Fanfic: CORAÇÕES FERIDOS - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA

O silêncio foi interrompido pelo rosnado de Loretta.
— Alguém pode colocá-la para fora, por favor? — Alfonso pediu. Cliff começava a falar quando Anahi o interrompeu:
— Ninguém diga nada. Preciso processar tudo isso. — Virou-se para Aidan, que parecia tranqüilo. — Você está bem?
Ele assentiu.
— E você?
— Não. Minha vida não passou de um monte de mentiras! Todos esconderam a verdade de mim, achando que me faziam um grande favor. Meu Deus!
Cliff tentou interromper, mas Anahi não deixou.
— Por que não me contou, Cliff?
— Porque minha vida também era uma mentira, Anahi. Jurei à sua mãe que não falaria nada. Betty dizia que um dia ia lhe contar, quando fosse a hora certa. Foi somente um mês antes de ela morrer que eu soube das caixas. Quando você me disse que ia voltar a Persuasion, imaginei que era apenas questão de tempo para que soubesse de tudo.
— Virgil não é meu pai. — Anahi ainda estava abalada, mas ao mesmo tempo aliviada.
— Sua mãe fez com você o mesmo que fez comigo — Aidan comentou. Não havia ressentimento em sua voz. — Ela fez o melhor que pôde, mãe. Estava protegendo a filha, assim como você me protegeu.
Loretta continuava rosnando e latindo do lado de fora.
— O que está acontecendo com essa cachorra? — Alfonso estava irritado com o comportamento de Loretta.
— Deve ser um esquilo — Matt comentou.
— Então, você é meu avô! — Aidan olhou para Cliff e sorriu.
— Meu Deus... — Anahi disse. — Phyllis me deixou todo aquele dinheiro porque eu era sua sobrinha.
— Raio de Sol, ela deixou a herança para você porque a amava.
— Veja pelo lado bom, Anahi — Nola disse, levantando-se. — Você não vai precisar trocar seu sobrenome novamente!
Anahi riu.
— E nunca mais terá que se preocupar com Virgil, já que ele não é nada seu — Matt acrescentou.
— Phyllis também mentiu — murmurou. — Não é à toa que passei minha vida toda mentindo. Isso vem de família.
Barbara levantou-se e reuniu as netas.
— Agora, é um bom momento para comermos torta — disse, tirando as crianças da sala.
— Espero que possa me perdoar um dia, Anahi. Tente perdoar sua mãe e Phyllis também. Só queríamos o melhor para você e Aidan. — Cliff tinha lágrimas nos olhos. — Virgil sabe que sou seu pai — continuou. — E ameaçou me matar se eu voltasse aqui.
Loretta continuava latindo no quintal.
— O que há com ela? — Alfonso perguntou. Ouviram batidas na porta.
— Eu atendo — disse uma mulher. Anahi assustou-se. Quem era ela?
— Essa é a sua tia Rita? — Jeff perguntou. — Estou perdido, não entendi nada.
— Não — Matt respondeu, rindo. — É Joanna Loveless, do jornal.
Joanna Loveless? Anahi levantou-se, em pânico, Fazia quanto tempo que estaria escutando a conversa?
Joanna abriu a porta, e Virgil cambaleou para dentro, apoiado em Carrie.
— Antes que digam alguma coisa, saibam que não estou violando a ordem judicial por vontade própria. — Carrie passou os olhos pela sala. — Alfonso, me ajude a levá-lo para o sofá. Matt, chame uma ambulância. Você... — Carrie olhou para Aidan. — Meu Deus! Você deve ser Aidan! Pegue um cobertor.
— Ninguém se mexa! — Virgil deu uma cotovelada no rosto de Carrie, que caiu no chão. Tremendo, apontou a arma para Anahi. — A culpa é toda sua! — Apertou o gatilho.

Madeline estava enojada consigo mesma. Era difícil admitir, mas Carrie tinha razão. Precisava crescer e seguir em frente, dar um basta naquele ciúme bobo e parar de interferir na vida dos outros. Decidiu levar uma torta de chocolate e desejar feliz dia de Ação de Graças a todos. Cobriu a assadeira com plástico e colocou um laço.
Foi andando apressada pela calçada. Viu o carro de Carrie estacionado na esquina. Onde estaria ela? Teria batido de porta em porta, implorando por um prato de comida? Prometeu a si mesma que, se a encontrasse no caminho, a convidaria para jantar em Cherry Hill.
Estranhou que a porta da casa de Anahi estivesse aberta. Foi até lá e colocou a cabeça para dentro da sala, vendo, então, as pessoas aterrorizadas e o corpo de Carrie no chão. Escutando-a chegar, um homem se virou para ela com os olhos perturbados e uma arma na mão.
Madeline gritou e ergueu a assadeira na frente do rosto.
Houve um disparo. A assadeira se entortou com o impacto da bala e caiu no chão, assim como Virgil. Imediatamente Matt jogou-se sobre ele. Pelo celular chamou uma ambulância e ligou para a delegacia.
Seis horas depois, policiais de outras cidades, legistas e jornalistas lotavam a pousada. O acontecimento tinha agitado a pequena cidade de Persuasion.
Virgil fora atingido pela própria bala que havia disparado. O projétil tinha ricocheteado na assadeira, acertando-o na cabeça.
Aidan e Rachel já estavam de partida.
— Voltarei no fim do semestre. Amo você, mãe. — Abraçaram-se longamente. Anahi teve a impressão de que o namoro com Rachel não ia durar muito tempo, depois de tudo que a garota tinha presenciado.
Nola circulava pela pousada com uma bandeja de doces.
— Madeline disse que o evento foi adiado para o próximo mês. Todos foram avisados, não precisamos nos preocupar.
— Graças a Deus. Ela é incrível, não acha? Nola riu.
— Ninguém dá conta de uma cozinha tão bem quanto ela. Anahi sorriu.
Estamos todos ligados como peças de um quebra-cabeça incompleto... Mesmo sem ter conhecimento, tinha tido uma família que a amava. Phyllis era sábia.
— Vamos sair daqui — Alfonso disse, ajudando-a a se levantar.
Já na caminhonete, Anahi perguntou, preocupada:
— Aconteceu mais alguma coisa?
— Preciso ficar com você. A sós.
— Onde? Não posso ir para casa.
— E quem disse que vou levá-la para lá?
Alfonso estacionou em frente à mansão Herrera. Pegou Anahi no colo, correu para o quarto e colocou-a na cama. Tirou suas roupas e as dela e deitou-se, abraçando-a e suspirando longamente.
— Que bom! Agora posso respirar.
Anahi sorriu e se agarrou a ele. Percebeu que, pela primeira vez em muitas horas, ela também respirava em paz. Sentiu o corpo de Alfonso estremecer e ouviu-o chorar.
— Meu Deus, Anahi, eu poderia ter perdido você para sempre.
— Estou aqui, meu amor. Nunca mais vou a lugar algum sem você.
— Quem você ama?
— Alfonso Herrera, para sempre. E quem você ama?
— Anahi Portilla, para sempre.

Dois anos depois
Os críticos consideraram a escultura de Virgil Portilla a obra-prima da loucura. Tão bizarra quanto sua história, que a mídia espalhou pelo mundo, a peça foi vendida pela fantástica soma de dois milhões de dólares, que foram doados a uma instituição de combate à violência doméstica.
Aidan estava muito feliz. Entrava no último ano de Engenharia Bioquímica e já iria ingressar no programa de mestrado. Além disso, tinha ganhado uma irmãzinha, Fiona, que estava com dois meses.
O Centro de Planejamento Familiar Phyllis Turner, um anexo da clínica Alfonso Herrera, fora inaugurado recentemente. Anahi estava terminando o curso de pós-graduação em Psicologia e atendia como voluntária três vezes por semana.
— Ouviu isso? — Anahi ficou imóvel.
O casal comemorava o aniversário de casamento deitado num cobertor à beira da estrada.
Alfonso virou-se na direção do carro. Fiona teria acordado?
Identificaram o som: um rosnado baixinho e unhas arranhando o carpete.
— Loretta está sonhando. — Anahi procurou conter o riso.
Alfonso fitou o lindo rosto sorridente de sua mulher. Tinham um ao outro, e ser pai era a melhor coisa do mundo.
— Para falar a verdade, às vezes acho que nossa vida é um sonho também.

FIM! 

Obrigada a cada uma de vocês que acompanhou essa web, espero que me acompanhem na próxima:

Entregue seu coração. 

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