Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA

CAPÍTULO I

Anahi analisava os três homens sem camisa parados no alto da construção. Passados vinte anos e com o sol batendo no rosto, não conseguia distinguir qual deles era o pai de seu filho e único amor de sua vida.
Colocou a mão sobre a testa para bloquear a claridade. O da esquerda? Não, muito baixo e gordo. Aos dezesseis anos, Alfonso Herrera já media mais de um metro e oitenta. Aquele do meio? Não. Alfonso tinha ombros mais largos e cabelos cacheados e escuros. O da direita...
— É ele? Aquele que está encarando você? — Nola sussurrou. O homem olhava carrancudo para Anahi, um martelo esquecido entre os dedos. Sim, aquele era o maldito Alfonso Herrera, ainda exibindo todos os dotes maravilhosos que Deus havia lhe dado.
— Meu Deus, que homem lindo! — Nola exclamou.
Anahi sentiu o coração bater acelerado sob a lingerie francesa. Ele continuava o mesmo: magro, musculoso, sem barriga. lindo. Não ia ser fácil como tinha imaginado. Anahi ficou ainda mais irritada.
Alfonso largou o martelo e desceu as escadas. Anahi se apavorou. De repente, seu retorno triunfante não estava mais fazendo sentido. A pequena fortuna gasta em roupas e acessórios em Nova York tinha sido um exagero. As botas de saltos altos e finos, tão sensuais nas calçadas da cidade, afundavam na lama das montanhas de West Virgínia.
— Acho que vou desmaiar — Anahi murmurou.
— Força, amiga — disse Nola. — Faça o que veio fazer. Saltando o último degrau e espalhando lama, Alfonso, com ar de desdém, caminhou confiante em direção a ela.
— Vou para o carro. — Nola saiu correndo.
Anahi ajeitou os cabelos com os dedos de unhas bem-feitas, sentindo o estômago se contrair ao ver novamente aqueles incríveis olhos verdes. Tinha que conseguir. A doce vingança estava próxima.
De repente, uma caminhonete passou por ela, ensopando-a de lama dos pés calçados com botas Manolo Blahnik aos cabelos penteados à perfeição. Soltou um grito de choque, que foi acompanhado por palavrões abafados vindos de dentro do carro.
Em pânico, tentava tirar a lama dos olhos. Sua maquiagem! Seu cabelo! Suas roupas! Aquilo não podia estar acontecendo.
— Por onde andou? — Alfonso chegou tão perto, que ela pôde sentir seu cheiro.
— Baltimore — respondeu com uma risada nervosa. Era um pesadelo, só podia ser.
Alfonso inclinou-se, e seus narizes quase se tocaram.
— O que você fez com meu filho?
Como Alfonso poderia saber sobre o filho? Ninguém tinha conhecimento de Aidan, nem mesmo sua própria mãe. Era muito estranho.
Anahi procurou se recompor. De acordo com o plano, deveria estar deslumbrante àquela hora, contando a Alfonso Herrera sobre a paternidade e vendo-o cair de joelhos aos seus pés. Eu estava grávida quando você me dispensou, seu idiota mentiroso e egoísta.
O barulho na construção havia cessado. O motorista da caminhonete desceu e se desculpou, e Anahi percebeu que uma pequena platéia assistia ao desenrolar da cena. Aquele parecia ser um dos piores momentos de sua vida.
— Diga o nome dele. — Alfonso apertava os punhos e seu corpo tremia. — Ele é saudável? Feliz? O que fez com meu garoto?
Anahi fechou os olhos, sentindo as lágrimas se misturarem à lama e ao rimei.
— Aidan. Tem dezenove anos e cursa a Universidade Johns Hopkins.
— Sua bruxa desalmada! Jamais vou perdoá-la pelo que fez comigo. — Deu meia-volta, encerrando o diálogo.
— Perdoar-me? Eu é que jamais perdoarei você! Alfonso! Como descobriu? — Ele continuou andando. — Pare! Volte aqui!
— Deixe seus telefones com seu pai, para que meu advogado possa encontrá-la — ele disse por sobre os ombros, antes de se afastar.
Os braços de Anahi caíram pesadamente, e ela sentiu a raiva aflorar. Não podia deixar que ele lhe desse as costas como no passado. Vinte anos atrás, numa única tarde, descobrira que estava grávida, tinha sido expulsa do colégio e de casa e fora abandonada pelo namorado. Desde aquele dia, cada segundo de sua vida se transformara num inferno, mas havia encontrado forças para sobreviver e conseguira voltar para se vingar. Ela merecia esse prêmio. Alfonso Herrera, seus pais e a insignificante cidadezinha de Persuasion lhe deviam isso. E o máximo que tinha conseguido fora uma situação embaraçosa.
Madeline Bowman tinha engordado um pouco desde o colegial, mas, para Anahi, ela estava bem melhor, sem os cabelos armados de antes. Madeline tagarelava enquanto acompanhava as duas hóspedes aos seus quartos na pousada Cherry Hill, que, fez questão de dizer, era sua havia seis anos.