Fanfic: One More Day | Tema: One Direction
Passou-se uma semana e eu não troquei uma palavra com a minha família, a Laura ficou sabendo da minha gravidez quando eu passei no hospital para pegar uns exames e como ela trabalha lá me viu.
O Charlie e o Spencer ainda não sabem de nada, e pretendemos não contar. Afinal são coisas pessoais. O único problema seria quando minha barrigada começasse a crescer, graças a Deus eu não tinha nenhum desfile marcado então as chances de passar mal e descobrirem eram bem menores.
Hoje era terça-feira, eu tinha acabado de sair da faculdade, fui direto para a casa. Por causa da gravidez achei melhor parar de comer alimentos industrializados então agora eu fazia almoço todo dia. Querendo ou não a Dani entrou na minha dieta.
Eu e o Harry não tínhamos conversado sobre nomes e nem sobre o sexo do bebe, mas eu sentia que era um menino. O Harry estava viajando com a banda e voltaria quarta-feira, depois teria uma semana de folga.
Não me encontrei mais com o Austin, também não sabia como contar para ele sobre o bebe e o casamento. A Hellen ficou super feliz quando contamos a ideia do casamento, já a minha mãe não queria nem ver a minha cara. Isso me matava, me corroia por dentro, mas eu me mantia forte e não voltaria atrás.
Eu estava de quatro semanas e a barriga não tinha crescido praticamente nada, só os que sabiam da verdade poderiam dizer que tinha aumentado o mínimo. Isso era bom. Eu, a Hellen e as meninas estávamos super ocupadas com as coisas do casamento, por enquanto tínhamos apenas pesquisado preços e os produtos. O vestido seria a última coisa que escolheria por causa da barriga. Estava morrendo de medo pelo fato de me casar e construir uma família. Esse sempre foi meu sonho mas não agora.
Estávamos tentando manter tudo longe dos ouvidos e olhos da imprensa. Seria tudo em segredo ou então mais para a frente anunciaríamos o casamento, junto com a gravidez. Eu também tinha medo das fãs dele, no começo do namoro já foi difícil.
Enquanto terminava de almoçar meu celular tocou.
- Luiza querida, vamos as compras comigo hoje? Preciso comprar as coisinhas dos bebes e o Charlie está ocupado – a Jose falou rápido. Sim, claro, bebes.
- Ah – gaguejei – ta. Tudo bem.
- Que bom, passo na sua casa daqui meia hora?
- Tá.
- Beijos.
Ela desligou antes que eu pudesse dar tchau. Ela estava tão empolgada... será que um dia eu ficaria empolgada assim com o meu bebe? Afinal, eu não sabia porque estava lamentando tanto. Hello! Eu estava grávida! Quantas vezes pode curtir uma gravidez? Acho que estava na hora de parar de sofrer e começar a aproveitar. Tomei um banho e coloquei um short jeans claro desfiado nas pontas, uma blusa amarela com desenhos pretos e uma sandália gladiador. Peguei a bolsa e coloquei tudo o que precisaria dentro. Logo a Jose passou em casa e juntas fomos para o shopping. Ela comprou os berços, uma cômoda para por as roupinhas, banheira... e eu só olhava com desejo de comprar para mim também. Mas ainda era muito cedo. Depois das compras ela ia me deixar em casa, paramos no semáforo e eu segurava umas coisas que ela tinha comprado.
- O que você compro que pode estar vazando? – perguntei mexendo no monte de sacolas que estava no meu colo.
- Eu não comprei nada que tem liquido – ela arqueou as sobrancelhas. Passei a mão pelo estofado do banco e meus dedos ficaram vermelhos.
- Ai meu Deus, eu to sagrando – gritei.
- Socorro, vou te levar pro hospital – ela virou o carro com tudo e pegou a avenida pro hospital.
- Meu bebe – coloquei a mão sobre a barriga.
- Bebe?
- Eu to grávida, pelo menos estava – comecei a chorar.
- Grávida? Você tem 17 anos!
- Eu sei. Mas não é hora para sermão, pelo amor de Deus me leva pro hospital – enquanto ela dirigia liguei para a minha médica e ela disse que estava no consultório e que não dava para sair de lá agora, mas tentaria ir para lá. Liguei para a Laura e ela disse que estava no hospital. A Jose entrou no estacionamento como uma louca e chamou uns enfermeiros que estavam em horário de folga para me ajudar pois ela estava grávida de gêmeos. Eles me ajudaram a entrar pelos fundos do hospital e a Laura veio até mim.
- Lu? Fica calma tá?
- O meu filho Lau.
- Ele vai ficar bem, calma.
Eles me levaram para uma sala com aparelhos e começaram a fazer exames, inclusive ultrassom. Uma dor aguda pontou no meu abdome e eu dei um grito.
- Eu tenho que falar com o Harry.
- Tá, já fizemos os exames, em minutos já falaremos o que é. Pode usar o celular – um dos médicos disse.
Peguei meu celular e liguei pra ele.
- Haroldo? – perguntei chorando.
- Luiza, o que foi?
- Eu to no hospital. Eu sangrei. To com medo.
- Você o que? Calma, não deve ser nada. Droga! Eu nunca estou por perto.
- Para. Não se culpe.
- Fica calma, vai ficar tudo bem, se eu pudesse adiantava minha chegada mas não tem como. E por enquanto é melhor o Spencer ficar fora disso. Juro que amanhã a primeira coisa que vou fazer vai ser ir na sua casa.
- Tá – enxuguei as lágrimas – imagina se agora, depois que enfrentamos tudo isso... acabasse.
- Não vai acabar. Fica calma.
- Os médicos estão me esperando, tenho que desligar.
- Fica com Deus. Te amo.
- Também te amo.
Desliguei o telefone e a Laura entrou no quarto com o nariz vermelho.
- Lu, na vida tem coisas que vem para o bem e as outras para lhe ensinar alguma coisa – ela se sentou em uma cadeira perto da minha cama – Sabe aquela frase: “Nunca um erro, sempre uma lição” ? Nós não podemos lamentar por algo que não deu certo. Temos sempre que continuar em frente, aprender com os erros e sempre levantar depois do tombo. Deus não nos da desafios impossíveis de serem realizados. – eu comecei a chorar, já tinha entendido – Eu não tenho muita experiência assim no hospital, mas fiz muitos cursos e assisti a muitas aulas na faculdade. Além de aprender o conteúdo ensinado, aprendi que as vezes é melhor um fim sem explicação do que saber a verdade. Talvez ela fosse dura de mais, talvez não daria certo se continuasse. Por isso, alguma força maior alivia a dor. – ela começou a chorar – Na maioria das vezes não entendemos o por que de acontecer com a gente mas talvez seja melhor assim. Você é nova e tem a vida toda pela frente, ainda vai chegar a sua hora. Eu lamento.
Ela me abraçou e juntas choramos. Eu quis morrer, afinal uma parte de mim querendo ou não tinha morrido. Era uma dor horrível, senti que meu coração pararia de bombear sangue e ficaria sem ar nos pulmões. Talvez ela estivesse certa. Talvez seja melhor assim, talvez.
Tive que ficar no hospital por mais tempo desejava. De volta a vida normal. Como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse perdido um pedaço da minha alma. Como se eu tivesse passado por tudo isso a toa, por diversão. Uma raiva me dominou. Eu não queria ver ninguém. Tive que passar a noite sob observação e a Laura disse que conversaria com os médicos e pessoas que trabalhavam no hospital para não espalharem o ocorrido já que a imprensa não sabia de nada.
Passei a noite chorando a fio, já não aguentava mais aquela dor emocional. Consegui dormir mais ou menos uma hora de madrugada e o resto passei acordada, vi o céu clarear a passar da cor preta para azul escuro, depois roxo, vermelho, amarelo, e azul claro.
Me deram alta e a Dani foi me buscar. Não disse se quer uma palavra. Cheguei em casa e me joguei na minha cama e chorei de novo. Logo meu estoque de lágrimas secou e eu fiquei em silencio, pensando.
Escutei a porta ranger delicadamente e o Harry se sentou na minha cama, eu estava deitada de costas para ele e ele se deitou atrás de mim e me abraçou. Abraçou forte, muito forte. Senti minha roupa se molhar por lágrimas dele. Ele deu uns beijinhos no meu ombro e eu comecei a chorar com ele.
- Desculpa – disse baixinho.
- Não foi culpa sua.
- Eu lamentei tanto, parece até que Deus fez isso para eu parar de reclamar. Mas uma vez transmiti a mensagem errada.
- Não foi culpa de ninguém – ele disse com a voz rouca. Me virei para olha-lo, seus olhos estavam verde escuros e sua boca numa linha fina.
- Você ficaria bravo comigo ou nunca mais olharia para mim se eu pedisse um tempo do casamento?
- Nunca, eu entendo. O casamento era só pelo bebe, vamos nos casar ainda. Mas não agora. Vamos fazer tudo como deve ser, eu vou te pedi em noivado em um ligar especial, vou lhe dar uma linda aliança, vamos fazer uma festa enorme, organizar o casamento com paciência, a lua de mel que você sempre sonhou, comprar uma casa... – ele disse chorando – eu sempre vou te amar Luiza – ele colocou a mão no meu rosto.
- Eu também sempre vou te amar Haroldo – ele me deu um selinho, depois me encolhi nos seus braços. Finalmente me senti segura e em paz o suficiente para poder dormir.
Acordei de tarde e ele ainda estava ali.
- Você ficou aqui o tempo todo? – perguntei e ele concordou com a cabeça, eu sorri de lado – como vai ser agora? Digo, meus pais... vamos precisar contar para o Spencer e o Charlie ainda? Se bem que acho que ele já deve estar sabendo afinal foi a Jose quem em levou no hospital.
- Vai ficar tudo bem, tudo vai voltar ao seu eixo.
- Adoro o seu otimismo.
- É só um modo de desejar que tudo fique bem. Seus pais não vão ficar sem falar com você, só estão confusos. O Charlie pode achar ruim por você ter engravidado mas não vai jogar isso na sua cara por enquanto, agora que isso aconteceu. O Spencer não tem que saber disso, nossas questões com ele são profissionais. Ele pode ser um segundo pai pra mim mas em questão disso ele não pode opinar – eu abracei ele forte – você sabe que vamos ter que sair dessa cama e enfrentar tudo lá fora néh? – ele perguntou mexendo no meu cabelo.
- Sei, só quero ficar deitada na minha cama com você um pouco e não pensar em nada. Amanhã eu vou para a faculdade, vou conversar com o Charlie e tudo mais. Como sempre foi.
- Tá bom – ele beijou o topo da minha cabeça.
Ficamos a tarde inteira ali, tiramos um cochilo mas não saímos de perto um do outro. Não sei porque mas a imagem do Austin invadiu minha mente. Desde o primeiro dia em que nos vimos ele foi legal comigo, percebia-se de longe que ficava nervoso com a minha presença. Nos tornamos melhores amigos, nós éramos um grude até... a Mandy aparecer. Depois disso tudo ficou confuso, ele estava namorando e eu também, mas eu odiava ver ele com ela, não sei se era por não gostar dela ou por eu ter uma pontinha de sentimento por ele. Uma pontinha grande. Ficamos frios um com o outro, a Mandy terminou com ele mas ele não voltou ao normal, virou uma espécie de Bad Boy, talvez ele fosse assim desde o começo mas eu só percebi depois. Acho que ser frio comigo era uma forma de não se decepcionar tanto por me ver junto do Harry. Não nego que sinto falta das vezes em que ele vinha na minha casa para conversarmos, dos trabalhos na escola, dos elogios. Como ele reagiria se soubesse da minha gravidez e do casamento? Eu temia contar isso para ele e agora nem importava mais pois não aconteceria mais.
- Tá pensativa.
- Tenho muito no que pensar – disse e ele sorriu de lado – vai ser difícil voltar a vida normal.
- Questão de costume.
- É.
~*~
Quinta-feira fui para a faculdade, não conversei muito, não prestei muita atenção na aula. Sai da aula e fui para casa e me tranquei no quarto onde passei o resto da tarde. A noite tomei um banho super demorado e depois deitei na minha cama de novo.
Eram mais ou menos 23:00h quando eu ouvi pedrinhas na minha janela. Fiquei com medo de olhar, com o dedo puxei um pedacinho da cortina e vi o Harry lá em baixo. Ele usava uma calça jeans preta e um moletom preto também com capuz.
Eu abri a janela e me afastei, um minuto depois ele entrava pela minha janela.
-Uma hora você vai se machucar subindo pelo telhado – falei.
- Você passou a tarde aqui néh? – ele apontou para a minha cama desarrumada. Eu não respondi – não podemos ficar presos a uma coisa que deu errado Lu.
- Não era uma coisa, era nosso filho.
- Eu já o amava tanto quanto você. Mas nós não podemos viver nessa amargura! É hora de recomeçar, não era para ser. Estou acabado e com o coração partido – disse segurando nos meus braços.
- Não foi você quem carregou ele, quem sentiu as dores. E acredite, por mais que doesse eu estava feliz, porque era a única forma de saber que ele estava ali – comecei a chorar.
- Ele sempre vai estar aqui – ele colocou a mão sobre o lado esquerdo do meu peito - mas se não vivermos agora viveremos quando?
Eu apenas assenti com a cabeça e ele me abraçou.
- Sexta a tarde os meninos queriam ir para a fazenda. Vamos? Vai ser bom – ele falou baixinho alisando meu cabelo.
- Tá.
- Não fica triste comigo.
- Não estou – dei um sorriso amarelo e ele beijou o topo da minha cabeça.
- Que bom, então amanha depois do almoço nós vamos tá?
- Ta, as meninas também vão?
- Acho que sim. Acho que melhor eu ir antes que a Dani invada o quarto – ele riu.
- Tá – ele me deu um selinho mas eu segurei no seu moletom e ele agarrou firme minha cintura e me prensou contra a parede ao lado da cama. Eu o puxei mais para mim e ele colocou a mão na minha nuca. Meu coração estava disparado, mil borboletas voavam dentro do meu estomago e tudo o que eu conseguia pensar era que aquele beijo tinha sido criado só para mim.
Enfiei minha mão por baixo da sua camisa e alisei seu peitoral, ele me deu um puxão e me grudou ainda mais na parede com força, eu coloquei minhas pernas em volta da sua cintura. A quanto tempo não nos beijávamos assim...
- É melhor eu ir – ele disse parando o beijo.
- Sério? – perguntei incrédula.
- É. É sempre bom deixar você com desejo – ele riu maliciosamente.
- Em que parte?
- Na parte em que amanha nós vamos viajar e ficar 3 dias longe disso tudo – ele me deu mais um selinho e pulou a janela. Eu me apoiei nela para ver ele descer e logo depois virou a esquina. Um minuto depois um carro preto dobrou a esquina de casa e foi embora.
Naquela noite consegui tirar um pouco de culpa das minhas costas e pela primeira vez em semanas dormi tranquila.
Sexta de manha, durante o café, conversei com a Dani e ela contou que o Liam tinha falado da viagem.
Depois arrumamos nossas malas e fomos paoa a faculdade, meio dia partimos para a fazenda, mesmo esquema de antes, eu, o Harry, o Liam e a Dani no mesmo carro. Eu e o Harry atrás, implicando e brigando.
- Para Harry! Que saco! Parece que tem fogo no rabo – gritei quando ele soltou meu rabo de cavalo beliscou minha bochecha.
- Oh! Que boca suja! – ele riu e apertou de novo minha bochecha e eu dei um tapa de mão aberta das costas dele – ai – ele soltou um palavrão – isso dói!
- Era a intenção.
A Dani e o Liam só riam lá na frente. No meio do caminho tentei dormir mas alguém sempre destravava meu sinto de segurança.
- Para Ca... – ele me interrompeu botando a mão na minha boca.
- Não, não, não. mocinha bonita não pode falar palavrão – ele disse rindo e eu mostrei o dedo do meio – que feio – ele tirou a mão da minha boca.
- Feio é roubar, matar, usar drogas e ser vadia.
- Ui, desculpa.
- Tá desculpado.
Nós éramos assim. Adolescentes maduros, que tinham responsabilidades e contas para pagar, mas quando ficávamos espremidos em um mesmo ambiente por muito tempo virávamos duas crianças.
Em pouco tempo chegamos na fazenda e retiramos as bolsas do carro e levamos para o casarão. Dessa vez eu e o Harry pegamos o quarto com vista para a cachoeira.
- E ai marrenta – o Harry entrou no quarto com sua bolsa.
- E ai tormento – respondi e sorri ironicamente. Ele foi até mim na janela e me abraçou por trás.
- Finalmente, longe de câmeras – ele deu um cheiro no meu pescoço.
- Finalmente – suspirei – aquele dia, na minha casa, que você me pediu em casamento – me arrepiei, meu estomago se revirou e me deu vontade de chorar – foi lindo o que você disse.
- Foi verdadeiro – ele beijou minha testa.
- Adoro quando você faz isso – encostei minha cabeça no seu ombro.
- Isso o que?
- Quando beija meu cabelo ou minha testa, é fofo – rimos – sabia que quando você ri surgi uma covinha?
- Minha mãe diz isso – ele riu e eu sorri – vamos lá embaixo.
Descemos e ficamos conversando na varanda. Incrivel era que ninguém comentava sobre a gravidez ou o aborto, como se soubessem o quanto doía em mim e no Harry. A tarde foi caindo e começou a escurecer.
- Vou tomar um banho – disse e subi as escadas. Enquanto tomava banho escutei a porta do quarto se abrir, terminei o banho e me enrolei na toalha. O Harry estava sentado na cama mexendo no twitter. Eu me sentei na cama para pentear o cabelo.
- Tenho uma raiva de pentear o cabelo, é cheio de nó. Cabelo cacheado é horrível.
- Não é não. É lindo – ele disse indo pro banheiro tomar banho. Escolhi um short jeans colorido de rosa e azul com uma blusa regata preta. Descemos para jantar.
Ninguém tinha preparado o jantar então eu e as meninas fomos fazer alguma coisa rápida. O jantar terminou em macarrão com queijo e molho branco. Houve uma pequena briga para ver quem lavaria a louça e por fim eu tive que lavar, mas deixei bem claro que não colocaria mas a mão na cozinha para ajudar.
(Música: http://www.youtube.com/watch?v=427VtB7LOgw }
Depois, como todos estavam cansados da viajem, fomos dormir.
- Seu aniversário está chegando – o Harry disse se deitando de barriga para cima.
- 18 anos, estou ficando velha.
- Tá mesmo, muito velha pra mim – ele riu.
- Foi você quem disse que gostava de mulheres mais velhas, lembra? – me apoiei nos cotovelos.
- É, lembro. Mas você ta velha – ele bateu no meu cotovelo e fez eu me deitar.
- Não mais que você.
- Se eu gosto de mulheres mais velhas isso é um problema.
- Não. Já conversamos sobre isso e você disse que não era uma regra. Só achava que elas eram mais maduras e sabiam mais sobre as coisas.
- É, verdade.
- Só que eu, em plenos 17 anos, sou muito mais madura e vivida que a maioria das vovós – disse e ele riu.
- Vovós?
- É, essa vovós que você costumava sair.
- Mentira. Você é imatura – ele sorriu.
- Não sou não.
- É sim.
- Não sou – disse nervosa. Ele se virou com tudo e ficou em cima de mim.
- É sim, você é a pessoa mais imatura e infantil que eu conheço.
- E você é um grosso e idiota.
- Você é marrenta, mimada, inconstante, fresca, louca, desastrada e bipolar. Você odeia seu cabelo, sempre fala que precisa emagrecer, quando fica nervosa estala os dedos, escolhe calça jeans pela etiqueta mais bonita e sempre come os doces mais bonitos deixando os que tem defeitos para os outros, sempre acorda de mau humor e com a voz rouca. Gosta mais do frio só que diz que seu cabelo arma por causa da umidade. Quando fica nervosa pisca o olho com força e começa a transpirar pelas mãos. E quando está comigo fica mais confortável. – ele disse e eu fiquei paralisada, como podia saber de tudo? – Eu reparo em cada detalhe seu mesmo que você não perceba. E são esses detalhes que fazem de você a pessoa mais importante pra mim. – eu fiquei em silencio só encarando – O que seria da minha vida sem esses detalhes?
- O que seria? – perguntei baixinho.
- Nada – ele me encarou em silencio, dentro de mim meu coração batia tão forte que eu podia ouvir o barulho e duvidei se ele não pode ouvir também. Eu não conseguia nem piscar, o efeito dos seus olhos em mim era extraordinário. Seus lábios foram chegando mais perto de até roçarem nos meus, assim consegui fechar os olhos e me entreguei a sensação. Sem esperar arranquei sua camisa e o virei ficando por cima e ele tirou a minha blusa. Em minutos já nos amávamos e matávamos a saudade um do outro. De certa forma ficamos umas quatro semanas sem nos tocar.
Acordei sábado de manhã com uma luz forte entrando pela janela e me forçando a fechar os olhos.
- Bom dia – o Harry disse sentando na cama para por os sapatos.
- Bom dia – falei com a voz rouca me sentando na cama – que horas são?
- 08h30min.
- O que? Porque eu acordei tão cedo? – deitei novamente.
- Não sei, mas eu já ia te acordar.
- Porque?
- Porque a galera quer andar a cavalo.
- Que legal pra eles.
- Ah vamos, vem – ele me puxou.
- Você sabe que eu não sei andar a cavalo – fiz voz de choro.
- Você anda comigo – ele me deu um selinho.
- Cara, você é muito chato – disse me levantando e indo me arrumar. Escovei os dentes e deixei meu cabelo solto. Vesti uma calça jeans azul escuro, uma blusa regata branca e por cima um camisão azul marinho com marrom. Calcei um coturno feminino marrom e peguei meus óculos Ray-Ban. Tomamos o café da manhã e fomos para o estábulo. Enquanto os outros escolhiam seus cavalos eu e a Pe ficamos encostadas na porteira esperando.
O Harry saiu com um cavalo preto que tinha uma mancha em forma de diamante no peito.
- Ele é lindo – eu disse me aproximando a passando a mão nele.
- É mesmo. Essa é a Diamond Black – ele sorriu.
- Nossa, tem até nome completo. Não consigo imaginar porque a tradução do nome dela significa Diamante Negro – ri.
- Também não – ele riu – vem, vou te ajudar a subir.
Ele segurou na minha cintura e me ajudou a subir. Logo depois subiu atrás de mim.
- Vou te ensinar a andar a cavalo hoje – ele disse passando os braços em volta dos meus para segurar as rédeas.
- Ai as suas ideias – suspirei dramaticamente e escutei ele rir.
Ele passou as rédeas pra mim e depois posicionou minhas mãos para segurá-las melhor. Ele se aproximou do meu ouvido e sussurrou as instruções. Eu dei uma pequena batida com o pé direito na égua e ela andou. Ele segurava as minhas mãos e, dependendo da velocidade, puxava ou afrouxava as rédeas.
Demos a volta pela propriedade Roberts e depois entramos em uma trilha coberta por grandes árvores.
- Tem certeza que é certo entrar ai? – perguntei.
- Porque não seria? – o Gabbe perguntou.
- Sei lá. Pode ter bichos ou um buraco. Não conhecemos o caminho.
- Lu, amor. Relaxa – a Jack falou.
- Você já esteve aqui antes? – perguntei pro Harry e ele negou – então.
- Vamos logo! – o Taylor gritou lá da frente. Todos seguiram a trilha e eu fui atrás, pelo menos o Harry estava comigo. O ar estava úmido e a trilha era iluminada por pouco raios de sol que penetravam pela densa folhagem. Escutava-se barulho de água caindo.
- Devemos estar perto da cachoeira – o Harry disse para mim e eu concordei.
Mas a frente o pessoal parou e todos desceram dos cavalos. Parei logo atrás deles.
- Devemos descer? Não to com um bom pré sentimento.
- É. Vamos descer, pior vai ser ficar aqui sozinhos – ele desceu e me ajudou.
Só depois de se aproximar vimos que tinham encontrado uma caverna. Ela era alta e escura. O clima ficou esquisito. Um silencio reinou e só era quebrado pelo barulho da água caindo em algum lugar próximo.
- Demais – o Niall falou.
- Nós não vamos entrar néh? – a Jack perguntou.
- Não.
- Claro – o Liam falamos ao mesmo tempo.
- Pirou? – a Dani disse.
- Ah, para! Deve ser muito legal – os outros meninos concordaram.
- É escuro, e desconhecido – a Pe me ajudou.
- Está na hora de termos umas aventuras, não acha? – o Liam falou. O Harry era o único que ficava em silencio.
- Eu não vou participar disso. Não mesmo – disse me virando.
- É, não vai dar pra entrar. Não agora. Precisamos de lanternas ou... sei lá. Estamos totalmente despreparados – o Harry finalmente disse.
- Ok. Mas amanhã nós vamos entrar – o Taylor disse e os meninos concordaram.
Fizemos o caminho de volta e voltamos para o casarão.
Ainda eram 11:00h então resolvermos nadar. Eu e o Harry subimos para o nosso quarto e eu cacei um biquíni na minha bolsa. Só tinha levado um, ele era amarelo com as alças de correntes prateadas. Vesti ele com um short jeans azul e uma blusa azul regata. O Harry pegou um calção com estampa de surfista. Enquanto esperávamos o resto do pessoal eu me apoiei na janela e fiquei olhando a vista para a cachoeira.
- O que foi? – ele perguntou.
- Nada, só to pensando. Foi ali que você me pediu em namoro – sorri lembrando da cena dele todo tímido me fazendo o pedido.
- É – ele passou a mão no cabelo deu uma risada tímida.
- Ah que lindo – sorri de orelha à orelha – você fica com vergonha!
- Eu não fico com vergonha – ele sorriu.
- Fica sim. Que lindo – joguei meus braços em volta do seu pescoço e dei um selinho nele.
- Ok casal do ano. Chega! Vamos logo – a Dani bateu no portal da porta aberta e desceu as escadas. Nós rimos e descemos também.
Lá embaixo todos já esperavam, pegamos as coisas e fomos para a cachoeira. O clima estava perfeito para isso, o sol brilhava e não havia uma nuvem no céu. Deixamos nossas coisas debaixo de uma árvore e entramos na água. Eu tirei o shorts e a blusa e o Harry tirou a camisa. Só quando ele pulou na água e espirrou um pouco em mim eu percebi que estava prendendo a respiração. Fiquei encantada com a cena, seus músculos se contraindo e ele ficou na posição fazendo um mergulho perfeito. Eu entrei na água andando e depois mergulhei para molhar o cabelo. Assim que voltei a surperficie fui surpreendida por dois braços que me ergueram logo depois lábios que se selaram com os meus. Ah sim, os lábios dele. Eu não precisei abrir os olos para saber que era ele. Eu desci dos seu colo e fiquei em pé.
Depois ficamos nadando com o resto do pessoal. Passei a tarde reparando no quanto eu era sortuda. Provavelmente tinha ganhado muito mais do que perdido quando vim pra Londres. Eu larguei uma vida no Brasil, deixei amores, amigos, escola, família. Mas eu conquistei muita coisa aqui. Ganhei quatro amigas-irmãs, consegui fama e uma carreira estável, sem falar que qualquer menina do mundo faria de tudo para estar no meu lugar e virar melhor amiga da banda One Dream e conviver com eles, e também tem o Harry, que está no topo da lista de melhores que coisas que já aconteceram comigo.
No momento eu não estava falando com meus pais, talvez essa fosse a pior coisa que poderia ter acontecido, mas não me arrependo de onde estou. Passei por muita coisa e a experiência que adquiri não tem valor. Se hoje estamos nesse clima é porque eu errei mas assumi o erro e eles não quiseram nem se quer ouvir minha versão, tiraram suas próprias conclusões e acharam que era mais fácil fingir que não tinham filha do que aceitar a ideia da filha caçula estar grávida.
Olhando em volta de onde eu estava agora a tristeza que a semanas se instalou no meu coração desapareceu. Eu tinha tudo para ser feliz e seria muito idiota se não aproveitasse a vida. Afinal, só temos uma. Então que fosse para valer a pena. Não estava na hora, não devia ser a hora. Se Deus quisesse minha vida seria longa e feliz, agora eu estava na fase de aproveitar, fazer burrices, conhecer pessoas, namorar. A minha fase de ser mãe iria chegar.
- Ai – gritei quando alguém me empurrou e me afundou na água.
- Vai menina. Você fica boiando ai! – a Pe disse.
A tarde passou e o sol começou a se esconder e nós voltamos para o casarão. Todos foram para os seus quartos e eu subi por último, o Harry já estava no quarto e assim que eu entrei ele trancou a porta e me puxou pela mão até o banheiro onde o chuveiro já estava ligado na água quente. Ele tirou a minha roupa molhada e depois o seu calção, ficamos apenas com as peças intimas. Com a sua ajuda eu me sentei na pia do banheiro e passei a perna envolta da sua cintura. Ele beijava meu pescoço e dava leves mordidas na minha orelha. Desci da pia e caminhamos até de baixo do chuveiro onde tomamos banho, com direitos a beijos mas nada além disso.
Domingo acordamos cedo para poder aproveitar o dia. Depois que nos reunimos na sala eu pensei que iríamos conversar sobre o que fazer mas a decisão já estava tomada. Tinha uma bolsa em cima do sofá. Os meninos estavam colocando garrafas de água e lanternas dentro dela.
- Eles vão voltar na caverna? – perguntei pra Nadine.
- Parece que vão, nós preferimos ficar aqui e fazer outra coisa.
- É.
Os meninos saíram e nós, garotas, fomos procurar alguma coisa para fazer. Mas não tinha nada. Ligamos a TV e na programação tinha os quatro filmes da saga crepúsculo seguidos. Fizemos brigadeiro e depois ficamos assistindo os filmes. Acabaram as 17:00h e os meninos ainda não tinham voltado.
- Vou ligar no celular do Niall – a Jack pegou seu celular e digitou o número. Na mesma hora escutamos um celular tocando, eles tinham deixado os celulares em cima da mesa da cozinha.
- Mas que merda!
- E agora?
- Agora é sentar e esperar.
Deu 18:00h e eles não tinham chegado. Estava começando a escurecer e nem sinal dos “aventureiros”.
- Nós vamos atrás deles? – perguntei.
- Vamos – as meninas responderam.
Eu subi até meu quarto e coloquei uma blusa frio e botas. As meninas conseguiram lanternas e nós saímos a pé procurando eles. Fomos todas juntas. A essa hora já estava tudo escuro e o casarão era um potinho iluminado distante de nós. Só se escutava grilos cantando e a lua estava coberta por nuvens o que dificultava tudo.
- Por onde era o caminho mesmo? – a Pe perguntou.
- Cara, era pra gente ter ido embora já. Deve ter acontecido alguma coisa séria – eu disse.
- Não seria melhor a gente ligar pra alguém?
- Quem? Vamos procurar primeiro e se não acharmos ligamos pra Hellen e o Steven – eu disse.
- Tá.
- Eu vou matar eles na hora que eu encontrar – a Dani disse chorando.
- Ai, que raiva!
Encontramos a entrada coberta da trilha e a noite era muito mais assustador. Tudo estava muito silencioso. Não havia vento então as árvores pareciam adormecidas, os grilos não cantavam mais, não se ouvia o barulho da cachoeira e a lua saiu de trás das nuvens ajudando a clarear.
- Eu não vou entrar ai – eu disse.
- Niall! – a Jack gritou e ninguém respondeu.
- Vamos voltar? Por favor? – pedi com medo.
- Mas e se eles estiverem precisando de nós?
- Eles são cinco! Não é possível que estão em perigo.
Uma coruja piou em uma das arvores e nós viramos as lanternas para procurar de onde vinha o barulho.
- O que é aquilo? Ai meu Deus! – a Pe saiu correndo e chorando. Nós olhamos para onde ela olhava e atrás de uma árvore um par de olhos brilhava.
Eu sai correndo que nem uma louca. A lanterna estava ligada mas eu não usava ela para iluminar o caminho. Não via mais as meninas e acho que já estava longe da entrada da trilha mas ainda não conseguia ver o casarão. Continuei correndo, meu cabelo batia no rosto e insetos voavam por toda a minha volta. Avistei um ponto luminoso distante de mim e vi que era o casarão, comecei a correr mais rápido e a luz ia aumentando de tamanho mas eu ainda estava na escuridão. Olhei para trás para ver se alguém vinha atrás de mim e trombei em alguma coisa grande e dura feito parede e gritei, eu já chorava. Não sabia se era de medo ou desespero por não ter encontrado os meninos. Logo depois duas mãos seguraram firme nos meus braços e eu tentei me livrar com as mãos.
- Me larga! – eu gritei e bati as mãos acertando um soco na costela de alguém.
- Ai – ele gritou – Luiza! – eu virei a lanterna para finalmente iluminar alguma coisa e vi o Harry com as mãos na costela e com uma cara de dor.
- Harry – eu disse aliviada tirando o cabelo do rosto e tentando normalizar a respiração, abracei ele.
- Você esta bem? Eu e os meninos voltamos para o casarão mas vocês não estavam lá então escutamos gritos e eu sai procurando você.
- Tinha alguma coisa lá – eu disse entre soluços.
- Lá onde? Onde vocês foram? – ele perguntou preocupado e eu me soltei do abraço.
- Nós fomos procurar vocês – disse brava – seus idiotas! Já devem ser 19:00h! Já devíamos ter ido embora e vocês simplesmente sumiram! – eu dei um tapa nele – saíram de casa as 10:00h e isso são horas de voltar? Ainda por cima deixaram os celulares lá! – dei outro tapa e ele gemeu – seus irresponsáveis!
- Ai, para! Nós fomos para a caverna mas lá dentro descobrimos que o barulho de água não era da cachoeira. Tinha um lago lá dentro. Com uma queda d’água e ficamos por lá até escurecer. Depois voltamos para o casarão.
- Devem ter ido andando que nem umas lesmas néh!
- Fomos conversando. Então chegamos lá e vocês tinham sumido. Porque vocês gritaram daquele jeito?
- Lá, na entrada da trilha. Tinha alguma coisa lá, tenho certeza que vimos alguma coisa.
- Vem, vamos sair daqui – ele passou o braço envolta da minha cintura e fomos andando de volta pra cede.
Lá dentro estava o maior barulho, as meninas já estavam lá e como esperado estavam discutindo com os namorados.
- Bem, agora não tem como viajar de noite néh? – a Dani disse brava.
- Tenho uma ideia, vamos amanha assim que clarear. Eu iria ter que faltar a faculdade mesmo mas tenho uma reunião sobre as próximas propagandas da Chanel – eu disse.
- Ok, então já arrumamos as malas e amanha, as – o Taylor olhou no relógio – 07:00h nós saímos daqui, ta bom assim?
- Tem que ta néh – a Pe disse.
Fomos para os nossos quartos e eu arrumei minha mala, depois tomei um banho e dormi.
Acordei 06:00h e me arrumei. Coloquei uma calça jeans e uma blusa preta com tachas e sapatilha. Demos uma arrumada na casa enquanto os meninos preparavam os carros. Trancamos tudo e pegamos a estrada para Londres. No meio do caminho meu celular toca.
- Alo?
- Luiza, você pode vir para a reunião mais cedo? – era o Charlie.
- Mas cedo quando?
- Uma hora mais cedo, então é para você vir as 09:00h.
- As 09:00h? Só um minuto – tampei o cleular.
- Liam, quanto tempo leva para chegarmos em Londres?
- Umas duas horas por ai.
- Charlie – voltei a falar com ele – vou tentar, não prometo que chegarei as 9 em ponto. Posso chegar uma meia hora depois.
- Porque? Onde você está?
- Houve um imprevisto e eu estou voltando para Londres agora de manhã.
- Ai ai Luiza. Você sabe que tem muita coisa em jogo néh?
- Sei, sei. Você não pode adiar uma hora?
- Não dá, tem que ser as 09:00h.
- Por favor!
- Nã...
O sinal caiu.
- Mas que droga! – desliguei o celular – quando chegar em Londres, em vez de me deixar em casa, você poderia fazer o enorme favor de me deixar na reunião? – perguntei pro Liam.
- Tudo bem.
- Dani, você desce minhas malas?
- Tá.
- Obrigada, meu casal preferido – apertei as bochechas deles e eles riram.
Dessa vez eu e o Harry não fomos implicando um com o outro. Acabamos dormindo no caminho, assim que chegamos em Londres a Dani me acordou e eu desamassei minha roupa e soltei meu cabelo do rabo de cavalo. Peguei um lápis de olho que a Dani tinha no porta-luvas do carro do Liam e passei ele e um pouco nas pálpebras, depois esfumei com o dedo. Só para não parecer que eu tinha acordado e ido pra lá de qualquer jeito, que na verdade é o que tinha acontecido. Por sorte a minha roupa era nova. Eles me deixaram em frente ao local da reunião e eu desci carregando o meu celular.
- Finalmente, ai está você. Nossa, do jeito que acordou veio – o Charlie disse.
- O importante é que eu estou aqui não é?
- Pelo menos passou maquiagem, o mínimo néh?
Eu fiz uma cara de desdém e logo depois começamos a reunião.
~*~
Cheguei em casa ao 12:00h e joguei a minha cópia do contrato em cima do balcão da cozinha. Minha bolsa , que levei na viajem, estava no pé da escada e eu preferi comer alguma coisa primeiro e depois arrumar tudo. Fiz um lanche e subi para o meu quarto, me joguei na cama e acabei dormindo. A tarefa de arrumar as roupas poderia esperar.
Acordei e já estava escuro. Tomei banho e ajudei a Dani com a janta. Depois fui arrumar minha agenda e algumas coisas da faculdade. Levei todas as minhas coisas lá para baixo e espalhei pela mesa de centro.
Organizei minhas seções de fotos e os eventos na minha agenda, e pelo visto nas próximas três semanas eu tinha muito o que fazer, e depois terminei uns trabalhos da faculdade. Enquanto terminava de organizar algumas apostilas, retirei o óculos de grau e massageei a área entre os olhos. Já estava me dando dor de cabeça tanta coisa. Olhei para o relógio em cima da lareira e eram 23:30min, como estava tarde. Terminei de organizar e fui dormir mais ou menos a meia noite e meia.
Terça-feira fui para a faculdade e depois voltei para a casa.
- Adivinha quem voltou? – a Dani me perguntou.
- Quem?
- Vou te dar duas dicas: Vadia e água oxigenada.
- Mandy.
- Isso ai, vi ela enquanto voltava da faculdade.
- Porque ela ta de volta? O que ela quer?
- Não sei.
Fiquei com aquilo na cabeça o resto do dia, podia parecer loucura mas eu tinha certeza que ela tinha voltado com planos. O Harry me ligou avisando que ia viajar com a banda para Massachusetts e voltaria sexta ou sábado.
Quarta-feira depois da faculdade, eu e a Jack fomos almoçar em um restaurante perto da faculdade, depois teríamos uma palestra então já aproveitamos que era tudo perto.
- Ficou sabendo que vão abrir vagas para uma excursão para Nova York?
- Pra que?
- São só os que cursam Moda e Designer poderão dar os nomes. Uma semana.
- Que bacana.
- A gente vai néh?
- Não sei Jack. Quando é?
- Pera ai – ela abriu a bolsa e pegou um papel – daqui uma semana – eu peguei o papel e olhei.
- É, acho que dá. Voltamos um dia antes do meu aniversário – também abri minha bolsa e peguei minha agenda – Nessa semana eu to livre.
- Ah, que bom – ela bateu palminhas – ah, olha quem chegou – ela apontou com a cabeça para a porta e eu me virei. Mandy.
Ela estava com o cabelo maior, batia até a cintura e tinha feito mechas mais loiras ainda. Usava uma calça jeans apertada e uma blusa vermelha decotada. Ela se virou e nos encontrou. Fez uma aceno com a mão e eu respondi do mesmo jeito, depois ela deu um sorriso irônico como se já tivesse planejado isso e tudo estivesse dando certo.
- Lu, e... seus pais? – a Jack perguntou sem jeito.
- Não falei mais com eles. E acho que eles também não querem falar comigo.
- Cara, eles são seus pais. Vocês não podem viver assim.
- Fala isso pra eles.
Terminamos de almoçar e voltamos para a faculdade para assistir a palestra. No final a minha coordenadora de curso anunciou a excursão e eu e a Jack já demos nossos nomes.
Voltei para a casa e conversei com a Dani sobre a viajem, eu ia precisar de alguém para cuidar do Blue.
Quinta-feira eu e a Dani fomos fazer compras no shopping e para a minha infelicidade encontramos a Mandy com duas amigas dela lá.
- Luiza? A quanto tempo. E ai, ainda namora?
- Oi Mandy. É eu to namorando.
- Com o Harry? Ainda?
- Porque ainda? – a Dani perguntou.
- Pensei que ele já tivesse enjoado e trocado. Ele sempre faz isso.
- Olha aqui, não adianta você vir encher minha cabeça com essas merdas que vocês acredita ser verdade. Eu não sou você, só porque ele te deixou não significa que vai me deixar. Você tem é inveja, queria estar no meu lugar. E se eu conheço bem o tipinho de pessoas que nem você, sei que esta tramando alguma e que vai conseguir. Mas no final, quem vai ganhar vai ser eu! Eu posso estar acabada por dentro, estar na pior, no chão. Mas eu sempre vou ganhar. Então vai em frente com o que você pretende! – eu disse e ela ficou em silencio me olhando com cara de desdém, logo depois saiu.
- Qual o problema dela? – a Dani perguntou.
- Sinto que estou fazendo justamente o que ela quer que eu faça.
- Eu acho que isso é coisa da sua cabeça, relaxa.
Terminamos de comprar umas coisas e depois fomos para casa. Quinta-feira a Jose me chamou para um jantar na casa dela, o assunto era os seus bebes, por sorte o Charlie não retornou ao assunto da minha gravidez, acho que ele sabia o quanto me doía.
- Adivinha? Nós descobrimos o sexo dos bebes!
- Sério, qual? Meninas ou meninos?
- Os dois! – o Charlie respondeu animado.
- Dois?
- É um casal!
- Não credito! Que benção – dei um abraço neles.
- Já sabem os nomes?
- Já. Vai ser Justin e Lauren – eles responderam juntos.
- São lindos!
- E tem mais. Queremos que você seja a madrinha da Lauren.
- Jura? – perguntei.
- Se você quiser é claro.
- Poxa, eu amaria!
- Que bom. Como são duas crianças achamos justo ter dois padrinhos.
- Quem vai ser o do Justin?
- Meu sobrinho. O Austin – o Charlie respondeu e eu fiquei um pouco paralisada.
- O Austin? – perguntei.
- É. Porque? Você conhece ele? – a Jose perguntou.
- Eu e ele estudamos juntos durante um tempo e somos bem amigos – falei de vagar.
- Que bom! – a Jose exclamou feliz. Mal sabia ela do clima estranho que ficava quando eu e o Austin nos reuníamos.
- É, que bom – sorri de lado.
- Ok. E Luiza, seu aniversário está chegando – a Jose disse cantarolando.
- Pois é.
- Festa?
- Não sei.
- A por favor Lu! No ano passado você não deixou eu fazer. Eu trabalho com isso, poderia te dar a festa de presente?
- Meu Deus, é muito cara uma festa para você bancar tudo.
- Não é não. Por favor?
- Ta bom. Mas por favor, nada muito exagerado! – ela apenas deu uma piscada pra mim.
Depois do jantar eu agradeci mais uma vez por terem me escolhido como madrinha e depois fui para a casa.
Sexta-feira fui para a faculdade e no meio da aula me chamaram na secretaria. Cheguei em casa bufando de raiva. A Dani estava na cozinha e eu joguei minha bolsa no sofá e o envelope que recebi no balcão.
- Nossa, o que foi? – a Dani perguntou.
- Adivinha? Meus pais não pagaram a mensalidade da minha faculdade!
- Lu, talvez eles tenham esquecido.
- Esquecido uma ova! Eles sabiam, minha mãe tem um caderno de contas! Como eles podem fazer isso? – me sentei em um banco – eram meus pais!
- Eram?
- É, eram. Se eles estão fingindo que só tem uma filha e que ela é o orgulho da família pois é médica, eu também vou fingir que não tenho pais – uma lágrima nervosa escorreu pelo meu rosto mas eu a limpei.
- Lu, por favor! Não faz isso, eles devem estar sofrendo. Eu sofro tanto por não ver meus pais juntos.
- Mas eles estão se separando de mim, não um do outro. Quando ele sofreu acidente eu me senti tão culpada por não dizer a ele o quanto o amava. Eu não o deixei e agora, na primeira oportunidade, eles me deixaram?
- Eles também podem estar morrendo de vontade de dizer que te ama.
- Será? – ela me abraçou – só o tempo vai dizer.
A campainha tocou e a Dani foi abrir a porta, era o Liam.
- Oi Lu – ele disse quando passou pela porta da cozinha para subir as escadas e eu respondi com um aceno de mão – ela ta chorando? – ele perguntou baixinho pra Dani e ela puxou ele pra cima.
Então os meninos já tinham chegado de viajem? Porque o Harry não me mandou uma mensagem? Preferi não ficar em cima e muito menos pensando nessas coisas. Subi pro meu quarto e me deitei na minha cama. Ainda era dia mas eu não queria sair da cama. Levei a mão até o pescoço e apertei a correntinha eu minha mãe havia me dado depois que roubaram a antiga.
Eu não queria tirar ela. Eles querendo ou não continuavam sendo meus pais e aquela era a única lembrança de que um dia fomos uma família normal. O ouro queimou na minha mão mas eu não soltei. Precisava daquilo.
Mas só então que lembrei que tinha que pagar a mensalidade da faculdade. Levantei da cama e peguei minha bolsa, fui até o caixa eletrônico mais próximo.
Paguei a mensalidade e voltei para o carro, assim que liguei, um pouco distante de mim vi o carro do Harry. Desliguei o carro e fiquei olhando ele estava encostado mas com o motor ligado. Quando, para a minha tristeza misturada com ódio, a Mandy desceu do carro.
- Ele não me ligou porque estava com aquela vadia – disse para mim mesma.
Liguei o carro e fiz questão de virar na esquina onde ele estava encostado. Logo depois ele deixou a Mandy lá e veio atrás de mim com o carro. Provavelmente a minha intenção deu certo e ele me viu. Eu não queria olhar para ele agora, ainda mais porque ele sabia que eu tinha visto a Mandy, mas fui obrigada pois estava num cruzamento e o guarda me fez parar.
- Lu – ele parou do meu lado e abaixou o vidro – antes que você pense coisa errada, eu só dei uma carona pra ela.
- Ah, oi Harry. Eu to bem, obrigada por perguntar como eu estava ou se quer falar oi, mas ao invés de fazer isso você preferiu falar da vadia oxigenada. Mesmo tendo ficado quatro dias longe da sua namorada, é mais importante se justificar – falei calma com sarcasmo.
- Nossa – ele se assustou – desculpa é que achei que você ia ficar muito brava por ter me visto com ela.
- Não estou brava, estou decepcionada – o guarda liberou a passagem e eu segui o caminho para a minha casa. Pelo retrovisor vi que ele vinha atrás. Estacionei em minha casa e logo ele veio atrás de mim.
- Porque decepcionada?
- Porque você sempre falou que ela é uma manipuladora e só quer acabar com o nosso namoro mas agora fica oferecendo carona? – falei calma.
- Lu, não é assim. A Mandy...
- Mandy? O que aconteceu com Amanda?
- ...ela ta mudada.
- O que? – quase engasguei com minha saliva.
- Ela me pediu desculpas.
- Como ela é cínica! Ela vem me perturbando desde que voltou – falei abrindo a porta de casa.
- Ela esta tentando ser sua amiga.
- Não está não! – falei mais alto.
- Luiza, chega! – ele falou alto e eu escutei passos no andar de cima, a Dani e o Liam ainda estavam ali – você está muito ciumenta! Desse jeito não da!
- Eu não estou ciumenta! Estou revoltada! Como você pode ter mudado de ideia tão rápido? Até ontem você falava que ela era uma manipuladora e hoje já esta defendendo?! Você nem me disse oi! Ficamos quatro dias separados e você nem se quer perguntou se eu estou bem, já preferiu falar daquela garota! Desse jeito não da mesmo.
- Eu não fico revoltado quando você fica de graça com o Austin!
- Eu fico de graça com ele? Quando?! Eu deixei ele, deixei meu melhor amigo por você! Agora ele esta duro feito uma pedra comigo.
- Porque ele te ama mas sabe que você é MINHA namorada.
- Chega! – eu disse indo em direção a escada – não quero mais brigar. Só quero aquela garota longe da minha vida!
- Você não pode mandar assim!
- Vai defender? Tudo bem. Só fique sabendo eu e o Austin vamos formar um belo casal de padrinhos! – gritei e subi para o meu quarto.
Autor(a):
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Eu não havia contado para ele que ia para Nova York. Eu não havia explicado sobre eu e o Austin sermos padrinhos. Eu não havia feito nada, nem mesmo falado com ele. Desde ontem nós não trocamos nem mensagem. A tarde arrumei minhas malas para a viajem. Talvez passar uma semana em Nova York seria bom, respirar novos ares, dar um tempo de tudo ...
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