Fanfics Brasil - 034 Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada]

Fanfic: Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada] | Tema: Anahí e Alfonso


Capítulo: 034

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Eu ia dividir esse capítulo em dois, mas já deixei vocês sem capitulos por muito tempo. Então, como to boazinha hoje, resolvi postar ele completo ;)


 


            Conto até três, depois observo casualmente o salão, como se estivesse interessada nos acessórios de iluminação. Vicks está na minha visão periférica. Agora ela está olhando diretamente para mim. Eu abaixo o telefone para uma posição em que ela não veja e digito:


Onde exatamente você está?


Do lado de fora.


Não ajuda muito.


É só o que sei. Não faço ideia de onde estou.


            Um momento depois, chega outra mensagem:


Está escuro, se isso ajuda. Tem grama.


Você está muito encrencado?


            Ele não responde. Acredito que isso seja um sim.


            Tudo bem. Não vou olhar para Vicks. Vou apenas bocejar, coçar o nariz (sim, isso é bom, vou parecer despreocupada), me virar e me deslocar para trás desse grupo grande de pessoas. Depois, vou me esconder atrás dessa coluna grande.


            Agora, vou espiar.


            Vicks está olhando ao redor com expressão frustrada. As pessoas estão tentando chamar a atenção dela, mas ela as está afastando. Quase consigo ver a frieza e o cálculo nos olhos dela. Quanto espaço cerebral ela aloca para a garota estranha que pode saber de alguma coisa, mas que também pode ser uma distração?


            Em cinco segundos, estou no corredor. Em dez segundos, passo pelo lobby deserto, fugindo do olhar do barman de aspecto inconsolável. Ele vai ter trabalho de sobra já já. Em 15 segundos, estou do lado de fora, ignorando o porteiro, correndo pelo caminho de cascalho, dobrando a esquina até ter grama no chão e eu sentir que escapei.


            Ando devagar, esperando recuperar o fôlego. Ainda estou em choque pelo que acabou de acontecer.


Você vai perder o emprego por causa disso?


            Mais silêncio. Ando um pouco mais, me ajustando ao céu noturno, ao ar frio e à leve brisa, à grama macia. O hotel está a uns 400 metros de distância a essa altura, e começo a relaxar.


Talvez.


            Ele parece tranquilo quanto a isso. Se é que uma mensagem de texto de uma palavra pode parecer tranquila. /Eu acho que pode. Está tudo relacionado ao timing./


Estou do lado de fora agora. Para onde vou?


Só Deus sabe. Saí pela parte de trás do hotel e andei até me esquecer de tudo.


É o que estou fazendo agora.


Então vamos nos encontrar.


Você nunca me contou que sua mãe morreu.


            Digitei e apertei o botão de enviar antes que eu pudesse impedir. Fico olhando para a tela, tensa pela minha própria grosseria. Não consigo acreditar que escrevi isso. E justo nesse momento. Como se essa fosse a prioridade dele agora.


Não. Nunca contei.


            Cheguei à beirada do que parece ser um campo de croquet. Tem um bosque à frente. É lá que ele está? Estou prestes a perguntar quando outra mensagem chega ao meu celular.


É que eu fico cansado de contar. Por causa da pausa constrangedora. Sabe?


            Eu fico olhando para a tela. Não consigo acreditar que outra pessoa conhece a pausa constrangedora.


Entendo.


Eu devia ter contado.


            Não vou deixar que ele se sinta culpado por isso, de jeito nenhum. Não foi o que eu quis dizer. Não era assim que eu queria que ele se sentisse. Diigito a resposta o mais rápido que consigo:


Não. Nada de devia. Nunca diga isso. É minha regra.


É sua regra para a vida?


            Regra para a vida? Não era exatamente o que eu queria dizer. Mas gosto da ideia de ele achar que eu tenho uma regra para a vida.


Não, minha regra para a vida é...


            Faço uma pausa, tentando pensar. Uma regra para a vida. Essa é uma coisa bem importante. Consigo pensar em algumas boas regras, mas para a vida...


Estou esperando ansiosamente aqui.


Para, estou pensando.


            De repente, tenho uma inspiração. Com confiança, eu digito:


Se está numa lata de lixo, é prioridade pública.


            O silêncio se prolonga, mas logo ouço um toque do celular com a resposta.



            Fico olhando sem acreditar. Uma carinha feliz. Alfonso Herrera digitou uma carinha feliz! Um momento depois, ele manda um complemento.


Eu sei. Também não acredito.


            Dou uma risada em voz alta, depois tremo quando a brisa bate nos meus ombros. Está tudo muito bem. Mas estou num campo em Hampshire sem casaco e sem saber para onde estou indo e nem o que estou fazendo. Vamos, Anahí. Concentre-se. Não tem lua e todas as estrelas devem estar escondidas atrás de nuvens. Mal consigo enxergar para digitar.


Onde você ESTÁ? No bosque? Não consigo ver nada.


Do outro lado. Vou me encontrar com você.


            Cuidadosamente, começo a procurar o caminho por entre as árvores, xingando quando um arbusto prende na minha perna. Deve haver urtigas e ninhos de cobra. Deve ter armadilhas. Pego o celular e tento digitar e desviar dos arbustos ao mesmo tempo.


Minha nova regra para a vida: não entre em bosques assustadores e escuros sozinha.


            Há outro silêncio... e então meu celular toca.


Você não está sozinha.


            Aperto o celular com mais força. É verdade, com ele do outro lado eu me sinto segura. Ando um pouco mais, quase tropeço numa raiz de árvore e me pergunto que tipo de lua é. Crescente, eu acho. Ou minguante. Sei llá.


Me procura. Estou chegando.


            Olho para a mensagem de texto sem acreditar. Procurá-lo? Como posso procurá-lo?


Está escuro como breu, você não reparou?


Meu celular. Procura a luz. Não me liga. Alguém pode ouvir.


            Olho para a escuridão. Não consigo ver nada além de sombras escuras de árvores e amontoados de arbustos. Ainda assim, acho que o pior que pode acontecer é eu cair de um penhasco e me quebrar toda. Dou mais alguns passos para a frente, prestando atenção no barulho do meus pés vacilantes, inspirando o ar úmido e almiscarado.


Tudo bem?


Ainda estou aqui.


            Cheguei a uma pequena clareira e hesito por um momento, mordendo o lábio. Antes que eu vá em frente, quero dizer as coisas que não vou conseguir dizer quando o encontrar. Ficarei constrangida demais. É diferente por mensagem de texto.


Só queria dizer que acho que você fez uma coisa incrível. Se arriscando desse jeito.


Tinha que ser feito.


            É típico dele desmerecer o feito.


Não. Não tinha. Mas você fez.


            Espero por um tempo, sentindo a brisa no meu rosto e ouvindo uma coruja piando acima de mim em algum lugar, mas ele não responde. Eu não me importo, vou  insistir. Tenho que dizer essas coisas, porque tenho a sensação de que ninguém mais vai dizer.


Você podia ter escolhido um caminho mais fácil.


É claro.


Mas não escolheu.


Essa é minha regra pra vida.


            E, de repente, sem aviso, sinto um calor nos olhos. Não tenho ideia do motivo. Não sei por que de repente me sinto afetada. Quero digitar “Admiro você”, mas não consigo. Nem mesmo por mensagem de texto. Em vez disso, depois de um momento de hesitação, digito:


Eu te entendo.


É claro que entende. Você faria o mesmo.


            Eu olho para a tela, perplexa. Eu? O que tenho a ver com isso?


Eu não faria.


Agora conheço você muito bem, Anahí Portilla. Você faria.


            Não sei o que dizer, então começo a vagar pelo bosque de novo, em direção ao que parece ser uma escuridão ainda mais negra. Minha mão está segurando o telefone com tanta força que acho que vou ficar com câimbra. Mas não consigo afrouxar os dedos. Sinto como se, quanto mais forte apertasse, mais próxima estivesse de Alfonso. Sinto como se estivesse segurando a mão dele.


            E não quero soltar. Não quero que isso termine. Embora eu esteja tropeçando e com frio e no meio do nada. Estamos num lugar onde jamais estaremos de novo.


            De impulso, digito:


Fico feliz de ter sido o seu celular que eu peguei.


            Um momento depois, chega a resposta dele:


Eu também.


            Sinto um pequeno calor por dentro. Talvez ele só esteja sendo educado. Mas acho que não.


Tem sido bom. Estranho, mas bom.


Estranho, mas bom resume bem, sim 


            Ele mandou outra carinha feliz! Não acredito!


O que aconteceu com o homem que era conhecido como Alfonso Herrera?


Ele está ampliando os horizontes. E isso me lembra, para onde foram todos os seus beijos?


            Eu olho para o celular, surpresa comigo mesma.


N sei. Você me curou.


            Eu percebo que nunca mandei beijos para Alfonso. Nem uma vez. Estranho. Bem, posso compensar isso agora. Estou quase rindo quando aperto as teclas com firmeza.


Bjsbjsbjs


            Segundos depois, a resposta dele chega:


Bjsbjsbjsbjs


            Rá! Com uma risada sufocada, digito ainda mais beijos.


Bjsbjsbjsbjsbjs


Bjsbjsbjsbjsbjsbjs


Bjs abs bjs abs bjs abs bjs abs


Bjs abs bjs abs bjs abs bjs abs bjs abs


☺☺ bjs ☺☺ bjs ☺☺ bjs ☺☺ bjs


Estou te vendo.


            Olho para a escuridão de novo, mas ele deve enxergar melhor do que eu, porque não consigo ver nada.


Sério?


Estou chegando.


            Eu me inclino para a frente, estico o pescoço, semicerro os olhos em busca de uma nesga de luz, mas nada. Ele deve ter visto alguma outra luz.


Não estou te vendo.


Estou chegando.


Você não está perto de mim.


Estou sim. Estou chegando.


            De repente, ouço os passos dele se aproximando. Ele está atrás de mim, a uns 10 metros, acho. Não era surpresa que eu não conseguisse vê-lo.


            Eu deveria me virar. Agora mesmo, eu deveria me virar. Esse é o momento em que seria natural eu me virar para cumprimentá-lo. Para dar um oi e balançar o celular no ar.


            Mas meus pés estão imobilizados. Não consigo me mexer. Porque, assim que eu o fizer, vai chegar a hora de ser educada e pé no chão e de voltar ao normal. E não consigo suportar isso. Quero ficar bem aqui. No lugar onde podemos dizer qualquer coisa um para o outro. Sob o feitiço da magia.


            Alfonso para, bem atrás de mim. Há um momento insuportável e frágil enquanto espero que ele quebre o silêncio. Mas é como se ele se sentisse do mesmo jeito. Ele não diz nada. Só consigo ouvir o som delicado da respiração dele. Lentamente, os braços dele me envolvem por trás. Eu fecho os olhos e me encosto contra o peito dele, me sentindo fora da realidade.


            Estou num bosque com Alfonso e os braços dele estão ao redor do meu corpo, onde eles realmente não deveriam estar. Não sei o que estou fazendo. Não sei onde isso vai dar.


            Só que... eu sei. É claro que sei. Porque, quando as mãos dele em seguram delicadamente pela cintura, eu não emito nenhum som. Quando ele me vira para ficar de frente para ele, eu não emito nenhum som. E quando a barba por fazer dele arranha o meu rosto, eu também não emito nenhum som. Não preciso. Ainda estamos conversando. Cada toque dele, cada contato com a pele dele é como mais uma palavra, mais um pensamento; uma continuação da nossa conversa. E ainda não terminamos. Ainda não.


           Não sei quanto tempo ficamos ali. Cinco minutos talvez. Dez minutos.


           Mas o momento não pode durar para sempre, e não dura. A bolha não exatamente explode, mas evapora, nos levando de volta ao mundo real. Também nos faz perceber que nossos braços ainda estão ao redor um do outro; nos faz dar um passo constrangido para trás; nos faz sentir o ar frio da noite entre nós dois. Eu olho para o outro lado, limpo a garganta e esfrego a pele onde ele me tocou.


_E então, vamos...


_Vamos.


            Enquanto seguimos pelo bosque, nenhum de nós fala. Não consigo acreditar no que acabou de acontecer. Já parece ter sido um sonho. Uma coisa impossível.


            Foi no meio da floresta. Ninguém viu nem ouviu. Então, será que realmente aconteceu? /Mais uma para Antony Uckermann. Ou não./


            O celular de Alfonso está tocando, e desta vez ele o leva ao ouvido.


_Alô. Vicks.


            E assim, de repente, acaba. Na extremidade do bosque vejo um grupo de pessoas andando pela grama em nossa direção. E a etapa seguinte se inicia. Devo estar um pouco alterada por causa do nosso encontro, porque não consigo me envolver em nada disso. Escuto Vicks e Robbie e Mark levantando a voz, e vejo Alfonso permanecendo calmo, e Vicks quase chegando às lágrimas, coisa que parece um tanto improvável para ela, e ouço uma conversa sobre trens e carro e reuniões de emergência com a imprensa, além de Mark:


_É Sir Nicholas, pra você, Alfonso.


            Todo mundo dá um passo para trás, quase respeitosamente, quando Alfonso atende a ligação.


            De repente, os carros chegam para levar todo mundo de volta à Londres. Estamos indo para a entrada do hotel, e Vicks está dando ordens em todo mundo, e todos têm que se reunir às 7 da manhã no escritório.


            E me colocaram para ir num carro com Alfonso. Quanto entro, Vicks se inclina na porta e diz:


_Obrigada, Anahí.


            Não consigo acreditar se ela está sendo sarcástica ou não.


_Não foi nada. —eu digo, caso ela não esteja sendo sarcástica— E... Desculpa. Por...


_Tá... —diz ela com rigidez.


            E então o carro parte. Alfonso está digitando com atenção, com o rosto franzido. Não ouso dar um pio. Verifico se há alguma mensagem de Christopher no meu celular, mas não há nada. Então eu o coloco sobre o banco e olho pela janela, deixando que os postes virem um borrão de luz e me perguntando, por Deus, para onde estou indo.


            Eu nem sabia que tinha pegado no sono.


            Mas, de alguma maneira, a minha cabeça está apoiada no peito de Alfonso e ele está dizendo “Anahí? Anahí?”, e de repente eu acordo, e o meu pescoço está torto e estou olhando por uma janela de carro de um ângulo estranho.


_Ah. —eu me sento direito e faço uma careta quando levanto a cabeça para voltar à posição normal— Me desculpa. Meu Deus. Você devia ter...


_Não tem problema. É esse o seu endereço?


            Eu olho pela janela sem enxergar direito. Estamos em Balham. Do lado de fora do meu prédio. Olho para o relógio. Já passa da meia-noite.


_É. —respondo, sem acreditar— Eu moro aqui. Como você...?


            Alfonso apena indica o celular, ainda no banco do carro.


_O endereço estava aí.


_Ah. Certo. —não posso reclamar sobre ele invadir minha privacidade.


_Eu não queria te acordar.


_Não. É claro. Tudo bem. —concordo— Obrigada.


            Alfonso pega o celular e está prestes a entregá-lo para mim, mas então para.


_Eu li suas mensagens, Anahí. Todas elas.


_Ah. —eu limpo a garganta, sem saber como responder— Uau. Bem. Isso... é um pouco demais, não acha? Quero dizer, sei que eu li os seus e-mails, mas você não precisava...


_É Dulce.


_O quê? —eu fico olhando para ele sem entender.


_É a minha opinião. Dulce é a mulher.


            Dulce?


_Mas o quê... Por quê?


_Ela mente pra você. Consistentemente. Ela não poderia estar em todos os lugares que disse estar nas horas em que disse. É humanamente impossível.


_Na verdade... eu também tinha reparado nisso. —admito— Achei que ela estivesse tentando me cobrar mais pelo número de horas, ou algo do tipo.


_Ela cobra por hora?


            Eu esfrego o nariz, me sentindo burra. Na verdade, não. O valor é fixo.


_Você já reparou que Christopher e Dulce costumam mandar mensagens de texto com diferença de fez minutos?


            Mexo a cabeça lentamente. Por que eu perceberia isso? Recebo zilhões de mensagens de texto todos os dias, de todos os tipos de pessoa. Aliás, como ele reparou?


_Eu comecei a vida como analista. —ele parece um pouco envergonhado—É meu tipo de coisa.


_O que é seu tipo de coisa? —pergunto, confusa.


            Alfonso pega um pedaço de papel e eu coloco uma das mãos sobre a boca. Não acredito. Ele fez um gráfico. De horas e datas. Ligações. Mensagens de texto. E-mails. Ele ficou fazendo isso enquanto eu dormia?


_Eu analisei suas mensagens. Você vai entender o que está acontecendo.


            Ele analisou as minhas mensagens. Como se analisa mensagens?


            Ele me entrega o pedaço de papel e eu fico olhando para ele.


_O quê...


_Está vendo a correlação?


            Correlação. Não faço ideia do que ele está dizendo. Parece uma coisa saída de uma prova de matemática.


_Hum...


_Olha essa data. —ele aponta para o papel— Os dois mandam e-mails por volta das 6 horas da tarde perguntando como você está, sem falar nada de importante. Depois, às 8 horas, Christopher diz que vai trabalhar até mais tarde na Biblioteca de Londres e, alguns minutos depois, Dulce diz que está procurando ligas para as damas de honra num armazém de moda em Shoreditch. Às 8 da noite? Por favor.


            Fico em silêncio por alguns instantes. Agora me lembro do e-mail sobre as ligas. Pareceu estranho, mesmo naquela época. Mas não se pode tirar conclusões baseadas num e-mail estranho, não é?


_Quem pediu para você analisar minhas mensagens? —sei que soo irritada, mas não consigo evitar— Quem disse que era da sua conta?


_Ninguém. Você estava dormindo. —ele abre as mãos— Me desculpa. Eu comecei a olhar sem intenção, mas o padrão apareceu.


_Dois e-mails não são um padrão.


_Não são só dois. —ele indica o papel— No dia seguinte, Christopher teve um seminário noturno especial que ele “esqueceu” de mencionar. Cinco minutos depois, Dulce fala sobre um workshop sobre rendas em Nottinghamshire. Mas ela estava em Fulham duas horas antes. De Fulham até Nottinghamshire? No horário do rush? Não é real. Chuto que era um álibi.


            A palavra “álibi” me deixa um pouco com frio.


_Dois dias depois, Christopher manda uma mensagem de texto pra você cancelando o encontro pra almoçar. Um tempo depois, Dulce manda um e-mail dizendo que vai estar absurdamente ocupada até às 2 horas da tarde. Ela não dá outro motivo para o envio do e-mail. Por que ela precisaria dizer pra você que está absurdamente ocupada num horário de almoço qualquer?


            Ele olha para a frente, esperando uma resposta. Como se eu tivesse alguma.


_Eu... eu não sei. —digo— Não sei.


            Enquanto Alfonso continua a falar, tapo os olhos rapidamente com as mãos. Agora eu entendo por que Vicks faz isso. É para bloquear o mundo por um segundinho. Por que não notei isso? Por que não notei nada disso?


            Christopher e Dulce. É como uma piada de humor negro. Um deles deveria estar organizando o meu casamento. O outro deveria estar no meu casamento. Comigo.


            Mas espera um pouco. Levanto a minha cabeça com a força de um pensamento. Quem me mandou a mensagem anônima? A teoria de Alfonso não pode estar certa, porque alguém deve ter enviado aquilo. Não poderia ser nenhum amigo de Christopher, e não conheço nenhuma das amigas de Dulce, então quem nesse mundo...


_Você se lembra de quando Christopher falou que tinha que ajudar alguns alunos de doutorado? E Dulce de repente cancelou o encontro de você pra tomar um drinque? E mandou Clemency ir no lugar dela? Se você prestar atenção nos horários...


            Alfonso ainda está falando, mas mal consigo ouvi-lo. Meu coração se contraiu. É claro. Clemency,


            Clemency.


            Clemency é disléxica. Ela poderia ter errado na hora de escrever “noivo”. Teria medo demais de Dulce para escrever o nome. Mas ia querer que eu soubesse. Se houvesse alguma coisa para eu saber.


            Meus dedos estão tremendo quando pego o celular para procurar a mensagem de novo. Agora que a releio, consigo ouvir as palavras na voz doce e ansiosa de Clemency. Sinto como se as palavras fossem dela. Soam como se fossem dela.


            Clemency não inventaria algo desse tipo. Ela deve achar que é verdade. Deve ter visto alguma coisa... ouvido alguma coisa...


            Eu me recosto no banco do carro. Meu corpo dói. Eu me sinto seca e exausta e com um pouco de vontade de chorar.


_De qualquer modo. —Alfonso parece perceber que não estou ouvindo— É apenas uma teoria, mais nada. —ele dobra o papel e eu o pego.


_Obrigada. Obrigada por fazer isso.


_Eu... —ele dá de ombros, um pouco sem jeito— É como falei. É o que eu faço.


            Por um tempo, ficamos em silêncio, embora pareça que ainda estamos nos comunicando. Sinto como se os nossos pensamentos estivessem rodopiando acima de nossas cabeças, se entrelaçando, dando voltas, se encontrando por um momento e se afastando de novo. O dele num caminho, o meu num outro.


_É. —eu expiro por fim— Melhor eu deixar você ir. Está tarde. Obrigada por...


_Não. —interrompe ele— Não seja boba. Eu que agradeço.


            Eu apenas concordo. Acho que nós dois estamos exaustos demais para nos engajarmos em longos discursos.


_Foi...


_É.


            Eu olho para a frente e cometo o erro de olhar nos olhos dele, prateados pela luz da rua. E, apenas por um momento, sou transportada de volta...


            Não. Não, Anahí. Nunca aconteceu. Não pensa nisso. Bloqueia.


_Então. Hum. —estico a mão para a maçaneta, tentando me forçar a voltar para a realidade, para a racionalidade— Ainda preciso devolver este celular...


_Quer saber? Fica com ele, Anahí. É seu. —ele dobra os meus dedos no aparelho e os aperta por um momento— Você mereceu. E, por favor, não precisa se preocupar com encaminhar mais nada. A partir de amanhã, os meus e-mails todos vão direto para minha nova assistente. Seu trabalho aqui terminou.


_Bem, obrigada! —eu abro a porta, mas, de impulso, me viro— Alfonso... Espero que você fique bem.


_Não de preocupe comigo. Vou ficar bem, sim. —ele dá aquele sorriso maravilhoso, e, de repente, sinto vontade de dar um abraço apertado nele. Ele está a um triz de perder o emprego e ainda consegue sorrir desse jeito— Espero que você fique bem. —acrescenta ele— Lamento por... isso tudo.


_Ah, eu vou ficar! —dou um sorriso delicado, embora não tenha ideia do que quero dizer com isso. Meu futuro marido provavelmente está transando com minha cerimonialista. Em que sentido vou ficar bem?


            O motorista limpa a garganta, e eu levo um susto. Estamos no meio da madrugada. Estou sentada num carro na rua. Vamos lá, Anahí. Vá em frente. Mova-se. A conversa tem que terminar.


            Então, embora seja a última coisa que tenho vontade de fazer, eu me forço a sair, bater a porta do carro e gritar “Boa noite”, depois seguir para a porta da frente e abri-la, porque sei instintivamente que Alfonso não vai embora até me ver entrar em segurança. Depois, saio de novo e fico de pé na entrada, vendo o carro se afastar.


            Quando ele dobra a esquina, eu pego o celular, meio torcendo, meio esperando...


            Mas ele fica escuro e silencioso. Permanece escuro e silencioso. E, pela primeira vez em muito tempo, eu me sinto completamente sozinha.




 


isajuje Esses ultimos dias foram super corridos, tava cheia de trabalhos para fazer, só vinha pra casa pra dormir :/ Mas agora estou de volta o/ Alfonso é o máximo!! Ia ser maravilhoso a Anahí dando uma bofetada na cara da Bruxa Perla asuahsuahsua


titiz.lisboahotmail.com Não parei agora!


anniesilva Anahí é foda kkkkkkk "Vai cuidar da suas depilações" :p Vou anotar essa ofensa num caderninho.


raya_ponchito Verdade, ele confia nela *-* Anahí é mais importante, obvio hahahahaha Voltei e vou continuar postando diariamente :)


Obrigada por sempre estarem por aqui comentando!!! *-*


 



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Autor(a): AnnRBD

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TREZE             Está em todos os jornais na manhã seguinte. É notícia de primeira página. Fui até a banda de jornal assim que acordei e comprei todos os jornais que achei lá.             Há fotos de Sir Nich ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 336



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  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 22:45:11

    Posso te dizer que até gostei da história apesar de que os cap ficaram um pouco longos demais. E não sou mto fã de história deles que se passa tanta coisa e só ficam juntos no último cap. Mas teve partes divertidas e gostei mto do irmão do Ucker por ele ter sido sincero com a Anny o tempo todo e achei legal a atitude da mãe dele em se desculpar no final e realmente demonstrar o quanto gosta e admira a Anny. O final foi legal tbm, bem inusitado.

  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 02:02:13

    Comecei a ler sua história hj e confesso que me surpreendi. Já a havia encontrado outras vezes mas não dei a devida atenção. Tô rindo mto com a Anahí loka de pedra ! kkkkkkkkkkkk. Querendo impressionar os outros. Ela nem precisa de nada disso porque é uma mulher mto inteligente. Adorando ler sua fic. Se tiver outras gostaria de ler tbm.

  • franmarmentini Postado em 19/12/2013 - 09:31:31

    vou ler essa também...mas estou aguardando as novas :)

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:03:47

    Lindo, lindo, lindo esse final *-* E engraçado também para variar. Alfonso mandando coração OOUNT

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:01:51

    O QUE FOI ISSO NESSE FINAL? Lindo, maravilhoso, perfeito, sem palavras! Ele mandou mensagem para todos os convidados para impedir o casamento e o mais lindo ainda foi quando ele disse que pensava nela, queria ouvir a voz dela e tudo mais .. Tudo muito lindo!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:59:23

    No fim, o Ucker não passava de um GRANDE idiota, ah que raiva dele!!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:57:37

    Olha que lindo, até para o dentista ele foi por ela kkk

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:56:47

    Gente, eu quase tive um ataque nessa reta final quando a Any aceitou voltar com o Ucker. Sério, pensei que ia acabar desse jeito!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:55:25

    AAAA' até que fim a Any mandou uma mensagem para bruxa Perla, ela tava merecendo! Arrasou.

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:54:14

    Amei ver os trechos de algumas mensagens trocadas entre eles imprimida. Só me fez já sentir saudade da web kk


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