Fanfic: Devia ser mais fácil

Tudo o que é bom, dura pouco, tem gente que diz que não, mas essa é a pura verdade. O feriado passou tão rápido e foi tão bom. Mesmo sabendo que isso não era muito certo a ser feito, eu queria aproveitar cada segundo ao lado daquela que meu coração dizia ser mais do que amiga.

As aulas voltaram, juntamente com nossas rotinas, exceto meu cursinho de inglês que ainda não voltou. Como se já não soubéssemos que isso iria acontecer, nossa amizade acabou ficando mais forte ainda. Não nos desgrudávamos nunca, quando não era na casa de uma, era na de outra, e todo dia, inclusive finais de semana. Quem não gostou muito disso foi o Dennis.. Como se já não bastasse eu estar toda estranha com ele, eu ainda estava preferindo ficar mais tempo com a Alice do que com ele. Confesso, minha curiosidade de nunca ter beijado uma mulher era tão grande, que nem vontade de beijar o Dennis eu tinha mais, portanto, era com a Alice que eu queria estar 24h, mesmo não rolando nada. Logo na primeira semana de aula, as nossas amigas repararam que estávamos mais próximas. Éramos tão próximas, que às vezes as meninas optavam por nos deixar a sós e podermos conversar melhor. Amo minhas amigas, mas ficar com a Alice era melhor. A primeira semana passou rápido, mas também, todos os dias a pauta dos assuntos não mudava, era sempre alguma novidade das férias ou do carnaval. Na quinta, a Alice me chamou pra ir pra sua casa após a aula da sexta, e dormir lá. Na hora aceitei, mas só depois minha ficha caiu que eu ainda não havia ficado nem sequer um pouco com o Dennis. Bom, convite aceito é convite aceito, não iria voltar, afinal, eu queria muito ir mesmo. Conversei com o Dennis, disse que iria pra lá e que no sábado à tardinha voltaria para casa e sairia com ele à noite. Ele aceitou, não muito bem mas aceitou. Logo a sexta veio e logo as aulas passaram. Fomos pra casa dela e assim que chegamos lá, descobrimos que ficaríamos o dia todo sozinhas. Almoçamos, tomamos um banho e resolvemos ir pra varanda de trás ficar conversando. Como estávamos a sós, eu sentei no chão encostando-me à parede e ela sentou entre minhas pernas. Adorávamos ficar assim, desde quando tivemos a oportunidade lá na praia, na beira do mar, já tarde da noite e sem ninguém para nos perturbar. Enfim, ficamos conversando assim, e o cheiro dela impregnando minhas narinas. A tarde passou e nem percebemos, fomos dar conta quando ouvimos o portão abrir e eram os pais da Alice chegando. Tratamos de nos levantar, fomos em busca de algo para comer, tomamos outro banho e fomos pro quarto assistir filme. Colocamos um de comédia romântica, e como ela tinha liberdade de trancar o quarto, assim fez e dessa vez, ela sentou na cama e esticou as pernas afim de que eu deitasse entre elas. Assim eu fiz, e nada melhor que assistir a um filminho daqueles naquela posição com ela. Entrelaçamos nossas mãos e ela me abraçou de forma digamos assim acolhedora. Confesso que foi um difícil de prestar atenção no filme com a respiração dela perto da minha nuca! Como toda comédia romântica que se preze, na hora em que o casalzinho estava em seu momento de pura fofura e romantismo, nossos olhos se cruzaram como num rompante. A mesma vontade que tivemos lá na praia, tivemos agora. Pelo menos eu tive. Chegamos bem perto, dava pra sentir nossas respirações se fundindo, o tempo havia parado novamente, mas dessa vez ela mesma virou. Acho que se fosse por mim, teríamos continuado aquilo, mas ela virou e eu entendi que não era o certo a ser feito. Apesar de que se estávamos na chuva, cair numa poça não seria nada demais. Eu queria, a oportunidade surgiu novamente, porém, mais uma vez, não aconteceu. O filme acabou, era hora de sair dos braços dela. Eu não queria, era óbvio, e parecia que ela também não, porque vimos o letreiro do filme todo passar sem nem nos mexermos. Mas acabou. Era hora de levantar e nos preparar pra dormir. Levantamos, fui ao banheiro dela e ela foi no social, nos trocamos, escovamos nossos dentes e assim voltamos pra cama. Sua cama era de casal, ainda bem, apesar de que se fosse de solteiro, ou eu dormiria super agarrada com ela, ou eu teria que dormir no chão. Como seu quarto tinha ar condicionado, o quarto estava bem geladinho, propenso e convidativo a dormir agarradinho. Deitamos, uma de frente pra outra, nossos olhos pareciam conversar. Na verdade, ambos queriam a mesma coisa. Levantamos as mãos automaticamente, e elas se encontraram assim que colocamos ela de volta ao colchão, foi inevitável o entrelaçar dos dedos, mas era bom ficar assim com ela. Nossos dedos pareciam se encaixar, assim como nossas vontades. Estava ficando cada vez mais difícil, mas prometemos pra nós mesmas de que isso não iria interferir em nossa amizade. Assim dormimos... Quando dei por mim, ao acordar no outro dia, estávamos abraçadas. Como aquilo aconteceu, eu não sei. Sei apenas que não queria sair dali e resolvi voltar a dormir vendo-a dormir. Acordamos juntas 13h com meu celular apitando. Pelo apito, sabia que era mensagem do Dennis. Ela ficou sem graça e pôs-se em pé rapidamente, entrando no banheiro. Fui ler a mensagem que dizia assim:

“Oi Ju. Espero que esteja bem. Bom, hoje iremos sair pra onde? Precisamos conversar. Bjs”

Nossa, quanta frieza... Nem pra me chamar de amor ou dizer que me ama no final. Se bem que, eu já havia deixado de fazer isso a tempos. Acho que nosso relacionamento não iria durar muito.