Fanfics Brasil - 028 Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada]

Fanfic: Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada] | Tema: Anahí e Alfonso


Capítulo: 028

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ONZE


            Isso é totalmente surreal. E emocionante. E um pouco angustiante. Tudo ao mesmo tempo.


            Não é que eu esteja exatamente arrependida do meu gesto nobre. Ainda sustento o que disse no escritório. Como eu poderia ir embora? Como não poderia ao menos tentar ajudar Alfonso? Mas, por outro lado, achei que levaria meia hora. Não uma viagem de trem para Hampshire, e isso é só o começo.


            Era para eu estar no cabeleireiro agora. Eu devia estar conversando sobre penteados e experimentando minha tiara. Em vez disso, estou no meio da multidão da estação de Waterloo, comprando uma xícara de chá e segurando o telefone que nem preciso dizer que agarrei de cima da mesa quando saímos. Alfonso não podia reclamar. Mandei uma mensagem de texto para Sue para me desculpar por eu ter que faltar ao compromisso com Louis, mas que é claro que vou pagar o valor integral e pedir que ela mande um beijo para ele.


            Olhei para a mensagem depois de terminar de digitar e deletei metade dos beijos. Depois, coloquei todos de volta. Em seguida, tirei. Talvez cinco seja o bastante.


            Agora estou esperando que Christopher atenda. Ele parte para a viagem de despedida de solteiro dele em Bruges esta tarde, então não ia ter muita chance de eu vê-lo, mas mesmo assim. Sinto que, se eu ao menos não ligar para ele, estarei fazendo uma coisa errada.


_Ah, oi, Christopher!


_Annie! —a ligação está péssima e ouço vozes num alto falante ao fundo— Estamos prestes a embarcar. Você está bem?


_Sim! Eu só queria... —eu paro de falar, sem saber direito que caminho quero tomar.


            Eu só queria dizer que estou indo para Hampshire com um homem sobre o qual você não sabe nada, enrolada numa situação sobre a qual você não faz ideia.


_Eu... vou sair esta noite. —digo com pouca convicção. — Caso você ligue.


            Pronto. Isso é sincero. Mais ou menos.


_Tudo bem! —ele ri— Então divirta-se. Querida, tenho que ir...


_Tudo bem! Tchau! Aproveite!


            A linha fica muda. Levanto o olhar e vejo Alfonso me observando. Puxo a camisa com nervosismo, desejando mais uma vez ter dado uma passada numa loja. Alfonso tem mesmo uma camisa extra no escritório, e a minha blusa estava tão manchada que a peguei emprestada. Mas usar essa camisa listrada da Turnbull & Asser só torna a situação ainda mais estranha.


_Só estava me despedindo de Christopher. —explico desnecessariamente, pois ele estava ali de pé o tempo todo e deve ter ouvido cada palavra.


_São 2 libras. —a mulher da lanchonete me entrega meu copo.


_Obrigada! Certo... vamos?


            Conforme Alfonso e eu andamos pela multidão até entrarmos no trem, eu me sinto fora da realidade. Estou travada de constrangimento. A gente deve parecer um casal aos olhos de qualquer pessoa que estiver observando. E se Perla nos vir?


            Não. Não seja paranoica. Perla foi no segundo trem para a conferência. Mandou um e-mail para Alfonso avisando. Além do mais, Alfonso e eu não estamos fazendo nada ilícito. Somos apenas... amigos.


            Não, “amigos” não me parece certo. Nem colegas. Nem mesmo conhecidos...


            Certo. Vamos encarar. É estranho.


            Olho para Alfonso para ver se ele está pensando o mesmo, mas ele está olhando pela janela do trem com expressão vaga habitual. O trem começa a andar nos trilhos e ele volta a si. Quando ele percebe que estou olhando para ele, rapidamente desvio o olhar.


            Estou tentando parecer relaxada, mas por dentro estou cada vez mais agitada. Com o que concordei? Tudo está na minha memória. Depende de mim, Anahí Portilla, identificar uma voz que ouvi ao telefone dias atrás, por uns vinte segundos. E se eu falhar?


            Tomo um gole de chá para me acalmar e faço uma careta. Primeiro a sopa estava fria demais. Agora o chá está muito quente. O trem começa a se movimentar mais rapidamente nos trilhos e uma gota de chá pula pela borda do copo, queimando minha mão.


_Tudo bem? —Alfonso reapara quando faço careta.


_Tudo. —eu dou um sorriso.


_Posso ser sincero? —diz ele sem rodeios— Você não parece bem.


_Estou bem! —eu protesto— Só estou... Você sabe. Tem muita coisa acontecendo no momento.


            Alfonso assente.


_Desculpa por não termos falado sobre as técnicas de confronto que prometi.


_Ah! Aquilo. —afasto o pedido de desculpas dele com uma das mãos. — Isso é mais importante.


_Não diga “Ah! Aquilo.” —Alfonso parece exasperado— É disso que estou falando. Você automaticamente se coloca em segundo lugar.


_Eu não faço isso! Quero dizer... Você sabe. —dou de ombros, sem graça— Sei lá.


            O trem para em Clapham Junction e um grupo de pessoas entra no vagão. Por um tempo, Alfonso se concentra em mandar uma mensagem de texto. O celular dele pisca constantemente e só posso imaginar quantas mensagens estão circulando. Mas chega um momento em que ele guarda o celular no bolso e se inclina para a frente, apoiando os cotovelos na mesinha entre nós.


_Está tudo bem? —pergunto timidamente, percebendo no mesmo instante a pergunta idiota que acabei de fazer. Alfonso a ignora completamente.


_Tenho uma pergunta pra você. —diz ele, calmo. — O que essa família Uckermann tem que faz você sentir que são superiores? São os títulos? Os doutorados? A inteligência?


            Não isso de novo.


_Tudo! É óbvio! Eles são... Quero dizer, você respeita Sir Nicholas, não é? —respondo, na defensiva— Veja todo o esforço que está fazendo por ele. É porque você o respeita.


_Sim, eu o respeito. É claro que respeito. Mas não sinto que sou inerentemente inferior a ele. Ele não faz com que eu me sinta um cidadão de segunda classe.


_Não me sinto uma cidadã de segunda classe! Você não sabe nada sobre isso. Então apenas... pare!


_Tudo bem. —Alfonso ergue as mãos— Se estou errado, peço desculpas. É apenas impressão que tenho. Eu só queria ajudar, como... —sinto que ele ia dizer a palavra “amigo”, mas a rejeita, como eu fiz antes— Eu só queria ajudar. —conclui ele— Mas a vida é sua. Não vou mais me meter.


            Faz-se silêncio por um tempo. Ele parou. Desistiu. Eu venci.


            Por que não sinto que venci?


_Com licença. —Alfonso leva o celular ao ouvido— Vicks. O que houve?


            Ele sai do vagão e, sem pretender, dou um grande suspiro. A dor que me atormenta voltou, bem debaixo das minhas costelas. Mas agora não consigo dizer se é porque os Uckermann não querem que eu me casa com Christopher, se é porque estou tentando negar isso, se é por eu estar nervosa por causa dessa viagem ou porque meu chá está forte demais.


            Por um tempo, fico ali sentada, olhando para o chá fumegante e desejando não ter ouvido a discussão dos Uckermann na igreja. Que eu não soubesse de nada. Que eu pudesse riscar aquela nuvem negra da minha vida e voltar a “como tenho sorte, não é tudo perfeito?”


            Alfonso se senta de novo e ficamos em silêncio por alguns minutos. O trem fez uma parada no meio do nada e está estranhamente silencioso sem barulho das rodas nos trilhos.


_Certo. —eu olho para a mesa de fórmica— Certo.


_Certo o quê?


_Certo, você não está errado.


            Alfonso não diz nada, apenas espera. O trem anda e para, como um cavalo decidindo como se comportar, mas logo começa a se movimentar devagar.


_Mas não é coisa da minha cabeça, ou seja lá o que você pensa. — Eu dou de ombros com infelicidade. — Eu ouvi uma conversa dos Uckermann, tá? Eles não querem que Christopher se case comigo. Fiz tudo que pude. Joguei Palavras Cruzadas e tentei puxar conversa e até li o livro mais recente de Antony. /Eu li quatro capítulos, para falar a verdade./ Mas nunca vou ser como eles. Nunca.


_E por que deveria ser? —Alfonso parece perplexo— Por que você iria querer?


_Ah, tá. —eu reviro os olhos— Por que alguém iria querer ser uma celebridade inteligente que aparece na TV?


_Antony Uckermann é cabeçudo. —diz Alfonso com firmeza— Ser cabeçudo é como ter um fígado grande ou um nariz grande. Por que você se sente insegura? E se ele tivesse um intestino grosso gigante? Você se sentiria insegura nesse caso?


            Não consigo evitar uma crise de riso.


_Ele é uma aberração, estritamente falando. —insiste Alfonso— Você vai se casar e fazer parte de uma família de aberrações. Estar na porcentagem extrema de qualquer coisa é anormal. Na próxima vez em que você for intimidada por eles, imagine um grande letreiro de neon acima da cabeça deles com a palavra “ABERRAÇÕES!”.


_Não é o que você acha de verdade. —estou sorrindo, mas balançando a cabela.


_É exatamente o que penso. —ele está com um olhar completamente sério agora. — Esses sujeitos acadêmicos precisam se sentir importantes. Eles dão palestrar e apresentam programas de TV para mostrar que são úteis e importantes. Mas você faz um trabalho útil e importante todos os dias. Não precisa provar nada. Quantas pessoas você já tratou? Centenas. Você diminuiu a dor delas. Tornou centenas de pessoas mais felizes. Antony Uckermann já fez alguma pessoa ficar mais feliz?


            Tenho certeza de que tem alguma coisa errada com o que ele está dizendo, mas nesse momento não consigo descobrir o que é. Só consigo sentir uma pontada de orgulho. Isso nunca tinha me ocorrido antes. Fiz centenas de pessoas ficarem mais felizes.


_E você? Você já fez? —não consigo evitar, e Alfonso me dá um sorriso amargo.


_Estou trabalhando nisso.


            O trem se desloca mais devagar quando passa por Woking e nós dois olhamos pela janela instintivamente. Em seguida, Alfonso se vira de volta para mim.


_A questão é que não se trata deles. Se trata de você. Você e ele. Christopher.


_Eu sei. —eu digo depois de um tempo— Sei que sim.


            Parece estranho ouvir o nome de Christopher nos lábios dele. Parece errado.


            Christopher e Alfonso são tão diferentes. É como se fossem feitos de matérias-primas diferentes. Christopher é brilhante, jovial, impressionante, sexy. Mas só um pouquinho obcecado demais com si mesmo./Posso falar isso porque ele é meu noivo e eu o amo./ Já Alfonso é tão... direto e forte. E generoso. E gentil. Você sabe que ele sempre estará do seu lado para o que der e vier.


            Alfonso olha para mim agora e sorri, como se pudesse ler meus pensamentos, e meu coração dá aquele pulinho que tem acontecido sempre que ele sorri...


            Perla sortuda.


            Eu sufoco um gritinho interno por causa do que acabei de pensar e tomo um gole de chá para encobrir meu constrangimento.


            Esse pensamento surgiu na minha cabeça sem aviso. E eu não queria dizer aquilo. Ou, na verdade, que sim, mas simplesmente no sentido de que desejo o melhor para eles, como uma amiga desinteressada... não, não amiga...


            Estou ficando vermelha.


            Estou ficando vermelha por causa do meu processo mental idiota, sem sentido e absurdo que, aliás, ninguém além de mim ouviu. Então posso relaxar. Posso parar com isso agora e deixar de lado a ideia ridícula de que Alfonso pode ler a minha mente e saber que gosto dele...


            Não. Para. Para. Isso é ridículo.


            Isso é simplesmente...


            Apague a palavra “gosto”. Eu não gosto. Eu não gosto.


_Você está bem? —Alfonso me lança um olhar de curiosidade— Anahí, me desculpa, eu não pretendia aborrecer você.


_Não! —eu digo rapidamente— Você não me aborreceu! Eu agradeço. De verdade.


_Que bom. Porque... —ele se interrompe para atender ao telefone— Vicks. Alguma novidade?


            Alfonso se afasta para atender outra chamada e eu tomo outro gole de chá, olhando fixamente pela janela e mandando que meu sangue esfrie e meu cérebro se esvazie. Preciso voltar. Preciso reiniciar. Não salvar as alterações.


            Para estabelecer uma atmosfera mais profissional, enfio a mão no bolso e pego o celular, verifico mensagens e o coloco sobre a mesa. Não há nada nos e-mails gerais sobre a crise do memorando. Está claro que as informações estão sendo trocadas entre um número seleto de colegas do alto escalão.


_Você sabe que vai ter que comprar outro celular em algum momento, não sabe? —diz Alfonso, erguendo uma sobrancelha ao voltar— Ou você está planejando se apropriar de celulares jogados em latas de lixo daqui pra frente?


_É o único lugar. —dou de ombros— Latas de lixo e contêineres de lixo.


            O telefone vibra com a chegada de um e-mail e eu automaticamente estico a mão, mas Alfonso o pega primeiro. A mão dele roça na minha e nossos olhares se encontram.


_Pode ser para mim.


_Verdade —eu concordo com um movimento de cabeça— Vá em frente.


            Ele olha confirmando.


_Preço do trombeteiro para o casamento. É todo seu.


            Com um sorrisinho de triunfo, pego o celular da mão dele. Mando uma resposta rápida para Dulce e o coloco de volta sobre a mesa. Quando ele vibra de novo alguns minutos depois, nós dois esticamos a mão, mas eu pego primeiro.


_Liquidação de camisas. —eu entrego o celular para ele— Não é pra mim.


            Alfonso deleta o e-mail e recoloca o aparelho sobre a mesa.


_No meio! —eu o mexo 2 centímetros— Trapaceiro.


_Coloque as mãos no colo. —responde ele. — Trapaceira.


            Ficamos em silêncio. Estamos os dois sentados, esperando que o telefone toque. Alfonso parece tão concentrado que sinto uma gargalhada surgindo. O celular de outra pessoa toca do outro lado do vagão, e Alfonso estica a mão para pegar o nosso antes de perceber.


_Trágico. —murmuro— Não conhece o toque.


            Nosso celular apita de repente com a chegada de uma mensagem de texto, e a hesitação momentânea de Alfonso é suficiente para permitir que eu pegue o aparelho.


_Haha! Aposto que é pra mim...




 


featanahi Eu pensei o mesmo, porq ela não inventou uma história? kkkkkk é que chamar atenção dele escrevendo em espuma numa janela é bem mais facil aushaushuahsua


isajuje kkkkkkkkkk Ela tem boa memória pra lembrar a voz da pessoa no telefone. Se fosse eu... vishii


anniesilva Noticias sobre Perla e Alfonso logo logo, acho que no próximo capítulo algumas coisas já serão esclarecidas.


titiz.lisboahotmail.com Obrigada você, Bia. Por comentar *-*


Surpresinha no próximo capítulo!



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Autor(a): AnnRBD

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            Clico na mensagem de texto e olho para ela. É de um número desconhecido e só metade da mensagem chegou, mas consigo entender a ideia...             Eu leio de novo. E de novo. Olho para Alfonso e passo a língua pelos lá ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 336



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  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 22:45:11

    Posso te dizer que até gostei da história apesar de que os cap ficaram um pouco longos demais. E não sou mto fã de história deles que se passa tanta coisa e só ficam juntos no último cap. Mas teve partes divertidas e gostei mto do irmão do Ucker por ele ter sido sincero com a Anny o tempo todo e achei legal a atitude da mãe dele em se desculpar no final e realmente demonstrar o quanto gosta e admira a Anny. O final foi legal tbm, bem inusitado.

  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 02:02:13

    Comecei a ler sua história hj e confesso que me surpreendi. Já a havia encontrado outras vezes mas não dei a devida atenção. Tô rindo mto com a Anahí loka de pedra ! kkkkkkkkkkkk. Querendo impressionar os outros. Ela nem precisa de nada disso porque é uma mulher mto inteligente. Adorando ler sua fic. Se tiver outras gostaria de ler tbm.

  • franmarmentini Postado em 19/12/2013 - 09:31:31

    vou ler essa também...mas estou aguardando as novas :)

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:03:47

    Lindo, lindo, lindo esse final *-* E engraçado também para variar. Alfonso mandando coração OOUNT

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:01:51

    O QUE FOI ISSO NESSE FINAL? Lindo, maravilhoso, perfeito, sem palavras! Ele mandou mensagem para todos os convidados para impedir o casamento e o mais lindo ainda foi quando ele disse que pensava nela, queria ouvir a voz dela e tudo mais .. Tudo muito lindo!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:59:23

    No fim, o Ucker não passava de um GRANDE idiota, ah que raiva dele!!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:57:37

    Olha que lindo, até para o dentista ele foi por ela kkk

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:56:47

    Gente, eu quase tive um ataque nessa reta final quando a Any aceitou voltar com o Ucker. Sério, pensei que ia acabar desse jeito!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:55:25

    AAAA' até que fim a Any mandou uma mensagem para bruxa Perla, ela tava merecendo! Arrasou.

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:54:14

    Amei ver os trechos de algumas mensagens trocadas entre eles imprimida. Só me fez já sentir saudade da web kk


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