Fanfic: Pequena Cupido

Quando cheguei em casa Dulce tinha o rosto inchado e os olhos vermelhos de tanto chorar, ela me deu alguns tapas antes de me abraçar forte, mas o fez, em meio ao choro e soluços.
-pensei que ele tinha te machucado, pensei que nunca mais ia te ver.

-não se preocupa coração, eu resolvi o problema e Pablo nunca mais chegara perto de você.

-o que você fez?

-desfigurei a cara dele – falei naturalmente.

-Ucker você está ferrado, ele é perigoso.

-não é não, ele só é perigoso com você, por que é frágil, comigo ele não passa de um franguinho, ele entendeu meu recado, nunca mais ira te perturbar.

-promete?

-claro que sim. Agora quero que me conte tudo o que estava acontecendo e eu não sabia.
-você não precisa saber – Dulce se apartou dos meus braços e se sentou no sofá.

Maite apareceu com o semblante cansado, quando me viu sorriu aliviada.

-onde você se meteu seu maluco? – ela perguntou me abraçando.

-fui conversar com Pablo.

-estou vendo – ela disse olhando para minhas mãos sujas de sangue, só então me lembrei de lava-las, eu o fiz e voltei para a sala.

-Bom, acho que os dois precisam conversar, Lilly pareceu notar o clima ruim, foi um pouco difícil mas ela acabou pegando no sono – disse Maite.

-Muito obrigado por cuidar delas, Maite.

-não por isso ucker, sobre os documentos, eu vou conversar com meu ex, farei de tudo para mudar essa situação, mas agora vou para casa, estou exausta.

-muito obrigada Maite, desculpa por ter gritado com você – Dulce disse sem graça.

-não precisa se desculpar, conte tudo á ele Dulce. – Dulce deu um sorriso rápido e sem graça, abaixando a cabeça.

Maite se despediu e saiu, e então eu estava a sós com Dulce, que não falou nada apenas permaneceu com a cabeça baixa, se recusando a olhar para mim, com cuidado peguei seu braço, ela olhou para mim com os olhos pedindo para que eu não fizesse aquilo, mas fui desobediente quando subi a manga a sua blusa e bem perto do ombro estava a marca roxa, cinco dedos perfeitamente marcados ali, senti meu coração ser apertado até me faltar o ar, com cuidado toquei ali, mas Dulce deu um pulo de susto e dor, ela me olhos nos olhos e logo depois abaixou a cabeça.

-quando foi? – perguntei sobre o hematoma.

-ontem de noite, quando voltamos da igreja tivemos uma discussão no carro, eu pensei que havia acabado a discussão ali mesmo, mas quando ele me deixou na minha casa, pediu para descer, eu deixei e então ele me segurou pelos braços e me jogou no chão, bati a cabeça na quina e desmaiei, quando acordei, ele já não estava mais la – disse Dulce com a voz embargada, após me contar tudo ela limpou uma lagrima que começou cair em seu rosto e agora eu me arrependera de não ter matado logo Pablo ao invés de deixa-lo apenas desacordado.

-houve mais vezes? Desde quando?

-sim, desde quando ameacei de deixa-lo, ele me deu um tapa no rosto e então sempre que eu falava algo que ele não gostava, ele me batia.

-tem outras marcas Dulce? – perguntei, ela assentiu – onde?

Ela levantou a blusa, na cintura havia uma marca roxa de cinco dedos e nas costas havia outro hematoma, ela abaixou a blusa e virou a cabeça, levantou o cabelo e na sua nuca havia um corte pequeno.
Eu já não sabia o que falar ou fazer, um turbilhão de sentimento e pensamentos passava pela minha cabeça agora, mas o mais forte dos pensamentos era acabar com a vida de Pablo, e o maior dos sentimentos era fazer Dulce nunca mais sofrer por nada.

-por que nunca me contou? – perguntei

-por que eu sabia que você faria o que fez hoje, e eu tinha medo dele fazer algo com você, na verdade ainda tenho medo.
Ele me ameaçou ucker, disse que se eu contasse para alguém, ele acabaria com a sua vida e com a de Lilly, então eu agia como se tudo estivesse bem.

-você iria se casar com ele – afirmei incrédulo, mais para mim mesmo do que para ela.

-se ele continuar com as ameaças, eu ainda me casarei com ele, só não quero que ele faça mal á vocês.

-esqueça isso, você não vai se casar com ele, eu não permito ok?

-ok.- Dulce respirou fundo, seu semblante era de preocupada, eu a puxei para meus braços e a abracei, ela escondeu o rosto em meu peito.

-me perdoa – disse

-pelo que? – ela perguntou

-por não ter notado tudo antes, por você ter sofrido tudo isso.

-eu escondi tudo, você não tem culpa.

Beijei sua testa e deitei minha cabeça sobre a dela.

-obrigada por estar aqui agora. – Dulce disse baixinho.

-que tipo de cara seria eu, se não estivesse aqui quando você mais precisa?

Dulce suspirou e a vi fechando os olhos, nos encostamo-nos ao sofá e eu a deixei entre meus braços, a ninando até que ela dormisse, quando o fez, a levei para meu quarto e a deitei em minha cama, tirei seu sapato e a cobri, logo após tomar um banho me deitei também. Dulce se aninhou ao meu corpo colocando o nariz em meu pescoço.

-ucker – ela sussurrou

-estou aqui – sussurrei de volta.

-eu te amo – ela sussurrou.

E pela primeira vez naquele dia, meu coração teve um sentimento de alegria e ternura, beijei sua bochecha e passei minha mão em seu rosto de veludo.

-me deixa cuidar de você, pequena? – pedi

-deixo – ela sussurrou e então um sorriso um tanto bobo escapou de mim.