Fanfics Brasil - 016 Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada]

Fanfic: Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada] | Tema: Anahí e Alfonso


Capítulo: 016

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 SEIS


            Certo. Um anel falso é uma ideia. Há um milhão de razões para isso. Tais como:


            É desonesto.


            Provavelmente não vai ficar convincente.


            É antiético. /Antiético é o mesmo que desonesto? Esse é o tipo de debate moral sobre o qual eu poderia ter perguntado a Antony. Em circunstâncias diferentes./


            Ainda assim, aqui estou eu em Hatton Garden às 10 horas da manhã do dia seguinte, passeando e tentando esconder o fato de que estou de olho nos ladrões. Nunca fui a Hatton Garden antes e nem sabia que existia. Uma rua inteira de joalheiros?


            Há mais diamantes aqui do que já vi na minha vida inteira. Placas em todos os cantos anunciam melhores preços, quilates maiores, valores excelentes e design inovador. Obviamente, é a cidade dos anéis de noivado. Casais passeiam e garotas apontam para as vitrines. Os homens estão sorrindo, mas parecem um tanto enjoados sempre que as namoradas se viram.


            Nunca entrei numa joalheria. Não numa assim, de adulto. A única joia que tive veio de feiras e da Topshop ou de similares. Meus pais me deram um par de brincos de pérola, no meu aniversário de 13 anos, mas não entrei na loja com eles. Joalherias são lugares pelos quais passei achando que eram para outras pessoas irem. Mas agora, como estou aqui, não consigo não dar uma boa olhada.


            Quem compraria um broche feito de diamantes amarelos no formato de uma aranha por 12.500 libras? Para mim é um mistério, como quem compra aqueles sofás horrendos com braços em espiral que anunciam na TV.


            A loja do amigo de Alfonso se chama Mark Spencer Designs, e ainda bem que não tem nenhuma aranha amarela. Na verdade, tem vários diamantes em alianças de platina e uma placa dizendo: “Champanhe de graça para noivos. Torne sua experiência de escolher a aliança mais agradável.” Não fala nada sobre réplicas ou falsificações, e começo a ficar nervosa. E se Alfonso entendeu errado? E se eu acabar comprando um anel de esmeralda de verdade devido ao constrangimento e tiver que passar o resto da minha vida pagando por ele?


            E onde está Alfonso, aliás? Ele prometeu aparecer para me apresentar ao amigo. Pelo que entendi, ele trabalha ali na esquina, embora não tenha revelado exatamente onde. Eu me viro e observo a rua. É meio estranho nunca termos nos encontrado cara a cara.


            Tem um homem de cabelo escuro andando rapidamente do outro lado da rua, e por um breve momento acho que talvez seja ele, mas então uma voz grave diz:


_Anahí?


            Eu me viro, e, é claro, este é ele: o cara de cabelo escuro desgrenhado andando na minha direção. Ele é mais alto do que me lembro do saguão do hotel, ma tem as mesmas sobrancelhas grossas e os mesmos olhos profundos. Está usando um terno escuro e uma camisa branca impecável com gravata cinza-chumbo. Ele me lança um sorriso rápido e reparo que seus dentes são muito brancos e certos.


            É... Não vão ficar assim por muito tempo se ele não foi ao dentista.


_Oi Anahí. —ele hesita ao se aproximar, mas resolve estender a mão. — É bom conhecer você pessoalmente.


_Oi. —dou um sorriso hesitante e apertamos a mão um do outro. Ele tem um aperto firme. Caloroso e positivo.


_Vivien vai mesmo ficar conosco. —ele inclina a cabeça. — Obrigado de novo pela dica.


_Imagine! —dou de ombros, sem graça. — Não foi nada.


_É sério. Agradeço muito.


            Isso é estranho, conversar cara a cara. Fico distraída com os contornos das sobrancelhas dele e com o cabelo balançando na brisa. Eu me pergunto se ele sente a mesma coisa.


_E aí? —ele aponta para a joalheria. — Vamos?


            A loja é muito legal e cara. Eu me pergunto se ele e Perla foram escolher as alianças deles lá. Devem ter ido. Quase fico tentada a perguntar, mas não consigo tocar no nome dela. É constrangedor demais. Sei muito sobre os dois.


            A maioria dos casais você conhece no pub ou na casa deles. Você conversa sobre trivialidades com eles. Férias, hobbies, receitas de Jamie Oliver. Só com o tempo você começa a falar de coisas pessoais. Mas com esses dois, eu me sinto como se tivesse sido jogada direto no meio de um documentário sob o ponto de vista de um observador escondido. Encontrei um e-mail antigo de Perla ontem à noite que dizia apenas: “Sabe quanto SOFRIMENTO você me causou, Alfonso? Sem contar todas as porras de DEPILAÇÕES??”


            E isso foi uma coisa que eu não queria ter lido. Se algum dia eu a conhecesse, só conseguiria pensar nisso. Depilações.


            Alfonso tinha apertado a campainha e estava me guiando para dentro da loja elegante e com iluminação fraquinha. Imediatamente uma garota de terninho cinza aparece.


_Olá, posso ajudar? —ela tem uma voz leve e doce que é totalmente adequada à decoração suave da loja.


_Viemos ver Mark. —diz Alfonso. — Sou Alfonso Herrera.


_Certo. —diz outra garota de cinza. — Ele está esperando por você. Leve os dois. Martha.


_Aceitam uma taça de champanhe? —diz Martha, me lançando um sorriso compreensivo enquanto saímos andando. — Senhor? Champanhe?


_Não, obrigado. —responde Alfonso.


_Para mim também não. —completo.


_Têm certeza? —ela pisca para mim. — É um grande momento para vocês dois. Só uma taça, para ajudar com o nervosismo?


            Ai, meu Deus! Ela acha que somos um casal de noivos. Olho para Alfonso pedindo ajuda, mas ele está digitando alguma coisa no celular. E não vou falar da história de perder o valioso anel de família na frente de estranhos de jeito nenhum, nem vou ouvir as interjeições horrorizadas.


_Estou bem, de verdade. —eu sorrio desajeitada. — Não é... Quero dizer, não somos...


_Que relógio maravilhoso, senhor! —a atenção de Martha mudou de foco. — É Cartier vintage? Nunca vi um assim.


_Obrigado. —diz Alfonso. — Comprei num leilão em Paris.


            Agora que reparo, o relógio de Alfonso é mesmo impressionante. Tem uma antiga tira de couro e o mostrador de outro velho tem uma oxidação de outra época. E ele comprou em Paris. Isso é bem legal.


_Meu Deus. 


            Conforme andamos, Martha pega o meu braço e se inclina para perto, baixando a voz e falando de garota para garota.


_Ele tem gosto requintado. Sortuda! Não se pode dizer o mesmo dos homens que vêm aqui. Alguns escolhem coisas horrendas. Mas um homem que compra para si um relógio Cartier antigo tem que fazer a escolha certa!


            Isso é doloroso. O que eu digo?


_Humm... é. —murmuro, olhando para o chão.


_Ah, me desculpe, não quero deixar você sem graça. —diz Martha com encanto. — Por favor, me avise se mudar de ideia quanto ao champanhe. Tenham uma ótima sessão com Mark!


            Ela nos leva para uma sala grande nos fundos com chão de concreto e armários com portas de metal nas paredes. Um cara de jeans e óculos sem aro sentado a uma mesa grande se levanta e cumprimenta Alfonso calorosamente.


_Alfonso! Quanto tempo!


_Mark! Como você está? —Alfonso dá um tapinha nas costas de Mark e dá um passo para o lado. — Está é Anahí.


_É um prazer conhecê-la, Anahí. —Mark aperta a minha mão. — Pelo que soube, você quer a réplica de um anel.


            Sinto uma onda imediata de paranoia e culpa. Ele precisava dizer isso em voz alta, para qualquer um ouvir?


_Só por um tempinho. —mantenho a voz baixa, quase num sussurro. — Até eu encontrar o verdadeiro. E isso vai ser bem rápido.


_Entendi. —concorda ele. — Mesmo assim, é útil ter uma réplica. Fazemos várias substituições para viagens e situações deste tipo. Normalmente só fazemos réplicas de joias que nós mesmos desenhamos, mas podemos abrir uma exceção para os amigos. —Mark pisca para Alfonso. — E tentamos se um tanto discretos quanto a isso. Não queremos interferir com o negócio principal.


_Sim! —digo rapidamente. — É claro. Eu também quero ser discreta. Muito.


_Você tem uma imagem? Uma foto?


_Aqui.


            Tiro a foto que imprimi do meu computador naquela manhã. É de mim e Christopher no restaurante onde ele me pediu em casamento. Pedimos para o casal da mesa ao lado tirar uma foto nossa, e estou com a mão esquerda erguida com orgulho, com o anel claramente visível. Estou risonho e com cara de boba. E, para ser justa, era assim que eu estava me sentindo.


            Os dois olham em silêncio.


_Então é esse o sujeito com que você vai casar. —diz Alfonso, por fim. — O viciado em Palavras Cruzadas.


_É.


            Tem alguma coisa no tom dele que me deixa na defensiva. Não faço ideia do motivo.


_O nome dele é Christopher.


_Ele não é o acadêmico? —Alfonso está franzindo a testa para a foto. — Que tinha uma série de TV?


_É. —sinto um orgulhinho. — Exatamente.


_É uma esmeralda de quatro quilates, eu diria? —Mark Spencer levanta o olhar que estava na foto.


_Talvez. —respondo sem convicção. — Eu não sei.


_Você não sabe quanto quilates seu anel de noivado tem?


            Os dois homens me lançam um olhar estranho.


_O quê? —sinto que fiquei vermelha. — Me desculpem. Eu não sabia que ia perdê-lo.


_Isso é adorável. —diz Mark com um sorrisinho irônico. — A maioria das garotas sabe os quilates do anel até a casa decimal. E arredonda para cima.


_Ah. Bem. —dou de ombros para encobrir o constrangimento. — É um anel de família. Acabamos não conversando sobre isso.


_Temos várias bases aqui. Vou procurar...


            Mark empurra a cadeira e começa a procurar nas gavetas de metal.


_Então ele ainda não sabe que você perdeu?


            Alfonso aponta para a foto de Christopher com o polegar.


_Ainda não. —eu mordo o lábio. — Tenho esperança de que apareça e...


_Ele nunca vai precisar saber que você perdeu. —conclui Alfonso por mim. — Você vai guardar bem o segredo até morrer.


            Olho para o outro lado, sentindo uma dorzinha bater. Não gosto disso. Não gosto de esconder coisas de Christopher. Não gosto de ser o tipo de pessoa que age pelas costas do noivo. Mas não tem outro jeito.


_Ainda estou recebendo os e-mails de Violet aqui. —aponto para ele com o celular para me distrair. — Achei que o pessoal técnico estava resolvendo.


_Eu também.


_Bem, chegaram alguns novos. Já perguntaram quatro vezes sobre a corrida.


_Humm.


            Ele mal mexe a cabeça.


_Você não vai responder? E quanto ao quarto de hotel da conferência de Hampshire? Você precisa dele para uma noite ou duas?


_Vou ver. Ainda não tenho certeza.


            Alfonso parece tão inabalado que fico meio frustrada.


_Você nunca responde seus e-mails?


_Eu priorizo.


            Ele bate calmamente na tela.


_Ah, hoje é aniversário de Lindsay Cooper! —agora estou lendo um e-mail com destinatários múltiplos. — Lindsay, do marketing. Quer desejar feliz aniversário a ela?


_Não quero, não.


            Ele é tão inflexível que me sinto um pouco afrontada.


_O que há de errado em dizer feliz aniversário para uma colega?


_Eu não a conheço.


_Conhece sim! Você trabalha com ela.


_Trabalho com 243 pessoas.


_Mas não foi essa a garota que mandou aquele documento sobre estratégia em sites outro dia? —digo, me lembrando de repente de uma troca de e-mails antiga. — Vocês não ficaram muito satisfeitos?


_Sim. —diz ele— O que isso tem a ver?


            Meu Deus, ele é teimoso. Desisto do aniversário de Lindsay e passo para o e-mail seguinte.


_Peter concluiu o acordo da Air France. Ele quer entregar o relatório completo para você logo depois da reunião de equipe. Tudo bem pra você?


_Tudo. —Alfonso mal tira o olho do celular. — Apenas me encaminhe. Obrigado.


            Se eu encaminhar, o e-mail vai ficar esquecido o dia todo e ele não vai responder.


_Por que eu não respondo? —proponho. — Já que você está aqui e estou com o e-mail aberto. Só vai levar um minuto.


_Ah. —ele parece surpreso. — Obrigado. Apenas diga “sim”.


_Sim. —digito com cuidado. — Mas alguma coisa?


_Acrescente “Alfonso”.


            Eu olho para a tela, insatisfeita. “Sim, Alfonso.” Parece tão curto. Tão direto.


_Que tal acrescentar alguma coisa do tipo “parabéns”? —sugiro. — Ou “Você conseguiu! Viva!”, ou apenas “Tudo de bom e obrigado por tudo”?


            Alfonso não parece impressionado.


_ “Sim, Alfonso” é o suficiente.


_Típico. —murmuro baixinho.


            Mas talvez não tenha sido tão baixinho quanto eu pretendia, porque Alfonso levanta o olhar.


_Como?


            Eu sei que devia morder a língua. Mas estou tão frustrada que não consigo me controlar.


_Você é tão rude! Seus e-mails são tão curtos! São horríveis!


            Há uma longa pausa. Alfonso parece tão atônito quanto ficaria se a cadeira começasse a falar.


_Me desculpe. —acrescento por fim, dando de ombros constrangida. — Mas é verdade.


_Tudo bem. —diz Alfonso por fim. — Vamos esclarecer as coisas. Em primeiro lugar, pegar esse telefone emprestado não dá o direito de você ler e criticar meus e-mails. —ele hesita. — Em segundo lugar, e-mails curtos são bons.


            Já estou arrependida de ter falado. Mas não posso recuar agora.


_Não tão curtos. —respondo. — E você ignora completamente a maioria das pessoas! É grosseiro!


            Pronto. Falei.


            Alfonso está me olhando com raiva.


_Como falei, eu priorizo. Agora, como a situação do seu anel está resolvida, talvez você queira devolver o celular, e assim meus e-mails não vão mais te perturbar.


            Ele estica a mão.


            Ai, Deus. É por isso que ele está me ajudando? Para que eu devolva o celular?


_Não! —eu agarro o aparelho. — Quero dizer... por favor. Ainda preciso dele. O hotel pode ligar a qualquer momento. A Sra. Fairfax está com este número...


            Sei que é irracional, mas sinto que, no momento em que entregar o celular, vou estar dando adeus a qualquer chance de achar o anel.


            Eu coloco nas costas para garantir e olho suplicante para ele.


_Meu Deus. —exclama Alfonso. — Isso é ridículo. Vou entrevistar uma assistente nova hoje à tarde. Esse celular é da empresa. Você não pode ficar com ele.


_Não vou! Mas posso ficar por mais alguns dias? Não vou mais criticar seus -emails. —acrescento com docilidade. — Prometo.


_Certo, pessoal! —diz Mark, nos interrompendo. —Boas notícias. Encontrei uma base. Agora vou escolher algumas pedras para você olhar. Com licença um minuto...


            Quando ele sai da sala, meu telefone apita com uma nova mensagem de texto.


_É de Perla. —digo olhando para baixo. — Olha. —aponto para a minha mão. — Encaminhado. Sem fazer comentário. Nenhum. /O que é uma pena, porque o que estou morrendo de vontade de perguntar é: por que Perla fica mandando mensagens por mim quando já deve saber que não sou Violet? E qual é o objetivo de ficar se comunicando pela assistente dele, afinal?/


_Hummm. —Alfonso dá o mesmo resmungo evasivo que soltou antes quando mencionei Perla.


            Há uma pausa constrangedora. O que devia aconteceragora era eu perguntar alguma coisa educada como “E então, como vocês se conheceram?” e “Quando vão se casar?”, e começaríamos uma conversa sobre listas de casamento e preços de bufê. Mas por algum motivo não consigo fazer isso. A relação deles é tão peculiar que não quero falar nisso.


            Sei que ele pode ser curto e grosso, mas ainda não consigo vê-lo com uma vaca egoísta e reclamona como Perla. Principalmente agora que o conheci pessoalmente. Ela deve ser mesmo muito, muito, muito linda, eu concluo. Do padrão de supermodelo. A aparência deslumbrante dela o cegou para todas as outras características. É a única explicação.


_Um monte de gente está respondendo ao e-mail sobre o aniversário de Lindsay. —comento, para quebrar o silêncio. — Elas com certeza não têm problema em fazer isso.


_E-mails para um monte de destinatários é coisa do demônio. —Alfonso nem muda de tom. — Eu preferiria dar um tiro na cabeça a responder um deles.


            Bem, essa é uma atitude legal.


            Essa Lindsay obviamente é muito popular. A cada vinte segundos, uma mensagem respondida a todos aparece na tela, dizendo coisas como “Feliz aniversário, Lindsay! Que sai comemoração seja maravilhosa, seja ela qual for”. O telefone fica tocando e piscando. Parece que está havendo uma festa ali dentro. E só Alfonso se recusa a participar.


            Ah, não aguento. Qual é a dificuldade de digitar “feliz aniversário”? Por que não? São só duas palavras.


_Não posso escrever “feliz aniversário” por você? —imploro. — Vamos. Você não precisa fazer nada. Eu digito.


_Puta que pariu! —Alfonso tira o olhar do próprio celular. — Tudo bem. Como quiser. Diga feliz aniversário. Mas nada de rostos sorridentes e nem beijos. —acrescenta ele de forma ameaçadora. — Apenas “Feliz aniversário. Alfonso”.


_”Feliz aniversário, Lindsay!” —digito de maneira desafiadora. — “Espero que esteja se divertindo muito hoje. Parabéns mais uma vez pela estratégia do site, foi incrível. Felicidades, Alfonso.”


            Eu envio depressa, antes que ele possa se perguntar por que estou digitando tanta coisa.


_E o dentista? —eu decido abusar.


_O que tem o dentista? —diz ele, e sinto uma enorme onda de exasperação. Ele está fingindo que não sabe o que estou dizendo ou realmente esqueceu?


_Prontinho! —a porta se abre e Mark reaparece, segurando uma bandeja de veludo azul-marinho. — Estas são nossas imitações de esmeralda.


_Uau. —digo baixinho, não mais prestando atenção celular.


            À minha frente há dez fileiras de esmeraldas cintilantes. Eu sei que não são verdadeiras, mas, para ser franca, não consigo notar a diferença. /O que faz pensar: se o homem consegue fazer esmeraldas hoje em dia, por que gastamos montes de dinheiro com as verdadeiras? Além disso: será que devo comprar um par de brincos?/


_Tem alguma pedra que você ache particularmente parecida com a que perdeu?


_Aquela. —aponto para uma pedra oval no meio. — É quase igual. É incrível.


_Ótimo. —ele pega a pedra com uma pinça e a coloca num pequeno prato plástico. — Os diamantes obviamente são menores e menos perceptíveis, então estou bem confiante em achar uma correspondência. Quer um pouco de desgaste? —acrescenta ele. — Que tire o brilho?


_Você pode fazer isso? —pergunto, impressionada.


_Podemos fazer qualquer coisa. — diz ele com confiança. — Uma vez fizemos as joias da coroa para um filme de Hollywood. Pareciam verdadeiras, embora nem tenham sido usadas no filme.


_Uau. Bem... sim, quero!


_Tudo bem. Deve ficar pronto em... —ele olha para o relógio. — Três horas?


_Ótimo!


            Eu me levanto impressionada. Não acredito que foi tão fácil. Na verdade, estou sentindo um alívio enorme. Isso vai me ajudar por alguns dias, depois vou recuperar o anel verdadeiro e tudo vai ficar bem.


            Quando voltamos para a entrada, sinto que há uma movimentação interessada em nós dois rolando. Martha deixa o caderno no qual estava escrevendo, e algumas garotas de cinza estão sussurrando e acenando para mim de perto da porta. Mark nos leva até Martha de novo, que me dá um sorriso ainda maior que o anterior.


_Cuide dessas pessoas adoráveis para mim, Martha, por favor. —diz ele, ando a ela um pedaço de papel dobrado. — Aqui estão os detalhes. Até mais tarde.


            Ele e Alfonso apertam as mãos calorosamente e Mark desaparece nos fundos da loja.


_Você parece feliz! —diz Martha para mim com uma piscadela.


_Estou muito feliz! —não consigo conter minha alegria. — Mark é brilhante. Não consigo acreditar no que ele consegue fazer!


_Sim, ele é muito especial. Ah, estou tão feliz por você. —ela aperta meu braço. — Que dia maravilhoso para vocês!


            Ah... merda. De repente, me dou conta do que ela quer dizer. Olho intensamente para Alfonso, mas ele deu um passo para o lado para ler alguma coisa no celular e não reparou.


_Estamos morrendo de vontade de saber. —os olhos de Martha estão brilhando. — O que vocês escolheram?


_Hum...


            Essa conversa definitivamente foi na direção errada. Mas não consigo pensar em como corrigi-la.


_Martha nos contou sobre o relógio Cartier vintage! —outra garota de cinza se junta à conversa, e posso ver duas outras se aproximando para ouvir.


_Estamos todas curiosas aqui. —Martha assente. — Acho que Mark vai fazer uma coisa bem especial e sob medida para vocês. Com algum toque maravilhoso e romântico. —ela une as mãos. — Talvez um diamante perfeito...


_Aqueles com lapidação princesa são lindíssimos. —diz uma garota de cinza.


_Ou uma antiguidade. —diz outra garota ansiosamente. — Mark tem alguns diamantes antigos incríveis, cada um com um história. Tem um rosa pálido lindíssimo, ele mostrou para vocês?


_Não! —eu digo rapidamente. — Hum... vocês não entenderam. Eu não... Quero dizer...


            Oh, Deus. O que eu posso dizer? Não vou contar a elas a história toda.


_Adoramos um belo anel. —Martha suspira com alegria. — Não importa qual, desde que seja mágico para você. Ah, vamos. —ela dá um sorriso travesso. — Eu tenho que saber. —ela abre o papel com um floreio. — E a resposta é...


            Quando ela começa a ler as palavras no papel, sua voz é interrompida por uma espécie de gritinho sufocado. Por um momento, ela parece incapaz de falar.


_Oh! Uma imitação de esmeralda. —ela acaba por dizer, com voz estrangulada. — Adorável. E imitações de diamantes também. Muito lindo.


            Não tem nada que eu possa dizer. Estou ciente das expressões desapontadas olhando para mim. Martha parece a mais decepcionada de todas.


_Achamos que era um anel lindo. —eu digo meio desajeitada.


_E é! É sim! —Martha está obviamente se forçando a assentir com animação. — Bem... parabéns! É tão sensato você escolher imitações. —ela troca olhares com as outras garotas de cinza, que rapidamente concordam.


_Sem dúvida!


_É muito sensato!


_Linda escolha!


            As vozes animadas não correspondem aos rostos. Uma das garotas quase parece querer chorar.


            Martha parece um tanto obcecada pelo Cartier vintage de outro de Alfonso. Praticamente consigo ler a mente dela: Ele tem dinheiro para um Cartier vintage para si mesmo e comprou uma IMITAÇÃO para a namorada?


_Posso ver o preço? —Alfonso acabou de mexer no celular e pega o papel da mão de Martha. Ao ler, ele franze a testa. — Quatrocentos e cinquenta libras. É muito. Pensei que Mark tivesse prometido fazer um desconto. —ele se vira para mim. — Você não acha muito?


_Talvez. /Eu achei mesmo que era muito. Mas achei que era o golpe que eu tinha que levar. Eu jamais questionaria o preço de um anel numa loja chique, nem em um milhão de anos./ — eu concordo com a cabeça, um pouco envergonhada.


_Por que tão caro? —ele se vira para Martha e os olhos dela voam mais uma vez em direção ao relógio Cartier antes de ela se dirigir a ele com um sorriso profissional.


_É a platina, senhor. É um material precioso e eterno. A maior parte dos nossos clientes valoriza um material que dure a vida toda.


_Bem, não dá para usar uma coisa mais barata? Prata? —Alfonso se vira para mim. — Você concorda, não é, Anahí? O mais barato possível?


            Ouço alguns sons de indignação dentro da loja. Vejo a expressão horrorizada de Martha e não consigo não ruborizar.


_Sim! É claro. —eu murmuro. — O que tiver de mais barato.


_Vou ver com Mark. —diz Martha, depois de uma longa pausa. Ela se afasta e faz uma rápida ligação. Quando volta ao caixa, está piscando rápido e não consegue me olhar nos olhos. — Falei com Mark, e o anel pode ser feito de níquel banhado em prata, o que baixa o preço para... —Ela digita de novo. — Cento e doze libras. O senhor prefere esta opção?


_Bem, é claro que sim. —Alfonso olha para mim. — Sem dúvida, não é?


_Entendo. É claro. —o sorriso de Martha parece congelado. — Está... ótimo. Níquel banhado em prata. — Ela parece recuperar o controle. — Em termos de apresentação, senhor, oferecemos uma caixa de couro de luxo por 30 libras, ou uma mais simples, de madeira, por 10 libras. Qualquer uma das opções vem forrada de pétalas de rosas e pode ser personalizada. Talvez iniciais ou uma pequena mensagem?


_Mensagem? —Alfonso dá uma risada incrédula. — Não, obrigado. E nada de caixa. Vamos querer só o anel. Você quer uma sacola, Anahí? —ele olha para mim.


            Martha está respirando cada vez com mais dificuldade. Só por um momento, acho que ela vai perder o controle.


_Tudo bem! —diz ela por fim. — Não tem problema nenhum. Nada de caixa, nada de pétalas de rosas, nada de mensagem... —ela digita no computador. — E como você vai pagar pelo anel, senhor —ela obviamente está reunindo todas as energias para continuar sendo agradável.


_Anahí? —Alfonso assente para mim, esperando.


            Quando pego minha bolsa, a expressão de Martha é tão horrorizada que quase morro de constrangimento.


_Então... você vai pagar pelo anel, senhora. —ela obviamente mal consegue dizer as palavras. — Maravilhoso! Isso é... maravilhoso. Não tem problema nenhum.


            Digito minha senha e pago o recibo. Mais garotas de cinza aparecem na loja, e estão aglomeradas, falando de mim. Meu corpo inteiro está tomado de humilhação.


            Alfonso, é claro, não percebeu nada.


_Vamos ver vocês dois mais tarde? —Martha faz um esforço evidente para se recuperar enquanto nos leva até a porta. — Vamos ter champanhe esperando, e vamos tirar uma foto para o álbum de vocês, é claro. —um pequeno brilho retorna aos olhos dela. — É um momento tão especial quando você recebe o anel e coloca no dedo dela...


_Não. Já passei tempo demais aqui. —diz Alfonso, olhando distraidamente para o relógio. — Você não pode mandar o entregador levar para Anahí?


            Esta parece ser a gota d’agua para Martha. Depois de eu passar para ela meus dados e quando estamos saindo, ela exclama de repente:


_Posso dar uma palavrinha com você sobre cuidados com o anel, senhora? Rapidamente? —ela pega meu braço e me leva para dentro da loja, com o toque surpreendentemente forte. —Em sete anos vendendo anéis de noivado, nunca fiz isso antes. — sussurra ela com urgência no meu ouvido. —Sei que ele é amigo do Mark. E sei que é muito bonito. Mas... você tem certeza?


 




 


raya_ponchito Alfonso iludindo kkkkk Mas compenso com a ideia de comprar anel falso! Anahí devia mesmo mandar mensagem pra Perla.


lyu Safado kkkkkk bastante!


anniesilva Mandou bem mesmo!!


Homem é totalmente distraído, não? Não percebeu as indiretas das vendedoras kkkkkkkk



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Autor(a): AnnRBD

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            Quando volto para a rua, Alfonso está me esperando com ar de impaciência. _O que foi isso? Está tudo bem? _Sim! Tudo bem!             Meu rosto está vermelho e só quero sair dali. Quando olho para a loja, vejo Martha c ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 336



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  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 22:45:11

    Posso te dizer que até gostei da história apesar de que os cap ficaram um pouco longos demais. E não sou mto fã de história deles que se passa tanta coisa e só ficam juntos no último cap. Mas teve partes divertidas e gostei mto do irmão do Ucker por ele ter sido sincero com a Anny o tempo todo e achei legal a atitude da mãe dele em se desculpar no final e realmente demonstrar o quanto gosta e admira a Anny. O final foi legal tbm, bem inusitado.

  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 02:02:13

    Comecei a ler sua história hj e confesso que me surpreendi. Já a havia encontrado outras vezes mas não dei a devida atenção. Tô rindo mto com a Anahí loka de pedra ! kkkkkkkkkkkk. Querendo impressionar os outros. Ela nem precisa de nada disso porque é uma mulher mto inteligente. Adorando ler sua fic. Se tiver outras gostaria de ler tbm.

  • franmarmentini Postado em 19/12/2013 - 09:31:31

    vou ler essa também...mas estou aguardando as novas :)

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:03:47

    Lindo, lindo, lindo esse final *-* E engraçado também para variar. Alfonso mandando coração OOUNT

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:01:51

    O QUE FOI ISSO NESSE FINAL? Lindo, maravilhoso, perfeito, sem palavras! Ele mandou mensagem para todos os convidados para impedir o casamento e o mais lindo ainda foi quando ele disse que pensava nela, queria ouvir a voz dela e tudo mais .. Tudo muito lindo!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:59:23

    No fim, o Ucker não passava de um GRANDE idiota, ah que raiva dele!!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:57:37

    Olha que lindo, até para o dentista ele foi por ela kkk

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:56:47

    Gente, eu quase tive um ataque nessa reta final quando a Any aceitou voltar com o Ucker. Sério, pensei que ia acabar desse jeito!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:55:25

    AAAA' até que fim a Any mandou uma mensagem para bruxa Perla, ela tava merecendo! Arrasou.

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:54:14

    Amei ver os trechos de algumas mensagens trocadas entre eles imprimida. Só me fez já sentir saudade da web kk


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O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


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