Fanfics Brasil - 017 Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada]

Fanfic: Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada] | Tema: Anahí e Alfonso


Capítulo: 017

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            Quando volto para a rua, Alfonso está me esperando com ar de impaciência.


_O que foi isso? Está tudo bem?


_Sim! Tudo bem!


            Meu rosto está vermelho e só quero sair dali. Quando olho para a loja, vejo Martha conversando animadamente com as outras garotas de cinza e gesticulando em direção a Alfonso, com uma expressão de revolta no rosto.


_O que está acontecendo? —Alfonso franze a testa. — Ela não tentou vender o anel caro pra você, tentou? Porque vou falar com Mark...


_Não! Não aconteceu nada disso. —eu hesito quase constrangida demais para contar.


_Então o que foi? —Alfonso olha para mim.


_Ela achou que você era meu noivo e que estava me obrigando a comprar meu próprio anel de noivado. —eu acabo por admitir. — Me disse para não me casar com você. Estava muito preocupada comigo.


            Não vou falar sobre a teoria de Martha sobre generosidade na joalheria e generosidade na cama e em como se relacionam. /“Eu poderia desenhar um gráfico, Anahí. Um gráfico.”/


            Vejo o entendimento lentamente surgir no rosto dele.


_Ah, isso é engraçado. —ele cai na gargalhada. — É muito engraçado. Ei. —ele hesita— Você não queria que eu pagasse, queria?


_Não, é claro que não! —eu digo, chocada. — Não seja ridículo! Eu só me senti péssima porque a loja inteira pensa que você é mesquinho, quando na verdade você estava me fazendo um enorme favor. Sinto muito. —eu faço uma careta.


            Alfonso parece perplexo.


_Qual é a importância? Não ligo para o que pensam de mim.


_Ah, deve ligar um pouco.


_Nem um pouco.


            Olho para ele com atenção. O rosto dele está calmo. Acho que está falando sério. Ele não liga. Como é possível não ligar?


            Christopher se importaria. Ele sempre flerta com vendedoras e tanta fazer com que o reconheçam da TV. E uma vez, quando o cartão dele foi recusado no supermercado perto de casa, ele fez questão de voltar lá no dia seguinte para dizer que o banco tinha cometido um erro enorme no dia anterior.


            Melhor assim. Agora não me sinto tão mal.


_Vou comprar um café no Starbucks. —Alfonso começa a descer a rua. — Quer?


_Eu compro. —Saio andando rapidamente atrás dele. — Estou em débito com você. Muito.


            Só preciso voltar à clínica depois do almoço, porque consegui que Angel trocasse a manhã comigo. Com um suborno polpudo.


_Você se lembra que falei de um homem chamado Sir Nicholas Murray? —diz Alfonso ao abrir a porta da cafeteria. — Ele vai mandar um documento. Falei para ele usar meu endereço de e-mail, mas se por acaso ele mandar para você por engano, por favor, me avise imediatamente.


_Tudo bem. Ele é bem famoso, não é? —não consigo resistir. — Ele não foi o número 18 na lista de empreendedores mundiais de 1985?


            Fiz algumas pesquisas no Google ontem à noite e estou por dentro de tudo sobre a empresa de Alfonso. Sei tudo. Eu poderia participar do programa Mastermind.. Poderia fazer uma apresentação de PowerPoint. Na verdade, eu queria que alguém me pedisse isso! Fatos que sei sobre a Consultoria White Globe, apresentados de forma aleatória:


1. Foi fundada em 1982 por Nicholas Murray e agora foi comprada por um grande grupo multinacional.


2. Sir Nicholas ainda é o presidente. Ao que parece, ele consegue aliviar a atmosfera de uma reunião simplesmente por chegar lá e consegue parar uma negociação no meio com um mero aceno de cabeça. Sempre usa camisas com estampa florais. É a marca dele.


3. O diretor financeiro era protegido de Sir Nicholas mas saiu da empresa recentemente. O nome dele é Ed Exton. /A-rá! Obviamente, o mesmo Ed que estava no Groucho Club, o que estava péssimo. Pode me chamar de Poirot./


4. A amizade de Ed e Sir Nicholas foi desmoronando ao longo dos anos, e Ed nem foi  à festa em que Sir Nicholas ganhou o título de cavaleiro. /Coluna de fofocas do Daily Mail./


5. Houve um escândalo recente quando um cara chamado John Gregson fez uma piada politicamente incorreta num almoço e teve que pedir demissão. /Eu realmente me lembro vagamente de ter visto essa história no jornal./ Algumas pessoas acharam injusto, mas o novo presidente do conselho tinha “tolerância zero para comportamentos impróprios. /Que bom que ele não é meu chefe é tudo que posso dizer./


6. Sir Nicholas atualmente aconselha o Primeiro Ministro num novo comitê especial de “Felicidade e Bem-Estar”, com o qual todos os jornais têm sido rudes. Um até descreveu Sir Nicholas como fora de forma e fez uma charge dele como uma flor de pétalas caindo. (Não vou mencionar isso para Alfonso.)


7. Eles ganharam um prêmio pelo programa de reciclagem de papel no ano passado.


 


_Parabéns pela reciclagem, aliás. —eu digo, ansiosa para mostrar conhecimento. —Vi sua declaração sobre “responsabilidade com o meio ambiente ser o eixo principal para qualquer empresa que aspira excelência”. É uma grande verdade. Nós também reciclamos.


_O quê? —Alfonso parece pego de surpresa; até mesmo desconfiado. — Onde você viu isso?


_No Google. Não é contra a lei! —eu acrescento ao ver a expressão dele. — Eu estava apenas interessada. Como estou mandando e-mails o tempo todo, pensei em descobrir um pouco sobre sua empresa.


_Ah, pensou? —Alfonso me lança um olhar duvidoso. — Cappuccino duplo pequeno, por favor.


_Estão quer dizer que Sir Nicholas está ajudando o Primeiro Ministro! Isso é muito legal!


            Desta vez, Alfonso nem responde. Falando sério. Ele não é exatamente muito diplomático.


_Você já foi ao Número Dez? —eu insisto. — Como é?


_Estão esperando seu pedido de café. —Alfonso gesticula para o barista.


            Fica claro que ele não vai contar nada. Típico. Era de se imaginar que ele ficaria feliz. Estou interessada no que ele faz.


_Um latte desnatado para mim. —eu pego a minha bolsa. — E um bolinho com gotas de chocolate. Quer um bolinho?


_Não, obrigado.


_Melhor mesmo. —eu concordo com sabedoria. — Já que você se recusa a ir ao dentista.


            Alfonso me lança um olhar vago, que poderia significar “Não comece”, ou “Não estou prestando atenção”, ou mesmo “Como assim, dentista?”


            Estou começando a entender como ele é. Parece que ele tem um botão de ligar e desligar. E só aperta o botão de ligar quando quer.


            Clico no meu navegador, procuro outra foto nojenta de dentes estragados e encaminho para ele em silêncio.


_Aquela recepção no Savoy. —eu digo quando vamos pegar nossas bebidas. — Você precisa confirmar presença.


_Ah, não vou lá. —diz ele, como se fosse óbvio.


_Por que não? —eu o encaro.


_Não tenho nenhum motivo em particular para isso. —ele dá de ombros. — E é uma semana cheia de eventos sociais.


            Não acredito nisso. Como ele pode não querer ir ao Savoy? Meu Deus, é bom para executivos de sucesso, não é? Champanhe de graça, bocejo, bocejo. Bolsas de brindes, outra festa, bocejo, que coisa mais tediosa e chata.


_Então você deveria avisá-los. —Mal consigo esconder minha reprovação. —Na verdade, vou fazer isso agora mesmo.— Querida Blue, muito obrigada pelo convite. —eu leio enquanto digito. — Infelizmente, Alfonso não vai poder ir ao evento. Felicidades, Anahí Portilla.


_Você não precisa fazer isso. —Alfonso está olhando para mim, perplexo. — Uma das assistentes do escritório está me ajudando agora. Uma garota chamada Jane Ellis. Ela pode fazer isso.


            Sim, mas será que ela vai fazer? É o que eu quero responder. Estou sabendo dessa Jane Ellis, que começou a fazer aparições ocasionais na caixa de entrada de Alfonso. Mas o trabalho real dela é trabalhar para o colega de Alfonso, Malcolm. Tenho certeza de eu a última coisa que ela quer fazer é acrescentar a agenda de Alfonso ao trabalho diário e exaustivo dela.


_Tudo bem. —eu dou de ombros. — Está me incomodando bastante. —nossos cafés chegaram no balcão e entrego o dele. — Bem... obrigada, de novo.


_Não foi nada. —ele segura a porta para mim. — Espero que encontre o anel. Assim que terminar com o celular...


_Eu sei. —eu o interrompo. — Vou mandar entregar. Imediatamente.


_Certo. —ele se permite me dar um meio sorriso. — Bem, espero que tudo corra bem para você. — Ele estica a mão e eu a aperto educadamente.


_Espero que tudo corra bem para você também.


            Nem perguntei quando é o casamento dele. Talvez seja dali a uma semana, como o meu. Na mesma igreja, até. Vou chegar e vê-lo na escada de braço dado com a Bruxa Perla, dizendo para ele o quão ácido é.


            Ele sai andando e vou em direção ao ponto de ônibus. Tem um 45 com passageiros desembarcando e subo nele. Ele vai me levar até Streatham Hill, e posso ir andando de lá.


            Quando me sento, olho pela janela e vejo Alfonso andando pela calçada, com o rosto impassível, quase parecendo pedra. Não sei se é o vento ou se ele esbarrou em alguém que estava passando, mas de alguma forma a gravata dele entortou, e ele nem parece ter percebido. Agora isso me incomoda. Não consigo resistir e mandar uma mensagem de texto.


Sua gravata está torta.


            Espero uns trinta segundos e vejo o rosto dele ganhar uma expressão de surpresa. Enquanto olha ao redor, procurando noo meio dos pedestres na calçada, mando outra mensagem:


No ônibus.


            O ônibus já está em movimento, mas o trânsito está lento e estou no mesmo ritmo que Alfonso. Ele olha para o lado, ajeita a gravata e me lança um sorriso.


            Tenho que admitir, ele tem um sorriso e tanto. É meio de acelerar o coração, principalmente se vier do nada.


            Quero dizer... você sabe. Se seu coração estiver num ponto em que possa bater acelerado.


            Seja como for, acabou de chegar um e-mail de Lindsay Cooper e eu rapidamente o abro.


Prezado Alfonso,
Muito obrigada! Suas palavras têm um significado especial para mim. É tão bom saber que somos valorizados!! Contei para a equipe toda que você me ajudou com o documento de estratégia, e todos estão animados!
Atenciosamente,
Lindsay


            Está copiado para o outro endereço dele, então ele certamente recebeu esse e-mail no celular. Um momento depois, meu celular toca com uma mensagem de Alfonso.


O que você escreveu para Lindsay??


            Não consigo deixar de rir quando digito a resposta:


Feliz aniversário. Como você mandou.


O que mais??


            Não vejo por que responder. Também posso ser seletiva. Apenas respondo:


Já marcou o dentista?


            Espero um pouco... mas o silêncio impera de impera de novo. Outro e-mail acabou de chegar ao celular, desta vez de um dos colegas de Lindsay, e ao lê-lo não consigo não me sentir vingada.


Caro Alfonso,
Lindsay nos passou suas gentis palavras sobre a estratégia de site. Ficamos muito honrados e felizes por você ter dedicado um tempo para comentar. Obrigado. Espero ansiosamente por mais conversas sobre outras iniciativas, talvez no próximo encontro mensal.
Adrian (Foster)


            Rá. Está vendo? Está vendo?


            É muito fácil mandar e-mails mais do que monossilábicos. E-mails curtos podem ser bastante eficientes. Podem passar a mensagem para o trabalho se feito. Mas assim ninguém gosta de você. Agora é que toda a equipe do site vai se sentir feliz, apreciada e vai trabalhar com dedicação. E tudo por minha causa! Alfonso devia me deixar encarregada dos e-mails dele o tempo todo.


            Num impulso repentino, vou até o milésimo e-mail de Rachel sobre a corrida e aperto o botão de responder.


Oi, Rachel,
Conte comigo para a corrida. é um grande evento e quero muito apoiá-lo. Parabéns!
Alfonso


            Ele parece em forma. Tenho certeza de que pode participar de uma corrida.


            Estou animada e desço até o e-mail do cara de TI que perguntou educadamente sobre mandar o CV e ideias para a empresa. É claro que Alfonso só pode querer encorajar as pessoas que querem melhorar, certo?


Prezado James,
Eu ficaria muito feliz em ver seu CV e ouvir suas ideias. Marque um horário com Jane Ellis, e parabéns por ser tão proativo!
Alfonso


            E agora que comecei, não consigo parar. Conforme o ônibus roda pela cidade, mando um e-mail para o cara que quer avaliar a estação de trabalho de Alfonso para verificar questões de saúde e segurança, depois, mando um e-mail para Jane pedindo para que coloque na agenda. /Sei que ele está livre na próxima quarta, no horário do almoço, porque uma pessoa acabou de cancelar o compromisso./ Mando um e-mail para Sarah, que está de licença porque está com herpes, e pergunto se ela melhorou.


            Todos aqueles e-mails não respondidos andam me incomodando. Todas aquelas pobres pessoas ignoradas, que tentam tanto fazer contato com Alfonso. Por que eu não deveria responder a elas? Estou fazendo um favor enorme para ele! Sinto que estou retribuindo o favor que ele me fez com o anel. Pelo menos, quando eu devolver o celular, a caixa de entrada de e-mails dele vai estar resolvida.


            Na verdade, que tal um e-mail para vários destinatários dizendo a todos que são fabulosos? Por que não? A quem vai fazer mal?


Prezada equipe,
Eu só queria dizer que vocês todos fizeram um excelente trabalho até o momento este ano.


            Enquanto digito, um pensamento bem melhor me ocorre.


Como vocês sabem, valorizo as visões e ideias de todos vocês. Temos sorte em ter tantas pessoas talentosas na Consultoria White Globe, e quero tirar o melhor proveito disso. Se tiverem alguma ideia para a empresa e quiserem compartilhar comigo, podem enviar. Sejam sinceros!
Felicidades, e que tenham um excelente ano.
Alfonso


            Aperto o botão de enviar com satisfação. Pronto. Isso que é dar motivação. Isso que é espírito de equipe! Quando me recosto, meus dedos doem de tanto digitar. Tomo um gole do café, pego o muffin e enfio um pedação na boca na hora em que o celular começa a tocar.


            Merda. Logo nessa hora.


            Aperto o botão para atender, levo o aparelho até o ouvido e tento dizer “Um minuto”, mas o que sai é “ubblllllg”. Minha boca está cheia de muffin massudo. O que colocam nessas coisas?


_É você? —uma voz jovem e persuasiva de homem está falando. — É Scottie.


            Scottie? Scottie?


            Uma coisa de repente se ilumina na minha mente. Scottie. Não foi esse nome que o amigo de Violer que ligou antes mencionou? O que estava falando sobre lipoaspiração?


_Está feito. Foi como falei. Com precisão cirúrgica. Sem pistas. Coisa de gênio, embora seja eu que o diga. Adios, Papai Noel.


            Estou mastigando o muffin o mais rápido que posso, mas ainda não consigo emitir som nenhum.


_Você está aí? Este é o número certo... Oh, merda... —a voz desaparece quando consigo engolir.


_Alô? Quer deixar recado?


            Ele desligou. Olho o identificador de chamadas, mas está escrito Número Desconhecido.


            Eu achava que todos os amigos de Violet saberiam o novo número a essa altura. Estalo a língua e enfio a mão na bolsa para pegar o programa da peça O rei leão, que ainda está lá.


            “Scottie ligou”, escrevi ao lado da primeira anotação. “Está feito. Precisão cirúrgica. Sem pistas. Coisa de gênio. Adios, Papai Noel.”


            Se um dia eu encontrar essa Violet, espero que fique grata por todos os meus esforços. Na verdade, espero mesmo conhecê-la. Não ando anotando esses recados por nada.


            Estou prestes a guardar o celular quando uma leva de novos e-mails chega de repente. Respostas ao meu e-mail para vários destinatários, já? Eu dou uma olhada e, para minha decepção, a maioria é de mensagens padrão da empresa ou propagandas. Mas o penúltimo me faz parar. É do pai de Alfonso.


            Eu andei pensando nele.


            Eu hesito, mas acabo abrindo o e-mail.


Querido Alfonso,
Será que você recebeu meu último e-mail? Você sabe que não entendo muito de tecnologia e posso ter mandado para o lugar errado. Mas aqui vai de novo.
Espero que tudo esteja bem e que você esteja prosperando em Londres, como sempre. Você sabe o quanto temos orgulho do seu sucesso. Vejo você nas páginas de negócios. Incrível. Eu sempre soube que você estava destinado a coisas grandiosas, você sabe.
Como falei, eu queria muito conversar sobre uma coisa. Você vem algum dia para os lados de Hampshire? Não nos vemos há muito tempo e sinto saudades.
Do seu sempre,
Do seu velho
Pai


            Quando chego ao final, sinto um calor ao redor dos olhos. Não consigo acreditar. Alfonso nem ao menos respondeu ao último e-mail? Será que ele não liga para o pai? Será que eles tiveram uma briga feia ou algo parecido?


            Não faço ideia de qual seja a história. Não faço ideia do que pode ter acontecido entre eles. Só sei que tem um pai sentado em frente a um computador enviando um pedido de atenção para um filho, mas ele está sendo ignorado e não consigo suportar. Não consigo. Independentemente do que já aconteceu, a vida é curta demais para não se perdoar. A vida é curta demais para se guardar ressentimentos.


            De impulso, aperto o botão para responder. Não ouso escrever como se fosse Alfonso para o próprio pai dele, isso seria ir longe demais. Mas posso entrar em contato. Posso fazer com que um senhor de idade saiba que sua voz está sendo ouvida.


Olá,
Aqui é a assistente de Alfonso. Só queria avisar que ele vai estar na conferência da empresa no hotel Chiddingford, em Hampshire, na próxima semana, no dia 24 de abril. Tenho certeza de que ele adoraria ver o senhor.
Atenciosamente,
Anahí Portilla


            Aperto enviar antes de me acovardar, depois me recosto por alguns momentos, um pouco sem fôlego pelo que acabei de fazer. Eu me fiz passar por assistente de Alfonso. Entrei em contato com o pai do cara. Invadi a vida pessoal dele. Alfonso ficaria furioso se soubesse. Na verdade, só de pensar nisso já tremo.


            Mas às vezes precisamos ter coragem. Às vezes, precisamos mostrar às pessoas o que é importante na vida. E tenho um instinto muito forte de que fiz a coisa certa. Talvez não a coisa mais fácil, mas a coisa certa.


            Imagino o pai de Alfonso sentado à mesa, com a cabeça grisalha abaixada. O computador avisa a chegada de um novo e-mail, o rosto dele se enche com uma luz de esperança ao abrir a mensagem... um repentino sorriso de alegria... ele se vira para o cachorro, coça a cabeça dele e diz: “Vamos ver Alfonso, rapaz!” /Sei que ele pode não ter cachorro. Mas tenho quase certeza de que tem./


Sim. Foi a coisa certa a fazer.


            Eu expiro lentamente e abro o último e-mail, que é de Blue.


Olá
Lamentamos muito saber que o Alfonso não poderá vir à recepção do Savoy. Será que ele gostaria de indicar outra pessoa para ir no lugar dele? Por favor, mande o nome por e-mail e nos certificaremos de acrescentá-lo à lista de convidados.
Atenciosamente,
Blue


            O ônibus parou; está parado, sacudindo em frente a um sinal de trânsito. Dou uma mordida no muffin e olhos em silêncio para o e-mail.


            Outra pessoa. Poderia ser qualquer pessoa.


            Não tenho nada para fazer na segunda à noite. Christopher tem um seminário em Warwick que vai terminar tarde.


            Muito bem. O problema é o seguinte. Nunca que eu algum dia seria convidada para algo tão elegante assim na ordem natural das coisas. Fisioterapeutas simplesmente não são convidados. E os eventos de Christopher são todos lançamentos de livros acadêmicos ou jantares tediosos de acadêmicos. Nunca no Savoy. Nunca com bolsas cheias de brindes ou coquetéis ou bandas de jazz. Essa é minha primeira e única chance.


            Talvez seja carma. Entrei na vida de Alfonso, fiz uma diferença para o bem, e está é a minha recompensa.


            Meus dedos se movem antes mesmo de eu tomar uma decisão.


            “Muito obrigada pelo seu -email”, me pego digitando. “Alfonso gostaria de indicar Anahí Portilla.”



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Autor(a): AnnRBD

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 336



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  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 22:45:11

    Posso te dizer que até gostei da história apesar de que os cap ficaram um pouco longos demais. E não sou mto fã de história deles que se passa tanta coisa e só ficam juntos no último cap. Mas teve partes divertidas e gostei mto do irmão do Ucker por ele ter sido sincero com a Anny o tempo todo e achei legal a atitude da mãe dele em se desculpar no final e realmente demonstrar o quanto gosta e admira a Anny. O final foi legal tbm, bem inusitado.

  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 02:02:13

    Comecei a ler sua história hj e confesso que me surpreendi. Já a havia encontrado outras vezes mas não dei a devida atenção. Tô rindo mto com a Anahí loka de pedra ! kkkkkkkkkkkk. Querendo impressionar os outros. Ela nem precisa de nada disso porque é uma mulher mto inteligente. Adorando ler sua fic. Se tiver outras gostaria de ler tbm.

  • franmarmentini Postado em 19/12/2013 - 09:31:31

    vou ler essa também...mas estou aguardando as novas :)

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:03:47

    Lindo, lindo, lindo esse final *-* E engraçado também para variar. Alfonso mandando coração OOUNT

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:01:51

    O QUE FOI ISSO NESSE FINAL? Lindo, maravilhoso, perfeito, sem palavras! Ele mandou mensagem para todos os convidados para impedir o casamento e o mais lindo ainda foi quando ele disse que pensava nela, queria ouvir a voz dela e tudo mais .. Tudo muito lindo!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:59:23

    No fim, o Ucker não passava de um GRANDE idiota, ah que raiva dele!!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:57:37

    Olha que lindo, até para o dentista ele foi por ela kkk

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:56:47

    Gente, eu quase tive um ataque nessa reta final quando a Any aceitou voltar com o Ucker. Sério, pensei que ia acabar desse jeito!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:55:25

    AAAA' até que fim a Any mandou uma mensagem para bruxa Perla, ela tava merecendo! Arrasou.

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:54:14

    Amei ver os trechos de algumas mensagens trocadas entre eles imprimida. Só me fez já sentir saudade da web kk


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