Fanfic: Fiquei com o seu número [Adp] [Terminada] | Tema: Anahí e Alfonso
Há 12 paradas de metrô de Knightsbridge até a casa dos pais de Christopher no norte de Londres, e assim que saio na superfície, olho o celular. Está piscando com novas mensagens, umas dez de texto e uns vinte e-mails, mas só há cinco mensagens de texto para mim e nenhuma delas com novidades sobre o anel. Uma é da polícia, e meu coração dá um salto de esperança, mas é só para confirmar que registrei um boletim de ocorrência e para perguntar se quero uma visita do oficial de apoio às vítimas.
O resto são mensagens de texto e e-mails para Violet. Conforme vou olhando, percebo que “Alfonso” aparece no assunto de vários e-mails. Com a sensação de ser Poirot de novo, verifico a função “chamadas recebidas” e, obviamente, o último número que ligou para este celular foi o “Alfonso Celular”. Então é ele. O chefe da Violet. O cara de cabelo escuro e desgrenhado. E para provar, o e-mail dela é assistentedealfonsoherrera@consultoriawhiteglobe.com.
Por pura curiosidade, clico num dos e-mails. É de jennasmith@grantlyassetmanagement.com e o assunto é: “Re: Jantar?”
Obrigada, Violet. Por favor, não comente nada disso com Alfonso. Estou meio sem jeito agora!
Opa. Por que ela está sem jeito? Antes que eu consiga me impedir, mudei de tela para ler o e-mail anterior, que foi enviado ontem.
Na verdade, Jenna, você precisa saber de uma coisa: Alfonso está noivo. Atenciosamente, Violet.
Ele está noivo. Interessante. Enquanto releio as palavras, sinto uma reação estranha dentro de mim que não consigo identificar. Surpresa?
Mas por que eu deveria estar surpresa? Nem conheço o cara.
Muito bem, agora eu tenho que saber a história toda. Por que Jenna está sem jeito? O que aconteceu? Volto ainda mais alguns e-mails e encontro um longo, o primeiro, de Jenna, que conheceu esse Alfonso Herrera num evento de trabalho, ficou doida por ele e o convidou para jantar duas semanas atrás, mas ele não retornou as ligações.
... tentei novamente ontem... talvez esteja ligando para o número errado... alguém me disse que ele é famoso e que a assistente dele é o melhor caminho para fazer contato... mil desculpas por incomodar... talvez só me diz se é possível...
Coitadinha. Estou muito indignada por ela. Por que ele não respondeu? Qual a dificuldade de enviar um e-mail rápido dizendo “Não, obrigado”? E ainda por cima ele é noivo, pelo amor de Deus.
Enfim. Deixa pra lá. De repente, me dou conta de que estou xeretando a caixa de e-mails de uma pessoa quando tenho tantas outras coisas mais importantes em que pensar. Prioridades, Anahí. Preciso comprar vinho para os pais de Christopher. E um cartão de boas-vindas. E, se eu não achar o anel nos próximos vinte minutos... um par de luvas.
Desastre. Desastre. Acontece que luvas não são vendidas em abril, no auge da primavera. As únicas que consegui encontrar estavam no depósito de uma loja Accessorize. estoque antigo de Natal, só disponível no tamanho pequeno.
Não consigo acreditar que estou mesmo planejando cumprimentar meus futuros sogros com luvas de lã vermelha com desenhos de renas e apertadas demais. Com franjas.
Mas não tenho escolha. É isso ou entrar com as mãos nuas.
Quando inicio a longa subida da colina que leva à casa deles, começo a me sentir enjoada de verdade. Não é só o anel. É toda a coisa dos futuros sogros. Dobro a esquina e vejo que todas as janelas da casa estão acesas. Eles estão em casa.
Nunca vi uma casa tão adequada a uma família quanto a dos Uckermann. É mais velha e maior do que qualquer outra casa da rua, e olha para elas de cima, de sua posição superior. Há teixos e uma araucária chilena no jardim. Os tijolos são cobertos de hera e as janelas ainda são as de madeira originais de 1835. Dentro, há papel de parede William Morris dos anos 1960, e o piso é coberto de tapetes turcos.
Mas não dá para ver de fato os tapetes porque costumam estar sob camadas de documentos e manuscritos velhos que ninguém se dá o trabalho de recolher. Ninguém na família Uckermann é muito fã de arrumação. Uma vez achei um ovo cozido fossilizado numa cama do quarto de hóspedes, ainda no oveiro, com uma torrada ressecada como escudeira. Já devia ter feito aniversário de um ano.
E em todos os cantos, por toda a casa, há livros. Colocaos em três fileiras de profundidade nas prateleiras, empilhados no chão e nas laterais de cada banheira manchada de limo. Antony escreve livros, Wanda escreve livros, Christopher escreve livros e o irmão mais velho dele, Conrad, escreve livros. Até mesmo a mulher de Conrad, Margot, escreve livros /Não livros com enredo, a propósito. Livros com notas de rodapé. Livros sobre assuntos, como história e antropologia e relativismo cultural no Turcomenistão./.
É isso é ótimo. Quero dizer, é uma coisa maravilhosa, todos esses gênios intelectuais numa só família. Mas acaba fazendo você se sentir um tiquinho de nada deslocado.
Não me entenda mal, eu me acho bem inteligente. Sabe, para uma pessoa normal que frequentou a escola e a faculdade e tem um emprego e tal. Mas essas pessoas não são normais, elas estão em outro nível. Elas têm supercérebros. São a versão acadêmica de Os Incríveis /Tenho curiosidade em saber se todos tomam óleo de peixe. Preciso me lembrar de perguntar./. Só me encontrei com os pais dele algumas vezes, quando voltaram a Londres por uma semana para Antony dar uma palestra importante, mas foi o suficiente para eu perceber. Enquanto Antony fazia a palestra sobre teoria política, Wanda estava apresentando um estudo sobre o judaísmo feminista para um grupo de reflexão, e depois os dois apareceram no The Culture Show, dando opiniões contrárias sobre um documentário que tratava de influência da Renascença /Não me pergunte. Prestei muita atenção e mesmo assim não consegui entender como eles podiam discordar. Acho que o apresentador também não conseguiu acompanhar./. Esse foi o contexto de quando nos conhecemos. Sem pressão nenhuma, ou qualquer coisa do tipo.
Fui apresentada aos pais de vários namorados ao longo dos anos, mas essa era com certeza a pior experiência de todas. Tínhamos acabado de apertar as mãos e conversado sobre bobeiras e eu estava contando com orgulho para Wanda em qual faculdade eu tinha estudado quando Antony olhou por cima dos óculos meia-lua e disse:
_Diploma em fisioterapia. Que divertido.
Eu me senti imediatamente arrasada. Não sabia o que falar. Na verdade, fiquei tão sem reação que saí de onde estávamos para ir ao banheiro /Christopher me disse depois que ele estava brincando. Mas não pareceu ser uma brincadeira./.
Depois disso, óbvio que fiquei travada. Aqueles três dias foram pura tortura. Quanto mais intelectual a conversa ia se tornando, mais constrangida e incapaz de falar eu ficava. Meu segundo pior momento: pronunciar “Proust” errado e todo mundo trocar olhares /Nunca li nada de Proust. Não sei por que toquei no nome dele./. Meu pior momento de todos: quando estávamos assistindo University Challenge juntos na sala de TV e surgiu o assunto ossos. Minha especialidade! Eu estudei isso! Sei os nomes em latim e tudo! Mas quando estava pegando fôlego para responder a primeira pergunta, Antony já tinha dado a resposta certa. Fui mais rápida na segunda vez... mas ele foi ainda mais rápido do que eu. O programa todo se passou como se fosse uma corrida, e ele ganhou. Ao final, ele olhou para mim e perguntou:
_Não ensinam anatomia na faculdade de fisioterapia, Anahí?
Eu me senti humilhada.
Christopher diz que me ama, não ao meu cérebro, e que tenho que ignorar os pais dele.E Natasha disse que para eu pensar na pedra do anel e na casa de Hampstead e na Villa da Toscana. Essa é a Natasha. Minha abordagem tem sido a seguinte: simplesmente não pensar neles. Estava funcionando. Eles estavam quietinhos em Chicago, a milhares de quilômetros de distância.
Mas agora, estão de volta.
Ai, Deus. E eu ainda estou um pouco abalada com aquela história do “Proust”. (Prust? Prost?) E não revisei os nomes dos ossos em latim. E estou usando luvas vermelhas de lã com desenho de renas em pleno abril. Com franjas.
Minhas pernas estão tremendo quando toco a campainha. Tremendo mesmo. Eu me sinto como o espantalho em O mágico de Oz. A qualquer minuto vou cair no chão e Wanda vai tacar fogo em mim por ter perdido o anel.
Para, Anahí. Está tudo bem. Ninguém vai desconfiar de nada. A minha história é que queimei a mão. Essa é a minha história.
_Oi, Anahí!
_Felix! Oi!
Estou tão aliviada de ser Felix abrindo a porta que meu cumprimento sai como um suspiro trêmulo.
Felix é o caçula da família. Só tem 17 anos e ainda está no colégio. Na verdade, Christopher está morando naquela casa com ele durante o tempo m que os pais estão fora, como se fosse uma babá, e fui morar lá também assim que ficamos noivos. Não que Felix precise de uma babá. Ele é completamente independente, lê o tempo todo e nunca nem percebemos que ele está em casa. Uma vez tentei bater um papinho legal sobre drogas com ele. Feliz educadamente me corrigiu em cada fato que mencionei, depois disse que reparou que bebo Red Bull acima do limite recomendado e perguntou se eu não achava que talvez fosse viciada? Aquela foi a última vez em que tentei bancar a irmã mais velha.
Mas enfim... Tudo isso vai terminar agora que Antony e Wanda estão voltando dos Estados Unidos. Voltei a morar no meu apartamento e começamos a procurar um lugar para alugar. Christopher era a favor de continuarmos aqui. Ele achou que podíamos ficar no quarto extra com banheiro que tem no último andar, e isso não seria conveniente, porque assim ele poderia continuar a usar a biblioteca do pai?
Ele ficou maluco? Não vou viver sob o mesmo teto que os Uckermann de jeito nenhum.
Sigo Felix até a cozinha, onde Christopher está sentado à vontade numa cadeira, gesticulando para uma página impressa e dizendo:
_Acho que seu argumento está equivocado aqui. Segundo parágrafo.
Não importa como Christopher senta, não importa o que ele faça, de alguma maneira sempre consegue parecer elegante. Os pés com sapatos de camurça estão em cima de outra cadeira, ele está no meio de um cigarro /Eu sei. Já falei isso com ele, um milhão de vezes./ e seu cabelo está penteado para trás como uma cachoeira.
Todos os Uckermann têm a mesma cor de cabelo, como uma família de raposas. Wanda até tinge seus fios com hena. Mas Christopher é o mais bonito de todos, e não estou falando isso só porque vou me casar com ele. A pele dele tem sardas, mas também se bronzeia muito fácil, e o cabelo castanho escuro parece saído de um comercial de produto de cabelo. É por isso que deixa o cabelo comprido /Não a ponto de fazer rabo de cavalo, o que seria nojento. Só um pouco comprido./. Ele é bem vaidoso quanto a isso.
Além do mais, apesar de ser um acadêmico, não é um cara antiquado que fica em casa lendo livros o tempo todo. Ele esquia muito bem e vai me ensinar. Na verdade, foi assim que nos conhecemos. Ele tinha torcido o pulso esquiando e nos procurou para fazer fisioterapia por indicação médica. Ele deveria se consultar com Angel, mas ela trocou por um dos clientes fixos e ele acabou vindo parar comigo. Na semana seguinte ele me convidou para sair e depois de um mês, me pediu em casamento. Um mês! /Acho que Angel nunca me perdoou. Na cabeça dela, se não tivesse trocado os horários dos clientes, ela estaria se casando com ele agora./.
sophia Seja bem vinda!
A pergunta que vocês não responderam foi respondida agora com esse capítulo :p
Já posto mais ;)
Autor(a): AnnRBD
Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Agora Christopher olha para a frente e seu rosto se ilumina. _Amor! Como está minha linda? Vem cá. —Ele me chama para me dar um beijo, depois coloca as mãos ao redor do meu rosto, como sempre faz. _Oi. —Dou um sorriso forçado. — E aí, seus pais estão aqu ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 336
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Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 22:45:11
Posso te dizer que até gostei da história apesar de que os cap ficaram um pouco longos demais. E não sou mto fã de história deles que se passa tanta coisa e só ficam juntos no último cap. Mas teve partes divertidas e gostei mto do irmão do Ucker por ele ter sido sincero com a Anny o tempo todo e achei legal a atitude da mãe dele em se desculpar no final e realmente demonstrar o quanto gosta e admira a Anny. O final foi legal tbm, bem inusitado.
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Angel_rebelde Postado em 02/04/2014 - 02:02:13
Comecei a ler sua história hj e confesso que me surpreendi. Já a havia encontrado outras vezes mas não dei a devida atenção. Tô rindo mto com a Anahí loka de pedra ! kkkkkkkkkkkk. Querendo impressionar os outros. Ela nem precisa de nada disso porque é uma mulher mto inteligente. Adorando ler sua fic. Se tiver outras gostaria de ler tbm.
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franmarmentini Postado em 19/12/2013 - 09:31:31
vou ler essa também...mas estou aguardando as novas :)
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raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:03:47
Lindo, lindo, lindo esse final *-* E engraçado também para variar. Alfonso mandando coração OOUNT
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raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 19:01:51
O QUE FOI ISSO NESSE FINAL? Lindo, maravilhoso, perfeito, sem palavras! Ele mandou mensagem para todos os convidados para impedir o casamento e o mais lindo ainda foi quando ele disse que pensava nela, queria ouvir a voz dela e tudo mais .. Tudo muito lindo!
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raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:59:23
No fim, o Ucker não passava de um GRANDE idiota, ah que raiva dele!!
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raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:57:37
Olha que lindo, até para o dentista ele foi por ela kkk
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raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:56:47
Gente, eu quase tive um ataque nessa reta final quando a Any aceitou voltar com o Ucker. Sério, pensei que ia acabar desse jeito!
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raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:55:25
AAAA' até que fim a Any mandou uma mensagem para bruxa Perla, ela tava merecendo! Arrasou.
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raya_ponchito Postado em 09/08/2013 - 18:54:14
Amei ver os trechos de algumas mensagens trocadas entre eles imprimida. Só me fez já sentir saudade da web kk