Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA
Anahi puxou a jaqueta sobre o peito e cruzou os braços. Tinha se esquecido de que, mesmo ensolaradas, as manhãs de outono nas montanhas eram bastante frias.
Estava na rua principal de Persuasion. Tinha vivido a maior parte de sua vida em apenas dois lugares: aquela pequenina cidade nos Montes Apalaches e o bairro operário de Baltimore. Suas férias tinham se limitado a curtos passeios à praia com Phyllis e Aidan e um fim de semana na Virgínia com Nola, quando a amiga tinha conhecido seu primeiro marido. Após um rápido casamento e um divórcio mais rápido ainda, Nola tinha pedido: Prometa que nunca mais me deixará chegar perto de um homem que colecione latas de cerveja, por mais que ele. seja gostoso.
Voltou a observar as mudanças em sua cidade natal: os velhos prédios estavam restaurados, a loja de bugigangas levava novo nome, livrarias e cafeterias substituíam as velhas farmácias e escritórios de contabilidade. A vitrine de uma loja a fez parar.
Lembrou-se do dia em que sua mãe a levara ali para comprar um casaco de lã vermelha e gola de veludo preto, que ela linha usado até a quinta série. Era bastante antiquado, mas o adorava pelo que ele representava: um dos poucos dias que tinha passado com a mãe só para ela. Sentiu um peso no peito. Aquele era o primeiro dia em que despertara sabendo que jamais a veria novamente.
Três garotas alegres e de mãos dadas passaram por ela.
— Bom dia — disse Anahi, sorrindo.
— Bom dia — elas responderam.
A única coisa que se salvava em Persuasion era a universidade. Era gratificante saber que o constante fluxo de jovens havia contribuído para manter a cidade pulsando durante aqueles anos.
Continuou andando, e então parou novamente. Na vitrine da Galeria de Arte Winston viu uma escultura, que reconheceria em qualquer lugar. Um pequeno cartão branco, encostado à peça, dizia: Sem título, número 236, gesso e polímero, V. L. Portilla, 2007.
Encostou a testa no vidro gelado. O rosto do homem esculpido revelava dor. Estava em chamas, com as mãos para o alto. Teria Virgil feito aquela escultura antes da morte de sua mãe? Havia mais peças bizarras do pai espalhadas pela galeria. Concluiu que a carreira dele devia ter dado uma guinada. Enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta e seguiu em frente, sem rumo definido.
Já não sentia necessidade de deixar a cidade tão cedo, não depois daquela noite com Alfonso. Antes de sair tinha deixado um bilhete embaixo da porta do quarto de Nola: Saí para espairecer. Não se apresse. Precisamos conversar.
Não sabia exatamente o que iria falar para ela, pois ainda estava confusa com os acontecimentos da noite anterior. Alfonso tinha parecido alegre ao sair, mas também preocupado, inseguro, o que não seria de se estranhar. Afinal, tinham tentado compensar a raiva, a solidão e a mágoa de vinte anos em apenas uma noite, com muita paixão e sexo.
Finalmente Alfonso, Aidan e eu seremos uma família. Sabia que se tratava de um sonho impossível. Nada restara após aqueles amargos anos de separação. Havia muito a perdoar. Era um risco grande demais.
Anahi colocou os óculos Dolce & Gabanna para proteger os olhos. Parou ao perceber onde tinha chegado. A casa de seus pais estava apenas a alguns metros de distância. Passou direto por ela, sem se virar, e só se deteve novamente diante do que sempre havia sido o coração da cidade. A mansão continuava igual. Vinte anos antes tinha sido famosa pela mistura de tendências arquitetônicas, e os turistas costumavam tirar fotos e desenhá-la. A casa dos Herrera. Quem estaria vivendo lá agora?
Pulou para trás, assustada ao ver um cachorro descendo os degraus da varanda e vindo em sua direção. Começou a cheirá-la e balançou o rabo, parecendo ter gostado dela. Ao abaixar-se para acariciá-lo, uma caminhonete preta estacionou na frente da casa. Percebeu que se tratava do mesmo veículo que a tinha sujado de lama no dia anterior. A rua era pública e não estava fazendo nada de mais, porém sentiu-se constrangida por estar parada ali. E se fosse Alfonso? Poderia pensar que ela o estava perseguindo. Engoliu em seco ao ouvir a porta do carro se abrir.
— Meu Deus, Aidan? — murmurou, tentando enxergar melhor. Não, não era ele. Só podia ser o irmão de Alfonso, Matt.
Acenou, encabulada, e Matt a encarou. Pensou, com mágoa, que talvez a família Herrera a visse apenas como a garota que fugira levando o filho de Alfonso.
Matt baixou os olhos e meneou a cabeça, antes de fitá-la de novo, sorrindo, o que a deixou aliviada. Quando ele se aproximou, com o cão correndo ao seu redor, Anahi viu o distintivo na jaqueta: Departamento de Polícia de Persuasion, Delegado Herrera. Não conseguiu conter o riso.
— Então Matt, o terrível, cresceu e se tornou um bom moço?
Ele estendeu a mão para ela.
— Olá, Anahi. Então, está de volta. Fique sabendo que sempre fui um bom moço.
— É mesmo? Só consigo me lembrar de você como um garoto irritante de doze anos.
Ele sorriu e acariciou a cabeça do cachorro.
— Quieta, Loretta! Para dentro! — Estalou os dedos e a cadela correu para a varanda, deitando-se num degrau. —Veio visitar Alfonso?
— Não propriamente. — Anahi ficou sem jeito. — Ele ainda mora aqui? De qualquer forma, estava apenas andando pela cidade.
Matt ergueu a sobrancelha.
— Está um pouco frio para caminhar.
— Eu precisava espairecer. — Esforçava-se para parecer à vontade, mesmo com o coração disparado e o rosto corado de vergonha. Matt ficou em silêncio por alguns segundos.
— Alfonso foi procurar você ontem à noite?
As palavras soaram quase como uma acusação. Embora sorrindo, ele tinha uma atitude defensiva.
— Ele foi até a pousada e nós conversamos.
Matt não disse nada.
— Conversamos bastante.
— Desculpe por ter sujado você de lama.
Anahi riu, aliviada por ele ter mudado de assunto.
— Aquilo arruinou o momento.
Ele fez uma careta.
— Sinto muito, Anahi, de verdade. E sinto muito por seu pai também. Quer entrar e tomar um café?
— Ah, não! Obrigada. Preciso voltar para a pousada. Nola está me esperando.
A postura de Matt mudou de repente ao olhar por cima do ombro de Anahi. Seu rosto iluminou-se com interesse.
— Nola? É esse o nome dela?
— Nola Maria D`Agostino. Minha melhor amiga.
— É mesmo? — Ele abriu um sorriso enorme.
— Buuu!
Anahi pulou, assustada. Ao virar-se, deu de cara com Nola, que tinha o rosto vermelho devido à corrida matutina no frio. Sem interromper o exercício, saltitando no mesmo lugar, ela revirou os olhos em uma tentativa não muito sutil de indicar que queria ser apresentada.
— Este é o irmão mais novo de Alfonso, Matt. Matt, esta é Nola.
Nola parou de saltitar e estendeu a mão para cumprimentá-lo. Matt levou a mão dela até os lábios, curvou-se e depositou um beijo suave sobre a pele.
— Nola Maria D`Angelo. Finalmente nos conhecemos.
Nola arregalou os olhos, atônita. Anahi corrigiu:
— D`Agostino.
— D`Angelo, D’Agostino, é tudo a mesma coisa — Nola disse, sorrindo.
O celular de Matt começou a tocar e Anahi aproveitou a chance para se despedir.
— Nós precisamos...
— Espere. — Matt olhou o visor do celular e ignorou a chamada. — Então, quanto tempo as belas garotas pretendem ficar na cidade?
Anahi achou graça daquela pergunta direta.
— Ainda não sei. Já deveríamos estar na estrada a esta hora, mas...
— Decidimos ficar — Nola interrompeu, toda animada. — Adorei este lugar.
Anahi franziu a testa.
— Quando decidimos isso?
— Agora.
O celular de Matt tocou outra vez e, antes que ele pudesse impedi-la novamente, Anahi se despediu.
— Precisamos mesmo voltar para a pousada. Foi muito bom encontrá-lo, Matt.
Saiu correndo, arrastando a amiga, e de repente foi tomada por uma sensação de perda. Aquele homem era o tio de Aidan, sua cópia exata, o irmão de seu pai. Mas tanto o tio como o próprio pai não passavam de estranhos para o filho.
— Calma! — Nola estava sem fôlego e puxou a jaqueta de Anahi, fazendo-a parar. — Só corri aquele quarteirão para que o irmão Herrelindo pensasse que sou atleta.
— Não acredito.
— Como ele é gostoso!
Anahi olhou-a de lado.
— Tenho quase certeza de que ele tem uma coleção de latas de cerveja.
Madeline ouviu a porta da frente bater. Anahi Portilla e sua grosseira amiga Nola Sei Lá de Quê tinham voltado. Teria que abrir seu melhor sorriso para que ela não desconfiasse de nada. Pensando bem, não iria contar nenhuma mentira. Havia descoberto um jeito de passar a mensagem sem mentir. De qualquer modo, uma pequena variação dos fatos não mudaria o curso do universo, certo? Se Anahi realmente desejasse Alfonso Herrera, não teria esperado vinte anos para voltar. Será que tinha chegado a pensar que um homem como ele ficaria disponível aquele tempo todo, esperando o retorno da namorada do colegial?
— Olá, Madeline.
— Bom dia, Anahi — respondeu alegremente.
As duas sentaram-se a uma mesa. Madeline pegou um bule de café enquanto observava as roupas que usavam. Seriam atletas? Apenas aquilo podia explicar a boa forma de Anahi. E pensar que, no colégio, ela parecia um ratinho, sem perceber como podia ficar bonita com uma pequena produção. Aparentemente, estava se esforçando agora, e gastando bastante dinheiro com isso. Virou-se para ela de novo, falando animadamente:
— Ouvi dizer que seu pai está se recuperando. Você deve estar aliviada! — Colocou um par de xícaras na mesa e continuou: — A lavanderia entregou as roupas e já as coloquei em seu quarto para que possa fazer as malas. — Apontou para o aparador. — Temos ovos, bacon, bolinhos, uma seleção de alimentos de baixa caloria, como granola, salada de frutas, iogurte e leite desnatados, e uma variedade de cereais e geléias. Sirvam-se.
Madeline percebeu que Nola não tinha gostado de saber que as roupas lavadas já estavam no quarto de Anahi. Também notou uma expressão de zombaria no rosto dela, enquanto descrevia as opções do desjejum. Definitivamente, não gostava daquela moça. Era indelicada, ria e falava muito alto.
— Obrigada pela explicação, querida — disse Nola.
A expressão querida que ela usava a toda hora também a irritava.
— Tudo parece muito bom — Anahi comentou, sorrindo.
Dois hóspedes saíram do refeitório. Madeline, enquanto limpava a mesa vazia, conseguia escutar alguns trechos da conversa, embora elas falassem baixo. Ouviu Anahi se referir a Rita Portilla e, depois de um cochicho, escutou algo a respeito de Alfonso tê-la jogado na cama. Nola soltou várias exclamações, que ela não chegou a entender. O diálogo estava animado, sem dúvida. Decidiu acabar de uma vez por todas com aquela confusão.
— Com licença, vocês têm um minuto?
Pararam de conversar e Anahi assentiu, educadamente.
— Claro.
Madeline puxou uma cadeira e sentou-se.
— Não pude deixar de ouvi-la mencionar sua tia. Ela ainda trabalha no colégio, sabia? Já deve ter uns setenta anos.
Anahi sentiu-se desconfortável.
— Obrigada pela informação.
— De nada. — Madeline enrolava o pano entre as mãos, buscando coragem para continuar. — Anahi, não sei como dizer, é um assunto muito delicado... Madeline podia jurar que Nola tinha feito uma expressão de escárnio novamente. Anahi franziu a testa.
— O que é?
— Bem, melhor falar logo, sem rodeios. Vai ser desagradável de qualquer jeito.
— Já está sendo — Nola comentou. Madeline forçou um sorriso.
— É sobre Alfonso.
Anahi endireitou-se na cadeira, e Madeline viu medo em seus olhos. Por um instante, chegou a considerar que talvez estivesse errada. Anahi poderia ter sentimentos verdadeiros por Alfonso. E se houvesse detalhes daquela história que não eram de seu conhecimento? Matt nunca havia comentado nada, pois, para ele, era um caso encerrado.
— O que aconteceu? Ele está bem?
Madeline assustou-se com a palidez de Anahi.
— Sim, ele está bem. É outra coisa.
Anahi franziu ainda mais a testa e tomou um gole de café.
— Não estou interessada em fofocas, Madeline.
— Está bem. Então, acho melhor esquecer o assunto.
Madeline já ia se levantando quando Nola a puxou de volta.
— Eu estou interessada em qualquer coisa que você tenha para falar, querida. Pode começar.
Anahi fuzilou Nola com o olhar. Madeline pigarreou.
— Vou lhe perguntar uma coisa, Anahi, porque não quero vê-la magoada.
— Certo.
— Alfonso contou que está noivo e vai se casar em breve?
As duas amigas prenderam o fôlego, e não conseguiram responder.— A cerimônia está marcada para a véspera do Natal. Por enquanto, ainda é segredo, mas posso garantir que existe uma moça que espera se tornar a sra. Alfonso Herrera daqui a três meses. Achei que precisava saber, pois não é justo que alimente falsas esperanças.
Anahi levantou-se de um salto. Saiu apressada e subiu as escadas correndo. Nola encarou Madeline por alguns segundos antes de se levantar.
Meia hora depois deixavam a pousada. As mãos de Anahi tremiam ao assinar o cheque para pagar a conta. Pela janela, Madeline observou-as entrar no Jaguar. Respirou fundo e fechou os olhos, repetindo a si mesma, mais uma vez, que nada do que tinha falado era mentira.
Autor(a): ayaremember
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 77
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traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:00:39
amei essa web do começo ao fim, parabéns
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traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:13:28
deixou um gostinho de quero mais...poderia fazer uma outra temporada ein??
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traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:12:13
ayaremember que web fantástica, arrasou, adorei demais....que lindos os Los As nessa web...a cumplicidade, o amor verdadeiro apesar dos anos afastados...a volta deles, enfim...foi mais do que perfeita...só lamento que tenha acabado, adorei a história, os segredos, as revelações, tudo perfeito!!!
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raya_ponchito Postado em 23/08/2013 - 20:01:38
Noooossa quanta coisa 'o' A web é muuito linda mesmo, adorei acompanha-la! Valeu a pena :) Pena que acabou :( Sentirei saudades Ç.Ç
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lyu Postado em 28/07/2013 - 01:42:12
CHORANDO COM O FIM, PERFEITA! PENA Q ACABOU
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lyu Postado em 27/07/2013 - 22:10:05
TO PASSADA
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isajuje Postado em 26/07/2013 - 08:39:55
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' filantropia colocar o namorado da amiga como venda Anahí? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' Sei u_u isso se chama ''sacanagem com a amiga'', filantropia é outra coisa. Mas tudo bem. Até a Madeline dar uma de Carrie o.O e até a Carrie dar uma de vingativa pro lado do Matt...
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lyu Postado em 26/07/2013 - 02:57:38
maais
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raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:13:03
Lindaa demais a reconciliação de AyA *-* Mesmo a briga me tirando do sério ( por culpa da Any ) essa volta deles valeu a pena, enfim se perdoaram de verdade!
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raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:10:55
Coitada da Nola! Mais quem disse que era fácil ter homem bonito?! KKKK' Ah, achei tanta graça no drama dela.