Fanfic: Uma divida de amor {DyU} [terminada]

Enquanto ela falava, Christopher se tomou o brandy de um gole. Quadrou os ombros e lhe dirigiu um olhar indecifrável.

       - Acredito que seria um bom momento para ligar para o Alfonso - disse, sem expressão na voz.

       - Ah, sim... tem razão - murmurou Dulce, tirada de surpresa.

Cinco minutos mais tarde chamava e Alfonso lhe respondeu em seguida, lhe causando uma alegria tremenda. Surpreendeu-o que o chamasse, mas parecia realmente contente.

       - Que sente falta a Inglaterra? Oh, Alfonso, que terrível! - suspirou Dulce causar pena enquanto olhava  Christopher fechar a grade do pátio com desnecessária força. - Me conte sobre o escritório de Nova Iorque... Mas você também é inteligente, Alfonso, não te deixe intimidar - insistiu, enquanto Christopher não se afastava muito, a cara rígida, os olhos meras linhas em seu rosto. - É obvio que irá bem. Sei que é brilhante e tenho muita fé em ti. Pode obter algo que te proponha.

Christopher se dirigiu à cozinha, dando uma portada. Dulce ouviu um ruído afogado, um palavrão e logo um silêncio ameaçador. Ficou olhando a porta preocupada. Lhe teria passado algo? A porta se entreabriu um pouco e ela respirou aliviada.

       - Sim, sigo aqui, Alfonso.

       - É especial, Dulce. Já me sinto melhor - disse-lhe Alfonso agradecido. - Quando voltar te levarei a jantar.

       - Para jantar? eu adoraria! - assegurou-lhe Dulce, desejando cortar já.

       - Dá-me seu telefone?

       - É que estou na Grécia agora - explicou Dulce hesitante.

       - O que faz ali? - perguntou Alfonso assombrado. - Está de férias?

       - Uma espécie de férias - explicou Dulce, e para ouvir uma nova portada na cozinha, terminou sua conversa.

Correu à cozinha. Com a cara cinza e a respiração agitada, Christopher se apoiava contra os armários enquanto o sangue lhe brotava de um corte na mão.

       - Oh, sua mão! - gemeu, sofrendo por sua dor. E foi procurar o estojo de primeiro socorros, que se achava pendurado na parede. - Me deixe que lhe cure isso.

Tinha um corte bastante profundo no polegar.

        - Não se preocupe, é só um arranhão - disse Christopher, mas parecia a ponto de desmaiar.

        - Possivelmente necessite uns pontos, como lhe tem feito isso?

        - Me golpeando contra algo na parede.

Dulce o cuidou eficientemente, e de uma vez estudou a morena mão contra a branca dela. Causou-lhe tal emoção ver quão juntas sem pensá-lo, deu-lhe um beijo no dorso.

Christopher ficou tenso, mas quando ela tentou lhe soltá-lo reteve a mão.

        - Tenho que te fazer uma confissão.

Dulce agachou a cabeça, envergonhada pela liberdade que se tomou.

        - Eu fiz que mandassem ao Alfonso a Nova Iorque.

        - Como? - perguntou sentida.

        - Assim que mencionou ao Alfonso tive medo de que o antepor ao Jasper - confessou Christopher rudemente, - assim chamei um dos sócios de sua empresa e lhe pedi que o mandasse ao estrangeiro. Levou-me só um instante.

Dulce o olhou horrorizada ante a frieza de sua manipulação.

        - E te mentiria se te digo que me arrependo - concluiu Christopher.

Sentindo que não estava bem seguir lhe sujeitando a mão depois de semelhante revelação, Dulce a soltou confusa.

        - É, sem dúvida, incrivelmente egoísta - disse hesitante. - Só espero que ao menos Alfonso tire um pouco de proveito desta viagem.

        - Não sei. Proporciono-lhe a oportunidade de sua vida e se aborrece em uma das cidades mais emocionantes do mundo! - disse Christopher secamente.

       - Isso é o de menos - protestou Dulce. - As pessoas não são marionetes que se possam manipular.

       - Parece-me que me estou começando a me arrepender, mas não de havê-lo feito, mas sim de havê-lo confessado - disse Christopher. - Eu pensava que uma confissão espontânea merecia um perdão instantâneo.

Dulce se ruborizou, porque Christopher tinha razão. Se não o houvesse dito, ela nem se teria informado.

        - Bom, na realidade...

        - Acredito que irei à praia um momento - murmurou secamente Christopher com uma expressão indecifrável no rosto. - Não necessito poderes mágicos para adivinhar que esta não será uma noite de núpcias memorável!

Tecnicamente, era sua noite de núpcias, recordou Dulce. E supunha que, até agora, Christopher não a tinha encontrado muito divertida. Durante a viagem ela tinha sido uma desmancha-prazeres, e tampouco uma cascavel desde que chegaram.

        - Lamento que esteja aborrecido - sussurrou abafadamente quando ele chegava à porta.

        - Não estou aborrecido - disse Christopher, detendo-se.

        - Tem fome? - perguntou esperançada. O desejo de retê-lo a inspirava a alimentá-lo. – Poderia te fazer algo para comer.

Christopher pareceu surpreso ante a oferta.

        - Não tenho fome de comida - sussurrou-lhe. - Tenho fome de ti.

Dulce sentiu como o coração lhe dava um tombo e o estômago se o fazia um nó.

       - Por...por...mim? - gaguejou.

       - Sim, tenho uma fome canina, devoradora. - E, se por acaso não sabe, você o considerou um terrível engano, mas eu não.

Dulce ficou paralisada.

       - Não?

       - Eu pensei que a experiência fora sensacional - confessou roucamente.

Dulce se estremeceu e seus peitos reagiram, inchando seus rosados extremos até quase lhe doer.

       - Provavelmente porque tinha estado bebendo...

       - Não. E não faça isso. Não te subestime! - censurou Christopher, os olhos brilhantes cravados em sua cara surpreendida. - Um homem não pode fingir sua reação diante a mulher que deseja.

Dulce ficou olhando e adivinhou ao que se referia. Baixou a vista involuntariamente e um suave som escapou de seus lábios. Sua excitação era evidente, e quando voltou a olhá-lo a fome devoradora que leu em seus olhos fez que um calor líquido lhe queimasse entre suas magras coxas. A sensação foi tão forte que se cambaleou.

       - Não me poderia aproximar nem a um metro da cama contigo nela - admitiu Christopher com total honestidade. - Esta vez sim que te saltaria em cima. - Dormirei aqui embaixo.

Quando ele se foi, a Dulce lhe caiu a alma. Sim, realmente a desejava... sexualmente. O tema da luxúria outra vez. Sensacional? Um comichão de abandono lhe correu pelas costas e as pernas lhe tremeram. Por que não o detinha? O único que lhe podia oferecer era sexo e ela o amava tanto, era tão vulnerável que já sofria pela separação que teria lugar quando Jasper se repusera.

Mas... o que podia perder? Queria-o tanto. Mais que a seu orgulho. Mais que a seus princípios. E nesse instante, a voz de Christopher lhe retumbou na mente. «Está tão convencida de que vais falhar, que nem o tentas!»

Muito bem, decidiu Dulce. Por uma vez ia correr o risco e romper todas suas regras. Abriu a geladeira e tirou a garrafa de champanha do balde de gelo. Se Christopher tinha medo do compromisso, teria que fazê-lo sentir-se dele livre desde o começo, sem lhe dar nem o mínimo indício de que ela queria algo mais que uma aventura.

Christopher estava à borda, olhando o mar. Dulce se tirou os sapatos e se dirigiu a ele com o coração lhe pulsando descontrolado, rogando que a ouvisse e se desse a volta, mas o suave ruído das ondas o impediu.

Teve que chegar até ele e lhe plantar a garrafa na mão para que se desse volta com estranheza.

       - Eu também pensei que foi sensacional. E me parece uma tolice que durma em um incômodo sofá floreado - disse, sem olhá-lo nos olhos.

       - Alfonso? - sussurrou Christopher.