Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA

Anahi estava sentada sobre as pernas, com uma caneca de chocolate nas mãos, observando o anoitecer pela janela. Tinha ficado a maior parte do dia absorvida na leitura de um livro de psicologia que versava sobre lembranças reprimidas.
Esperava que a leitura a ajudasse a recordar o que tinha acontecido no ateliê na noite em que deixara Persuasion. Parecia impossível que aquela lembrança tivesse existido um dia, já que nem se lembrava de quando tinha começado a esquecê-la. Nunca havia comentado nada com Phyllis e Nola sobre aquela noite, pela simples razão de que, até recentemente, não tinha nenhuma recordação dos fatos.
Esfregou o pescoço, apertando os músculos doloridos. Os primeiros flashes haviam surgido no hospital, sentada diante do pai, e a lembrança ficara mais viva quando conversara com Jeff na praia.
Levantou e espreguiçou-se. Foi ao banheiro, jogou água gelada no rosto e olhou-se no espelho. Estava com trinta e sete anos. Não era mais uma garota fugida de casa, não tinha mais nada a esconder, não dependia de ninguém. O que quer que tivesse que enfrentar, como a raiva de Aidan ou as lembranças enterradas, enfrentaria de cabeça erguida.
Secou o rosto e foi para a cozinha. Ligou o aparelho de som com seu CD favorito e o apartamento se encheu de vida. Comia um sanduíche quando a campainha tocou.
Ótimo. Passei o dia todo em silêncio e, bastou ligar o som, para a sra. Brownstein vir reclamar. Não vejo a hora de me mudar para ter um pouco mais de liberdade.
Abriu a porta, pronta para mais uma discussão com a vizinha, mas o que viu foi o peito de um homem. E não de qualquer homem.
— Tem uma coisa no seu queixo.
Anahi ergueu a mão para limpar a maionese, mas Alfonso foi mais rápido, passando o dedo sob seu lábio.
Recusou-se a erguer o olhar. Por que ele tinha ido à sua casa? Estava com o casamento marcado. Que tortura! Sabia que ele ia lamber a maionese do dedo. Precisava ver aquilo!
Levantou o queixo e olhou. Ele sorria, lambendo o dedo.
Anahi pensou que fosse desmaiar.
— Isto não é justo — ela sussurrou.
— É muito justo. Apareci sem avisar, como você fez comigo, e agora estamos quites.
Anahi meneou a cabeça. Alfonso estava noivo e ela o odiava, mas sabia que ainda era apaixonada por ele. Na verdade, tinha vontade de se atirar em seus braços.
— Não vai me convidar para entrar?
Ela pigarreou.
— Acho que não.
— Por quê?
— Estou comendo.
— Posso fazer companhia.
— Não, obrigada.
— Então, vamos a algum lugar.
— Não estou vestida para sair.
— Calce aquelas botas de que eu gostei tanto e vamos dar uma volta.
— O quê?
— Suas roupas estão ótimas, mas, se não se sente bem, coloque alguma coisa por cima.
Anahi riu. Não teria coragem de sair com aquelas calças de moletom velhas nem para ir ao bar da esquina.
— Não quero pôr nada por cima.
— Então vá assim mesmo. — Ele sorria.
— Não acho boa idéia.
— Por favor, Anahity. — Piscou. — Você sabe que vai me deixar entrar.
Anahi ficou surpresa. Mais uma coisa do passado que vinha à tona: o antigo apelido pelo qual ele a chamava. Se o livro estivesse certo, essa era uma das doloridas lembranças que havia reprimido.
Alfonso continuava sorrindo. Assim como ela, devia estar se lembrando daquele dia no parquinho, quando tinham dez anos. Havia sido a primeira vez que a chamara de Anahity, procurando acalmá-la porque tinha se machucado. Somente ele se achava no direito de chamá-la assim. Um dia, Travis Buttrick tivera a ousadia de usar o apelido, e Alfonso o jogara dentro do chafariz. Os dois tinham ido parar na delegacia.
Voltou ao presente.
— Vá embora.
Alfonso colocou um pé dentro do apartamento,
— Não. Temos muito que conversar.

Meninas durante a semana fica puxado pra postar porque estou trabalhando, mas toda sexta, sábado e domingo tem poste com certeza, obrigada por cada comentário! ela está quase no fim.