Fanfic: Não me deixe agora. | Tema: Original, Romance, Comédia, Drama.

- Vamos Mari, já está atrasada. As férias acabaram e tu ainda nessa moleza. A vida não é um moranguinho meu amor, você precisa ir pra aula.- Falou Bianca, a dona da voz mais irritante do mundo, abrindo as cortinas e deixando a luz tão linda do dia entrar no quarto.

“Minha irmã é um porre, fala sério. Pra que fazer um discurso todo desse, se o que é necessário pra me fazer acordar é dizer: “Oi, já está na hora. Vá se arrumar.” Por que ela não arruma logo um marido e me larga de mão? Não, nada disso.” Balancei a cabeça negativamente. Ainda bem que foi só pensamento, não quero ela longe de mim. Preciso da minha irmãzinha mais velha do meu lado e não quero sobrinhos tão cedo pra não ser chamada de titia em plenos 16 anos.

- Ta bom, ta bom. Já vou me arrumar. Agora desça e faça o café pra mim, empregada. – Dei um leve sorriso.

- Olha como fala comigo Mariana, me respeite que eu sou mais velha e muito mais madura que tu.- Olhei pra ela com a sobrancelha levantada e logo caímos na gargalhada.

Minha irmã nunca foi do tipo: “Oi, eu sou uma menina responsável, não ajo como uma criança e tenho mais cabeça que minha irmã.” Pelo contrário, ela sempre foi a mais brincalhona da família, sempre teve aquele ar sapeca de criança e sou eu na maioria das vezes que dou conselhos pra ela, as vezes parece que trocamos de papel.

- Vai te catar Bianca, tu nem sabe qual é o significado de ser madura.- Falei me levantando para ir ao banheiro.

- Que seja. – Ela saiu do quarto cantarolando, sempre com aquele ar brincalhão, para arrumar o café.

Meus pais se mudaram antes de começar as férias porque meu pai recebeu uma oportunidade de emprego que não podia recusar, mas logo eles voltam. Enquanto isso é só eu e minha irmã, uma cuidando da outra, como sempre foi. Às vezes me pego pensando: “Que ideia de jerico foi essa dos meus pais deixarem minha irmã cuidando de mim?” Mas ela cozinha bem, sabe? Nós conseguimos nos virarmos sozinhas. Mesmo ela sendo avoada, nunca deixou de cuidar de mim, posso até arriscar a dizer que ela cuida melhor de mim que meus pais, deve ser por isso que nossos pais permitiram nos deixarem sozinhas.

Me arrumei o menos possível, só na maquiagem que abusei, como sempre. Usei rímel até não poder mais e um lápis preto para dar destaque aos meus olhos azuis, que conseguiam ser verdes e até cinzas de vez em quando. Desci e lá estava ele, meu sucrilhos adorável de chocolate prontinho pra ser devorado.

- E aí, fiquei sabendo que tem gatinho novo na área. – Bianca me tirou da transe que eu estava olhando aquele sucrilhos que me chamava cada vez mais.

- Oi? Gatinho novo na area? Parece a mamãe falando. – Falei sentando-me na cadeira.

-  Ah, te liga pirralha. Eu não estudo no colégio e sei de mais coisa que tu. Parece que um garoto se mudou para cá e foi  transferido pro teu colégio e adivinha? Para tua turma, sorte ein? Aiai, e eu precisando aguentar aqueles idiotas na faculdade. –Nem dei bola pro que ela falou, continuei me deliciando naquela delicia que atende-se por sucrilhos, ô comidinha bem boa.

Terminamos o café e minha irmã me levou pra escola, a faculdade dela começava só amanhã porque o diretor é problemático.  Quando cheguei na escola, “OH MEU DEUS, NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO ISSO COMIGO, NÃO ACREDITO QUE ISSO TA ACONTECENDO. MANA, ME ESPERA QUE EU TO VOLTANDO CONTIGO PRA CASA.” tive vontade de sair correndo, cheguei a virar e dar o impulso, mas Lia, minha melhor amiga, me interrompeu e me deu um abraço daqueles que tu não tem como escapar. Ela começou a falar e falar e nunca calava a boca, eu não prestei atenção em nada do que ela falou, só fixei meu olhar em uma pessoa: Bernardo. O que ele tava fazendo aqui?

O sinal tocou e eu e a Lia fomos em direção a aula. Entramos na sala e logo me veio à cabeça: “É, acordar nem sempre é a melhor das hipóteses.”

- Mari, acho que tu falou em voz alta. – Quando me dei conta, estava encarando Bernardo com uma cara nada agradável.