Fanfics Brasil - 28º- Não sou boneca de pano! One More Day

Fanfic: One More Day | Tema: One Direction


Capítulo: 28º- Não sou boneca de pano!

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Hoje era domingo e a Dani me fez acordar cedo, mal sabia ela que eu não havia dormido a noite.
Depois do almoço arrumei minhas coisas da faculdade e fui à casa do Charlie pois ele queria falar comigo.
- Muito bem Luiza. Temos uma seção de fotos marcada para quarta-feira.
- Você avisa muito em cima da hora.
- Por isso te chamei no domingo, se avisasse amanha seria ruim – ele disse e eu sorri irônica – bem, é para uma marca de roupas femininas e eles também querem trabalhar com outdoors.
Conversamos e acertamos os detalhes, os papéis e tudo mais. Voltei para a casa de tarde e o resto da tarde boiei no sofá.
Segunda-feira fui para a faculdade e a tarde fiz uns trabalhos. Terça-feira fui no shopping com a Dani fazer compras.
Quarta-feira fui para a faculdade de manhã e a tarde fui para a seção de fotos. Fiquei lá até altas horas da noite. O Harry já havia me ligado avisando que tinha chegado e estava na casa dele, achei melhor deixar ele descansar e no outro dia nos víamos.
Enquanto estava saindo do local onde foram  tiradas as fotos escutei o Charlie me chamando.
- Luiza! – ele gritou e eu me virei para olha-lo.
- Oi?
- Sábado a noite vamos viajar para Nova York. Nós vamos ao Victória Secrets Show.
- Sério? – sorri.
- É. Não arranje nada para sábado, viajamos de manhazinha.
- Tudo bem.
- Eu acho que é uma oportunidade que você não pode perder. As melhores modelos do mundo trabalham na Victória Secrets. Ter uma base é bom.
- Ok – sorri.
Voltei para a casa e dormi feito anjo. Quinta-feira fui na cidade com a Dani para pagar umas contas, passamos no Starbucks e compramos um copo de café com creme cada. Saindo da loja vi o Austin do outro lado da rua.
- Olha o Austin – disse pra Dani e fui em sua direção.
- Lu espera – ela me puxou pelo braço e me encostou atrás da porta de vidro da lanchonete – a Mandy ta ali! Vamos ver se eles estão saindo ou não.
Eu concordei com a cabeça e me escondi mais atrás da porta.
- Droga, eles vão entrar. – eu disse quando vi eles atravessarem a rua – Vem! – puxei a Dani e nós nos sentamos na última mesa perto do vaso de plantas.
Eu coloquei nossas bolsas em cima da mesa para tampar meu rosto e a Dani fingiu ler o cardápio.
- Não da pra escuta nada – ela sussurrou.
- Shiu! – resmunguei. Realmente não dava para escutar nada.
Logo eles saíram e de vagar nós também saímos da mesa e saímos na rua, eles estavam bem mais à frente e um andando ao lado do outro com uma certa distancia entre eles.
- Sinceramente, se eles estivessem juntos estariam mais pertos ou de mãos dadas – a Dani disse.
- Será?
- Lógico uai.
- É.
Voltamos para o carro que estava estacionado na direção contraria. Meu celular tocou e eu atendi.
- Harry? – eu disse.
- Oi Lu, ta fazendo o que? – ele respondeu.
- Eu estava aqui na Oxford Street fazendo umas compras e pagando umas coisas, mas agora to indo pra casa.
- Vamos ao clube hoje, meus pais estão na cidade e eles querem sair com a gente?
- Clube?
- É, aquele que a gente foi uma vez enquanto ainda não namorávamos.
- Tudo bem, quando?
- Passo na sua casa em uma hora, pode ser?
- Ta.
- Até.
Ele desligou.
Chegamos em casa e eu arrumei uma bolsa com tudo que ia precisar. Coloquei o biquíni e por cima um short jeans e um blusa azul com verde. Calcei uma rasteirinha toda bordada e esperei o Harry passar em casa. Em uma hora certinho ele passou, os pais dele iam com outro carro.
- Oi – disse quando entrei no carro e ele me deu um selinho.
- Oi.
Nós fomos conversando até o clube e demos sorte por não ter quase ninguém lá. As poucas pessoas que tinham tiraram algumas fotos com ele e umas comigo, depois pudemos ficar em paz. Os pais deles chegaram logo atrás.
- Olá Luiza – a Hellen me abraçou e me deu um beijinho na bochecha.
- Oi – sorri.
O Steven me seu um “oi” e um sorriso forçado mas que eu tive a certeza que mesmo forçado foi sincero. Ele ainda estava bravo com a situação da minha ex gravidez. Nós colocamos nossas coisas em duas espreguiçadeiras que ficavam em baixo da sombra de um coqueiro. Enquanto o Harry e o pai dele conversavam sobre uma coisa que eu não sei o que era, eu e a Hellen nos sentamos nas espreguiçadeiras. Eu ainda estava com o short e havia tirado só a blusa, a Hellen trocou de roupa e colocou uma saída de banho meia transparente. Naquele momento só conseguir pensar: “Espero que quando tenha a sua idade eu consiga ter o mesmo corpo”.
Em nenhum momento ela tocou no assunto da gravidez. Era muito estranho tudo isso. Ninguém tocava nesse assunto, talvez fosse melhor assim. Ficamos conversando sobre minha carreira e eu contei sobre o desfile da Victória secrets.
- Quando eu era mocinha igual a você eu queria ser bailarina, eu amava dançar. Uma vez fui com a minha melhor amiga em um show de uns amigos dela, eles tinham uma banda de rock, então eu vi o Steven no show, ele estava com uns amigos. Ele sempre gostou de música. Então ele se ofereceu para me pagar uma bebida e eu aceitei, minha amiga era louca por namorados e ficava me jogando pra cima dele. Começamos a sair e eu me entreguei tanto ao nosso relacionamento que desisti do meu sonho de ser bailarina, fiz outra faculdade mas não me arrependo de onde estou agora. Quando você gosta de uma pessoa você faz de tudo pra ficar perto dela.
- É. Não vou negar, as vezes eu tinha medo do meu namoro não durar, pelo fato de estarmos sempre distantes, ter muitas pessoas no meio e não ter privacidade. Mas essa é uma visão de fora, quando se esta dentro você percebe que não é assim. A gente faz de tudo pra ta junto – sorri – não que isso sempre vai funcionar, mas a gente sempre da um jeito néh? – ela sorriu pra mim.
Ficamos um tempo caladas e depois o Harry me chamou pra entrar na piscina com ele. Ele já estava dentro da piscina e veio até mim nadando, eu me sentei na beirada. Eu segurei nos seus ombros e ele pegou na minha cintura me ajudando a descer. Onde estávamos a piscina era mais funda e me cobria o suficiente para não ter como ficar ali sozinha, já ele como era mais alto ficava em pé. Passei minhas pernas pela sua cintura e me inclinei para trás molhando meu cabelo.
- O que seu pai tava conversando com você? –  perguntei.
- Nada de mais.
- Ele falou daquilo? – perguntei tensa.
- Falou, mas seria estranho se não falasse. Não foi nada de mais, é coisa de homem.
- Hm- falei séria.
- Hm o que? Ta duvidando? – ele sorriu.
- To – ri.
- Ok – ele me soltou e minha cintura e meu corpo caiu na água, logo voltei a superfície e veio me segurar de novo.
- Não! – gritei sorrindo – você quer me afogar.
- Não quero não, vem – ele me puxou pela cintura novamente e me prensou no canto da piscina.
- Você é louco – fingi chorar.
- Ah sim, sou um psicopata.
- Você não poderia fazer nada aqui. Seus pais estão do outro lado da piscina – ele se virou para olha-los discretamente e depois voltou o olhar para mim – e tem muita gente por perto, fãs. E se você fizer alguma coisa comigo elas acabam com tua carreira.
- Acabam nada, elas ainda me ajudam a esconder o corpo – ele riu.
- Ai que horror – ri.
Eu passei minhas mãos pelo seus ombros até contorna-los e as parei nas suas costas. Rapidamente ele aproximou nossos rostos  e começamos um beijo quente. Não pude evitar de pensar no Austin, lembrando da noite do meu aniversário quando ele me levou pra sair depois, da tarde de hoje. E também não pude evitar parar o beijo.
- Que foi? – o Harry perguntou.
- Nada – sorri e o abracei.
Eu sei que era errado pensar no Austin, primeiro porque eu namorava e segundo porque ele tinha uma vida que não dependia de mim. Mas também era errado nós dois sentirmos um atração pelo outros e não nos permitirmos. A última coisa que eu queria no mundo era magoa o Harry, eu o amava e estava apaixonada por ele. Mas o Austin também me amava, e eu o amava, só não sabia se estava apaixonada.
Passei a tarde ali na piscina com o Harry. Logo os pais dele foram embora e ficamos sozinhos, mas também fomos embora em seguida.
Sábado chegou voando e acordei de madrugada, minha mala já estava arrumada então só me arrumei e passaram em casa para me pegar e me levar no aeroporto. Embarcamos para Nova York enquanto ainda estava escuro. Desembarcamos junto com os primeiros raios de sol e fomos para um hotel. Eu e o Charlie não estávamos sozinhos. Uma produção toda estava conosco, o Charlie era empresário de muitas modelos famosas e essa viajem não era especificamente para o show de desfile da Vitória Secrets, tinham uns eventos para uma outra modelo e o Charlie conseguiu me encaixar na viajem. Lógico que eu teria que pagar uma pequena quantia por fora e teria uma ajuda da agencia. Para a minha sorte a Jose foi junto e eu poderia ficar com ela.
- Lu, depois temos que conversar sobre umas coisas, desfile. Temos um marcado e você vai ter que entrar em uma nova dieta, depois acertamos os detalhes, ok? – o Charlie me perguntou assim que me entregou a chave do meu quarto.
- Tudo bem – peguei minha chave e nós pegamos o elevador, Os quartos eram todos no mesmo andar. O meu quarto ficava duas portas depois do elevador.
Eu entrei no quarto e coloquei minha mala sobre a cama, dei uma olhada no quarto e ele não era tão grande. Havia uma cama de casal, uma TV que ficava em cima de uma estante, um lustre pequeno no teto, uma janela com sacada, criado mudo, cômoda, e banheiro.
Me joguei na cama e peguei meu celular, entrei nas redes sociais e logo recebi uma mensagem:
Austin: - Estou em Nova York, me encontre no Central Park hoje as 23h30min.
Pensei um pouco, li e reli a mensagem, como assim ele estava em NY?
Luiza: - O que você ta fazendo aqui?
Austin:- Vamos dizer que eu tinha umas coisas para fazer aqui e conversei com meu tio, vim ontem de tarde e fiquei em um hotel separado.
Luiza: - Tem o desfile hoje, acho que é as 21h30min., não vai dar tempo. Desculpa – inventei uma desculpa.
Austin: - Mentira, é 1h de desfile, da e sobra. Não adianta inventa desculpa. Te encontro as 23:30 no Central Park ;D
Eu tentei responder mas a mensagem de relatório de entrega não chegou, ele desligou o celular. Joguei o celular no meu lado na cama e coloquei as mãos na cabeça.
- Porque eu? Porque! Eu tenho namorado Deus! – nesse momento bateram à minha porta – já vou! – levantei correndo. Era a Jose.
- Oi Lu, tava falando com quem? Ouvi sussurros.
- Tava cantando – sorri.
- Assim – ela sorriu também – eu sei que devo estar te enchendo o saco com isso mas já que estamos em Nova York vamos em umas lojas amanha de manha? – ela sorriu – comprar umas coisas pra gente e para os bebes – a barriga dela estava enorme, não demoraria muito para nascerem.
- Claro, seria ótimo – sorri.
- Quando?
- As 08:00h, pode ser? Vamos embora de tarde.
- Perfeito – sorri.
- Tudo bem, ainda esta de manhã, vou deixar você dormir, nos falamos depois.
- Tchau – sorri. Ela foi para o seu quarto e eu me jóquei na minha cama, empurrei a minha mala para fora da cama e ela caiu no chão com um barulho forte. Arrumei meu travesseiro e dormir.
Acordei 11:00h com o sol forte no meu rosto. Levantei da cama e abri as cortinas e a porta da sacada, lá fora a rua estava movimentada, o sol forte e todo mundo parecia feliz.
Me troquei e fiquei o dia inteiro a toa, quando deu 18:00h me troquei para o desfile. Coloquei um vestido preto de tecido leve, bem marcado na cintura e com a parte de trás até os pés, tendo a frente curta. Calcei um sapato meia pata cor da pele e deixei o cabelo solto prendendo só a franja e uma maquiagem pesada.
Nós fomos um pouco mais cedo porque o Charlie queria conversar com umas pessoas. 21h30min. em ponto o desfile começou.
Depois do desfile o Charlie conseguiu nos por nos camarins e eu conversei com algumas modelos que haviam desfilado.
Eu estava conversando com uma mulher loira, alta. Uns 40 anos mais ou menos porém ela tinha aparência de ser muito mais nova. Ela disse que ajudava na montagem das peças e a escolher qual modelo vestiria qual peça. Meu celular tocou e eu pedi licença para ver o que era, uma mensagem do Austin dizendo que faltava meia hora para ele me encontrar e que esperava que eu não estivesse esquecido pois ele odeia esperar muito tempo.
- Me desculpe, tenho um compromisso importante. Qualquer dia nos encontramos e continuamos a conversa – sorri e disse para a mulher.
- Tudo bem – ela respondeu e eu me despedi e depois mandei um sms pro Charlie avisando que havia saído pois tinha uma coisa para fazer.
Sai andando de pressa e peguei o primeiro taxi que vi na frente, pedi para ele ir até o Central Park.  Só o Austin pra me fazer sair correndo do desfile da Victória Secrets desse jeito, isso era loucura não era?
Por causa do transito caótico demorou uns 20min. para chegar lá. Ele me deixou no Central Park as 23h33min., e ainda tinha o problema de achar ele ali no meio de todas aquelas arvores.
Eu comecei a andar pela calçada e vamos dizer que ali não era muito iluminado, mas também não era escuro. Eu abracei minha pequena bolsa de mão e continuei andando, até alguém me puxar pelo braço e eu gritei o mais alto que pude, logo depois cobriu minha boca com a mão e eu fixei o olhar no Austin.
- Shiu! – ele sussurrou – desse jeito vão achar que estou te sequestrando – ele riu.
- Seu idiota – bati nele com a bolsa e coloquei a mão no peito. Ele só sorriu tenso porém charmoso – que foi? – perguntei desconfiada.
- Nada – ele sorriu simpático.
- O que você ta fazendo aqui? – perguntei enquanto andávamos.
- Já disse, vim resolver algumas coisas.
- Que coisas?
- Coisas que não interessam a você – ele sorriu sínico.
- Ah claro, sempre educado e encantador – sorri sarcástica.
Fomos andando e conversando até chegar a uma parte totalmente aberta e iluminada. Ele quis me pagar um Milk shake e eu aceitei, afinal não tinha começado a dieta. Nos sentamos em um banco perto de umas pessoas e depois voltamos a caminhar.

{Música: http://www.youtube.com/watch?v=27nHtyAeiUU  }
- Aquele dia você me perguntou da Mandy – ele disse.
- É.
- Nós não estamos namorando, nem ficando. Só somos amigos.
- Amigos? – perguntei – da pra ser amigo daquela lá?
- É, não é uma amizade verdadeira e pra vida inteira, mas é uma companhia.
- Oun, você anda muito sozinho, é? – zuei ele e fiz uma carinha – a Mandinha fico boazinha e naum qué que u bebezinho Austin fique sozinho então ta ofelecendo amizade cololida ? – fiz voz de criança.
- Eu não to me sentindo sozinho. – ele riu – É um tipo de solidão que você não entende – ele falou sério me olhando.
- Porque eu não entendo?
- Porque não.
- Eu sou humana, posso sentir qualquer coisa.
- Olha, eu não devia ter tocado no assunto tá?
- Se arrependeu? Você é esquisito – dei um empurrão nele.
Nesse momento o poste que fazia luz onde estávamos se apagou, apenas os postes à nossa frente e atrás ficaram acesos.
- Ta vendo como você é sinistro – brinquei. Ele parou e ficou em silencio apenas me olhando e depois um sorriso faceiro e sincero surgiu no seu rosto, ele se aproximou de mim e mexeu no meu cabelo – porque você pediu para me encontrar aqui? – perguntei baixinho.
- Porque eu queria te ver.
- Porque aqui?
- Não tem nada a ver o lugar, é só um ponto conhecido.
- Sei.
Ele se aproximou mais até eu sentir sua respiração e seu perfume amadeirado. Era uma sensação estranha, eu queria mais não podia querer. Eu estava quase beijando o Austin e queria muito aquilo, os lábios vermelhos dele me chamavam mas eu namorava e não queria trair o Harry, eu não podia. Eu o amava. Mas também amava o Austin. Minha barriga gelou e eu senti que ia cair pois meus joelhos ficaram bambos, quis tanto que ele me segurasse naquela hora e foi o que ele fez. Ele passou o braço bem de leve pela minha cintura mas mesmo assim ainda sentia que estava fraca. Só que a sensação estava tão boa que eu tive que lutar contra meu desejo e abrir os olhos atentamente e recuar.
- Não. – lágrimas embaçaram minha visão – Não posso. Eu sou comprometida.
- Este é o único argumento que você tem? Que você é comprometida? – eu sem querer assenti com a cabeça – da para ver nos seus olhos que você quer. Da  pra sentir só de chegar perto de você, que você esta indecisa.
- Então não aumente minha duvida.
- Demorou mas finalmente consegui te convencer que sentia algo por mim – ele passou o dedo indicador pela lateral da minha face e tive a impressão de que seu toque deixou uma marca de fogo na minha pele. Mais uma vez me peguei extasiada pelo momento e só então sai do transe. Uma lágrima escorreu pela minha face.
- Me desculpe mas eu não posso fazer isso. Eu também amo o Harry e nunca o faria sofrer... -ele me interrompeu.
- Você prefere ferir a mim. – ele falou tristonho e eu senti uma pontada no coração – Ele em primeiro lugar, sempre, néh?
- Me desculpa se eu te machuquei. É que a minha relação com o Harry está bem mais avançada, se você soubesse de tudo o que passamos – outras lágrimas escorreram.
- Luiza você me machuca toda vez que eu te vejo com ele!
- Me desculpa!
- Não tenho o direito de cobrar isso de você – ele colocou as mãos na cabeça e eu o olhei parada.
- Austin, eu gosto de você. Até mais do que deveria. As vezes tenho vontade de terminar meu namoro mas não sei se seria a escolha certa. Eu amo os dois mas tenho que saber por quem estou apaixonada.
- Não quero mais explicações, por favor?!
- Nós dois temos uma história juntos Austin! – eu gritei – nós quase formamos uma família! – falei nervosa e comecei a chorar. Eu não devia ter dito isso.
- Como assim uma família? – ele levantou a cabeça e me olhou curioso.
- Eu... – eu não tinha certeza se queria contar, mas isso já tinha passado da conta. Não sei como, a essa altura do campeonato, ele não sabia de nada. E realmente, esse segredo estava me corroendo por dentro.
- Você...?
- Eu engravidei. – confessei chorando – E nós íamos nos casar. – eu olhei para o Austin e ele estava parado, sem nenhuma reação ou expressão – Mas minha gravidez era de risco, eu tinha deslocamento de placenta e quem sabe até pré eclampsia. Um dia sem mais nem menos, aconteceu. Não tinha completado nem 1 mês direito. Então cancelei tudo, o casamento, tudo. Tentamos manter tudo longe dos olhos da imprensa e deu certo. Ninguém além de quem precisava sabia. Aquele foi o pior dia da minha vida – ele não disse nada. Vi seus olhos brilhando, talvez fossem lágrimas mas nenhuma escorreu pelo seu rosto.
Ele ficou em silencio. Um silencio tortuoso.
- Diz alguma coisa pelo amor de Deus?!
- Eu não sei o que dizer. Eu não precisava saber?
- Eu não sabia como te contar. Eu tinha medo que você tivesse essa reação.
- E como você queria que eu me sentisse?! – ele gritou e eu me assustei – a garota que eu amo grávida e prometida a casamento! E eu só saberia na hora? – eu fiquei parada, “a garota que eu amo”, essa palavras ecoavam na minha cabeça e eu quis em sentar nessa hora.
Eu havia sido tão invencível em relação ao Austin. Me senti um monstro e quis sumir da face da terra.
- Austin, eu... me perdoe?! Eu to me sentindo tão suja e indecente – agachei e fiquei apoiada nas pernas, eu precisava sentar, se não acho que desmaiaria.
- Eu não sei o que dizer – ele deu um riso desesperado e triste.
- Eu, vou embora. Me desculpe – me desculpei mais uma vez e sai andando até chegar a rua onde pedi um taxi para me levar até o hotel.
Eu não havia reparado na hora, já eram 02:00h da madrugada. Cheguei no hotel onde todos já deviam estar dormindo, enrolei a parte de trás do meu vestido na mão e chamei o elevador. Ele estava vazio. Eu tirei meus sapatos de salto para não fazerem barulho e desci no meu andar. Lentamente abri a porta do meu quarto e depois a fechei.
Desabei na minha sem nem se quer tirar o vestido, com os próprios pés tirei o sapato e quando cansei de chorar, dormi.
Acordei com batidas na porta mas logo elas pararam e eu cochilei de novo, um tempo depois o telefone do quarto começou a tocar.
- Alô? – perguntei sonolenta. Era o gerente do hotel, disse que estava ligando para confirmar se eu estava no quarto pois a Jose me chamou milhares de vezes e eu não atendi, também disse que ela estava me esperando no salão principal.
Eu tinha prometido que ia fazer compras com ela. Levantei da cama e nem tié tempo de ter o privilegio de tomar banho. Tirei o vestido e coloquei uma calça jeans com uma blusa e sapatilhas. Arrumei meu cabelo que estava todo arrepiado e tirei a maquiagem forte e borrada da noite anterior e fiz uma mais leve. Foi tanta correria que em 15min. eu estava lá embaixo, não pronta digamos, mas digna de quem vai fazer compras.
- Nossa Lu, você ta bem? Ta com cara de quem não dormiu a noite. Você sumiu depois do desfile.
- Eu to bem – sorri amarelo – eu to bem.
- Pra onde você foi depois? – ela perguntou. Eu estava tão cansada de esconder isso das pessoas, sabia que na Jose podia confiar. Mas com certeza o clima ficaria estranho depois, como ele era sobrinho dela e nós seriamos os padrinhos dos seus bebes poderia pegar mal.
- O Harry me ligou e disse que precisava falar urgentemente comigo e lá estava muito barulho. Então vim para o hotel e retornei pra ele.
Para a minha sorte ela não questionou. Se ela perguntasse porque a recepcionista não tinha me visto chegar, ou então porque minha cara de quem não dormiu a noite, eu estaria contra a parede.
Fomos para a cidade, fazer compras. Passei tudo no cartão pois não achava seguro andar com dólares por ai. Aliás um grande problema, ter que trocar euros por dólares. Eu comprei só um vestidinho pois não estava com animo pra isso, já a Jose comprou a cidade inteira.
Saímos de casa cedo e voltamos as 11:00h. 12h30min. pegamos o avião para Londres.
Não demorou muito e desembarcamos no aeroporto e depois eu pedi um táxi para me levar até em casa.
Depois que o taxi me deixou o portão e o taxista me ajudou com a mala eu estava esgotada, psicologicamente. Assim que passei do portão pra dentro eu estava em casa e finalmente poderia desabafar com a Dani. Abri a porta com a minha chave e o Blue veio correndo até mim.
- Oi menino- passei a mão nele e depois ele foi cheirar minha mala.
A casa estaca assustadoramente vazia. Subi com a minha mala e arrumei meu guarda-roupas, depois me troquei e coloquei uma roupa de ficar em casa. Mandei uma mensagem pro Harry avisando que já havia chegado e então passei a tarde toda vendo TV.
A Dani chegou quando estava quase escurecendo e eu estava cochilando, ela me cutucou algumas vezes e eu acordei.
- Oi – disse bocejando.
- Oi. Como foi de viajem? – ela disse indo para a cozinha.
- Nem te conto- me sentei no sofá e abracei os joelhos – o Austin tava lá.
- Você beijou ele? – ela perguntou desesperada e se sentou ao meu lado.
- Não – ela fez uma cara de “eu sei que tem mais” – mas quase. Ele pediu para nós nos encontrarmos no Central Park e foi o que eu fiz. Então começamos a conversar e tocamos na Mandy, e ai começou aquela conversa do dia que eu perguntei se eles estavam namorando e tal. E ele disse que ela era sua amiga, porque ele estava se sentindo sozinho de um jeito que eu não me sentia. Então nós quase nos beijamos mais eu interrompi e falei que namorava e não podia. Nisso tivemos uma leve discussão e ele ficou sabendo de tudo sobre a gravidez e o casamento. – suspirei e soltei o ar lentamente - E ele disse “Como você esperava que eu me sentisse? A garota que eu amo, grávida e prometida a casamento?” – falei baixinho.
- Nossa Lu. Que barra.
- E eu to me sentindo uma puta por ter feito isso com ele – apertei a ponta do nariz.
- Você não é uma puta, você é humana. Você não entendeu que quando ele disse que a Mandy era uma companhia porque ele estava se sentindo sozinho de um jeito que você não entende, ele estava falando que estava sentindo falta de carinho, de amor? Ele e a Mandy na namoraram, querendo ou não ainda rola uma coisa entre eles. E você namora, não tem como você sentir falta disso tudo, você tem o Harry – ela disse eu fiquei em silencio pensando.
- Não consegui pensar isso na hora. E agora estou me sentindo pior ainda. Eu gosto dele Dani!
- Acho que você esta muito confusa, não seria melhor dar um tempo com o Harry?
- Não sei se é a coisa certa a fazer. Eu quero ele, mas também quero o Austin. Só que o Harry sempre vai vir primeiro.
- Acho melhor você descansar, tirar uns dias pra pensar nisso – ela disse e eu assenti.
A campainha tocou.
- Meu Deus, quem pode ser? – perguntei.
A Dani se levantou e olhou pelo olho mágico.
- É o Harry – ela me olhou.
- Pode abrir – disse calma.
Ela abriu a porta e o Harry entrou. Ele veio até mim no sofá e se sentou e me deu um beijo, depois eu me deitei sobre seu peito e ficamos assistindo TV. A Dani foi para seu quarto e nos deixou a sós.
Eu não sabia se contava para ele que o Austin também foi para NY. Ainda mais porque rolou um clima e se eu começasse a contar eu ia sentir remorso e contaria tudo, assim na mais otimista das hipóteses ele iria ficar magoado comigo ou então iria resolver pessoalmente com o Austin. Afinal não tinha feito nada errado, não havia beijado o Austin e se gostar dele fosse algo errado, eu nunca estive certa.
Mesmo sabendo que era errado fazer isso com o Harry eu não queria terminar com ele. Ele era meu primeiro namorado, primeiro amor, primeiro tudo. Eu o amava incondicionalmente.
- Como foi lá linda? – ele perguntou mexendo no meu cabelo.
- Foi bem, adorei o desfile- falei normal.
- Que bom.
- Como foi os shows?
- Corridos, mas eu gosto. Uma fã subiu no palco e os seguranças foram atrás dela, virou uma bagunça – ele riu e eu também.
- Espero que ela não tenha chegado perto de você, ou então vou ter que ter uma conversinha – brinquei.
- Ela me agarrou no pescoço – ele riu sem vergonha .
- Não acredito! – fiz cara de surpresa e ri – que assanhada!
- Normal? – ele fez cara de desdém.
- Ah, é normal? Ok. Então eu também vou abraçar qualquer garoto por ai.
- Não vai não. – ele fez cara de sério – Eu não deixo.
- Você não tem que deixar, é normal – dei de ombros.
- Tente só para ver – ele segurou firme na minha cintura e eu me sentei em seu colo.
Ele me beijou e eu retribui, passei meu braço pelo seu pescoço e fiquei como um bebe em seu colo.
Era ótimo sentir o calor do seu corpo se misturando com o meu. Eu sabia que quando ele me pegava nos braços o mundo podia correr, tropeçar, capotar, explodir, parar, ser invadido por ETs, aniquilado, queimado, inundado, não interessa. Ele me protegeria.
Paramos o beijo e eu encostei minha testa na dele e fiquei em silencio. Ele brincou com nossos narizes e depois me deu um beijinho na bochecha. Era verdade, eu não sofria com falta de carinho e de amor, não conseguia imaginar o quão horrível era, e mais uma vez me senti mal por fazer o Austin sofrer. Eu desci do seu colo e me deitei no sofá deixando somente a cabeça no colo dele. Ficamos assistindo TV e logo eu peguei no sono enquanto ele brincava com um cacho do meu cabelo.
Acordei e já estava escuro, o Harry não estava mais lá. Aproveitei para arrumar minhas coisas da faculdade e depois mexi nas redes sociais. A Dani ainda estava no seu quarto.
Segunda feira fui para a faculdade como de costume e depois do horário de aula ainda fiquei por lá para terminar uns trabalhos. Enquanto ainda estava lá recebi uma mensagem avisando para ir na nutricionista da agencia que ela me passaria minha dieta, tudo o que eu poderia comer ou não e quando, até chegar o desfile.
Sai de lá já estava escuro. Fui para a casa e fiz meu jantar de acordo com o pedido. Dormi cedo pois estava muito cansada. Assim se passou a semana, até chegar sexta-feira, onde teria uma festa na casa do Charlie para comemorar seu aniversário. Falando em aniversários o do Harry também estava chegando, e eu não sabia o que lhe dar de presente.
Estava no meu quarto me arrumando, eu havia escolhido um vestido azul marinho escuro, com um cintinho branco de laço preso na cintura e mangas de renda branca. No pé usava um meia pata vermelho, aproveitando que estava na moda as cores vermelho, azul, branco e listras. Estava terminando minha maquiagem e o Harry chegou. Pedi para ele subir e ele entrou no quarto abrindo, de vagar, a porta que estava entreaberta. A luz do quarto estava apagada e só a da penteadeira estava acesa, iluminando somente onde eu precisava. Passei um pouco de blush e retoquei o batom vermelho. Olhei para a sua imagem refletida no espelho e ele sorriu.
- Parece uma boneca – ele falou com a sua voz rouca e eu sorri.
- Obrigada – agradeci.
Passei meu perfume e depois me encarei por uns segundos no espelho. Me levantei e ajeitei meu vestido. Meu cabelo estava todo solto e eu havia passado um babyliss só para deixar os cachos maiores. Realmente eu parecia uma boneca da vida real. Com os cílios grandes e  boca vermelha, o cabelo cheio de cachos e meu vestido de renda.
Ele me deu um beijo na bochecha e depois nós fomos para a festa.
O problema é que era óbvio que o Austin estaria lá. Tentei manter meus pensamentos controlados e não deixar meu nervosismo transparecer. Como o Harry mesmo já havia dito uma vez : a única coisa que o impedia de voar no Austin era a minha amizade com ele. E se ele descobrisse sobre Nova York ou que ele andava me dizendo o que sentia por mim, a coisa ia ficar feia. E uma briga era a ultima coisa que eu queria.
A festa seria só para os mais íntimos, mais é claro que alguns importantes empresários também estariam lá. A Jose estava linda, com uma barriga enorme. Logo ela ganharia os bebes. E eu e o Harry não tínhamos discutido o assunto de que eu ia ser madrinha junto com o Austin. Na verdade nem chegamos a conversar, eu só disse uma vez durante uma briga e deixei a explicação bem vaga. Era melhor não tocar no assunto agora.
Entramos de mãos dadas e ficamos conversando com algumas pessoas. Ao lado da escada eu vi o Austin, ele estava usando uma camisa social branca, com as mangas dobradas até os cotovelos e todos os botões fechados. Uma calça jeans preta e sapato social preto. Ele estava encostado no corrimão da escada com um copo na mão, conversando com duas mulheres.
Me virei par ao Harry, preferindo não olhar ele com as mulheres. Abracei seu braço e tomei uma pouco do vinho branco que estava na minha taça.
Mais tarde naquela noite, eu estava conversando com a Jose na cozinha. O Harry estava na área de fora com os outros homens e o Austin entrou na cozinha para pegar mais uma garrafa de proseco.
- Austin querido! – a Jose chamou ele, que fechou o freezer e veio até nós.
- Sim?- ele falou para ela – Luiza – ele me cumprimentou e eu sorri e fiz um aceno de cabeça.
- Estou tão feliz que vocês dois vão ser os padrinhos do Austin e da Lauren – ela sorriu – formam um casal lindo!
Eu abaixei minha cabeça, vermelha e dei um sorriso envergonhado. Já o Austin deu um sorriso sarcástico de canto de boca.
- Ela namora tia. Se seu namorado ouvir isso vai ficar muito bravo – ele respondeu ainda rindo.
- Mas meu namorado não é possessivo e nem meu dono – respondi irritada com a piada de mal gosto dele.
- Ui. Não falei por mal – ele disse com ar de desdém – você é totalmente independente e madura. Foi mal.
- Foi péssimo.
Antes que eu pudesse continuar a Jose interrompeu.
- Vocês dois são sempre tão esquisitos um com o outro. Não quero que briguem!
- A gente não briga tia. Até nos damos muito bem néh Lu? – ele passou o braço por cima do meu ombro.
- Claro – fechei os olhos para não ter que revira-los.
- Vou no banheiro. Xixi a cada 5 minutos! – ela riu e saiu.
- Já pode tirar o braço – eu disse depois de uns 10 segundos que ela já havia saído.
- Ta bom assim.
- Você não tinha que levar isso lá pra fora? – apontei para a garrafa.
- Tínhamos que fazer muita coisa. Mas quem disse que fazemos néh?
- Para – apertei os olhos.
- Com o que?
- Com isso, ficar mandando indiretas. Eu não sou burra!
- Eu sei que não – ele falou baixinho e suave. Eu me acalmei e ao mesmo tempo senti um arrepio por estar tão perto dele.
- Hm – murmurei.
- Você ta linda. Parece uma boneca – ele apertou meu queixo.
- Já me disseram isso hoje.
- Talvez você devesse levar em consideração que é verdade.
Ele se afastou um pouco e ficou pensativo. Então eu me virei para deixa-lo ali e caminhei até a sala, onde ouvi ele deixando a garrafa em cima da mesa e vindo atrás de mim, puxando meu braço me fazendo olhar fixamente para seus olhos e quase encostar nossos lábios.
Neste instante seu corpo bateu contra o meu me fazendo trombar no sofá e só depois ver ele com a mão na boca e um pouco de sangue. Corri os olhos pela sala e novamente vi um vulto e então pude distinguir a silhueta alta do Harry partindo pra cima do Austin. Os dois eram praticamente do mesmo tamanho e pareciam ter a massa muscular igual.
- Para! – eu gritei mas foi em vão.
O Charlie e os outros homens que estavam lá fora vieram correndo para apartar a briga e a Jose ficou no alto na escada, longe da confusão.
Eu não sabia o que fazer. Eu temia pelos dois. Alguém bateu com o cotovelo abaixo da minha costela e eu voei contra a mesa de centro onde tropecei e cai de costas no chão virando a mesa sobre mim. O ar me faltou e eu não sabia se ficava mais preocupada com a dificuldade de respirar, com meu corpo dolorido, a perna cortada ou a briga.
O Charlie correu até mim quando já haviam apartado a briga. Ele se ajoelhou ao meu lado e me ajudou a me levantar.
- Ai – gemi e ofeguei ao mesmo tempo. Me arrastei até conseguir me apoiar em uma parede
- Desculpa. Onde ta doendo?
- Me dei-xa respi-rar – gaguejei. Meus quadris doíam e minha cabeça também.
Fechei os olhos por alguns segundos para me concentrar somente e respirar e assim que consegui recuperar um pouco do fôlego abri os olhos. Os olhares preocupados do Harry e do Austin estavam voltados a mim. Os olhos escuros do Austin estavam negros de preocupação, sua expressão demonstrava desespero.
Os olhos verdes do Harry estavam cinzas esverdeados, sua boca estava aberta em um pequeno O e ofegante pela briga. Acho que a única coisa que os impediu de correr até mim era o fato de seus braços estarem sendo pressionados contra suas costas pelos outros homens para que não começassem um nova briga.
- Vem, me deixe te ajudar. Vou te levar para a casa e amanha conversamos – o Charlie tentou me pegar no colo.
- Não! – gritei – dói – gemi e meus olhos encheram d’água – devagar por favor.
Mais um homem veio ajudar, eles me levantaram e me deixaram em pé, depois, apoiada nos ombros deles, fui mancando até a porta por onde passei sem olhar para trás e fui até o carro do Charlie. Escutei uns gemidos lá dentro, acho que os meninos estavam tendo uma discussão de novo, mas dessa vez por causa da minha queda.
- Você quer falar disso? – o Charlie perguntou e eu neguei com a cabeça – Mas amanhã não vai ter como escapar – eu não disse nada.
Estava machucada por fora e por dentro. Era triste ver as duas pessoas que eu mais amava na vida brigando, e por  mim!
O Charlie me deixou no portão e eu recusei a sua ajuda. Caminhei mancando até a parte de dentro do portão e o fechei, a partir da li era difícil ver o que eu fazia pois o portão era quase todo fechado.
Caminhei de vagar a te a porta e à abri. Acendi a luz da sala e o Blue estava dormindo no sofá. Caminhei até a dispensa e peguei algumas coisas para fazer um curativo na minha perna. Coloquei as coisas sobre a mesa da cozinha e a luz da escada se ascendeu, logo a Dani apareceu.
- Lu? O que aconteceu?
- Me machuquei – falei triste e me sentei na cadeira.
- Como?
- O Harry e o Austin começaram a brigar e alguém me empurrou e eu cambaleei para trás tropeçando na mesa de centro, então ela se virou contra mim.
- Nossa. Mas porque eles brigaram? – ela perguntou assustada e eu passei as mãos pelo cabelo.
- Eu e o Austin estávamos conversando, aquelas conversas perigosas de sempre. Então eu sai mais ele me puxou pelo braço e nisso só quase nos beijamos. Acho que o Harry viu e partiu pra cima.
- Luiza, tava na cara que uma hora isso ia acontecer. Ou você termina com o Harry ou para esse clima com o Austin. Não da certo! Alem de ficar falada vai perder a confiança dos dois – ela disse brava e eu não neguei. Era verdade, eu gostava do Austin, não tinha certeza se queria ficar com ele mas isso não era certo com o Harry.
- A melhor coisa à fazer é terminar.
- Me deixa ver seu machucado – ela falou com pena.
Havia um corte de uns 10 centímetros na parte interna da minha coxa esquerda.
- Isso ta muito feio. Vai e ter que dar ponto. Vou te levar no hospital.
Ela pegou as chaves do seu carro e me ajudou a caminhar até ele. A Laura estava de plantão no hospital e eu tentei explicar tudo para ela, mas querendo ou não ela nunca compreenderia por completo, pois ela não sabia de quase nada sobre esse “triangulo amoroso”.
Para a minha sorte não foi preciso dar pontos pois o corte não era fundo, mas eles limparam o ferimento e ainda enfaixaram.
Chegando em casa desabei na minha cama. Verifiquei meu celular e haviam 23 mensagens e 14 ligações perdidas. Joguei o celular de lado e fiquei pensando. Não seria fácil terminar meu namoro, só que assim não dava mais. Enquanto eu não descobrisse o que sentia pelo Austin não poderia ferir o Harry. Era horrível sentir que eu não teria mais os braços deles para me confortar e nem seus lábios para me fazerem sumir da realidade, mas eu tinha que me decidir. Assim não dava.
Quase não dormi a noite. Sábado acordei com olheiras, conferi o celular de novo e o numero de ligações perdidas tinha dobrado. Verifiquei as mensagens e todas eram do Harry e do Austin perguntando como eu estava, algumas do Charlie e umas das meninas, elas disseram que ficaram sabendo de tudo. Como noticia ruim corre rápido! Entre todas as mensagens somente uma da Jose me chamou a atenção: Ela queria me encontrar para conversarmos. Eu respondi falando que sim e perguntando local e hora.
Minha perna ainda doía e eu me levantei de vagar e fui para o banheiro onde tomei um banho doloroso por causa do ferimento. Estava frio e o tempo fechado.
Arrumei o curativo e coloquei um vestido cinza que ia até um pouco acima dos joelhos e uma meia calça preta com uma ankle boot.
Combinamos de tomar café da manhã no Starbucks. Tirei meu carro da garagem e fui ao seu encontro.
Ela me esperava sentada me uma mesa perto da janela, me aproximei da sua mesa e em sentei de frente para ela. Ela estava com um livro para mães de primeira viagem e um café expresso estava a sua frente, o vapor quente subia sem cessar. Fiz um pedido de capuccino com creme e só.
- Quer bolinhos? – ela empurrou uma caixa com vários cupcakes.
- Não obrigada.
- Você quem sabe. – ela lambeu os dedos – Lu, oque aconteceu ontem?
- Ai Jose, minha vida ta de ponta cabeça – apoiei a cabeça nas mãos.
Ela não disse nada, aguardou em silencio que eu continuasse.
- Eu já namorava o Harry quando conheci o Austin. Nós estudávamos juntos no colégio, então viramos amigos. Ai começamos a estreitar os laços e viramos melhores amigos, por coincidência ele começou a Namorar a Mandy, ex namorada do Harry. Teve o acidente, o que nos aproximou mais ainda, pois estávamos sozinhos e frágeis. Então um sentimento começou a surgir mais quando o Harry acordou eu vi que não podia deixar esse sentimento continuar, eu amava, e amo, tanto o Harry. Então nós nos afastamos um pouco só que agora parece que o sentimento voltou com tudo, ele gosta de mim e eu gosto dele. Eu amo os dois. Estou confusa, não quero terminar com o Harry, mais seria muita covardia minha o magoar.
- Porque você não me disse antes? – ela fez cara de confusão e pena.
- Porque nem eu sabia o que sentia, na verdade ainda não sei. Mas enquanto eu descubro o que é, prefiro não machucar o Harry. Só tenho medo de que ele não me queira mais depois.
- Eu nunca passei por isso, portanto não sei muito bem o que te dizer. Mas você não querer magoar o Harry é uma atitude nobre, mesmo que isso ponha em risco seu namoro. Não da pra dizer o que vai acontecer mais para a frente. Só que a sua história com o Harry é importante demais para acabar assim.
- Me desculpe pela sua festa ontem.
- Tudo bem – ela respondeu e sorriu. Mas não tava tudo bem, eu tinha que falar com o Harry e com o Austin.
Eu não sabia se ficava com raiva ou preocupada com eles. Ficar brava com o Harry por ele ter começado a brigar ou ficar preocupada por nós não termos nos falado. E então brigar com o Austin por ele ter insistido no assunto ou então ficar triste por ele ter que brigar por mim. O Harry fez o que a maioria dos namorados faria nessa hora, e o Austin gosta de mim... e quando você gosta de uma pessoa, você luta por ela. Porque sem ela, você não é nada. Você necessita estar com ela, precisa estar, porque longe não é nada, não tem sentido.
Meu celular tocou mais uma vez e era uma mensagem do Harry. Ele pediu para me encontrar, uma mensagem sem graça, apenas com “Precisamos nos encontrar. Estou te esperando naquele lugar”. Respirei fundo e tremi.
- Eu preciso ir – engoli seco.
- Ta.
- Me desculpe pela festa, mais uma vez.
- Ta tudo bem.
Sai do café e peguei meu carro, dirigi até a auto estrada e sai de Londres. Dirigi alguns poucos quilômetros até chegar na entrada do campo. O carro dele já estava lá, estacionei o meu de baixo das arvores e segui e trilha até o alto. Lá em cima estava ainda mais frio. Antes de sair do carro coloquei um sobretudo bege e o fechei até o ultimo botão. Lá em cima havia neblina, não muita, mais o suficiente para não enxergar nada além de um metro e meio de distancia de onde estava.

{Música: http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=FOjdXSrtUxA&NR=1 }
No meio da massa branca vi uma silhueta alta, vestindo um sobretudo azul marino e calças pretas. A gola do casaco estava erguida cobrindo o pescoço.
- Oi – falei baixinho porém acho que o suficiente para ele se virar.
- Oi – ele respondeu.
Ficamos em silêncio. Eu não sabia se ficava com raiva pela briga ou se me sentia mal por gostar do Austin.
- Como esta a sua perna? – seus olhos estavam cinzas.
- Bem – passei a mão pela perna no local onde estava o corte.
Ele não respondeu, só mordeu o lábio demonstrando nervosismo e ficou em silencio.
- Harry, precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem – falei e fechei os olhos para tentar respirar normalmente.
- Você gosta dele? – ele foi direto e eu fiquei em silencio – sabia.
- Não é assim do jeito que você pensa – falei firme.
- Então como é?
- Não me trate com frieza! Não fiz nada para você me tratar assim!
- Minha namorada esta gostando de outro cara, como você quer que eu haja?
- Eu não tenho culpa! Você acha que eu gosto de estar divida entre vocês dois?!
- Eu achei que o que a gente sentia era real Luiza.
- E é! Pelo amor de Deus, entenda que eu te amo, mas de um tempo pra cá estou começando a sentir alguma coisa pelo Austin.
- Então já faz tempo?
- Eu nunca beijei ele se é isso que você quer saber. Eu nunca te trai! Nem teria coragem.
- Não quero você perto dele.
- Não me trate como se eu não tivesse sentimentos! Nem muito menos vida! Não é assim.
- Eu não sei o que fazer, droga! Não sei se fico nervoso por você estar começando a gostar dele ou me sinto egoísta. Minha vontade é de te pegar e te levar pra longe daqui, pra um lugar onde ninguém possa nos interromper, mas não é tão fácil assim. Eu não vou dividir você com ele.
- Eu não sou uma marionete, boneca de pano ou um brinquedo. Eu sinto coisas. Eu também não sei o que fazer. Mas eu não vou fugir.
- Então você quer ficar com ele?
- Eu não sei o que eu quero! Eu não sei o que eu sinto! E até eu descobrir o que é, não quero te machucar.
- É impossível não machucar – ele chegou mais perto.
- Não da pra ficar assim.
- Não da. Acho que é melhor dar um tempo – ele disse e pôs as mãos nos bolsos do casaco.
- Eu não quero que termine assim – quis chorar mas por conta do frio nenhuma gota escapou.
- Tem que terminar assim, pelo menos até você descobrir o que quer – ele ergueu a cabeça para o alto e olhou para o céu cinza.
Eu fiquei em silencio, não tinhas palavras para dizer. Cheguei mais perto e ele voltou a olhar para mim, me aproximei mais.
- Desculpa – falei baixinho e uma lagrima solitária e cheia de sentimento desceu pela minha face – eu te amo.
- Eu também te amo – ele abaixou a cabeça e nossas testa se encostaram. Ele deu um beijo no meu cabelo e depois saiu, sumiu no meio da neblina.
Eu não estava acreditando que tinha acabado. Cai de joelhos e me debrucei sobre as pernas. O frio estava intenso e eu não estava sentindo as pontas dos dedos. Fechei os olhos e imaginei eu e o Harry abraçados na cozinha da minha antiga casa. Eu colocava os dedos pelos passantes da sua calça e o abraçava. Ele cheirava meu cabelo e depois me dava alguns beijos brincalhões na bochecha.
Quem diria que ali, naquele campo, onde tantas coisas começaram... tantas etapas das nossas vidas, agora terminava.
Senti medo por estar ali sozinha, no meio do nada, de ninguém. Não tinha mais quem me protegesse, nenhum braço para onde esconder, nenhum colo para onde correr. Me levantei e me arrastei trilha a baixo em direção a estrada, pelo caminho eu ia me apoiando nas arvores pois sentia que ia cair.
Quando cheguei lá embaixo apenas meu carro estava lá. Abri a porta e me joguei no banco do motorista. Travei todas as portas e me apoiei no volante. Eu não ia conseguir dirigir. Esperei uns 15 min., até minhas lágrimas cansarem de cair, até meu coração voltar a bater, até um pouco do tremor passar.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • wilsonmf Postado em 23/07/2013 - 00:39:28

    Pelo que eu vi na história, parece uma fanfic boa, vou acompanhar! :D


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