Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA

— Quase morri quando vi você entrar, Anahi. Meu Deus! Não tinha idéia de que era você ao telefone quando fez as reservas. Está usando o nome de casada agora? — Ela abriu a porta do quarto para Nola, antes de levar Anahi para a suíte no final do corredor. Baixando a voz, continuou: — Confesso que estou muito curiosa para saber o que aconteceu com você. — Passou os olhos pela saia de veludo coberta de lama. — Estava na cidade grande, vivendo muito bem, não? Como era tão inteligente no colégio, aposto que foi estudar em Harvard e ganhou um milhão de dólares! —Abriu a porta da suíte. — Não tem o luxo a que deve estar acostumada, mas é, de longe, a melhor acomodação da cidade. Nossa suíte de lua-de-mel!
Anahi teve vontade de perguntar quem, em seu juízo perfeito, passaria a lua-de-mel em Persuasion. Mas gostou do que viu. A suíte era ampla e aconchegante, com sala, copa e uma lareira. A cama era antiga, alta e larga e, no banheiro, havia uma antiga banheira de louça com pés de metal.
— Obrigada, Madeline. O quarto é ótimo.
— Você está casada? — Ela insistiu.
— Não, nunca me casei.
— Mas, então, mudou de nome?
— Mais ou menos isso.
— Aquele Jaguar no estacionamento é seu?
— Sim.
— E você mora em Nova York?
— Não.
— Mas o carro tem placa de Nova York. Oh, Deus!
— Sim, tem.
Madeline baixou os olhos, embaraçada com a própria curiosidade descarada. Anahi sabia que ver uma pessoa desaparecida voltar de repente, vinte anos depois, rica, vestindo roupas fantásticas e dirigindo um Jaguar novinho era capaz de chocar qualquer um. Pelo menos, torcia para ser assim, uma vez que era aquele seu objetivo.
— Não vejo a hora de relaxar nessa banheira, Madeline. Há alguma lavanderia na cidade para eu levar minhas roupas?
Madeline animou-se.
— Deixe tudo do lado de fora do quarto, eu mesma cuido disso. Posso até mandar limpar as botas, se quiser.
Anahi olhou para as botas de camurça novas cobertas de lama.
— Sim, agradeço.
— Choveu muito nos últimos dias.
— Percebi.
Madeline sorriu e se virou para sair, mas mudou de idéia.
— Desculpe por ter sido enxerida. É que sempre foi um mistério o fato de você e Alfonso não terem reatado. Eram tão apaixonados! Ele quase morreu quando você se foi. Faltou tanto às aulas, que repetiu o ano. Mas não perdíamos a esperança de que voltasse para ele um dia. E aqui está você. Foi por Alfonso que voltou, não?
Teria ouvido bem? Alfonso quase morrera quando ela havia partido? Não conseguia acreditar, especialmente ao recordar da forma nada sensível com que ele a dispensara. Vá embora, Anahi. Acabou.
Preparou-se para responder. Ergueu o queixo, endireitou a coluna e procurou disfarçar a mágoa.
— Duvido muito que eu tenha sido a causa de Alfonso não ter terminado o colegial.
Madeline deu uma gargalhada.
— Claro que ele terminou, bobinha, ele só repetiu aquele ano.
— Fico feliz por ele. — E era a pura verdade. Talvez, quando estivesse mais velho e cansado de trabalhar na construção civil, resolvesse fazer faculdade e colocar o cérebro para funcionar. Alfonso sempre conseguira se virar com seu charme, mas também era muito inteligente. Tinha sido uma criança ávida por conhecimento, que não sossegava até entender como as coisas funcionavam. Anahi sempre havia admirado aquela qualidade e se orgulhava de que o filho também a tivesse.
— Esteve na construção? É por isso que suas roupas estão sujas?
— Sim.
— Você o encontrou?
Notou um misto de preocupação e ansiedade no rosto de Madeline, Lembrou-se de que nunca tinham sido amigas no colégio. Anahi gostava de ler e assistir a filmes antigos, enquanto Madeline era líder de torcida, rainha dos bailes da escola e fofoqueira, o tipo de garota de quem Anahi queria distância. As pessoas podiam mudar, mas, mesmo assim, achou melhor não entrar nos detalhes de sua visita.
— Falei rapidamente com ele.
— Ah... Já foi à casa de Virgil?
— Não, pretendo fazer isso amanhã. Meus pais vão se surpreender bastante.
Anahi percebeu que Madeline ficou um pouco sem-graça com seu comentário, mas não se espantou. A simples menção do nome Virgil Portilla fazia com que as pessoas reagissem de modo estranho. Seu pai não era nada benquisto.
Madeline assentiu brevemente antes de entregar-lhe as chaves, tanto da porta da frente quanto do quarto.
— Vou deixá-la descansar. O jantar será servido às seis e meia, e vou reservar uma mesa para você e sua amiga.
Quando Madeline saiu, Anahi suspirou, aliviada. Precisava de silêncio, de um banho quente e de um cochilo. Depois poderia começar a avaliar a confusão em que tinha se metido. E pensar que apenas três dias antes, bebendo champanhe no bar do hotel Four Seasons, seu plano parecera brilhante.

  Sejam bem vindas meninas e obrigada pelos comentários.  Essa é uma historia linda e emocionante.