Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA
Virgil esfregou o queixo e franziu a testa.
— Você me parece familiar.
— O senhor deve estar me reconhecendo da televisão.
Ele riu.
— É isso! Você é aquela sabe-tudo demoníaca que aparece na TV, dizendo para as pessoas se alimentarem direito, praticarem exercícios e pararem de fumar.
Carrie sorriu.
— Sim, sou eu.
— Ótimo. — Deu-se por satisfeito. — Que diabos você quer?
Estava intrigada com aquela garagem transformada em ateliê.
Podia-se notar que a porta tinha sido lacrada muito tempo atrás. Na parede ao lado havia uma grande janela. O sol estava se pondo e as sombras tomavam conta do ambiente. Formas fantasmagóricas do que pareciam ser estátuas de argila e mármore inacabadas pareciam brotar do chão. Ferramentas afiadas, muito semelhantes a instrumentos cirúrgicos, espalhavam-se sobre a bancada. O lugar parecia saído de um filme de terror, e Carrie arrepiou-se ao ver uma máquina estranha, parecida com uma serra. Virgil riu.
— É uma máquina de apontar, querida, ela não morde.
— O quê?
— Ela marca pontos tridimensionais numa escultura.
Carrie foi até uma mesa e colocou seu cartão de visita na beirada. Ergueu a mão para alcançar a corrente do lustre a acendeu a luz. A claridade só fez evidenciar a bagunça.
— Eu não disse que você podia acender a luz.
Ela se recusou a responder ao comentário grosseiro. Ninguém falava com ela daquele jeito. Era uma médica. A ela cabia um posto público do qual dependiam milhares de pessoas. Voltou-se para ele.
— Sinto muito, mas não conheço seu trabalho. Que tipo de esculturas o senhor faz?
— O que me dá vontade de fazer. Vou lhe perguntar mais uma vez o que você quer? Você mencionou minha filha.
Ela sentou-se, cruzando os braços.
— É sobre ela e Alfonso Herrera.
O homem a olhava sem se mexer.
— Seja lá o que esteja tentando descobrir, não vai ser aqui. Não falo com Anahi já faz vinte anos.
— Não imaginava que vocês dois não se davam bem.
Virgil dirigiu-lhe um sorriso sarcástico.
— O que quer, afinal?
— Quero saber sobre a ligação dela com Alfonso.
— Consulto-me com Herrera porque é o melhor médico da cidade, não por ser meu conhecido. Nunca gostei daqueles idiotas.
— Entendo.
— Mas sua visita não tem nada a ver com minha saúde, não é mesmo?
— Não.
Os dois estudavam-se mutuamente. Carrie reparava nos detalhes daquele corpo senil e do rosto severo. Parecia muito ágil para alguém que tinha acabado de passar por uma angioplastia, mas o rosto era pálido, ossudo e cheio de rugas. Sabia que ele tinha sessenta e dois anos, mas aparentava oitenta, talvez pela amargura e pelas altas doses de bebida. Era um calhorda, exatamente como diziam. E parecia ter orgulho de ser assim.
Virgil, por sua vez, media Carrie dos pés à cabeça, fazendo-a se sentir desconfortável.
— Preciso saber como manter Anahi longe de Alfonso. Tem alguma sugestão?
— Sugiro que tire as roupas para mim.
— O que disse?
— Quero que seja minha modelo. Vou esculpi-la. Preciso de uma nova musa.
— Duvido muito, sr. Portilla.
Ele deu de ombros.
— Você é quem sabe, minha cara. — Virou-se na direção da porta que levava ao quintal. — Perdoe-me se não a acompanho até seu carro. Faz tanto tempo que não recebo visitas, que acabei perdendo os bons modos.
Carrie ficou perplexa. Quem ele pensava que era?
Virgil era a pessoa certa para ajudá-la a atingir Anahi. Um homem impiedoso.
— Perdoe-me pela observação, mas realmente não se importa nem um pouco com sua filha, não é, Virgil? — Ele se virou, como se tivesse levado uma paulada. — Não é problema meu se você tem desprezo por sua própria cria, mas me é muito conveniente, pois eu também não gosto dela. Nós dois podemos nos ajudar.
Carrie percebeu que ele se interessava.
— Você parece surpreso, Virgil. Posso chamá-lo assim, não?
— Pode me chamar do que quiser, contanto que tire as roupas para mim.
— Se me ajudar a afastar Anahi de Alfonso, eu o farei. Este será nosso acordo.
Ele soltou uma gargalhada.
— Ora, ora, ora... O que temos aqui é simplesmente o velho triângulo amoroso, não é mesmo?
— Não se trata de um triângulo. — Carrie bufou de raiva. Ele tinha reduzido seu drama a um simples clichê de novela. Lembrando-se de um mantra, disse: — Na verdade, trata-se de dois pontos de uma obra-prima tridimensional de amor verdadeiro, ou seja, Alfonso e eu, e sua filha está fazendo de tudo para se interpor entre nós.
Virgil deu outra gargalhada, menos alegre.
— Você é uma peça rara e tem um raciocínio afiado. Mas não é daqui. Como conheceu Alfonso?
— Éramos colegas na faculdade e começamos a namorar. Já estaríamos casados, se não fosse por Anahi.
Ele franziu a testa.
— Não estou entendendo.
— Sua esposa, à beira da morte, contou a Alfonso sobre o bebê, um pouco antes do nosso casamento.
Virgil franziu ainda mais a testa e cerrou os dentes.
— Continue.
— Quando soube que tinha engravidado a namorada dos tempos do colegial, Alfonso saiu procurando pelo filho, obviamente se achando na obrigação de fazer isso por puro sentimento de culpa. Eu não acreditava que tal filho existisse até há pouco tempo. E Anahi resolveu voltar só para desviar a atenção dele. Pronto, é isso. Poso para você se me ajudar a encontrar um jeito de tirá-la de cena de uma vez por todas. Aceita o acordo?
Esperou uma resposta, mas ela não veio. O sangue subiu ao rosto de Virgil. A fúria que emanava dele parecia sugar todo o ar existente naquela garagem. Carrie começou a tremer. A pele cocava, o nariz estava tampado, o pulso acelerado.
— Saia... já... daqui. — Apontou para a porta, e ela não hesitou em obedecer, ficando aliviada ao respirar o ar fresco. Virgil trancou a porta e desapareceu dentro da casa.
Carrie ficou parada no quintal, recuperando o fôlego. Pensou que talvez Virgil Portilla não soubesse que tinha um neto, ou mesmo que a filha estivesse grávida quando fugiu de casa. A mulher não tinha lhe contado nada, ninguém tinha. Era muito estranho.
Correu para o carro. Passou a primeira hora na estrada tentando afastar o sentimento de que havia sido um erro procurá-lo.
Parou para tomar um café e refletir. Talvez fosse melhor manter-se longe daquela confusão. Não tinha tido o direito de falar com um idoso doente sobre os segredos de sua própria família. Na verdade, era melhor se afastar de Alfonso e de seus problemas, e deixá-lo agir como idiota, se esse era o seu destino. Ficaria à parte, assistindo à tola fantasia ir por água abaixo. Então, ele voltaria de joelhos para ela, implorando seu perdão.
Somente ao chegar em casa percebeu que suas mãos tremiam. Virgil Portilla era muito mais que um simples excêntrico. Ela tinha sorte de estar inteira.
Anahi sentiu um arrepio de prazer quando ergueu o cinzel e o abaixou com toda a força. A argila se espalhou no chão. Com apenas um golpe tinha destruído um dos lados do rosto da mulher. Ótimo, a vagabunda merecia.
Desejava muito poder fazer o mesmo com o rosto do pai.
Deu mais um golpe. E mais outro. O ódio parecia estar limpando tudo, deixando as coisas claras pela primeira vez em sua vida.
O ateliê estava frio, pois Virgil tinha desligado o aquecedor antes de abotoar as calças e sair correndo. Ainda assim, o suor pingava de sua testa.
Deu outro golpe na argila. Alfonso não a amava mais. E outro. Estava grávida de três meses. Mais um. Seu pai sabia que ela o tinha visto. Mais outro. Sua vida tinha acabado. Dezesseis anos e tinha acabado.
— Pare! Oh, meu Deus!
A voz parecia vir de todos os lugares ao mesmo tempo. Anahi levou alguns segundos para perceber que sua mãe segurava seu braço com força, gritando.
— Anahiharine! Ele vai nos matar! O que foi que você fez?
Deixou cair o cinzel. Havia argila por todos os lados.
— Santo Deus, Anahi. — Betty estava aterrorizada.
— Estraguei tudo, não?
A espátula caiu no chão da cozinha. Anahi piscou. Estava em casa, em Baltimore. No presente, não no passado. Tinha conseguido escapar.
Alfonso surgiu, com uma toalha enrolada na cintura. Sorriu e apanhou a espátula.
Anahi procurou recuperar o equilíbrio. Estava em seu apartamento em Baltimore. Alfonso tinha passado a noite com ela, conversando até o sol nascer. Ia se mudar para Persuasion.
— Não estragou nada, Anahity. As panquecas parecem ótimas.
— Ele deu um beijo rápido em seus lábios e lavou a espátula.
— Quer um café?
— O quê?
— Café. — Ergueu os braços para pegar as xícaras no armário. — Você está bem?
— Sim. — Ela meneou a cabeça. — Não, não estou. Estava virando as panquecas na frigideira e me lembrei de alguns detalhes do dia em que saí de Persuasion. — Não conseguiu terminar. — Uma coisa horrível...
— Venha cá. — Alfonso a abraçou, levando-a para a sala. — Sente-se. Vou pegar café, e depois vai me contar tudo.
Anahi tremia, sentindo a cabeça rodar. Teria sido imaginação? E, se fosse verdade, como podia ter se esquecido por tanto tempo?
Fechou os olhos. Talvez se fizesse um esforço conseguisse se lembrar de algo mais.
— Anahi? — Alfonso inclinou-se. — Como gosta de seu café?
Autor(a): ayaremember
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* * *— Duas colheres de açúcar e leite, certo?Madeline ergueu o bule e o serviu. Tinha feito bolinhos de banana e nozes, que ele adorava, mas Matt nem os tocou.Ela suspirou. Colocou a xícara diante dele e sentou-se do outro lado da mesa.— Maddie, vim para pedir que não se meta mais na vida de Alfonso e Anahi.Ela tentou se manter calma, ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 77
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traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:00:39
amei essa web do começo ao fim, parabéns
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traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:13:28
deixou um gostinho de quero mais...poderia fazer uma outra temporada ein??
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traumadarbd Postado em 22/09/2013 - 14:12:13
ayaremember que web fantástica, arrasou, adorei demais....que lindos os Los As nessa web...a cumplicidade, o amor verdadeiro apesar dos anos afastados...a volta deles, enfim...foi mais do que perfeita...só lamento que tenha acabado, adorei a história, os segredos, as revelações, tudo perfeito!!!
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raya_ponchito Postado em 23/08/2013 - 20:01:38
Noooossa quanta coisa 'o' A web é muuito linda mesmo, adorei acompanha-la! Valeu a pena :) Pena que acabou :( Sentirei saudades Ç.Ç
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lyu Postado em 28/07/2013 - 01:42:12
CHORANDO COM O FIM, PERFEITA! PENA Q ACABOU
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lyu Postado em 27/07/2013 - 22:10:05
TO PASSADA
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isajuje Postado em 26/07/2013 - 08:39:55
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' filantropia colocar o namorado da amiga como venda Anahí? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' Sei u_u isso se chama ''sacanagem com a amiga'', filantropia é outra coisa. Mas tudo bem. Até a Madeline dar uma de Carrie o.O e até a Carrie dar uma de vingativa pro lado do Matt...
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lyu Postado em 26/07/2013 - 02:57:38
maais
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raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:13:03
Lindaa demais a reconciliação de AyA *-* Mesmo a briga me tirando do sério ( por culpa da Any ) essa volta deles valeu a pena, enfim se perdoaram de verdade!
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raya_ponchito Postado em 26/07/2013 - 01:10:55
Coitada da Nola! Mais quem disse que era fácil ter homem bonito?! KKKK' Ah, achei tanta graça no drama dela.