Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA
Anahi ficou parada, com a porta entreaberta, confusa. Alfonso percebeu que, sem aquelas botas e as roupas finas, ela parecia menor e mais suave. E tão adorável quanto em todas as fantasias que o tinham acompanhado ao longo do tempo.
— O que veio fazer aqui, Alfonso?
Ele tentou desviar o olhar, mas não conseguiu. Estava fascinado. O lindo rosto, a mão pequena, que segurava a maçaneta da porta... Notou que ela não usava aliança. Observou a curva suave dos seios, a cintura fina, o quadril bem desenhado, os pés delicados...
Respirou fundo, sentindo a essência de sua juventude entrar por suas narinas. Ela ainda tinha o mesmo aroma, mesmo depois de todos aqueles anos.
Enfiou as mãos trêmulas nos bolsos das calças. Tinha ímpetos de prendê-la em seus braços para que nunca mais pudesse ir embora.
— Sinto muito que tenha sabido a respeito de sua mãe daquela maneira. E sinto muito por Virgil também.
— Obrigada. Eu sempre achei que uma pessoa precisasse ter um coração para poder enfartar.
A força da amargura na voz dela levou-o a fitar com atenção o rosto familiar. Os delicados maxilares estavam enrijecidos e havia uma expressão fria em seus olhos. Apesar de ainda ter o mesmo perfume, a linda Anahi Portilla havia se tornado uma mulher dura.
Aguardou alguns instantes, esperando que ela fizesse mais perguntas sobre a mãe, mas ela continuava a olhá-lo com o cenho franzido. Alfonso suspirou.
— Precisamos conversar.
Ela abriu um pouco mais a porta, permitindo que entrasse. Era estranho vê-la na suíte onde Carrie já havia estado tantas vezes. Aliás, naquela última hora, ela tinha ligado sem parar para o seu celular.
— Noite agitada? — Anahi perguntou, fazendo sinal para que se sentasse.
— Não. Pedi a um colega para me substituir para eu que pudesse vir falar com você.
Anahi ergueu uma sobrancelha, surpresa.
— Quer beber alguma coisa?
— Sim.
No caminho para a copa, ela apanhou a jaqueta que estava nobre o balcão e a vestiu. Alfonso por pouco não gemeu, desapontado, vendo-a puxar o zíper quase até o queixo.
— Nola e eu abrimos uma garrafa de vinho. Está bom para você?
O fenômeno começou de leve, como um rumor suave no fundo do peito. Então, cresceu num rugido, tomando todo o seu corpo até chegar ao cérebro. Alfonso nunca havia sentido aquilo antes. Era algo assustador e libertador ao mesmo tempo. Ergueu-se, e as palavras começaram a jorrar de sua boca.
— Não, não está! Nada tem estado bom para mim nos últimos vinte anos. Você levou meu filho para longe. Como pôde fazer isso? Como pôde partir, sem nunca ter me contado sobre ele?
Anahi abriu a boca, incrédula, antes de rir com amargura.
— Você me disse para sumir. Segui sua sugestão à risca.
Alfonso ficou pasmo.
— É mesmo? Nunca ter me contado que eu tinha um filho foi uma coisa baixa e desprezível, principalmente porque você dizia que me amava.
O rosto de Anahi ficou vermelho de raiva.
— Está certo. Cometi um grande erro e peço desculpas. Mas, e quanto a você? Também dizia que me amava, que ficaríamos juntos para sempre, e então me jogou fora, como se eu fosse lixo!
Uma mistura de raiva, desejo e fraqueza o invadiu. Tinha sonhado com aquele encontro durante um ano, quando lhe jogaria na cara todo o seu egoísmo. O momento havia chegado, e ele se sentia perdido. Desejava apenas abraçá-la, sentir seu corpo, perder-se no doce e suave perfume de sua pele. Precisava se controlar.
— Eu era um garoto idiota. Estava tão apaixonado por você, que todos ficaram assustados: eu, meu pai, meus técnicos, todos os que se importavam com meu futuro.
Anahi sorriu com falsa meiguice.
— Que bom para vocês.
— Você não entende. — Deu um passo na direção dela, mas Anahi o deteve, erguendo a mão.
— Isto não vai dar certo — ela disse. — Virgil tinha razão. Eu nunca deveria ter vindo. Vá embora.
— Que droga, Anahi! — Alfonso a segurou pelos ombros e fitou-a intensamente. Ela se contorceu, tentando se libertar de suas mãos. — Pare com isso, Anahi. — Sentiu-se mortificado ao ver medo no olhar dela. Por que teria medo dele? Soltou-a, falando suavemente: — Se não quer ouvir tudo que tenho a dizer, pelo menos de uma coisa você tem que saber. Quando terminei com você, estava apenas tentando agradar ao meu pai, para que ele me deixasse em paz por uns tempos. Foi só isso. Reconheci a besteira que eu tinha feito naquela mesma noite e fui até sua casa, pronto para implorar, se fosse preciso, que você voltasse para mim. Mas Betty me disse que você tinha fugido de casa.
Anahi empalideceu e empurrou-o com força, fazendo-o recuar alguns passos.
— Ela me expulsou! Muita coisa aconteceu naquele dia, mas fugir de casa não estava nos meus planos.
Alfonso aproximou-se de novo com as mãos erguidas.
— Por que não me procurou? Devia ter me contado. Podia ter ido morar conosco, e eu teria cuidado de você e do bebê.
Anahi suspirou, levando as mãos ao quadril.
— Eu o procurei, Alfonso. Tentei contar que estava grávida. Foi por isso que pedi para que fosse me encontrar.
— Meu Deus, Anahi...
— Sinto muito, mas é difícil imaginar meu filho bastardo e eu vivendo felizes para sempre com o prefeito Herrera e seus garotos.
Anahi dirigiu-se à copa. Alfonso não conseguia se controlar. Ela era tão bonita e estava diante dele em calças de pijama. Ficou olhando para aquele lindo traseiro...
— Como descobriu sobre Aidan? — Anahi virou-se a tempo do perceber a direção do olhar dele. — Ainda aprecia um belo traseiro, Alfonso?
— Vamos sentar — ele conseguiu murmurar. Estava excitado. Santo Deus. a situação estava ficando fora de controle.
— Não quero me sentar. Vou servir duas taças de vinho para nós e cada um vai ficar de um lado do balcão.
— Você não deixou de ser teimosa.
Anahi serviu o vinho, entregou-lhe uma taça e brindou.
— Vamos brindar à minha teimosia, então. E à minha incrível sorte. Pois essas foram as duas únicas coisas que mantiveram seu filho vivo esse tempo todo. Saúde!
Alfonso colocou a taça sobre o balcão, sem beber. Estava irritado com aquela conversa, como se ela tivesse sido a única a sofrer naqueles anos. Porém, esforçou-se para engolir a própria raiva.
— Quero saber de tudo.
Ela encolheu os ombros, tomando um gole da bebida.
— Eu também. Vamos começar por você. Como descobriu a respeito de Aidan?
Alfonso apoiou os cotovelos no balcão, fitando seus olhos dourados. Antigamente costumava perder-se neles e sentiu medo de que isso ainda pudesse acontecer.
— Sua mãe morreu em setembro. Ela já era minha paciente há algum tempo. Aliás, foi uma das primeiras a se consultar comigo, logo depois que terminei a residência e comecei a trabalhar aqui.
— É inacreditável que você tenha voltado a Persuasion.
— Não tive opção. O dinheiro era pouco e tive de aceitar as bolsas de estudo que me ofereceram, com a promessa de que, depois de formado, voltaria para atender a população local.
— Você queria sair daqui tanto quanto eu.
— Sim, mas com você. Como foi embora, não me importei mais. Anahi sorriu.
— Achei que você estivesse trabalhando na construção civil. Levei um susto quando entrou naquela sala do hospital.
Alfonso riu. Parecia que ela estava se animando a conversar.
— A construção é da clínica de saúde de Persuasion, e é um projeto meu. Os fundos estaduais que nos patrocinavam foram suspensos há alguns meses e agora toda a comunidade tem ajudado para que ela fique pronta e comece a funcionar. Esperamos inaugurá-la até o Natal.
— Boa sorte com tudo isso. Agora, fale de minha mãe.
Alfonso passou os dedos pela taça, escolhendo as palavras com cuidado.
— Fazia seis meses que ela estava doente. Já estava moribunda quando me disse que você tinha tido um filho e que eu era o pai. Disse também que você estava vivendo numa cidadezinha da Califórnia. Só isso. Ela faleceu em seguida.
— Califórnia? Nunca estive lá.
Ele deu de ombros.
— Foi o que ela disse. Contratei um detetive, que não teve sucesso. Assim, Matt e eu decidimos procurá-la por nossa conta. Seguimos pistas por mais de quinze Estados. Posso garantir que você é a Anahiharine Portilla mais bonita do país.
— Eu nunca mais vi ou falei com minha mãe depois que saí daqui. Não sei de onde ela tirou essa informação. Ela sofreu?
Alfonso assentiu.
— Sentia muitas dores, que tentávamos aliviar ao máximo. — Procurava desvendar o que havia por trás daqueles olhos. — Você enriqueceu com jogatina?
— Como?
— Você desenvolveu um ar de quem blefa o tempo todo.
Ela saiu de trás do balcão e sentou-se numa das poltronas, ficando em silêncio.
Alfonso sentou-se na outra, apoiando os cotovelos nas pernas. Anahi tinha amadurecido. A linda adolescente se tornara uma adulta simplesmente maravilhosa. E intimidante.
— Como conseguiu enriquecer, Anahi?
— Tive sorte.
— Como assim?
— Deixei a cidade de carona e fui parar em Baltimore. Uma senhora muito boa me acolheu, cuidou de mim e me fez estudar.
— Ela era da família?
— Não. Muito melhor que qualquer um de meus familiares.
— Continue.
— Trabalhei em uma floricultura e freqüentei a faculdade no período noturno. Phyllis cuidava de Aidan para mim. Vivi com ela por sete anos até poder alugar minha própria casa.
— Seus pais nunca tentaram encontrar você?
— Não. Passei a usar outro nome para que eles não conseguissem me achar.
— Nunca entrou em contato com eles?
— Não.
Alfonso mal podia acreditar no que ouvia.
— E quanto a mim? Contou ao nosso filho sobre mim?
— Disse-lhe que não sabia quem era seu pai. Fiz isso para protegê-lo.
Uma exclamação de surpresa escapou de seus lábios, e então Alfonso sentiu-se profundamente magoado. Ela estivera tão errada durante aquele tempo todo!
— Protegê-lo de quê? De sua história? De sua família? De ser amado?
— Você me disse para sumir e foi o que fiz. — Ela engoliu um seco. — Vai me processar?
— Processá-la? Pelo quê? — perguntou surpreso.
— Quando fui procurá-lo, você disse que seu advogado iria entrar em contato comigo.
Alfonso riu.
— Anahi, o melhor advogado do mundo não conseguiria me proporcionar qualquer satisfação se ganhasse uma ação contra você.
Ela empertigou-se, preparando-se para escutar o que ele ainda tinha a dizer.
— Tudo o que gostaria de ter de volta são os vinte anos que passei sem meu filho. Que advogado me devolveria isso?
Os olhos dela continuavam duros, mas seu queixo tremia.
— Fiz o que tinha que fazer, Alfonso. Espere um pouco, já volto.
Autor(a): ayaremember
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Ele seguiu-a com o olhar até o quarto. Gostaria de jogá-la naquela cama e devorá-la, até que as duas décadas de vazio fossem preenchidas com a paixão da qual tinha sentido tanta falta. Deu-se conta de que ainda a amava. Era como se, ao vê-la novamente, tivesse voltado à adolescência. Estava perdendo a cabeça ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 77
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traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:00:39
amei essa web do começo ao fim, parabéns
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traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:13:28
deixou um gostinho de quero mais...poderia fazer uma outra temporada ein??
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traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:12:13
ayaremember que web fantástica, arrasou, adorei demais....que lindos os Los As nessa web...a cumplicidade, o amor verdadeiro apesar dos anos afastados...a volta deles, enfim...foi mais do que perfeita...só lamento que tenha acabado, adorei a história, os segredos, as revelações, tudo perfeito!!!
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raya_ponchito Postado em 23/08/2013 - 20:01:38
Noooossa quanta coisa 'o' A web é muuito linda mesmo, adorei acompanha-la! Valeu a pena :) Pena que acabou :( Sentirei saudades Ç.Ç
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lyu Postado em 28/07/2013 - 01:42:12
CHORANDO COM O FIM, PERFEITA! PENA Q ACABOU
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lyu Postado em 27/07/2013 - 22:10:05
TO PASSADA
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isajuje Postado em 26/07/2013 - 08:39:55
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' filantropia colocar o namorado da amiga como venda Anahí? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' Sei u_u isso se chama ''sacanagem com a amiga'', filantropia é outra coisa. Mas tudo bem. Até a Madeline dar uma de Carrie o.O e até a Carrie dar uma de vingativa pro lado do Matt...
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lyu Postado em 26/07/2013 - 02:57:38
maais
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raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:13:03
Lindaa demais a reconciliação de AyA *-* Mesmo a briga me tirando do sério ( por culpa da Any ) essa volta deles valeu a pena, enfim se perdoaram de verdade!
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raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:10:55
Coitada da Nola! Mais quem disse que era fácil ter homem bonito?! KKKK' Ah, achei tanta graça no drama dela.