Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA

* * *
— Duas colheres de açúcar e leite, certo?
Madeline ergueu o bule e o serviu. Tinha feito bolinhos de banana e nozes, que ele adorava, mas Matt nem os tocou.
Ela suspirou. Colocou a xícara diante dele e sentou-se do outro lado da mesa.
— Maddie, vim para pedir que não se meta mais na vida de Alfonso e Anahi.
Ela tentou se manter calma, mas tudo que queria era apoiar a testa na mesa como fazia quando criança. Precisava descansar. Pegou o bolinho que tinha servido a Matt.
Era tudo culpa de Carrie. Dar ouvidos à amiga tinha sido um grande erro. Migalhas caíam em sua blusa, mas não se dava ao trabalho de limpá-las. Para quê? Afinal, o que tinha esperado? Que aquele homem maravilhoso fosse se interessar por ela, uma mulher mais velha, divorciada e com dois filhos?
— Gosto de você, Maddie.
— Que bom. — Deu outra mordida. Aqueles eram os melhores bolinhos de banana que já tinha feito.
— Vou ser honesto com você. O que fez passou da conta.
Ela assentiu, levando à boca o resto do bolinho.
— Você não tinha o direito de mentir para Anahi, dizendo que Alfonso ia se casar.
Madeline ergueu a mão.
— Espere, deixe-me falar.
— Nada que disser vai atenuar o que fez.
— Não quer me dizer por que nunca mais me convidou para sair? Sou chata? Sou fraca, egoísta e fofoqueira? Minha auto-estima é tão baixa, que não consigo dizer "não" a Carrie?
Matt permaneceu em silêncio.
— Ela me falou que, se eu conseguisse fazer Anahi ir embora, reservaria todos os quartos da pousada para uma conferência em abril. Então, resolvi dizer a ela que Alfonso estava noivo. Liguei para a assistente de Carrie depois, para confirmar a data da conferência. Ela não sabia de nada.
— Carrie subornou você.
— E eu caí direitinho.
— Bem, Maddie, o problema começou quando você contou a ela sobre a chegada de Anahi. A mulher perdeu a razão.
Madeline riu.
— Ela já estava um pouco alucinada antes de Anahi voltar. Você não faz nem idéia.
Ele cruzou os braços.
— Como assim?
Havia dez hóspedes na pousada e o jantar precisava ser servido logo.
— Pelo menos o sexo foi bom, não?
Era difícil de acreditar, mas ela havia deixado Matt Herrera sem-graça. Era divertido vê-lo corado daquele jeito.
— Sim, foi bom.
— Ótimo, sem ressentimentos, então. Carrie é maluca. A cerimônia está marcada para a véspera do Natal. Ela acredita piamente que Alfonso vai se casar com ela.
— Como? — Matt estava pasmo.
— Isso mesmo. Já encomendou os arranjos de mesa, contratou uma banda e o serviço de bufê e encomendou os vestidos das madrinhas.
— Que loucura!
— Pois é. Ela até veio me mostrar o vestido de noiva.
Matt ergueu as sobrancelhas, muito sério.
— Onde vai ser essa cerimônia?
— Acho que ela falou de um museu.
— Preciso ir.
Madeline levantou-se.
— Maddie, nem experimentei seus bolinhos. Você se importaria de me dar alguns para levar?
Ela colocou cinco deles num saco de papel, lisonjeada com o pedido.
— Obrigado. — Beijou-o no rosto.
Ela o acompanhou até a porta, radiante com o beijo.
— E você, Matt? Como estão as coisas?
Ele se virou lentamente.
— Muito bem. ótimas.
— Que bom, fico contente. Qual é o nome dela?
— Ela não é daqui.
— É de Elkins?
— Não, Baltimore. Só saímos uma vez, mas ela é muito especial.
Madeline notou o brilho nos olhos dele. Conseguiu forçar um sorriso, não acreditando em tamanha injustiça. Se Matt dissesse que estava namorando a amiga de Anahi, ela iria surtar.
— Eu conheço essa garota de sorte?
— Hum... — Matt avistou a caminhonete no estacionamento. — É a amiga de Anahi, Nola.
— Devolva meus bolinhos!

Alfonso aumentou a velocidade do limpador de pára-brisa e ligou o desembaçador.
Matt tinha insistido em acompanhá-lo a Charleston, mas ele recusara. Com a ajuda dos policiais locais, poria um fim ao conto de fadas de Carrie. Matt já havia feito sua parte. Baseado nas informações de Madeline, tinha descoberto os detalhes do plano de casamento: horário, local, aluguel de limusine, lua-de-mel. Meneou a cabeça. Até onde tinha chegado a loucura de Carrie!
Estacionou o carro e entrou no prédio, subindo ao sexto andar.
— Olá, Alice, tudo bem?
A assistente levantou a cabeça.
— Dr. Herrera? Há quanto tempo! Como vai?
— Carrie está?
— Sim, mas...
— Obrigado. — Alfonso dirigiu-se à porta do consultório.
— Espere, por favor. — Alice correu até ele. — Desculpe me intrometer — falou baixinho. — É que a dra. Mathis não anda muito bem, vem tendo comportamentos estranhos ultimamente.
— Sim, eu sei.
— Seria estresse por causa do casamento?
Nesse instante, dois policiais entraram. Alfonso os cumprimentou e pediu que lhe dessem cinco minutos antes de entregar a ordem judicial.
Alice entrou em pânico.
— O que está acontecendo? O que a dra. Mathis fez?
— Não vai haver casamento nenhum — ele respondeu. — Os policiais vieram entregar a Carrie uma ordem judicial para que fique afastada de mim.
— Não vai haver casamento?
— Não. Com licença, Alice.
Quando entrou no consultório, Carrie ergueu os olhos da tela do computador. Sorriu, surpresa, e se levantou.
— Olá, Alfonso.
— Sinto muito, Carrie. — Sentou-se. — Não gostei da escolha do bufe.
Ela passou os olhos pela sala.
— É ótimo que tenha vindo. Precisamos discutir os detalhes da cerimônia. — Sentou-se, parecendo sem jeito.
— A farsa acabou, Carrie.
— Sinto muito. Acho que me deixei levar pela fantasia. — Ela não tentou argumentar ou reverter a situação.
Alfonso sentiu vontade de rir, mas alguma coisa na expressão dela o consternou. Apesar de mesquinha e manipuladora, sabia que, no fundo, ela era apenas mais uma pessoa com medo de encarar a realidade.
— Conhece algum médico a quem consultar?
Ela não pareceu ofendida com a pergunta.
— Marquei uma consulta com o dr. Mark Gulledge. Deram-me boas referências dele.
— Ele é muito bom e, com certeza, vai ajudá-la — ele concordou.
— Na verdade, é um caso simples: compulsão para sexo, tendências obsessivo-compulsivas, um pouco de esquizofrenia.
— Você precisa cancelar todos os preparativos imediatamente. Quem mais está sabendo?
— Apenas Alice e Madeline. Seria uma cerimônia íntima, para poucos convidados. Já está tudo cancelado.
— Tem que seguir com sua vida de agora em diante.
— Estou tentando.
— Sem interferir na vida de Anahi e na minha. Nunca mais.
— Está bem.
— Alguns policiais estão aí fora para lhe entregar unia ordem judicial.
Carrie apavorou-se.
— Não, por favor! Não é necessário.
— Você não me deu escolha.
Alfonso não sabia mais o que dizer. Ela estava amedrontada e envergonhada. Não eram reações próprias dela.
— Você está tomando alguma medicação?
— Claro que não.
Alfonso não se convenceu.
— Está bem. Tomei um calmante. Ando pensando em largar meu trabalho. Preciso de um tempo para pensar, saber o que fazer da vida.
Alfonso levantou-se.
— Acabou. Você está convencida disso agora, não?
— Sim. — Ela riu. — E não é que acabei dizendo "sim” para você?
Era triste concluir que, sob aquele exterior normal, estava uma mulher desequilibrada.
— Por que a mudança de idéia repentina? O que a fez decidir parar com essa loucura?
Carrie o acompanhou até a porta.
— Eu estava me tornando uma pessoa tão demoníaca, que comecei a ter medo de mim mesma.
Abriu a porta. Os policiais aguardavam do lado de fora.