o sol fizera papel de despertador, levantei, Alex estava sentada com papel e caneta em mãos, quase esqueci que minha colega de quarto era poeta, ficou tanto tempo sem escrever...
– Bom dia! – exclamei espreguiçando
– Bom dia.
Escovei os dentes, troquei a roupa, peguei o violão e caminhei em direção a porta.
– Salão musical? – perguntou
– Exato – apontei para o relógio – Pelo horário deve estar vazio o que é melhor pra mim.
Tardes de domingo fazem o salão esvaziar e a área de lazer lotar. Pisquei um dos olhos e saí. Como esperado o salão estava completamente vazio, entrei, encostei a porta e fui para o palco, puxei um banco, posicionei o violão e comecei a tocar:
“Summer after high school when we first met
We`d make out in my Mustang to Radiohead
And on your 18th birthday we got matching tattoos
We used to steal your parent`s liquor and climb to the roof
Talk about our future like we had a clue
Never planned that one day I`d be losing you
In another life, you would be my girl
We`d keep all our promises
Be us against the world
In another life, I would make you stay
So I don`t have to say you were
The one that got away
The one that got away
You were june and I was your Johnny cash
Never one without the other
We made a pact
Sometimes when I miss you
I put those records on
Someone said you had your tattoo removed
They saw you downtown singing the blues
It`s time to face the music
I`m no longer your muse
In another life, you would be my girl
We`d keep all our promises
Be us against the world
In another life, I would make you stay
So I don`t have to say you were
The one that got away
The one that got away
The one
The one
The one
The one that got away
All this money can`t buy me a time machine, no
I can`t replace you with a million rings, no
I should`ve told you what you meant to me, whoa
Cause now I pay the price
In another life, you would be my girl
We`d keep all our promises
Be…Abri os olhos e vi Alex sentada, abafei o som do violão e parei de cantar.
– Continue gosto da sua voz. – pediu
Voltei a cantar e tocar, não durou muito, a música em si já estava no fim. Cantamos duas outras músicas juntas. Derek apareceu, disse que queria falar comigo, Alex saiu do salão para nos deixar a sós.
Sentamos-nos um de frente para o outro, ele segurou minha mão, respirou fundo e começou:
– Lhe disse que te admiro já tem certo tempo, nos últimos dias conversamos bastante. E... Bem, você é linda, tem lá seu jeito diferente de ser meiga, mas é – riu – gosta de esportes, tem um senso de humor incomparável, canta, toca violão, resumindo; Namora comigo?
Meu rosto corou! O que digo? O garoto me pediu em namoro, senhor ajuda. Não o conheço há muito tempo, fica difícil começar um namoro, há mais chances de dar errado... Ou, pensando por outro lado, pode ser “útil” vai fazer com que eu descubra de quem realmente gosto, ou de que gosto, mas também seria egoísmo da minha parte, estaria usando Derek, e acabaria por descartá-lo caso o resultado “do teste fosse negativo.” Franzi a testa, passei a mão no cabelo. Sinceramente não sei o que dizer.
– Amy?
– Ah, é desculpe-me a demora, parei no tempo. Posso responder amanhã?
Ele ficou com uma expressão preocupada. Não quero magoar ninguém, não quero me magoar, só estou confusa, eu sou confusa.
– Tudo bem, responda quando quiser. Pensa com carinho tá?
Sorri. Pelo menos era compreensível, me despedi, peguei o violão, o deixei no quarto e fui para área de lazer. Precisava encontrar Kurt, ele entendia essa minha mente pirada, ou só tentava mesmo. Estava fumando num canto do CATS, cheguei perto, tirei o cigarro de sua boca e apaguei no cinzeiro.
– Qual é Amy!
– Faz mal para a saúde.
– Está brincando com minha cara né?
– É eu estou.
– Lembrei de algo que preciso te contar.
Outra bomba! Tentarei me preparar psicologicamente agora.
– É sobre o namorado da sua amiguinha lá. - continuou
– Correção, EX ex-namorado. – retruquei sorrindo
– Então ela descobriu.
Descobriu? Gente o que Andrew fez dessa vez? Até Kurt está sabendo.
– Descobriu o quê?
– Ele é gay.
– GAY? – berrei
As pessoas ao redor olharam para mim, abaixei a cabeça e fiquei quieta.
– Isso mesmo, gay.
– Desde quando?
– Desde sempre.
– Quem sabe?
– Eu e pelo visto sua amiga.
– Só os dois?
– Sim, ele é bom para esconder.
Coloca bom nisso, o cara parece um monstro, ninguém suspeitaria. Deixei a surpresa de tal notícia me levar e desmanchei-me em gargalhadas.
– Como descobriu?
– Amy, Amy, Amy, você deve ser a garota mais desinformada desse colégio. Sou colega de quarto dele. De qualquer forma, descobri isso tem três dias, minhas esperanças foram renovadas.
“Minhas esperanças foram renovadas.” Espera aí... É muita coisa para absorver num dia só. Andrew é gay, Kurt é gay, e Derek fez um pedido de namoro.
– Você?
– Eu!
– Tudo bem, iria pedir sua ajuda de qualquer jeito. Vem. – falei puxando seu braço.
Fomos para um lugar calmo, sentei e resolvi abrir o coração:
– Você sabe que o sistema de colegas de quarto não muda, a gente entra e continua com o mesmo parceiro até terminar aqui. Há dois anos tenho a suspeita de gostar de Alex, é algo que evito pensar, não suportaria ser homossexual, não por preconceito, quero dizer, é por preconceito, não meu e sim de minha família... Os dias passam, empurro esse suposto sentimento com a barriga, mas é impossível, vejo Alex todos os dias, e em alguns momentos ela faz minha cabeça girar. Outra coisa, quando comecei no CATS reparei muito no Derek Cooper, reparei somente, mantive distância, não queria nada no primeiro ano. Agora ele se aproximou de mim, disse que tem me admirado, conversamos bastante, é uma ótima companhia, hoje me pediu em namoro, não sei o que respondo não o amo, o conheço não tem muito tempo, e estou confusa em relação a tudo isso. Geralmente esse tipo de desabafo é feito de melhor para melhor amiga, o problema é que não tenho essa opção mais. Então desculpa importunar.
O peso na alma diminuiu tanto, parece até que o ar ficou leve de uma hora para outra, nunca pensei que conversar com alguém faria tão bem. Sensação ótima, leveza, calma espero que dure...
Kurt mandou-me esperar, queria pensar em algo coerente para dizer. Passado uns dez minutos de silêncio:
– Amy presta atenção, o sexo de uma pessoa não é o mais importante nela, não pode enxergar “com os olhos de um ser humano qualquer,” precisa enxergar com o coração, deixe o sentimento preencher você, não fique prendendo sua alma com conceitos dos “humanos inumanos,” amar é algo além do carnal, se tu amares uma pessoa o fará pelo que ela é; o jeito, as manias, as qualidades e defeitos, sorriso, olhar, personalidade entende? Não o corpo ou órgão sexual. Acabou de me dizer que não ama o Derek, então por que iria aceitar o pedido de namoro? Não se preocupe, pode conversar comigo quando precisar. Só, por favor, não seja tão mente fechada, livre-se desse tabu, se deixe livre para amar quem seu coração escolher e não quem lhe parece bom dentro dos padrões que a sociedade exige a opinião alheia não é importante, pense na sua felicidade, é o que realmente importa. Sua mãe pode até brigar ou qualquer outra coisa, mas um dia, cedo ou tarde ela vai aprender o que é o amor e vai te perdoar, retiro, vai perdoar a si mesma por ter te julgado dessa maneira. Amy, tu estás criando sua própria prisão.
Não aguentei, comecei a chorar e abracei Kurt, ele tinha razão. Nunca havia pensado desse modo... O amor é puro demais para se encaixar nas normas impostas.
– Muito obrigada, sério. Fico devendo uma. Tem noção do quanto me fez bem?
Estou tão calma, tão...bem! O soltei do abraço sufocante e expus um sorriso que foi imediatamente correspondido.
– Por nada. Fizeste-me feliz agora, é bom saber que ajudei.
– Kurt, tenho que ir agora, preciso falar com meu irmão.
– Sem problemas, a julgar pelo horário ele está na quadra.
Agradeci novamente e corri para a quadra de tênis. Esperei o primeiro set terminar então o chamei perto.
– Josh, visitou o papai ontem, o que acontece?
– Oi pra ti também. Nada grave, só ficou uma noite no hospital para ser observado. O dano maior foi no carro. Ele havia entrado no carro que estava estacionado na rua em frente ao trabalho quando um motoqueiro bateu na porta do motorista, como a velocidade do motoqueiro não era das mais reguladas estragou legal a porta que machucou nosso pai um pouco, na hora o deixou inconsciente, chamaram a ambulância e o resto você já sabe.
– Oi... Entendo, que bom não é? Assim mamãe não surta.
– Ele perguntou de você.
– E o que disse?
– Disse que suas notas em Geografia não andavam boas então seu tutor pediu a uma das monitoras para lhe ajudar aos sábados.
– Bela mentira. – murmurei saindo da quadra
A noite caíra, passei no refeitório, comi o suficiente para uma semana. Procurei Alex, queria entender direito o término do namoro.
Pra variar ela estava na biblioteca. Entrei, agachei para ler o título do livro; “As vantagens de ser invisível.”
Puxei uma cadeira, sentei-me:
– “A gente aceita o amor que acha que merece.”
Olhou por cima do livro:
– Já leu esse?
– Sim senhorita. Ei, você está bem? Digo em relação ao término do seu namoro.
Fechou o livro, cruzou as pernas:
– Sim.
– Admirável! No seu lugar ainda estaria no quarto.
– Tenho melhor aptidão para lidar com problemas do que você. - riu
– Não precisa jogar na cara viu? – correspondi o riso
E era verdade, perdera os pais aos oito anos de idade e pelo visto lidou muito bem com isso, não reclama de ter ficado num orfanato por três anos, até seu tio voltar do exército e matriculá-la aqui no CATS, hoje ela trabalha como monitora, o que rende o suficiente para a comida durante as férias e as roupas que usa já as contas do apartamento onde fica quando não está no colégio seu tio paga. A garota se vira desde os oito anos, e eu ainda não me imagino sem meus pais.
– Deve estar querendo saber o motivo...
– Pois é, mas não precisa dizer se não quiser.
– Relaxa, falo de boa. É que ele foi grosso comigo, usou e abusou de xingamentos. Foi um cachorro mesmo... Não acho que devo ficar com um cara que me trate assim.
Desgraçado, onde arrumou direito pra isso? Então ela não sabe que ele é gay ou está escondendo.
– Vou matar aquele troglodita, só não esqueça eu te avisei. Você não sabe que ele é gay?
Sem delongas, joguei a pergunta.
– Sabe disso como?
– Kurt me contou. – respondi
– Anda com o Kurt?
– Sim, ele tem sido muito, muito legal comigo.
Alex arqueou as sobrancelhas:
– O.K
Ciúmes? Não, ela não é disso.
– Quando descobriu Alex? Achei que tinha terminado por isso.
– Ah não, eu descobri ontem, depois do término fui conversar com alguém que soubesse explicar o motivo desses surtos que And tem de vez em sempre. Disseram-me que falta aceitação, ele é gay e não aguenta isso, explode nos outros a raiva que tem de si, fiquei com dó, sério, é bobeira não se aceitar e o que tem ser gay? Amor é amor independente se for entre mulher e homem, homem e homem, mulher e mulher.
Engoli seco após ouvir isso, não vi motivos para Andrew extravasar os sentimentos dessa forma, mas o entendi...
– Concordo com você. Agora me diga quem contou? Kurt disse que só você e ele sabiam.
– Kurt estava errado, Philip sabe, é o melhor amigo dele lembra?
– Não me lembrava da existência de Philip, a última vez que o vi estava quebrando a cara do meu irmão.
– Verdade. Acho que amadureceu, está bem diferente.
– Vou ler um pouco, posso ficar aqui?
– Por que não poderia?
– Sei lá.
Procurei um livro de romance, peguei “Um Porto Seguro.” Sentei-me novamente e comecei a ler.
Alex riu, encarei, sorri de volta e perguntei:
– O que foi?
– Nada, é que você fica meiga lendo.
O sorriso em meu rosto se expandiu. Meiga? É isso mesmo?
– Sou meiga nervosa e lendo também?
– É.
– Okay, se está dizendo quem sou eu para discordar.
Voltamos a ler. A cada segundo a confusão piora, as vezes acho que ela indiretamente se declara outrora diretamente tenta me afastar, não entendo se gosta ou não de mim e se gosta não sei como! Não consigo entender. Afastei o pensamento e tentei focar no livro. As horas foram passando, olhei no relógio. Nossa, estamos aqui há quatro horas, Alex adormecera, guardei os livros, a chamei, levantou cambaleando, fiz com que se apoiasse em mim, evolveu o braço em meu pescoço, segurei em sua cintura para guiá-la.
– Fica pior que bêbado quando está com sono em. – falei
Lógico que não entendeu palavra nenhuma, não coerentemente, só sorriu.
Chegamos ao dormitório. Ajeitei Alex na cama, coloquei a coberta e seu ursinho de pelúcia entre os braços. Encontrei o papel do início do dia:
“Meu coração dança no ritmo mais contagiante existente quando você está perto
Um sorriso surge em meu rosto instantaneamente ao ouvir seu nome
Meus olhos brilham ao fitarem os seus
Minha mente anseia em desvendar os mistérios do seu ser
... “
O poema não havia sido terminado e eu já o achava perfeito, só queria entender quem é o “você” tão citado, se é que tem um, poetas são surpreendentes.
Coloquei o papelzinho do jeito que o encontrei e fui deitar.
Autor(a): Annie Scoot
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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Abri a porta da biblioteca, Alex lia o livro de Filosofia, ela se levantou e veio até mim: – Oi – Oi – sibilei Seu tom de voz estava diferente, meio envolvente. Pegou minha mão e me guiou até a mesa onde se encontrava. – Preciso de ajuda em Filosofia, Amy. Impossível, a garota mais inteligente da grade pedindo ajuda e ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 3
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bella_13 Postado em 21/06/2013 - 16:55:06
To curtindo muito a Historia já to viciada rs
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alicemartiins Postado em 21/06/2013 - 09:44:12
POSTA MAAAAAAAAAAAIS *---*
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sophia_violetta Postado em 20/06/2013 - 10:14:28
e legal