Fanfics Brasil - 022 Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada]

Fanfic: Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada] | Tema: Anahí e Alfonso


Capítulo: 022

373 visualizações Denunciar


_O que foi isso? —diz Alfonso por fim. — Você tem alguma ideia? Perdi alguma coisa?


            Passo a íngua nos lábios com nervosismo.


_Tinha uma coisa que eu queria te contar. —dou uma gargalhada aguda. — É engraçado, na verdade, se você observar...


_Alfonso! —uma mulher grande com voz alta me interrompe. — Estou tão feliz por você ter concordado em participar da corrida!


            Ai, meu Deus. Essa deve ser Rachel.


_Corrida? —Alfonso repete as palavras como se fossem repugnantes. — Não. Me desculpa, Rachel. Não participo de corridas. Fico feliz em doar alguma coisa, em deixar as outras pessoas correrem, é bom pra elas...


_Mas seu e-mail! —ela o encara. — Ficamos tão animados de você querer participar! Ninguém acreditou! Este ano, vamos todos correr com fantasias de super-heróis. —acrescenta ela com entusiasmo. — Separei uma de Super-Homem pra você.


_E-mail? —Alfonso parece perdido. — Que e-mail?


_Aquele e-mail adorável que você mandou! Acho que foi na sexta. Ah, e Deus te abençoe pelo cartão eletrônico que você mandou para a jovem Chloe. —Rachel baixa a voz e dá um tapinha na mão de Alfonso. — Ela ficou emocionada. A maioria dos diretores nem ligaria se o cachorro de uma assistente tivesse morrido, então você mandar um cartão eletrônico tão lindo de condolências, com poema e tudo... —ela arregala os olhos. — Bem. Ficamos todos impressionados, para ser sincera!


            Meu rosto está ficando mais quente. Tinha me esquecido do cartão eletrônico.


_Um cartão eletrônico de condolências por causa de um cachorro. —diz Alfonso com uma voz estranha. — Sim, até eu estou impressionado comigo mesmo.


            Ele olha diretamente para mim. Não com uma das expressões mais simpáticas. Na verdade, sinto vontade de recuar, mas não tenho para onde ir.


_Ah, Loulou! —Rachel de repente acena para o outro lado do salão. — Com licença, Alfonso... —ela sai andando e abrindo caminho pela multidão, deixando nós dois sozinhos.


            Ficamos em silêncio. Alfonso olha direto para mim, sem vacilar. Percebo que está esperando que eu comece a falar.


_Achei... —eu engulo em seco.


_Sim? —a voz dele está seca e implacável.


_Achei que você poderia gostar de participar da corrida Fun Run.


_Achou?


_É. Achei. —minha voz está um pouco rouca de tanto nervoso. — Quero dizer... é divertido! Então, decidi responder. Para economizar seu tempo.


_Você escreveu um e-mail e assinou em meu nome? —ele parece ameaçador.


_Eu estava tentando ajudar! —falei apressadamente. — Eu sabia que você não teria tempo, e eles ficavam perguntando, e eu achei...


_O cartão eletrônico também foi você então? —ele fecha os olhos rapidamente. — Meu Deus. Teve mais alguma coisa em que você se meteu?


            Quero esconder a cabeça como um avestruz. Mas não posso. Tenho que contar a ele, o mais rápido possível, antes que mais alguém o aborde.


_Certo. Tive uma... outra ideia. —digo, com a voz mal passando de um sussurro. — Só que as pessoas se empolgaram demais, e agora todos estão mandando e-mails sobre o assunto, e acham que tem um emprego envolvido...


_Um emprego? —ele me encara. — Do que você está falando?


_Alfonso. —um sujeito bate nas costas dele quando passa. — Estou feliz por você ter se interessado em ir à Islândia. Vou manter contato.


_Islândia? —o rosto de Alfonso é tomado pelo choque.


            Eu também tinha esquecido sobre aceitar a viagem para a Islândia. /Não é verdade que todo mundo quer ir à Islândia? Por que alguém diria não à Islândia?/ Mas só tenho tempo de dar um sorriso de desculpas antes de outra pessoa abordá-lo.


_Alfonso, tudo bem, não sei o que está acontecendo. —é uma garota de óculos e com um jeito muito intenso de falar. — Não sei se você está brincando com a gente ou o quê... —ela parece um pouco estressada e fica tirando o cabelo da testa. — Seja como for, aqui está meu currículo. Você sabe quantas ideias já tive para esta empresa, mas se todos tivermos que ficar saltando por cima de mais malditos obstáculos, então... Você que sabe, Alfonso. Você decide.


_Elena... —Alfonso para de falar, estupefato.


_Apenas leia minha declaração. Está tudo aí. —ela sai andando.


Há um momento de silêncio e então Alfonso se vira, com o rosto tão ameaçador que sinto um tremor por dentro.


_Começar a contar do início. O que você fez?


_Mandei um e-mail. —eu arrasto os pés, me sentindo uma criança travessa. — Como se fosse você mandando.


_Pra quem?


_Pra todo mundo da empresa. —eu me encolho ao dizer essas palavras. — Eu só queria que todos se sentissem... encorajados e otimistas. Então falei que todos deveriam enviar ideias. Para você.


_Você escreveu isso? E assinou meu nome?


            Ele está tão pálido que eu me afasto, me sentindo um pouco apavorada.


_Me desculpa. —peço sem fôlego. — Achei que fosse uma boa ideia. Mas algumas pessoas pensaram que você estava tentando fazer com que elas fossem demitidas, e outras acham que você está, na verdade, entrevistando pessoas para um cargo, e todos estão agitados por causa disso... Me desculpa. —eu termino de falar meio desajeitada.


_Alfonso, recebi seu e-mail! —uma garota de rabo de cavalo nos interrompe com ansiedade. — Nos vemos na aula de dança!


_O q... —os olhos de Alfonso reviram nas órbitas.


_Muito obrigada pelo apoio. Na verdade, você é o único aluno até agora! Leve roupas confortáveis e sapatos macios, tá?


            Olho para Alfonso e engulo em seco ao ver a expressão dele. Ele parece literalmente incapaz de falar. Qual é o problema de aulas de dança? Ele vai precisar dançar no casamento, não vai? Deveria ficar agradecido por eu ter feito a matrícula dele.


_Parece ótimo! —digo de maneira encorajadora.


_Vejo você quinta à noite, Alfonso!


            Quando ela desaparece no meio da multidão, eu cruzo os braços na defensiva, pronta para dizer que fiz um enorme favor a ele. Mas, quando ele se vira, seu rosto está tão impassível que perco a coragem.


_Quantos e-mails exatamente você mandou em meu nome? —ele parece calmo, mas não de uma maneira boa.


_Eu... não muitos. —eu enrolo. — Quero dizer... alguns. Eu só queria ajudar...


_Se você fosse minha assistente, demitiria você agora e provavelmente te processaria também. —ele cospe as palavras como se fosse uma metralhadora. — Como não é, só posso pedir que você devolva o meu celular e eu exijo que você...


_Alfonso! Graças a Deus um rosto amigo!


_Nick. —a atitude de Alfonso muda imediatamente. Seus olhos se iluminam e sua expressão gélida parece derreter. — Que bom ver você. Eu não sabia que você vinha.


            Um homem na casa dos 60 anos, usando um terno risca de giz por cima de uma camisa floral espalhafatosa, está erguendo o copo para nós. Eu ergo o meu e fico sem palavras. Sir Nicholas Murray! Quando procurei sobre a empresa no Google, vi fotos dele com o Primeiro Ministro e com o príncipe Charles, e com todo mundo.


_Nunca perco uma festa, se puder. —diz Sir Nicholas todo animado. — Perdi os discursos, não foi?


_Seu timing foi perfeito. —Alfonso sorri. — Não me diga que mandou o motorista entrar para ver se tinham acabado.


_Eu não poderia comentar sobre isso. —Sir Nicholas pisca para ele. — Você recebeu meu e-mail?


_Você recebeu o meu? —pergunta Alfonso, e baixa a voz. — Você indicou Richard Doherty para o Dealmaker Award, o prêmio de negociador do ano?


_Ele é um jovem e inteligente talento, Alfonso. —diz Sir Nicholas, parecendo um pouco constrangido. — Lembra-se do trabalho dele com Hardwicks ano passado? ele merece reconhecimento.


_Você elaborou o acordo da FSS Energy. Não ele.


_Ele ajuda=ou. —respondeu Sir Nicholas. — Ajudou de muitas formas. Algumas delas... são incapazes de ser dimensionadas.


            Por um momento, eles se entreolham. Os dois parecem estar segurando o riso.


_Você é incorrigível. —diz Alfonso, por fim. — Espero que ele esteja agradecido. Sabe que acabei de voltar da Alemanha? Temos que conversar sobre algumas coisas.


            Ele me excluiu completamente da conversa, mas não me importo. Mesmo. Na verdade, talvez apenas me afaste enquanto tenho a chance.


_Alfonso, apresente-me à sua amiga. —Sir Nicholas parece adivinhas meus pensamentos, e eu sorrio com nervosismo em resposta.


            Alfonso obviamente não tem vontade nenhuma de me apresentar a Sir Nicholas. Mas, também obviamente, é um homem educado, porque uns trinta segundos depois de uma evidente luta interior, /Portanto, não tão educado/ ele diz:


_Sir Nicholas, Anahí Portilla. Anahí, Sir Nicholas Murray.


_Como vai? —eu aperto a mão dele, tentando não revelar minha empolgação.


            Uau. Eu e Sir Nicholas Murray. Conversando no Savoy. Já estou pensando em maneiras de casualmente inserir isso numa conversa com Antony.


_Você é da Johnson Ellison ou da Greene Retail? —pergunta Sir Nicholas educadamente.


_Nenhuma das duas. —respondo, sem jeito. — Na verdade, sou fisioterapeuta.


_Fisioterapeuta! —o rosto dele se ilumina. — Que maravilhoso! A mais desvalorizada das artes médicas, é o que sempre penso. Vou ao consultório de um grande homem na Harley Street por causa das minhas costas, embora ele ainda não tenha exatamente acertado... —ele se encolhe um pouco.


_Você precisa de Maite. —digo, balançando a cabeça com sabedoria. — Minha chefe. Ela é incrível. A massagem profunda dela faz homens adultos chorarem.


_Interessante. —Sir Nicholas parece curioso. — Você tem um cartão?


            Vivaaaa! Maite fez cartões para nós quando começamos, e nunca pediram o meu antes. Nem uma vez.


_Está aqui. —eu enfio a mão na bolsa e tiro um cartão casualmente, como se fizesse isso o tempo todo. — Ficamos em Balham. Fica ao sul do rio. Talvez você não conheça...


_Conheço Balham muito bem. —ele pisca para mim. — Meu primeiro apartamento em Londres ficava em Bedford Hill.


_Não acredito! —meu canapé quase cai da minha boca. — Bem, agora você precisa ir nos visitar.


            Não consigo acreditar. Sir Nicholas Murray, morando em Bedford e termina sendo condecorado cavaleiro. É bem inspirador, sério.


_Sir Nicholas. —o sujeito de pele morena se materializou do nada e se juntou ao grupo. — É um prazer vê-lo aqui. Sempre um prazer. Como estão as coisas no Número Dez? Já descobriu o segredo da felicidade?


_As rodas giram. —Sir Nicholas dá um sorriso relaxado.


_Bem, é uma honra. Uma enorme honra. E Alfonso. —o homem moreno dá um tapinha nas costas dele. — Meu homem mais importante. Não podíamos fazer o que fazemos sem você.


            Eu olho para ele com indignação. ele estava chamando Alfonso de “teimoso da porra” alguns minutos antes.


_Obrigado, Justin.


            É mesmo Justin Cole. Eu estava certa. Ele parece tão desprezível pessoalmente quanto nos e-mails.


            Estou prestes a perguntar a Sir Nicholas como é o Primeiro Ministro de verdade quando um jovem todo nervoso se aproxima de nós.


_Alfonso! Me desculpe interrompeu. Sou Matt Mitchell. Muito obrigado por se voluntariar. Vai fazer muita diferença para o nosso projeto ter você participando.


_Me voluntariar? —Alfonso me olha com intensidade.


            Ai, Deus. Eu não faço ideia. Minha mente está trabalhando demais, tentando lembrar... Voluntariar... Voluntariar... O que era mesmo...


_Para a expedição na Guatemala! O programa de intercâmbio! —Matt Mitchell está vibrando. — Estamos tão animados por você querer se inscrever!


            Meu estômago se revira. Guatemala. Eu tinha esquecido completamente da Guatemala.


_Guatemala? —repete Alfonso, com uma espécie de sorriso tenso no rosto.


            Agora eu lembro. Mandei o e-mail bem tarde da noite. Acho que eu tinha tomado um ou dois copos de vinho... ou três.


            Arrisco uma olhadinha para Alfonso, mas a expressão dele é tão terrível que quero fugir. Mas a questão é que pareceu ser uma oportunidade ótima. E, pelo que vi na agenda dele, ele nunca tira férias. Ele deveria ir à Guatemala.


_Ficamos emocionados com seu e-mail, Alfonso. —Matt segura uma das mãos de Alfonso com devoção. — Eu nunca soube que você se sentia assim sobre o mundo em desenvolvimento. Quantos órfãos você ajuda?


_Alfonso! Ai, meu Deus! —uma garota de cabelos escuros, bastante bêbada, vai até nosso grupo e empurra Matt com uma cotovelada, fazendo com que ele largue a mão de Alfonso. Ela está ruborizada e o rímel está borrado, e ela mesma segura a mão de Alfonso. — Muito obrigada pelo cartão eletrônico sobre Scamper. Você salvou meu dia, sabia?


_Não foi nada, Chloe. —diz Alfonso com firmeza. Ele lança um olhar incandescente de fúria em minha direção e eu me encolho.


_Aquelas lindas coisas que você escreveu. —ela engole em seco. — Eu soube quando li que você deve ter perdido um cachorro. Porque você entende, não é? Você entende. —então uma lágrima escorre pela bochecha dela.


_Chloe, você quer se sentar? —diz Alfonso, retirando a mão, mas Justin se intromete, com um sorriso malicioso brincando nos lábios.


_Ouvi falar sobre esse cartão eletrônico. Será que posso ver?


_Eu imprimi. —Chloe limpa o nariz e psga um pedaço de papel dobrado no bolso, e Justin imediatamente o agarra.


_Ah, mas isso é lindo, Alfonso. —diz ele, obsevando o papel e fingindo estar admirado. — Muito tocante.


_Mostrei pra todo mundo no departamento. —Chloe assente, em lágrimas. — Todos te acham incrível, Alfonso.


            A mão de Alfonso está apertando o copo com tanta força que está ficando branca. Ele parece querer apertar um botão de ejeção para escapar. Estou me sentindo muito, muito mal. Não me dei conta de que tinha mandado tantos e-mails. Eu tinha esquecido da Guatemala. E não deveria ter mandado o cartão eletrônico. Se eu pudesse voltar no tempo, seria nesse momento que eu iria até mim e diria: “Anahí! Já chega! Nada de cartão eletrônico!”


_“O jovem Scamper se juntou a seus amigos no céu, mas nos deixou aqui para chorar” —lê Justin em voz alta, com tom teatral. — “O pelo macio, os olhos brilhantes, o osso dele sobre o sofá.” —Justin faz uma pausa.. — Não tenho certeza se “sofá” rima com “chorar”, Alfonso. E por que o osso dele estaria sobre o sofá? Não é nada higiênico.


_Me dá isso aqui. —Alfonso tenta pegar o papel, mas Justin desvia aparentando gostar da situação.~


_“O cobertor vazio na cama, o silêncio pelo ar. Se Scamper estiver olhando para baixo agora, ele saberá o quanto era grande nosso amor.” —Jutin fez uma careta. — “Ar?” “Amor?” Você sabe o que é rima, Alfonso?


_Acho muito tocante. —diz Sir Nicholas com alegria.


_Eu também. —digo apressadamente. — Acho genial. /Tudo bem. Sei que não é genial. Em minha defesa, escolhi o cartão apressadamente num site de cartões eletrônicos, e a foto era ótima. Era um contorno de um cesto vazio de cachorro que quase me fez chorar./


_E é verdade. —as lágrimas agora descem pelo rosto de Chloe. — É lindo porque é verdade.


            Ela está completamente bêbada. O pé saiu de um dos sapatos de salto alto e ela nem parece ter percebido.


_Justin. —diz Sir Nicholas com gentileza. — Talvez você possa pegar um copo de água para Chloe?


_É claro! —Justin guarda com habilidade a folha de papel no bolso. — Você não se importa se eu guardar o poema, não é, Alfonso? É tão especial. Já pensou em trabalhar para a Hallmark? —ele acompanha Chloe e praticamente a joga numa cadeira. Um momento depois, eu o vejo alegremente chamando o grupo com o qual estava antes e tirando o papel do bolso.


            Quase não ouso olhar para Alfonso de tão culpada que me sinto.


_Bem! —diz Sir Nicholas, parecendo estar se divertindo. — Alfonso, eu não fazia ideia de que você amava tanto os animais.


_Não amo... —Alfonso mal consegue controlar a voz. — Eu...


            Estou freneticamente tentando pensar em alguma coisa para dizer para salvar a situação. Mas o que posso fazer?


_Agora, Anahí, por favor, me dê licença. —Sir Nicholas interrompe meu pensamento. — Por mais que eu preferisse ficar aqui, agora preciso ir conversar com aquele homem infinitamente chato da Greene Retail. —ele faz uma expressão tão cômica que não consigo evitar dar uma gargalhada. — Alfonso, conversamos depois.


            Ele aperta minha mão e entra no meio da multidão, e eu sufoco uma vontade de ir embora com ele.


_E então! —eu me viro para Alfonso e engulo em seco várias vezes. — Hum... Desculpa por aquilo tudo.


            Alfonso não diz nada, apenas estica a mão, com a palma para cima. Depois de cinco segundos, eu me dou conta do que ele quer.


_O quê? —bate um certo desespero. — Não! Quero dizer... Não posso ficar com ele até amanhã? Todos os meus contatos estão nele, todas as minhas mensagens...


_Me dá.


_Mas nem fui à loja de celulares ainda! Não comprei um substituto, este é meu único número, preciso dele...


_Me dá.


            Ele é implacável. Na verdade, parece bem assustador.


            Por outro lado.... ele não pode arrancar à força de mim, pode? Não sem provocar uma cena, algo que acredito que seja a última coisa que ele queira fazer.


_Olha, sei que você está zangado. —tento parecer a mais suplicante possível. — Eu entendo. Mas você não quer que eu encaminhe todos os seus e-mails primeiro? E que te devolva amanhã, depois de ter ajeitado tudo? Por favor?


            Pelo menos isso vai me dar a chance de anotar algumas das minha mensagens.


            Alfonso está respirando com intensidade pelo nariz. Percebo que está se dando conta de que não tem escolha.


_Você não vai mandar um único e-mail. —diz ele, baixando a mão.


_Tudo bem. —digo humildemente.


_Você vai fazer um relatório para mim com a lista de e-mails que você mandou.


_Tudo bem.


_E vai me entregar o aparelho amanhã, e vai ser a última vez que eu vou te ver.


_Vou ao escritório?


_Não! —ele quase se encolhe com a ideia. — A gente se encontra na hora do almoço. Mando uma mensagem.


_Tudo bem. —dou um suspiro, me sentindo humilhada. — Me desculpa. Eu não queria bagunçar sua vida.


            Eu estava com uma leve esperança de que Alfonso fosse dizer alguma coisa legal do tipo “não se preocupe, não bagunçou”, ou “não importa, a intenção foi boa”. Mas ele não diz nada. É frio como sempre.


_Tem alguma outra coisa que eu deveria saber? —pergunta ele secamente. — Seja sincera, por favor. Tem mais alguma viagem internacional para a qual você me escalou? Iniciativas da empresa que você começou em meu nome? Poemas inadequados que escreveu como se fosse eu?


_Não! —digo com nervosismo. — Foi só isso. Tenho certeza.


_Você tem noção do tamanho do caos que provocou


_Eu sei. —engulo em seco.


_Tem noção de em quantas situações constrangedoras me colocou?


_Me desculpa. Me desculpa mesmo. —peço desesperadamente. — Eu não queria deixar você constrangido. Não queria causar confusão. Achei que estivesse fazendo um favor.


_Um favor? —ele olha para mim, incrédulo. — Um favor?


_Oi, Alfonso. —uma voz rouca nos interrompe, e sinto uma onda de perfume passar pelo ar. Eu me viro e vejo uma garota de 20 e tantos anos, usando saltos altos e muita maquiagem. O cabelo ruivo está cacheado e vestido é muito decotado. Consigo praticamente ver o umbigo dela. — Com licença, posso ter um momento rápido com Alfonso? —ela me lança um olhar antagônico.


_Ah! Hum... Claro. —eu me afasto alguns passos, mas não tanto para não conseguir ouvi-los.


_Mal consigo esperar para te ver amanhã. —ela está olhando para o rosto de Alfonso e piscando com os cílios postiços. /Qual é a regra de etiqueta para quando os cílios postiços de alguém estão se soltando um pouco no canto? Avisar ou ignorar educadamente?/ — No seu escritório. Vou estar lá.


_Temos hora marcada?


_É assim que você quer brincar? —ela dá uma risada suave e sexy e mexe o cabelo, como as atrizes fazem naquelas séries de TV americanas que se passam em belas cozinhas. — Posso brincar do jeito que você quiser. —ela baixa a voz a um sussurro rouco. — Se você entende o que quero dizer, Alfonso.


_Desculpa, Lindsay... —Alfonso franze a testa, sem entender nada.


            Lindsay? Eu quase derrubo a bebida no meu vestido. Essa garota é Lindsay?


            Ah, não. Ah, não, ah, não. Isso não é bom. Eu sabia que devia ter voltado atrás sobre os beijos de Alfonso. Tinha certeza de que aquela carinha piscando era alguma coisa. Será que tenho como avisar Alfonso? Será que tenho como fazer um sinal para ele?


_Eu sabia. —murmura ela. — Na primeira vez em que vi você, Alfonso, eu soube que tinha uma vibe especial entre nós. Você é sexy.


            Alfonso parece desconcertado.


_Bem... obrigado. Eu acho. Mas Lindsay, isso realmente não é...


_Ah, não se preocupe. Sei ser muito discreta. —ela passa uma unha pintada pela camisa dele. — Eu tinha quase desistido de você, sabia?


            Alfonso dá alguns passos para trás, parecendo alarmado.


_Lindsay...


_Todo esse tempo e nenhum sinal. E então, do nada, você começa a me procurar. —ela abre bem os olhos. — Me desejando feliz aniversário, me elogiando pelo trabalho... Eu sabia do que isso se tratava. E então, hoje à noite... —Lindsay chega ainda mais perto de Alfonso e fala com a voz ainda mais rouca. — Você não faz ideia do que ver seu e-mail provocou em mim. Hummm. Menino levado.


_E-mail? —repete Alfonso. Ele lentamente vira a cabeça e dá de cara com meu olhar de sofrimento.


            Eu devia ter saído correndo. Enquanto tinha chance. Devia ter saído correndo.




 


raya_ponchito Chocada pelo tento de comentários teus!! Se soubesse que ia ficar on de madrugada tinha postado mais >.< kkkk vdd ela sabe mais sobre o Alfonso que sobre o Christopher :p Esse livro é um mistério... quando vc acha q a história ta se encaminhando pra uma coisa, acontece outra que vc não espera hahahahhahahha


anwsavinon Não gosta, isso é coisa dela :x


isajuje Bomba explodiu agora!


Anahí = confusão kkkkkk Será que isso vai mudar um dia?


Estamos na metade do livro! o/


Muito obrigada pelos comentários *-* me assustei qndo vi, sério.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): AnnRBD

Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

 NOVE             Sou a pessoa mais infeliz dentre todas as infelizes que existem.             Eu realmente fiz uma merda enorme. Agora vejo. Dei um monte de aporrinhação e trabalho a Alfonso, abusei da confiança dele e fui uma verdadeira ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 336



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 22:45:11

    Posso te dizer que até gostei da história apesar de que os cap ficaram um pouco longos demais. E não sou mto fã de história deles que se passa tanta coisa e só ficam juntos no último cap. Mas teve partes divertidas e gostei mto do irmão do Ucker por ele ter sido sincero com a Anny o tempo todo e achei legal a atitude da mãe dele em se desculpar no final e realmente demonstrar o quanto gosta e admira a Anny. O final foi legal tbm, bem inusitado.

  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 02:02:13

    Comecei a ler sua história hj e confesso que me surpreendi. Já a havia encontrado outras vezes mas não dei a devida atenção. Tô rindo mto com a Anahí loka de pedra ! kkkkkkkkkkkk. Querendo impressionar os outros. Ela nem precisa de nada disso porque é uma mulher mto inteligente. Adorando ler sua fic. Se tiver outras gostaria de ler tbm.

  • franmarmentini Postado em 19/12/2013 - 09:31:31

    vou ler essa também...mas estou aguardando as novas :)

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:03:47

    Lindo, lindo, lindo esse final *-* E engraçado também para variar. Alfonso mandando coração OOUNT

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:01:51

    O QUE FOI ISSO NESSE FINAL? Lindo, maravilhoso, perfeito, sem palavras! Ele mandou mensagem para todos os convidados para impedir o casamento e o mais lindo ainda foi quando ele disse que pensava nela, queria ouvir a voz dela e tudo mais .. Tudo muito lindo!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:59:23

    No fim, o Ucker não passava de um GRANDE idiota, ah que raiva dele!!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:57:37

    Olha que lindo, até para o dentista ele foi por ela kkk

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:56:47

    Gente, eu quase tive um ataque nessa reta final quando a Any aceitou voltar com o Ucker. Sério, pensei que ia acabar desse jeito!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:55:25

    AAAA' até que fim a Any mandou uma mensagem para bruxa Perla, ela tava merecendo! Arrasou.

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:54:14

    Amei ver os trechos de algumas mensagens trocadas entre eles imprimida. Só me fez já sentir saudade da web kk


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais