Fanfics Brasil - CAPÍTULO 14 CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada

Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA


Capítulo: CAPÍTULO 14

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Virgil estava cansado de ficar deitado. O hospital cheirava a éter e não havia nenhuma enfermeira bonita que o distraísse. Queria arrancar aqueles tubos e agulhas e sair dali, ir para o ateliê. Pela primeira vez em anos, suas mãos ansiavam por trabalho.
Sentia falta de sua cama. Aquele colchão era duro e desconfortável. Tentou se lembrar da última vez que deixara de dormir na própria cama. Em Nova York, talvez. Naquele tempo, não era incomum passar as noites drogado, procurando problemas e mulheres, que, pensando bem, acabavam sendo a mesma coisa.
Resmungou. A vida era mesmo estranha. Uma dessas confusões o levara a aceitar o cargo de professor temporário numa universidade dos Montes Apalaches, com o intuito de se esconder até que a polícia parasse de procurá-lo. Não tinha culpa se aquela garota decidira sair voando depois de ingerir ácido, saltando justamente da janela do apartamento dele, no vigésimo andar.
Virgil tossiu. Seu peito estava dolorido.
O destino o tinha feito conhecer Betty na sua primeira semana em Persuasion, Era uma garota bonita, doce e problemática. Logo percebeu que, dando-lhe um pouco de atenção, ela o seguiria para qualquer lugar, como um cachorrinho. Ela o venerava. Virgil era um artista sofisticado, mais velho que ela e famoso para os padrões de Persuasion. Betty era tão grata pelo casamento, que fazia tudo que ele queria. Tinham tido grandes brigas, mas o casamento dera certo. As necessidades dela tinham sido supridas, assim como as vontades dele.
Já estava prestes a chamar a enfermeira, quando o dr. Herrera entrou. Observou-o, notando o quanto ele envelhecera naquele ano, após cuidar de Betty.
— Bom dia, Virgil.
— Só se for para você.
Virgil analisava Alfonso enquanto ele lia sua ficha. Chegou à conclusão de que o rapaz tinha se transformado numa versão mais refinada do pai, com mais cérebro e menos músculos.
— A cardiologista já veio?
— Claro que não. Largaram-me aqui para apodrecer. Vocês só estão pensando no dinheiro do meu seguro-saúde.
Notou um sorriso bobo no rosto de Alfonso. Anahi devia ser o motivo. Às vezes se perguntava o que teria acontecido se ela não tivesse fugido. Provavelmente nada de bom.
— Sabia que ela vinha para cá?
Alfonso colocou o estetoscópio para examiná-lo.
— Não. Por favor, fique imóvel por um minuto.
Virgil obedeceu e ficou quieto enquanto tinha o coração auscultado.
— Achou alguma coisa?
— Algumas anormalidades. A dra. Zhou já vem. Vai estar em excelentes mãos.
— Uma maldita estrangeira.
— Chinesa.
— Além de ser mulher, é estrangeira? Ganhei na loteria!
— Ela estudou tanto quanto eu.
— Pequim, Persuasion... É tudo igual hoje em dia, não? Parece que este hospital pertence à ONU. Uma médica chinesa, uma enfermeira filipina... Você deve ser o ultimo médico americano do Estado.
Alfonso sorriu.
— Acho difícil. Voltarei à noite para ver como está.
— Espere um pouco.
Alfonso virou-se, impaciente.
— Nunca gostei da família Herrera. Mas você foi muito bom médico para Betty e quero agradecer.
Alfonso ficou surpreso.
— Não foi nada.
— Ela gostava de você.
— Que bom.
— O que foi que ela lhe disse antes de falecer?
— Não posso falar.
Virgil ficou vermelho de raiva.
— Por que não? Não tínhamos segredos. Estou certo de que ela gostaria que eu soubesse.
— Ela me pediu para não falar.
Virgil sentou-se tão rapidamente, que um eletrodo escapou de seu pescoço.
— Mentiroso! — Sentiu a visão falhar. — Minha esposa nunca me escondeu nada!
— Fique calmo, Virgil.
Uma pontada no peito. Não conseguia respirar.
— Outro ataque. Chame a mulher chinesa, rápido!
"Foi na primavera, numa manhã de sábado, quando Anahi tinha treze anos. O arbusto de flores lilases sob a janela de seu quarto florescera. Folhas e flores bloqueavam a vista da lateral do jardim e da cerca quebrada, que separava sua casa da casa vizinha.


Estava quente e ela havia dormido com a janela aberta. Acordou com o perfume das flores e o barulho das pancadas que sua mãe estava levando.
Tremendo, puxou o lençol até a cabeça. Será que aquela surra seria rápida? Deveria fechar a janela para que a vizinha não ouvisse os gritos? Onde exatamente estariam brigando? No corredor? Será que conseguiria sair correndo pela porta dos fundos sem que reparassem? Encontraria gotas de sangue pelo caminho? Detestava limpar sangue. Fechou os olhos e rezou. Por favor, Deus, nada de sangue hoje. E tudo que peço.
Ela cuidava da mãe depois das surras, mas odiava que ela se recusasse a ir ao médico para tratar dos ferimentos.
Já estava farta daquilo. Levantou-se, vestiu shorts e uma camiseta, calçou os tênis e prendeu os cabelos. Achou melhor não ir ao banheiro, com medo que a ouvissem abrir a porta do quarto. Foi até a janela. Não havia como descer senão pelo arbusto. Então, jogou-se em cima dele, quebrando alguns galhos. Rolou na grama, ficou coberta de folhas e pétalas e estava cheia de arranhões, sangrando numa das coxas. Mas estava do lado de fora.
Correu para a rua principal. Notou que os Gerhard ainda não tinham recolhido o jornal e calculou que devia ser seis e meia da manhã. Alfonso ainda estava em casa, pois o treino de basquete só começava às nove.
Atravessou o quintal dos Wilmer, pulou a cerca e chegou ao terreno dos Herrera.
Como sempre fazia, atravessou o gramado e pulou sobre o aparelho de ar condicionado, junto à parede da casa. De lá alcançou o telhado da varanda. Com cuidado, apoiou as mãos nas telhas, caminhando devagar até a janela do quarto.
Abriu o vidro e jogou as pernas para dentro, pulando no chão. Tirou os tênis e se enfiou debaixo das cobertas, sentindo o calor do corpo de Alfonso. Ele acordou.
— Mas o quê...? — Ele se virou tão depressa que quase a derrubou da cama. — Anahi? Droga! Meu pai vai me esfolar vivo!
— Shhh... — Anahi passou os braços ao redor da cintura de Alfonso e o puxou para bem junto dela, sentindo o corpo tremer.
— Ah não, Anahity. Ele bateu nela de novo?
Ela anuiu, mantendo o rosto encostado no pescoço dele. Alfonso era a única pessoa que a chamava de Anahity. Isso a fez se sentir tão confortável e segura que teve vontade de chorar. Inspirou, sentindo cheiro de sabonete e desodorante.
— Vou chamar a polícia.
— Ele vai descontar em mim.
— Então, vou contar ao meu pai. Talvez ele possa colocar algum juízo naquela cabeça. Qualquer dia vai acabar matando Betty.
— Só quero que você me abrace.
Ele passou os braços ao redor dela e apertou-a com força. Depois, soltou o elástico do rabo-de-cavalo. Anahi se ajeitou ainda mais perto, sentiu as costelas contra as dele e os pequenos seios espremidos em seu peito. Agarrou-se a ele com toda a força durante algum tempo e, quando não agüentou mais, começou a chorar.
Alfonso passou a mão em seus cabelos, sussurrando que tudo ficaria bem.
— Quem você ama? — ele perguntou.
— Alfonso Herrera, para sempre — ela respondeu entre soluços.
— E quem eu amo?
— Anahi  Portilla, para sempre.
— Certo. E, quando nos casarmos, vamos viver tão longe daqui, que Virgil não será nada além de uma lembrança ruim. Que carro você quer?
— Um Jeep conversível.
— E onde vamos comprar nossa primeira casa?
— Nas montanhas do Colorado.
— E a outra?
— Numa praia da Califórnia.
— E depois?
— Uma cobertura em Nova York.
— Está melhorando? Ela assentiu.
— Sempre fico bem quando estou com você.
— Quantos filhos vamos ter?
— Dois.
— Uma menina e um menino?
— Sim.
— E o que vamos fazer pelo resto de nossas vidas?
— Ser felizes.
— Isso mesmo. — Alfonso beijou-a na testa. — Tem umas coisinhas roxas no seu cabelo.
Anahi tirou o rosto de seu esconderijo.
— Caí no arbusto.
— Como isso aconteceu?
— Pulei da janela do meu quarto.
— Você está molhada.
— Desculpe, as lágrimas molharam sua camiseta — respondeu, enxugando o rosto.
— Não, nas pernas.
— Acho que me arranhei e estou sangrando.
Alfonso jogou as cobertas para o lado e afastou-se para poder vê-la.
— Oh, meu Deus — ele sussurrou.
Anahi ficou ofegante e com o coração disparado ao olhar para o corpo dele. Já tinha ouvido falar que os meninos, às vezes, acordavam com ereções se sonhassem com sexo. Mas não imaginava que fosse daquele jeito!
Continuou olhando, tomada por uma onda de calor que jamais experimentara antes. Sentia a boca seca e os mamilos latejando. Tinha vontade de tocá-lo.
— Droga, Anahi. Você está coberta de sangue.
— Eu disse que me arranhei.
— Não, está espalhado pelas suas pernas.
— O quê?
Quando olhou para baixo, quase morreu de vergonha. Os shorts estavam empapados de sangue, que escorria por suas pernas.
— Acho que você menstruou.
Horrorizada com seu estado, afastou-se de Alfonso. Ninguém gostaria que o garoto que amava visse uma coisa daquelas. Pulou da cama, e ele fez o mesmo. Já estava perto da janela quando ele se colocou à sua frente. Não conseguindo se conter, Anahi olhou seu corpo mais uma vez, percebendo que a ereção não sumira.
— Você está menstruada, e daí?
Ela escondeu o rosto nas mãos, querendo sumir.
— Não é nada de mais, Ani. Mesmo.
— Nada de mais? Quero me enfiar num buraco! Vim até aqui porque precisava de você, não tenho mais ninguém com quem conversar e nem imaginava...
— É a sua primeira, não é? Espere, vou limpar você. — Alfonso pegou a toalha que estava na cadeira o se ajoelhou diante dela. Passou o tecido por suas pernas com cuidado, concentrado no que fazia.
Anahi deu-se conta de que algo maravilhoso estava acontecendo. Ele fazia aquilo naturalmente, como se fosse a coisa mais normal do mundo. O fato de alguém amá-la daquela forma emocionou-a, e as lágrimas correram por seu rosto.
— Pronto. — Ergueu-se, jogando a toalha no chão. — Vou ver se tem alguma daquelas coisas da minha mãe por aí.
— Alfonso?
Ele se virou, engolindo em seco.
— Droga, Anahi. — Havia desejo nos olhos dele, algo que ela ainda não tinha visto.
Alfonso era tudo para ela. Amigo, irmão, protetor, confidente, namorado. Eles sabiam que passariam o resto da vida juntos.
Mas pareceu-lhe que, naquele momento, estavam entrando em outro estágio, muito mais sério.
Ele a beijou, e foi um beijo diferente de todos os outros. Os lábios se moviam como se ele quisesse engoli-la. As mãos desceram até suas nádegas, acariciando-as. Anahi tentou se controlar, mas não conseguiu. Conforme o beijo se intensificou, levou a mão trêmula para dentro dos shorts dele, segurando o membro quente e intumescido, mas, ao mesmo tempo, macio. Puxou-o para fora e interrompeu o beijo, para que pudesse olhar o que tinha nas mãos. De repente, o corpo de Alfonso estremeceu e um líquido branco e espesso jorrou na camiseta dela.
Naquele exato momento, após uma breve batida na porta, o sr. Herrera entrou no quarto. Eles se afastaram imediatamente. O pai dele encostou-se ao batente e cruzou os braços. Alfonso deu um passo adiante, encobrindo Anahi.
— Pai, não é o que está pensando.
— Filho, tenho cinqüenta e dois anos. Não queira me enrolar. Sei muito bem o que estava acontecendo aqui.
Seu olhar pousou sobre Anahi. O prefeito de Persuasion a examinava, e ela desejava morrer, Com a voz firme de sempre, porém com delicadeza, ele disse:
— Vá para o banheiro, Anahi, e se arrume.
— Sim, senhor. — Foi até o banheiro de Alfonso e fechou a porta, aliviada. De lá, conseguiria escutar a conversa no quarto.
— Pai, você não entende...
— Claro que entendo.
Anahi encostou o ouvido à porta. Estava apavorada, e os joelhos tremiam. Se o sr. Herrera contasse aos seus pais que se encontrava ali, estaria perdida. Seria uma ótima desculpa para que seu pai começasse a espancá-la, como fazia com a mãe.
— Você ficou louco, filho?
— Ela precisava de alguém com quem conversar, pai.
— Só conversar?
— Não toquei nela.
— Espera que eu acredite que ela estava sangrando sem mais nem menos?
— Foi exatamente o que aconteceu. Ela ficou menstruada.
Anahi podia quase sentir o olhar do homem através da porta do banheiro.
— Virgil estava batendo em Betty. Anahi ficou assustada e correu para cá.
Alguns segundos de silêncio. O pai voltou a falar.
— Ele estava o quê?
— Espancando-a. Quando fica bêbado, bate nela.
— Você sempre soube e nunca me contou?
— Anahi implorou para que eu não contasse a ninguém. Tem medo de que o pai bata nela também.
— Garoto, ele vai mesmo acabar batendo nela se ninguém fizer nada para impedir. Escute bem: se isso acontecer de novo, quero que me conte, entendeu?
— Sim, senhor.
— Nunca ficarei bravo com você por me contar a verdade. Agora responda: você tirou a virgindade dela?
— Não!
— Está bem. Mas fique sabendo que não sou cego. Alguma coisa aconteceu aqui.
Anahi não conseguiu ouvir a resposta de Alfonso. E então o sr. Herrera voltou a falar, parecendo muito bravo.
— Nenhum filho meu vai arruinar a vida engravidando uma garota antes de terminar o colegial. Entendeu?
— Sim, senhor,
— Agora, pegue uns absorventes no armário do corredor e dê para Anahi. Vou ter uma conversinha de homem para homem com Virgil.
Fazia dois dias que Anahi tinha voltado de Persuasion, e as lembranças a atormentavam, surgindo de repente. Era como se a desastrosa viagem tivesse aberto uma porta para o passado.
A campainha tocou, lembrando-a do motivo de sua presença ali. Depois de meses adiando, tinha finalmente chamado uma corretora de imóveis para avaliar a casa de Phyllis.
— Se estiver disposta a gastar quarenta mil em reforma, poderá vender pelo dobro do preço que vale agora — disse Julianna Dubrowski. — Troque os armários e a pia da cozinha e coloque um piso novo. O banheiro também precisa de reforma. Troque também o carpete, os encanamentos, a fiação elétrica e o aquecedor."



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Autor(a): ayaremember

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Anahi concordou. Tentou avaliar a cozinha objetivamente, mas tudo que enxergava eram cenas de sua vida: o dia em que assara um bolo para o primeiro aniversário de Aidan, a noite em que o encanamento da pia tinha quebrado, inundando o primeiro andar, as conversas com Phyllis durante o jantar...— A reforma pode sair mais cara que o valor pago pela casa — com ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 77



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  • traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:00:39

    amei essa web do começo ao fim, parabéns

  • traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:13:28

    deixou um gostinho de quero mais...poderia fazer uma outra temporada ein??

  • traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:12:13

    ayaremember que web fantástica, arrasou, adorei demais....que lindos os Los As nessa web...a cumplicidade, o amor verdadeiro apesar dos anos afastados...a volta deles, enfim...foi mais do que perfeita...só lamento que tenha acabado, adorei a história, os segredos, as revelações, tudo perfeito!!!

  • raya_ponchito Postado em 23/08/2013 - 20:01:38

    Noooossa quanta coisa 'o' A web é muuito linda mesmo, adorei acompanha-la! Valeu a pena :) Pena que acabou :( Sentirei saudades Ç.Ç

  • lyu Postado em 28/07/2013 - 01:42:12

    CHORANDO COM O FIM, PERFEITA! PENA Q ACABOU

  • lyu Postado em 27/07/2013 - 22:10:05

    TO PASSADA

  • isajuje Postado em 26/07/2013 - 08:39:55

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' filantropia colocar o namorado da amiga como venda Anahí? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' Sei u_u isso se chama ''sacanagem com a amiga'', filantropia é outra coisa. Mas tudo bem. Até a Madeline dar uma de Carrie o.O e até a Carrie dar uma de vingativa pro lado do Matt...

  • lyu Postado em 26/07/2013 - 02:57:38

    maais

  • raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:13:03

    Lindaa demais a reconciliação de AyA *-* Mesmo a briga me tirando do sério ( por culpa da Any ) essa volta deles valeu a pena, enfim se perdoaram de verdade!

  • raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:10:55

    Coitada da Nola! Mais quem disse que era fácil ter homem bonito?! KKKK' Ah, achei tanta graça no drama dela.


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