Fanfics Brasil - CAPÍTULO 15 CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada

Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA


Capítulo: CAPÍTULO 15

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Anahi concordou. Tentou avaliar a cozinha objetivamente, mas tudo que enxergava eram cenas de sua vida: o dia em que assara um bolo para o primeiro aniversário de Aidan, a noite em que o encanamento da pia tinha quebrado, inundando o primeiro andar, as conversas com Phyllis durante o jantar...
— A reforma pode sair mais cara que o valor pago pela casa — comentou.
Julianna sorriu.
— Sim, eu sei. Mas se trata de uma casa antiga, muito valorizada, especialmente porque está nas proximidades do parque. Ela poderia ganhar uns duzentos mil!
— Ela não vai ganhar nada, Julianna. Phyllis faleceu.
— É mesmo. Desculpe, tinha me esquecido — disse, sem-graça. — Todos na vizinhança sentiram muito quando ela morreu. Como você sabe, minha mãe jogava bingo com Phyllis no salão da igreja. Ela me contou que era incrível como Phyllis conseguia prestar atenção em umas vinte cartelas ao mesmo tempo. Cá entre nós — Juliana cochichou, como se as paredes pudessem ouvir —, pensei que a casa estivesse muito pior do que está, com todos aqueles pássaros.
Anahi imaginava como Phyllis reagiria se tivesse ouvido aquilo.
— E quem diria que ela fosse multimilionária, não? Inacreditável! Exatamente quanto ela valia quando morreu?
Anahi teve vontade de bater na mulher.
— Ela valia muito. Com licença, já volto.
Foi para a saía. Sentia muito a falta de Phyllis, de sua risada, da facilidade que tinha para dar conselhos. Ela não se importava de ser tida como excêntrica. As crianças a chamavam de senhora louca dos papagaios, e ela apenas ria. Somente Anahi e Cliff sabiam como ela realmente era.
A corretora não parava de falar.
— Minha mãe disse que Phyllis tinha ações na bolsa de valores e que valiam quatro milhões quando ela faleceu. É verdade?
— Não. — Na verdade, valiam três milhões e oitocentos mil, mas aquilo não era da conta de ninguém.
— E o que aconteceu com os papagaios?
— Encontramos lares para eles.
Anahi colocou a mão no vidro da janela. Phyllis tinha sido uma pessoa rara. Quem teria acolhido uma adolescente rebelde e grávida sem pedir nada em troca? Quem mais deixaria uma desconhecida ficar em sua casa sem perguntar nada?
Nunca havia tido coragem de contar-lhe a verdade sobre quem era, de onde viera e como tinha ido parar em Baltimore. O passado voltava com toda força, como a querer castigá-la.
— Vamos discutir o preço? — A voz de Juliana soou à distância.
Anahi subitamente deu-se conta de que, uma vez que Alfonso sabia como encontrar Aidan, era só uma questão de dias até que tudo se revelasse. Tinha de falar com o filho antes que aquilo acontecesse. A verdade precisava ser contada por ela, e não por um estranho.
Fechou os olhos. Não havia mais espaço na sua vida para fantasias, não podia mais fingir. Tinha ido a Persuasion com o intuito de se vingar, mas retornara vazia. Sua mãe se fora. Phyllis também. Ela e Alfonso tinham agido como estúpidos e estavam longe de serem almas gêmeas. E teria que revelar vinte anos de mentiras ao filho.
Mais que aquela casa, era sua vida que precisava de uma reforma.
— O que acha, Anahi? Quer um tempo para pensar?
Anahi olhou para o jardim. Phyllis tinha falecido sentada na poltrona, com a televisão ligada e o jornal no colo. Um derrame fulminante, os médicos tinham dito. Logo haviam descoberto que deixara uma fortuna. Um milhão de dólares, cuja existência ninguém conhecia, para o irmão Cliff e, para Anahi e Aidan, todo o resto: a casa, quarenta papagaios e saldos de ações, títulos e fundos mútuos.
— Não posso fazer isso. Acabei de perceber que não posso vender a casa. É a única parte de Phyllis que me resta. Vou reformá-la e viver aqui.
Julianna ficou pasma. Entregando-lhe um cartão, disse:
— O mercado é imprevisível. E os juros de uma hipoteca não...
— Eu entendo. Desculpe ter desperdiçado seu tempo.
Anahi a acompanhava até a porta quando seu celular tocou.
— Aidan! Finalmente!
— Mãe, tudo bem?
— Tudo bem. Por acaso recebeu algum telefonema estranho?
Não houve resposta.
— Aidan?
— Não. Este conta?
— Engraçadinho. — Anahi suspirou aliviada.
— Então, você e Nola sobreviveram a Nova York?
Como explicar ao filho que tinham andado tranqüilamente por Manhattan, mas se dado mal em Persuasion? Ele não fazia idéia de que esse lugar existia, muito menos que tinha um pai que vivia lá e que sua vida estava prestes a mudar.
A partir daquele momento, não haveria mais mentiras. Aidan merecia saber a verdade.
— Nova York estava maravilhosa, querido. Podemos almoçar hoje?
— Tenho que estar no laboratório de Física às duas horas.
— São só onze horas. Podemos comer algo rápido. Preciso falar com você. É muito importante.
— Mas...
— Pode ser numa lanchonete. Quando comeu um cachorro-quente decente pela última vez?


A sala de espera, cheia de pacientes. Várias mensagens de Carrie em seu pager, implorando um pouco de seu tempo. A parte elétrica da obra fora da especificação. Os pagamentos atrasados, que tinham feito o banco executar a dívida, levando a mansão a leilão. Nenhuma notícia de Anahi.
Alfonso andava pelo consultório, frustrado. Seu retorno tinha sido ao mesmo tempo um milagre e uma mentira. Por que ela não retornava suas ligações? O que a tinha feito deixar a cidade sem nem ao menos se despedir, sem que tivessem planejado como proceder em relação a Aidan? Nada fazia sentido. Matt havia lhe dito que a encontrara na frente da casa no domingo, e que ela parecera normal. Tinha chegado até mesmo a perguntar a Virgil se falara com ela. Fugir devia ser uma compulsão.
Izzy colocou a cabeça no vão da porta.
— Eu sei, eu sei. Vamos ter que transferir algumas consultas para a semana que vem — disse ele, sem que a assistente tivesse perguntado nada.
— Não é só isso, dr. Herrera. A dra. Mathis está na sala de espera, fazendo uma cena. Quer entrar de qualquer maneira.
— Você está brincando.
— Olá! — Carrie apareceu na porta, exibindo um grande sorriso.
— Sinto muito, dr. Herrera. — Izzy parecia prestes a chorar.
— Tudo bem, não tem problema. — Alfonso fez um gesto para Carrie entrar. Ela fechou a porta e encostou-se nela, fazendo uma pose sensual. Vestia saia e blusa pretas, coladas ao corpo.
— Como é difícil encontrar você, meu amor.
— É porque não quero mesmo ser encontrado. — Recostou-se à cadeira, pensando em que mundo estava ao achar que ela fosse uma mulher decente e amorosa.
Talvez ele tivesse se deixado cegar por aquele sorriso. Talvez tivesse desistido de encontrar o amor verdadeiro, aquele que uma vez tinha experimentado com Anahi. De qualquer forma, em seu leito de morte, Betty o tinha salvado de um casamento fadado ao fracasso.
— O que você quer?
Carrie riu.
— Essa pergunta pode ter várias respostas.
Alfonso meneou a cabeça.
— Estou muito ocupado. Vamos, me ajude. O que você quer ouvir para que finalmente entenda que não há mais nada entre nós? Do meu ponto de vista, é tudo muito simples. Se ignoro seus telefonemas ou mensagens é porque não quero falar com você. Se meus funcionários a impedem de entrar é porque não quero vê-la. Quer que eu publique essas declarações no jornal?
Viu os lábios dela se contorcerem, e espantou-se por um dia tê-la achado linda. Comparada a Anahi, parecia feita de plástico.
— Desculpe, Alfonso, só pensei que fosse gostar de ouvir boas notícias.
— O quê, por exemplo?
— Ouvi dizer que, na próxima sessão da Câmara, a clínica vai ter prioridade na distribuição de fundos.
— Não ouvi nada a respeito disso.
— Ainda não. Mas quando acontecer...
Alfonso ergueu-se. Ela havia escolhido o dia errado para brincar com ele. Deu a volta na mesa e aproximou-se dela. Três anos antes, Carrie tinha conseguido o patrocínio do Estado para a clínica. Embora não pudesse provar, Alfonso estava certo de que ela também tinha sido a causadora da suspensão dos fundos.
Não podia ser apenas uma coincidência o fato de que isso tenha acontecido logo depois de terem terminado o noivado.
Por causa dela, Alfonso tinha hipotecado seu patrimônio e ainda precisava de mais de um milhão de dólares para concluir a clínica.
— Obrigado, Carrie. Vou falar com meu advogado para averiguar a veracidade da notícia.
Ela balançou a cabeça, incrédula.
— Só isso?
— Sim. E não apareça mais aqui. Entendeu?
Carrie emitiu um ruído indignado, virou-se e saiu.
Aidan já estava no terceiro cachorro-quente. Falava animadamente de sua intenção de optar por Engenharia Bioquímica.
— Mãe, sério. Há muita coisa interessante acontecendo com pesquisa celular, ainda mais agora, que se descobriu que outras células têm as mesmas propriedades regenerativas das encontradas nos embriões. Isso vai acabar com todo o debate ético e abrir as possibilidades de pesquisa! Quero estar no meio dessa revolução daqui a dez anos. Dá para imaginar que vai ser possível combater todas as doenças do mundo?
— Que maravilha, querido. — Anahi observava sua barba por fazer e a maneira como os lábios se curvavam quando falava. Era, de fato, um Herrera: muito parecido com Alfonso, tinha o mesmo sorriso de Matt e alguns traços do avô. Sorria para o filho, orgulhosa de sua inteligência. O pai também tinha sido assim na idade dele. Precisava mudar logo de assunto, antes que perdesse a coragem.
— Falando em genes humanos, tenho algo para lhe contar. — Anahi respirou fundo. — Sobre seu pai.
— Meu... — Aidan ficou imóvel.
— Precisa saber que não fui completamente honesta com você. Espero que possa me perdoar.
Ele colocou o resto do lanche no prato.
— Você sabe quem é meu pai, não é?
— Sim. Mas é muito mais que isso. Acho que agora você tem idade suficiente para saber de tudo.
— E mesmo? Já faz tempo que tenho idade suficiente. Não me contou antes porque não teve coragem, mãe. — Aidan tomou um gole de refrigerante e jogou os óculos sobre a mesa.
Anahi ficou chocada. Ele nunca falara com ela daquele jeito. Via raiva em seus olhos. Contar a verdade ao filho seria a coisa mais difícil que já tinha feito na vida.
— Procure escutar tudo que tenho a dizer, sem tirar conclusões precipitadas. Por favor, querido. Ouça a história toda para depois decidir com quanta raiva ficar. — Tentou segurar sua mão, mas ele a afastou.
— Sou o filho bastardo de Troy Mikulski, é isso que quer me contar? Sempre suspeitei.
— O quê? Claro que não, amor. Troy não é seu pai, apenas um homem com quem desperdicei dois anos da minha vida. — Anahi estava horrorizada. — Meu Deus, Aidan! Não me diga que esse tempo todo esteve pensando que aquele idiota era seu pai.
— E o que eu deveria pensar? — Levantou-se, exaltado. — Nunca tive nada em que acreditar! Sempre que perguntava sobre meu pai, você me dava uma desculpa. Dizia que não sabia quem a tinha engravidado, que seu passado era sórdido e que só queria esquecer!
As pessoas na lanchonete olhavam para eles com curiosidade.
— Abaixe a voz, Aidan.
— Não! Que droga! Você mentiu para mim, mãe.
— Sente-se nessa cadeira agora mesmo, Aidan! Agora! — Anahi não falava com ele naquele tom havia muitos anos.
Ele obedeceu, com expressão de desespero.
— Certo. Pode falar.
— Seu pai foi meu primeiro namorado, Aidan. Eu realmente acreditava que nos amávamos, e ele nunca soube que eu tinha engravidado até recentemente.
— Nunca soube?
— Não.
— Por quê?
— Porque eu não quis que ele soubesse. Fugi de casa sem contar que estava grávida.
— Que ótimo, mãe!
— Acabou descobrindo no ano passado, quando minha mãe lhe contou antes de morrer. Desde então, passou a nos procurar.
Aidan olhou-a fixamente.
— Espere um pouco. Você me disse que seus pais morreram quando você era adolescente.
— Eles estavam mortos para mim.
— Que coisa incrível!
— Aidan!
— É sério, incrível mesmo. — Balançou a cabeça. — Então esse sujeito, o meu pai, procurou por mim?
— Sim. Eu o vi no fim de semana passado e contei sobre você. Ele disse que gostaria de aproveitar o feriado de Ação de Graças para conhecê-lo. Dei-lhe o número do seu celular. Por isso perguntei se tinha recebido alguma ligação estranha. — Pegou a bolsa, tirando de dentro o cartão de visitas de Alfonso.
— Aqui está. Olhe no verso.
As mãos dele tremiam quando pegou o cartão.
— Ele é médico? — Olhou para a mãe, espantado. Virou o cartão e leu o recado escrito à mão: Não vejo a hora de conhecê-lo, Aidan. Ligue para mim no trabalho ou no celular a qualquer hora. Este é o telefone da minha casa...
— Droga! — Aidan mostrou o cartão para Anahi. — Que número é esse no final? Sete ou um? Não entendo a letra dele!
Anahi riu.
— É tão ruim quanto a sua.
— Onde é Persuasion?
— É a cidade onde nasci.
Aidan guardou o cartão.
— Mais uma mentira. Sempre me disse que era de Martinsburg.
— Fica no mesmo Estado.
— Mais alguma mentirinha, mãe? — perguntou com sarcasmo, juntando as mãos sobre a mesa. — Você é uma extraterrestre? Um homem? Seu nome é mesmo Anahiharine Turner?
— Bem... Meu sobrenome verdadeiro é Portilla. Adotei o sobrenome Turner, que era o de Phyllis, porque não queria ser localizada, e também porque queria proteger você.
O garoto estava pasmo. Anahi sabia que tudo aquilo era demais para ele.
— Por favor, procure entender, querido.
— Então, meu nome verdadeiro é Aidan Portilla?
— Ou Herrera, que é o nome de seu pai.
Ele meneava a cabeça lentamente, com os olhos repletos de tristeza.
— Do que você tentava me proteger?
Anahi não queria chorar. Aidan jamais a tinha visto perder o controle.
— Bem, o que eu pensava era... Só queria protegê-lo de... Do que aconteceu comigo, droga! De ser rejeitado por aquelas pessoas que me puseram na rua grávida aos dezesseis anos.
Aidan franziu a testa enquanto escutava.
— E sinto muito se tomei a decisão errada. Naquela época, achei que era a única que podia tomar. Achei que era o melhor para o meu filho.
Ele se levantou.
— Mas não era, mãe.
— Está bem. Vamos conversar mais sobre isso depois, quando você estiver mais calmo. — Levantou-se também. — Precisa de dinheiro esta semana? — Alcançou a bolsa, mas Aidan segurou seu braço.
— Não preciso de mais nada de você, mãe. Já fez o bastante.
O filho deu-lhe as costas e saiu da lanchonete sem dizer mais nada. Anahi saiu em seguida, e telefonou para Nola enquanto o via desaparecer rua abaixo.
— Como foi?
— Ah, ótimo!
— Tão mau assim, é?
Anahi suspirou.
— Se eu tiver sorte, talvez ele me perdoe quando chegar aos setenta anos.
— Então, querida... — Nola parecia fazer cálculos. — Você vai ter uns oitenta e poucos anos... Antes tarde do que nunca!


 


 


 




Beijo



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Autor(a): ayaremember

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 77



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  • traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:00:39

    amei essa web do começo ao fim, parabéns

  • traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:13:28

    deixou um gostinho de quero mais...poderia fazer uma outra temporada ein??

  • traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:12:13

    ayaremember que web fantástica, arrasou, adorei demais....que lindos os Los As nessa web...a cumplicidade, o amor verdadeiro apesar dos anos afastados...a volta deles, enfim...foi mais do que perfeita...só lamento que tenha acabado, adorei a história, os segredos, as revelações, tudo perfeito!!!

  • raya_ponchito Postado em 23/08/2013 - 20:01:38

    Noooossa quanta coisa 'o' A web é muuito linda mesmo, adorei acompanha-la! Valeu a pena :) Pena que acabou :( Sentirei saudades Ç.Ç

  • lyu Postado em 28/07/2013 - 01:42:12

    CHORANDO COM O FIM, PERFEITA! PENA Q ACABOU

  • lyu Postado em 27/07/2013 - 22:10:05

    TO PASSADA

  • isajuje Postado em 26/07/2013 - 08:39:55

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' filantropia colocar o namorado da amiga como venda Anahí? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' Sei u_u isso se chama ''sacanagem com a amiga'', filantropia é outra coisa. Mas tudo bem. Até a Madeline dar uma de Carrie o.O e até a Carrie dar uma de vingativa pro lado do Matt...

  • lyu Postado em 26/07/2013 - 02:57:38

    maais

  • raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:13:03

    Lindaa demais a reconciliação de AyA *-* Mesmo a briga me tirando do sério ( por culpa da Any ) essa volta deles valeu a pena, enfim se perdoaram de verdade!

  • raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:10:55

    Coitada da Nola! Mais quem disse que era fácil ter homem bonito?! KKKK' Ah, achei tanta graça no drama dela.


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