Fanfic: Ponny Fora de Série | Tema: Ponny (RBD)

  Cheguei ao pátio e logo avistei a Dulce na fila da cantina. Ela estava com a Maria Fernanda e a Laura, e eu me aproximei devagar.

  "Oi...", eu falei baixinho. "É aqui que é a cantina?"

  As três me olharam como se eu fosse cega. Era óbvio que ali era a cantina. Estava escrito "CANTINA" de todo tamanho e, além disso, todo mundo em volta estava comendo coxinhas, pães de queijo e sanduíches. Mas eu tinha que puxar algum assunto, né?

  A Dulce deu um sorrisinho pra mim, e as outras duas reviraram os olhos, o que fez com que eu me sentisse excluída. Comprei meu lanche e sai de perto das três, não queria parecer um entrusa. Decidir ir pra sala.

  Assim que entrei na sala, percebi que tinha só uma pessoa lá dentro, um menino com um fone de iPod no ouvido, parecendo estar muito concentrado na música. Assim que me viu, ele tirou o fone e se levantou. Vi que era o mesmo garoto que tinha pegado meu lugar.

  "Oi!", ele disse sorrindo. "Me pegou no flagra! Eu estava aqui ouvindo as músicas do Alfonso, ele falou que só ia me mostrar no final da aula, mas a irmã dele, nas férias, trouxe novos CDs do Canadá, e o meu pai vem me buscar hoje, você sabe como é, ele nunca atrasa, aí eu não ia poder ouvir nada direito. Então fui correndo na cantina, peguei uma empada e vim comer aqui mesmo. Aceita?"

  Ele falou tão rápido que eu nem entendi direito a explicação, ele parecia meio nervoso. O cabelo dele estava atrapalhado, e as bochechas vermelhas, como se ele estivesse fazendo alguma coisa errada... Será que ele estava roubando o iPod do amigo dele? Resolvi que era melhor me afastar, antes que eu me tornasse cúmplisse do que quer que seja que ele estivesse fazendo ali. Dei um sorriso meio amarelo e fui em direção a minha carteira, pra pegar o meu celular.

  O menino na mesma hora, guardou o aparelho e o fone na mochila e veio atrás de mim.

  "Você é aquela Anahi, que estava aqui sentada na sala desde o primeiro horário diferente de uns e outros, né?"

  Eu sorri, sem saber se pelo fato dele mais uma vez ter repetido o que a Dulce havia dito, ou por ter se lembrado de mim.

  "Prazer!", ele disse estendendo a mão. "Eu sou o Leo!"

  Apesar de ainda está meio receosa, eu apertei a mão dele, afinal, ele era a única pessoa naquele dia que estava sendo "meio" legal comigo.

  "Você é sempre calada assim?", ele perguntou.

  Comecei a rir, pois "calada" não era um adjetivo adequado pra mim. 

  "Não...", eu disse. "Na verdade, sou até bem conversadeira, mas prefiro interagir com outras pessoas, falar sozinha não é minha maior habilidade, acho que não tenho muito o que discutir comigo mesma..."

  Ele riu, mostrando duas covinhas. "Você é de onde? Tem um sotaque diferente!" 

  "Sou da Cidade do México... quer dizer, eu nasci aqui, em Monterrey, mas eu fui pra capital quando tinha dois anos, porque meu pai arrumou um emprego lá."

  "Ah, que legal! Veio pra ficar?"

  Tava achando meio estranho ter que contar minha vida para aquele garoto que só tinha conhecido havia apenas uns 10 minutos. Mas era o unico que parecia querer me conhecer.

  Continuei conversando com ele, até o sinal tocar. Ele foi andando até o fundo da sala, mas então o chamei: "Leo! Quer dizer... Leonardo?"

  Ele voltou.

  "É Leo mesmo. Leonardo é só pra quando estão brigando comigo."

  "Leo...por que mais cedo a Dulce te tratou daquele jeito? E por que você deixou?"

  Ele balançou os ombros, como se não se importasse e falou: "Ah, ela me ama!"

  Fiquei olhando pra ele, esperando ele falar o motivo verdadeiro. Ele olhou rápido para a porta, certamente pra ver se ela estava vindo, e então falou "Bom... quando a gente estava na quinta série, eu coloquei uma tachinha na cadeira dela e acho que até hojé, ela não me desculpou! Quando sentou, ela deu um berro tão grande que deu pra escutar até do terceiro andar!" 

  Comecei a rir. Ele riu também, e só percebemos que a Dulce entrou na sala quando ela chegou bem perto e perguntou qual era a piada. Ele saiu se direcionando para o lugar dele, e eu disse a dulce que não era nada. Nos sentamos e vi que a próxima aula era de Geografia e que por sinal, a professora já havia chegado na sala. Me abaixei para pegar meu caderno, quando levantei para prestar atenção no que a professora - que parecia uma tia louca - estava falando, a mesma me viu. Não só me viu, mas interrompeu a frase que estava dizendo, e parou na minha frente.

  "O que temos aqui? Uma novata?", ela perguntou, olhando fixamente pra mim.

  Eu fiz que sim com a cabeça, então ela olhou para o resto da turma e disse: "Vocês sabem o que isso significa?"

  De repente, todos os meus colegas começaram a bater as duas mãos nas carteiras, assobiando e dizendo alto: "Entrevista, entrevista, entrevista!". O barulho era tanto, que parecia que a gente estava em um estádio de futebol! E que entrevista seria aquela?

  Olhei aflita para a Dulce, mas ela só me disse: "Ai, desculpa, me esqueci de falar isso pra você...", e então a professora me puxou pelo braço e só me largou quando me colocou na frente da sala, em pé, diante de todo mundo.

  "O que está acontecendo?", eu perguntei meio assustada.

  "Minha querida", a professora disse, "hoje você não pode perguntar nada. Você só vai responder." E virando-se para a turma perguntou: "Quem vai fazer a primeira pergunta?" Várias pessoas levantaram as mãos, pedindo a palavra.

  "Anahi Giovanna Puente Portilla, não é isso?"

  A professora louca tinha acabado de pegar uma cadeira para que eu me sentasse, ao mesmo tempo que olhava a lista de chamada.

  "Puente é um nome bem sugestivo...E Portilla... você é italiana?"

  "Meu bisavô era italiano" Eu comecei a explicar. "Meu avô paterno também nasceu na Itália, mas veio para o Brasil ainda criança. Ele nunca mais voltou lá, e eu também nunca pisei no território italiano. A única língua que eu entendo é português e espanhol, apesar de algumas pessoas já terem me perguntado se eu falo grego."

  Alguns alunos deram risinhos. Continuei: "Eu assisti também um filme italiano, e acho que a minha fisionomia não parece muito com o daquelas pessoas. Eu puxei mais a família da minha mãe. Quer dizer, a minha altura, eu erdei do meu pai, que já foi inclusive, jogador de basquete, na época do colégio. Mas eu sinceramente espero que eu cresça no máximo mais dez centímetros, pois eu realmente não gostaria de passar de um metro e 75. Senão a minha mãe disse que vou ter dificuldade de encontrar um namorado mais alto que eu..."

  Dessa vez, masi pessoas riram um pouco mais alto. Eu fiquei meio sem graça, eu sabia que eu estava falando demais, isso acontecia a cada vez que eu ficava nervosa.

  "Ora, ora, ora..." a professora veio em minha direção. "Normalmente precisamos de no mínimo uma cinco perguntas para descobrir alguns detalhes dos novatos, mas, sem que ninguém fizesse nehuma, você já contou bastante coisa interessante... Gosto de alunos assim! Muito prazer, Anahi, meu nome é Glória, sou professora de Geografia dos seus colegas à três anos e nós sempre fazemos essa brincadeira de entrevistar os alunos novatos. Você está pronta pra começar?" Eu respondi que sim, ficando de pé.