Fanfics Brasil - 038 Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada]

Fanfic: Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada] | Tema: Anahí e Alfonso


Capítulo: 038

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QUINZE


            Desta vez, não tenho nenhuma dificuldade para entrar no prédio. Tem praticamente um comitê de recepção para me receber. Alfonso, Vicks, Robbie, Mark e algumas outras pessoas que não reconheço estão paradas perto das portas de vidro, com um crachá e apertos de mão e muitas explicações, que continuam durante a subida no elevador e que não consigo acompanhar direito, pois eles ficam interrompendo uns aos outros. Mas a ideia central é a seguinte: os recados da caixa postal são cem por cento incriminadores. Vários funcionários foram chamados para interrogatório. Justin perdeu a calma e admitiu quase tudo. Outro funcionário antigo, Phil Stanbridge, também está envolvido, e todos ficaram perplexos com isso. Ed Exton desapareceu do mapa. Advogados estão em reuniões. Ninguém ainda tem certeza se há chance de um processo criminal, mas o principal é que o nome de Sir Nicholas está limpo. Ele está feliz da vida. Alfonso está feliz da vida.


            O ITN está um pouco menos feliz da vida, pois a notícia passou de “Conselheiro do governo é corrupto” para “Problema interno de empresa é reolvido”, mas ainda vão exibir uma nova notícia alegando que foram eles que descobriram tudo.


_A empresa toda vai ficar abalada por causa disso. —diz Alfonso com entusiasmo quando seguimos pelo corredor— Tudo vai ter que ser redesenhado.


_Então você venceu. —eu me arrisco a dizer, e ele para de andar, dando um sorriso mais largo do que qualquer outro que eu tenha visto.


_É. Nós vencemos. —ele volta a andar e me guia até a sala dele— Aqui está ela! A garota em pessoa. Anahí Portilla.


            Dois homens de jeans se levantam do sofá, apertam minha mão e se apresentam como Ted e Marco.


_É você quem está com o famoso celular. —diz Marco— Posso dar uma olhada?


_É claro. —enfio a mão no bolso, pego o celular e o entrego. Por alguns momentos, os homens o examinam, apertam botões, olham para o aparelho e o passam de um para o outro.


            Não tem nenhum outro recado incriminador aí, eu tenho vontade de dizer. Podem acreditar, eu teria mencionado.


_Você se importa se ficarmos com ele? —diz Marco, olhando para mim.


_Ficar com ele? —a consternação na minha voz é tão óbvia que ele parece surpreso.


_Me desculpe. É um celular empresarial, então nós concluímos... —ele hesita.


_Não é mais. —diz Alfonso, franzindo a testa— Eu dei o aparelho para Anahí. É dela.


_Ah. —Marco inspira por entre os dentes. Ele parece um tanto confuso— O problema é que gostaríamos de fazer um exame detalhado nele. Pode demorar um tempo. Podia até dizer que vamos devolver depois, mas nunca se sabe quanto tempo vai demorar... —ele olha para Alfonso em busca de orientação.


_Quero dizer, é claro que podemos conseguir outro, o mais moderno, o que você quiser...


_Com certeza. —assente Alfonso— De qualquer valor. —ele sorri para mim— Você pode ter o celular mais moderno disponível no mercado.


            Não quero o celular mais modernos disponível no mercado. Quero aquele celular. Nosso celular. Quero guardá-lo em segurança, não quero entregá-lo para que seja revirado por técnicos. Mas... o que posso dizer?


_Claro. —eu dou um sorriso, embora eu sinta um aperto no estômago— Fiquem com ele. É só um celular.


_Quanto às mensagens, aos contatos, tudo... —Marco troca um olhar inseguro com Ted.


_Preciso das minhas mensagens.


            Fico alarmada com o tremor na minha voz. Eu me sinto quase violada. Mas não tem nada que eu possa fazer. Seria absurdo e nada prestativo recusar.


_A gente pode imprimir. —Ted sorri— Que tal? Imprimimos tudo para você, e aí você tem tudo registrado.


_Algumas dessas mensagens são minhas. —observa Alfonso.


_É, algumas são dele.


_O quê? —Marco olha para mim e para Alfonso— Me desculpem, estou confuso. De quem é o celular?


_Na verdade, o telefone é dele, mas eu estou usando...


_Nós dois estamos usando. —explica Alfonso— Juntos. Dividindo.


_Dividindo? —Marco e Ted estão tão perplexos que sinto vontade de rir.


_Nunca vi ninguém dividindo um celular antes. —diz Marco— Isso é doentio.


_Nem eu. —Ted treme— Eu não dividiria um celular nem com a minha namorada.


_E então... como foi para vocês? —diz Marco, olhando curiosamente e Alfonso para mim.


_Teve seus momentos. —diz Alfonso, erguendo as sobrancelhas.


_Realmente, teve seus momentos. —admito— Mas, na verdade, eu recomendo.


_Eu também. Todo mundo deveria experimentar ao menos uma vez. —Alfonso sorri para mim, e não consigo evitar retribuir o sorriso.


_Ah... tá. —Marco fala como se tivesse se dado conta de que está falando com dois malucos— Bem, vamos trabalhar. Venha, Ted.


_Quanto tempo vai demorar? —pergunta Alfonso.


            Ted franze o rosto.


_Pode demorar um tempinho. Uma hora?


            Eles saem da sala de Alfonso, e ele fecha a porta. Por um minuto, ficamos olhando um para o outro, e reparo num pequeno corte na bochecha dele. Ele não estava assim ontem à noite.


            Ontem à noite. Num instante, sou transportada para o bosque. Estou de pé no escuro, com o cheiro de terra nas narinas, com sons de bosque nos ouvidos, com os braços dele ao redor do meu corpo, com os lábios dele...


            Não. Para, Anahí. Não pensa nisso. Não se lembre, nem imagine, nem...


_Que dia. —comento por fim, procurando palavras gentis e vazia.


_Disse tudo. —Alfonso me guia até o sofá e eu me sento desajeitada, me sentindo como alguém que está fazendo uma entrevista de emprego— Agora que estamos sozinhos... Como você está? E quanto às outras coisas?


_Não tenho muito pra contar. —faço um movimento deliberadamente desinteressado com os ombros— Ah, só que vou cancelar o casamento.


            Quando falo as palavras em voz alta, me sinto um pouco mal. Quantas vezes vou ter que dizer essas palavras? Quantas vezes vou ter que me explicar? Como vou encarar os próximos dias?


            Alfonso assente, fazendo uma careta.


_Entendo. Isso é bem ruim.


_Não é legal.


_Falou com ele?


_Com Wanda. Fui conversar com ela, na casa dela. Eu disse: “Wanda, você me acha mesmo inferior ou é coisa da minha cabeça?”


_Não acredito! —exclama Alfonso, com cara de satisfação.


_Eu disse palavra por palavra. —não consigo evitar uma gargalhada ao ver a expressão dele, embora eu também esteja com vontade de chorar— Você teria ficado orgulhoso de mim.


_Muito bem, Anahí! —ele levanta a mão para bater na minha— Sei que foi preciso ter coragem. E qual foi a resposta?


_Era coisa da minha cabeça. —admito— Ela é um amor, na verdade. Que vergonha daquele filho dela.


            Ficamos em silêncio por um tempo. Eu me sinto vivendo algo tão surreal. O casamento vai ser cancelado. Falei em voz alta, então deve ser verdade. Mas parece tão real quanto dizer “alienígenas invadiram o planeta”.


_Quais são os planos agora? —Alfonso olha nos meus olhos e acho que consigo ver outra pergunta nos olhos dele. Uma pergunta sobre nós dois.


_Não sei. —eu digo depois de uma pausa.


            Estou tentando responder a pergunta dele, mas não sei se os meus olhos estão trabalhando direito. Não sei se Alfonso consegue entender. Depois de um momento, não consigo mais olhar para ele e abaixo a cabeça rapidamente.


_Acho que vou levar a vida devagar. Vou ter que resolver muita confusão.


_Imagino. —ele hesita— Café?


            Tomei tanto café hoje que estou parecendo ligada na tomada... Mas, por outro lado, não consigo suportar essa atmosfera intensa. Não consigo avaliar nada. Não consigo entender Alfonso. Não sei o que esperar ou querer. Somos duas pessoas que a vida aproximou por um breve acaso e estão numa transação de negócios. Só isso.


            Então por que meu estômago se revira cada vez que ele abre a boca para falar? Que merda de coisa espero que ele diga?


_Café seria ótimo, obrigada. Tem descafeinado?


            Observo Alfonso mexer na máquina Nespresso na bancada lateral na sala e tentar fazer o dispositivo de espuma de leite funcionar. Acho que é uma distração bem-vinda para nós dois.


_Relaxa. —eu digo enquanto ele volta a mexer no dispositivo, parecendo frustrado— Eu tomo puro.


_Você odeia café puro.


_Como você sabe? —dou uma risada, surpresa.


_Você contou para Dulce num e-mail. —ele se vira, com a boca ligeiramente retorcida— Você acha que foi a única a espionar um pouco?


_Você tem boa memória. —eu dou de ombros— Do que mais você se lembra?


            Ele fica em silêncio. Quando nossos olhares se encontram, meu coração começa a batucar no meu peito. Os olhos dele são tão intensos e verdes e sérios. Quanto mais olho para eles, mais quero olhar. Se ele está pensando o mesmo que eu, então...


            Não. Para, Anahí. É claro que ele não está. E eu nem sei exatamente no que estou pensando...


_Na verdade, não precisa se preocupar com o café. —eu levanto de repente— Vou dar uma volta.


_Tem certeza? —Alfonso parece surpreso.


_Tenho. Não quero atrapalhar. —evito os olhos dele ao passar— Tenho umas coisas para fazer. Vejo você daqui a uma hora.


            Não faço nada. Não tenho forças. Meu futuro foi radicalmente transformado e sei que vou ter que agir, mas, no momento, não consigo lidar com isso. Do escritório de Alfonso, ando até a catedral de St. Paul. Eu me sento nos degraus, numa área em que o sol bate, observando os turistas, fingindo que estou de férias da minha própria vida. Por fim, volto para o escritório. Alfonso está ao telefone quando sou levada para a sala dele, e ele assente para mim, gesticulando um pedido de desculpas enquanto fala ao telefone.


_Com licença! —a cabeça de Ted aparece pela porta e eu levo um susto— Tudo feito. Três técnicos trabalharam nisso. —ele entra na sala, segurando uma pilha enorme de folhas A4— O único problema foi que tivemos que imprimir cada uma numa folha separada de papel. Parece o bendito Guerra e Paz.


_Uau. —não consigo acreditar em quantas folhas de papel ele está segurando. Não posso ter mandado tantas mensagens de texto e e-mails. Eu só fiquei com o aparelho por alguns dias.


_Pois então. —Ted coloca as folhas de papel sobre a mesa com um ar profissional e as separa em três pilhas— Um dos rapazes ficou separando enquanto imprimíamos. Essas são de Alfonso. E-mails de negócios, coisas assim. Da caixa de entrada, da caixa de saída, rascunhos tudo. Alfonso, está aqui. —ele entrega a pilha para Alfonso quando ele se levanta.


_Ótimo, obrigado. —diz Alfonso, dando uma folheada.


_Imprimimos todos os anexos também. Deve estar tudo no seu computador, Alfonso, mas só para garantir... E essas são suas, Anahí. —ele bate numa segunda pilha— Deve estar tudo aqui.


_Certo. Obrigada. —eu folheio a papelada.


_Mas tem essa terceira pilha. —Ted franze a testa como se estivesse confuso— Não tínhamos certeza do que fazer com essas. São... de vocês dois.


_O que você quer dizer? —Alfonso olha para a rente.


_É a correspondência entre vocês. Todas as mensagens e e-mails que vocês mandaram entre si. Em ordem cronológica. —Ted dá de ombros— Não sei qual de vocês quer isso, ou se deveríamos jogar fora... São importantes?


            Ele coloca a pilha de folhas de papel na mesa e olho para a folha de cima, sem acreditar. É uma foto granulada de mim num espelho, segurando o celular e fazendo o sinal das escoteiras. Eu tinha esquecido que tinha feito isso. Viro para a página seguinte e encontro uma única mensagem impressa de Alfonso:


Eu poderia enviar isso pra polícia te prender.


            Na folha seguinte está a minha resposta:


Agradeço muito, muito mesmo. Tks. ☺ ☺ ☺


            Isso parece ter acontecido há um milhão de anos. Quando Alfonso era apenas um estranho do outro lado de uma linha telefônica. Quando eu não conhecia pessoalmente, não fazia ideia de como ele era... Sinto um movimento perto do meu ombro. Alfonso também veio olhar.


_É estranho ver tudo impresso. —diz ele.


_Eu sei.


            Chego a uma foto de dentes podres e nós dois caímos na gargalhada ao mesmo tempo.


_Tem várias fotos de dentes, não é? —diz Ted, olhando para a gente com curiosidade— Ficamos curiosos para saber o que era. Você trabalha na área odontológica, Anahí?


_Não exatamente.


            Eu folheio as páginas, hipnotizada. É tudo que dissemos um para o outro. São páginas e mais páginas de mensagens, como um livro dos últimos dias.


WHAIZLED. Pega o D de IRÍDIO. Pontuação tripla com 50 pontos de bônus.


Já marcou o dentista? Vai ficar banguela!!!


O que está fazendo acordada tão tarde?


Minha vida acaba amanhã.


Entendo como isso pode manter você acordada. Por que acaba?


Sua gravata está torta.


Não sabia que seu nome estava no meu convite.


Só vim pegar a bolsa de brindes pra você. Faz parte do serviço. Não precisa me agradecer.


Como Vicks reagiu?


            Quando chego às mensagens da noite de ontem, prendo a respiração. Ver aquelas palavras faz parecer que estou de volta lá.


            Não ouso olhar para Alfonso nem dar qualquer sinal de emoção, então viro calmamente as folhas como se não estivesse de fato perturbada, vendo apenas um trecho de texto aqui e outro ali.


Alguém sabe que você está me mandando mensagens?


Acho que não. Ainda.


Minha nova regra para a vida: não entre em bosques assustadores e escuros sozinha.


Você não está sozinha.


Fico feliz de ter sido o seu celular que eu peguei.


Eu também.


Bjs abs bjs abs bjs abs bjs abs bjs abs


Você não está perto de mim.


Estou sim. Estou chegando.


            De repente, fico com um nó na garganta. Já chega. Fim. Coloco as folhas de papel de volta na pilha e levanto o olhar com um sorriso despreocupado.


_Uau!


_Foi o que disse. —Ted dá de ombros— Não sabíamos o que fazer com elas.


_A gente resolve. —diz Alfonso— Obrigado, Ted.


            O rosto dele está impassível. Não faço ideia se ele sentiu alguma coisa ao ler aquelas mensagens de texto.


_Então podemos fazer o que quisermos com o celular, né? —diz Ted.


_Sem problema. Tchau, Ted.


            Depois que Ted desaparece, Alfonso vai até a máquina Nespresso e começa a preparar uma nova xícara.


_Quero fazer outra xícara para você. Agora já entendi.


_Estou bem, mesmo. —eu começo a dizer, mas o dispositivo de espuma de leite começa a produzir leite quente com um chiado tão alto que nem faz sentido tentar falar.


_Aqui. —ele me entrega uma xícara.


_Obrigada.


_E então... você quer isso? —ele indica a pilha de papéis.


            Sinto uma espécie de calor subindo dos pés e tomo um gole de café para ganhar tempo. O celular já era. As folhas impressas são o único registro daquela época estranha e maravilhosa. É claro que quero.


            Mas, por algum motivo, não consigo admitir para Alfonso.


_Por mim, não. —tento parecer indiferente— Você quer?


            Alfonso não diz nada, só dá de ombros.


_O que quero dizer é que não preciso delas para nada... —eu hesito.


_Não. São coisas bem irrelevantes... —o telefone dele toca com a chegada de uma mensagem de texto e ele o tira do bolso. Ele olha para a tela e faz uma expressão de raiva— Ah, Deus. Mas que inferno. Isso é tudo de que eu preciso.


_Qual é o problema? —pergunto, alarmada— É sobre os recados da caixa postal?


_Não. —ele me olha com sobrancelhas baixas— Que diabos você mandou para Perla?


_O quê? —eu fico olhando para ele, sem entender.


_Ela está tendo um ataque por causa de um e-mail seu. Por que você foi mandar e-mail para Perla?


_Não mandei! —eu olho para ele, perplexa— Eu jamais mandaria um e-mail para ela! Eu nem a conheço!


_Bem, não é o que ela diz... —ele para quando o celular toca de novo— Certo. Aqui está... Reconhece? —ele passa para mim e começo a ler.


PQP, Bruxa Perla, será que você não pode DEIXAR ALFONSO EM PAZ E PARAR DE ESCREVER AGRESSIVAMENTE EM CAIXA ALTA? E, para sua informação, você não é namorada dele. Então que importância temm o que ele estava fazendo com uma garota “fofinha” ontem à noite? Por que não vai viver sua vida?????


            Uma sensação gelada toma conta de mim.


            Certo. Talvez eu tenha digitado alguma coisa desse tipo hoje de manhã, quando estava no metrô, indo para o escritório de Alfonso. De pura irritação por causa de outro blá-blá-blá de Perla. Só para extravasar. Mas não enviei. É claro que não enviei. Eu jamais enviaria...


            Ai, Deus...


_Eu... hum... —minha boca está meio seca quando finalmente levanto a cabeça— Talvez eu tenha escrito isso de brincadeira. E talvez eu tenha enviado sem querer. Totalmente por engano. O que quero dizer é que eu não pretendia —acrescento, só para deixar bem claro— Eu nunca faria isso de propósito.


            Leio as palavras de novo e imagino Perla lendo-as. Ela deve ter ficado furiosa. Eu quase desejo ter estado lá para ver. Não consigo evitar uma risadinha abafada ao imaginar os olhos dela se arregalando, as narinas se inflando, o fogo saindo pelos lábios... /Licença poética./


_Você acha engraçado? —diz Alfonso.


_Bem, não. —respondo, chocado pelo tom dele— Lamento muito. Claro. Mas foi apenas um erro...


_Que importância tem se foi um erro ou não? —ele pega o celular da minha mão— É uma dor de cabeça e é a última coisa de que preciso...


_Espera um pouco! —eu levanto a mão— Não estou entendendo. Por que é você que precisa encarar? Por que é problema seu? Eu que mandei o e-mail, não você.


_Pode acreditar. —ele me olha com crueldade— Vai acabar sendo problema meu.


            Não faz sentido. Por que vai ser problema dele? E por que ele está tão bravo? Sei que eu não devia ter mandado o e-mail, mas Perla também não devia ter mandado 95 milhões de sandices enfurecidas. Por que ele está tomando o lado dela?


_Olha só. — eu tento parece calma— Vou mandar um e-mail para ela pedindo desculpas. Mas acho que você está exagerando. Ela não é mais sua namorada. Isso não tem nada a ver com você.


            Ele não está nem olhando para mim. Está digitando no celular. Está escrevendo para Perla?


_Você não a esqueceu, não é? —sinto uma dor intensa quando a verdade me atinge. Como não percebi antes? — Você não esqueceu Perla.


_É claro que esqueci. —ele franze a testa com impaciência.


_Não esqueceu! Se tivesse esquecido, não ia se importar com esse e-mail. Ia achar que ela mereceu. Ia achar engraçado. Ia ficar do meu lado. —minha voz está tremendo e tenho uma sensação terrível de que minhas bochechas estão ficando vermelhas.


            Alfonso parece confuso.


_Anahí, por que você está tão chateada?


_Porque... porque... —eu paro de falar, respirando com dificuldade.


            Por razões que eu jamais poderia contar para ele. Razões que não admito nem para mim mesma. Meu estômago está se revirando de humilhação. Quem eu estava tentando enganar?


_Porque... você não foi sincero! —as palavras saem da minha boca, afinal— Você veio com aquela baboseira de “acabou e Perla devia entender”. Como ela pode entender se você reage assim? Você está agindo como se ela ainda fosse importante na sua vida e você fosse responsável por ela. E isso me diz que você não a esqueceu.


_Isso é uma baita de uma palhaçada. —ele parece furioso.


_Então por que você não manda ela parar de perturbar? Por que não termina de uma vez por todas? É porque você não quer terminar, Alfonso? —meu tom de voz aumenta de tanta agitação— Você gosta do seu relacionamento esquisito e distante?


            Agora Alfonso também está respirando com dificuldade.


_Você não tem direito de comentar sobre uma coisa da qual não sabe nada...


_Ah, me desculpa! —dou uma risadinha sarcástica— Você está certo. Eu não tenho a menor ideia do que rola entre você dois. Talvez voltem a ficar juntos, e espero que sejam muito felizes.


_Anahí, pelo amor de Deus...


_O quê? —coloco a xícara na mesa com força e derramo café na pilha das nossas mensagens— Ah, agora estraguei nossas mensagens. Me desculpa. Mas acho que elas não têm nada de importante, então não faz diferença.


_O quê? —Alfonso parece estar tendo dificuldade para acompanhar— Anahí, será que podemos nos sentar com calma e... nos entender?


            Acho que não sou capaz de me acalmar. Eu me sinto instável e descontrolada. Todos os tipos de medos profundos e obscuros estão surgindo. Eu não tinha admitido completamente para mim mesma minhas esperanças. Não tinha percebido o quanto eu tinha suposto...


            Não importa. Fui uma idiota e iludida e preciso sair daqui o mais rápido possível.


_Desculpa. —eu respiro fundo e consigo sorrir— Me desculpe. Só estou um pouco estressada. Com essa história do casamento e tudo. Está tudo bem. Obrigada por me emprestar o celular. Foi um prazer conhecer você e espero que seja muito feliz. Com ou sem Perla. —pego minha bolsa com as mãos ainda trêmulas— Então, hum... espero que tudo corra bem com Sir Nicholas e aguardo o noticiário... Não precisa se preocupar, saio sozinha... —mal consigo olhar nos olhos dele quando sigo para a porta.


            Alfonso parece completamente desnorteado.


_Anahí, nãoo vá embora desse jeito. Por favor.


_Não estou indo de um jeito nem de outro! —eu digo com entusiasmo— De verdade. Tenho coisas pra fazer. Tenho um casamento para cancelar, pessoas em quem provocar ataques cardíacos...


_Espera. Anahí. —a voz de Alfonso me faz parar e eu me viro— Eu só queria dizer... obrigado.


            Os olhos verdes dele se encontram com os meus e, por apenas um momento, minha barreira defensiva e irritadiça é perfurada.


_O mesmo. —eu mexo a cabeça com um nó na garganta— Obrigada.


            Levanto minha mão num adeus final e me afasto pelo corredor. Com a cabeça erguida. Continua andando. Não olha para trás.




titiz.lisboahotmail.com Já está acabando! :(


anniesilva Sim, a Wanda demonstrou ser boa gente! Agora que tá tudo mais que compravado o Christopher que é uma maldito!!!!



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Autor(a): AnnRBD

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Comentários da Fanfic 336



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  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 22:45:11

    Posso te dizer que até gostei da história apesar de que os cap ficaram um pouco longos demais. E não sou mto fã de história deles que se passa tanta coisa e só ficam juntos no último cap. Mas teve partes divertidas e gostei mto do irmão do Ucker por ele ter sido sincero com a Anny o tempo todo e achei legal a atitude da mãe dele em se desculpar no final e realmente demonstrar o quanto gosta e admira a Anny. O final foi legal tbm, bem inusitado.

  • Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 02:02:13

    Comecei a ler sua história hj e confesso que me surpreendi. Já a havia encontrado outras vezes mas não dei a devida atenção. Tô rindo mto com a Anahí loka de pedra ! kkkkkkkkkkkk. Querendo impressionar os outros. Ela nem precisa de nada disso porque é uma mulher mto inteligente. Adorando ler sua fic. Se tiver outras gostaria de ler tbm.

  • franmarmentini Postado em 19/12/2013 - 09:31:31

    vou ler essa também...mas estou aguardando as novas :)

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:03:47

    Lindo, lindo, lindo esse final *-* E engraçado também para variar. Alfonso mandando coração OOUNT

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:01:51

    O QUE FOI ISSO NESSE FINAL? Lindo, maravilhoso, perfeito, sem palavras! Ele mandou mensagem para todos os convidados para impedir o casamento e o mais lindo ainda foi quando ele disse que pensava nela, queria ouvir a voz dela e tudo mais .. Tudo muito lindo!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:59:23

    No fim, o Ucker não passava de um GRANDE idiota, ah que raiva dele!!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:57:37

    Olha que lindo, até para o dentista ele foi por ela kkk

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:56:47

    Gente, eu quase tive um ataque nessa reta final quando a Any aceitou voltar com o Ucker. Sério, pensei que ia acabar desse jeito!

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:55:25

    AAAA' até que fim a Any mandou uma mensagem para bruxa Perla, ela tava merecendo! Arrasou.

  • raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:54:14

    Amei ver os trechos de algumas mensagens trocadas entre eles imprimida. Só me fez já sentir saudade da web kk


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