Fanfics Brasil - Revelando o Segredo Um amor pra recordar Portiñon

Fanfic: Um amor pra recordar Portiñon | Tema: RBD Anahi e Dulce Maria


Capítulo: Revelando o Segredo

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            As meninas foram para a casa, mas Anahi ficou comigo até que minha mãe chegasse. Minha mãezinha ficou toda carinhosa e fazendo meus gostos quando contei o que tinha acontecido. Sua primeira reação era matar o Landon, mas depois de um tempo digerindo, ela ficou calma pelo fato de que agora eu não iria precisar ficar escondendo e tudo mais. Apesar de que os pais de Anahi ainda não saibam.


Na manhã seguinte eu não queria levantar daquela cama por nada, muito menos para ir à escola. Estava sem ânimo nenhum.


– Filha. – chamou minha mãe.


– Estou atrasada? – perguntei abrindo um dos olhos.


– Não meu amor. Bom dia. – disse beijando meu rosto. – Vim te avisar que não precisa ir à aula se não quiser.


– Bem que eu queria faltar, mas tenho prova para fazer. – disse me levantando.


– Tem certeza? – perguntou.


– Tenho sim. – sorri.


– Então deita de novo, você ainda tem uns cinco minutinhos.


– Oh mãe, é melhor não. Não me dou muito bem com os cinco minutinhos. – ri. – Vou levantar já, porque aí eu chego menos atrasada para encontrar a Bia.


– Tudo bem. Vou lá na cozinha tomar café e depois vou trabalhar. Hoje chego só depois das seis.


– Tá bom. Vai lá. – sorri e me dirigi ao banheiro.


            Saí do meu apartamento e me encontrei com Bia. – Eu amo minha amiga! – Ela foi o caminho todo sendo carinhosa, amorosa e me dando o máximo de atenção.


– Dulce. Você está bem? – perguntou Cris quando entramos na sala.


– Oh Dulce. Conte-nos o que aconteceu. – pediu Ju beijado Bia e depois vindo cumprimentar.


– Gente. Por favor. – disse Bia.


– Tudo bem Bia. Não tem problema. – sorri amarelo. – Eu só estou um pouquinho, muito, chateada com seu primo. – disse para Cris.


– Eu não sabia. Eu juro. Falei um monte pra ele ontem por telefone.


– Tudo bem amiga. Eu sei disso. Mas é que ainda estou muito chateada. Não esperava isso dele.


– Cara, o Landon caiu no meu conceito. Nada contra Cris. – disse Ju.


– O que aconteceu com ele? – indaguei.


– Levou três dias de suspensão. – disse Cris.


– Eu não queria que nada disso estivesse acontecido. – cabisbaixa.


– Relaxa, nos sabemos disso. – sorriu. – Mas esse negócio de você estar com aquela garota, é verdade? – perguntou a prima dele. – Quer dizer, eu sei que ela é a pianista do musical.


– É verdade. Eu nunca tinha ficado com outra garota. Nunca. Mas quando a conheci, foi tipo, automático, entende? Estamos namorando. Ela é perfeita. – sorri lembrando-me de minha loira.


– Isso eu posso dizer. A Any é um amorzinho de pessoa. – disse Bia sorrindo para mim.


– Então se é assim, queremos conhecê-la também. – disse o garoto.


– Tem certeza Ju? – indaguei.


– Claro. Vamos todos ao musical para ver vocês. – respondeu Cris.


– Obrigada gente. Vocês não têm noção como o apoio de vocês me faz bem. – sorri.


– Somos amigos, certo? – disse Ju.


– Nem todos nós. – gargalhei olhando para as mãos de Ju e Bia entrelaçadas.


– Boba. – minha amiga deu-me a língua.


            Faltavam menos de quatro dias para o musical. Durante esse tempo eu mal vi Landon. Na escola ele ficava o tempo todo afastado de nós e me olhando de uma forma assustadora. Pelo menos não houve mais ensaios, e logo que o musical acontecer, nunca mais vou ter que dirigir uma única palavra para ele.


            Meu namoro com Anahi ia de vento em polpa. Cada dia que passava, eu tinha a leve impressão, que o amor que eu sentia por ela conseguia ficar maior. Às vezes era tão grande e tão forte que meu peito ameaçava explodir. – Ou talvez fosse só a falta de ar depois dos beijos. – sorri com o pensamento.


            Tudo parecia perfeito, mas ainda precisava conversar com Letícia e, Anahi com os pais dela. – Falando em pais. – Minha mãe disse que irá apresentar o novo namorado – isso mesmo. Ela está namorando. Eu não disse! – em um jantar em nossa casa.


– Por favor, meu amor. Faça isso por mim. – pediu Anahi.


– Eu não consigo. Não vai dar certo. – disse olhando as minhas mãos.


– Vai sim. Eu preciso disso. Preciso que você esteja comigo. – levantou minha face para olhá-la nos olhos. – Por mim. – pediu.


– Mas... E-eu tenho medo do seu p-pai. – gaguejei.


– Mas Dulce. – suspirou. – O que custa você estar comigo? Afinal, foi você quem me pediu em namoro. Agora se vira. – disse e se levantou do sofá.


– O que está acontecendo? – indagou minha mãe aparecendo na sala junto de Sueli.


– Sua filhinha. Ela me pede em namoro, mas agora não quer ir comigo dizer aos meus pais. – disse Any sorrindo.


– Mas mãe...


– Dulce Maria. Que coisa mais feia. – cerrou os olhos. – Não foi assim que eu te criei. Aceite as responsabilidades. Vai ter que ir sim. E nada de mais. Ninguém te obrigou a pedir a pianista aí em namoro. – sorriu apontando para a Any.


– Sueli. – supliquei.


– Não olha para mim pivete. Elas estão certas. – riu.


– Meu Deus. Mas que droga. – bufei. – Será que ninguém pode, por favor, olhar o meu lado? – perguntei. – É difícil para mim. – disse encarando minhas mãos.


– Ai meu Deus. – Any se sentou ao meu lado rindo. – Coitadinha do meu amor. – me deu um beijinho na bochecha e segurou minha mão.


– Começou! – disse Sueli gargalhando e saindo da sala.


– Eu não tenho escolha? – indaguei.


– Não! – responderam em uníssono.


– Eu sou uma rejeitada que não tem escolha. – afundei mais no sofá.


– Anda logo minha filha. Levanta desse sofá, vai ficar linda e gostosa para a sua namorada, dá uns beijinhos nela e vai conhecer seus sogros.


– Mãe! – gritei tacando uma almofada nela.


– Já to indo. Já to indo! – gritou indo para o quarto. – Anahi? – chamou à loira.


– Sim Anita?


– Dá um jeito. Por favor. – gargalhou e fechou a porta.


– Que saco! – berrei.


            Olhei para a cara da Anahi e ela não parava de rir. – Ela fica tão linda! – pensei.


– Eu tenho certeza que seu pai vai me matar. – disse quando chegamos à casa da Any.


– Olha. Fica calma. Não vai acontecer nada. Eu te protejo. – sussurrou me encarando.


– Será que não poderíamos passar a noite aqui dentro do carro? – perguntei cerrando os olhos e fazendo um biquinho.


– Passar a noite no carro? – indagou confusa.


– É sabe... – tirei o cinto e me aproximei dela. – Seria muito melhor, e poderíamos aproveitar mais. – sorri maliciosa e lhe dei um beijou urgente.


– Ah, entendi. Pois é... – se afastou sorriu ofegante. – Poderíamos. Mas hoje não.


– Isso significa que amanhã poderíamos? – continuei com o sorriso malicioso.


– Então... Veremos. – com a face ruborizada. – Agora vamos. Chegar atrasada não é a melhor forma de se conquistar os sogros. – deu-me um selinho e saiu do carro.


– Que merda! Sou uma pessoa sem o direito de livre arbítrio. – bufei jogando as mãos para o ar. – Vamos né, fazer o quê? – abri a porta e sai.


            Ao ficar ao lado dela, entrelacei nossas mãos, encarei-a por uns segundos e pressionamos os nossos lábios em um selinho.


– Não se preocupe. Estou com você! – disse fitando meus olhos com sua íris azul. Sorri em resposta e nos colocamos a caminhar.


            Aquela pequena distância do portão, atravessando o jardim e chegando a porta, parecia a estrada de tijolos amarelos. Uma lentidão incrível. A cada passo dado, as mãos de Anahi iam ficando mais e mais espremidas pelas as minhas trêmulas.


– Mãe, pai? – chamou ela após abrir a porta e soltar as minhas mãos. Isso me deu mais desespero.


– Filha? Já chegou? – perguntou uma mulher saindo, do que acho ser a cozinha.


            Definitivamente aquela era a sua mãe. – Sim! Anahi era a cara dela! – Seus cabelos eram tão loiros quanto os da filha. A diferença era que enquanto o da Gi batia nos ombros, o da mãe dela ia até o meio das costas. Seus olhos eram azuis e sua pele levemente dourada. – Pelos meus cálculos, sua mãe não era tão nova, no entanto, tinha aquele estilo de carioca aos quarenta. Era muito bonita.


– Oi mãe. – cutucou meu braço de leve acordando-me de minha análise.


– Olá Sra. Portilla. – cumprimentei-a.


– Oi. Você deve ser Dulce, certo? – veio ao meu encontro e me deu um leve abraço seguido por uma piscadela para Anahi.


            Saquei na hora o olhar daquelas duas. – Anahi, Anahi. Como não me disse que havia contado a sua mãe? – pensei olhando para minha pianista. Ela me retribui com um sorriso encantador.


– Sim senhora. – confirmei.


– Oh, por favor. Chame-me de Clarisse. – sorriu e nos puxou para a cozinha.


– Clarisse. Sim. – dei um leve beliscão do braço de Anahi e ela se pôs a rir.


– O que foi? – perguntou sua mãe.


– Nada não. – respondeu. – Cadê papai?


– Está no escritório. Já deve estar terminando. – disse indo até o fogão.


– Que cheiro bom. O que temos para o jantar? – indagou Any.


– Temos frango ao provolone. E de sobremesa, torta gelada de abacaxi.


– Meu Deus. Isso tudo é só pra gente? – perguntou Any.


– Claro filha. – ainda com a atenção a fogão.


– Boa noite. – ouvi uma voz rouca atrás de mim. Ao reconhecer àquela voz tão forte  fez subir um arrepio pela minha espinha.


– Oi pai. – sorriu Anahi e passou por mim indo até ele.


– Boa noite Sr. Portilla. – disse lhe estendendo a minha mão.


            Levou um mero segundo com ele analisando meu braço estendido, até levantar sua mão e apertá-las em cumprimento.


– Boa noite. Você é aquela garota que veio aqui aquele dia, certo? – perguntou-me.


– S-sim senhor. – respondi tremendo.


            Lancei um olhar suplicando para Anahi pra que ela me socorresse. – Acho que ela entendeu.


– O nome dela é Dulce. – corrigiu Any.


– Dulce. – sussurrou ele me encarando.


– O jantar está pronto. – avisou Clarisse quebrando o clima. Não que eu estivesse querendo continuar.


            Anahi ajudou sua mãe a por a mesa. Ofereci-me para ajudar, mas as duas recusaram ao mesmo tempo. Enquanto isso, eu me perdia às vezes na forma parada encostada a porta da cozinha. Aquele ar imponente do pai dela me assustava. Era amedrontador. Super ao contrário da mãe dela. – Minha Anahi se parece muito com ela. – pensei analisando-as enquanto arrumavam a mesa.


            O jantar transcorreu maravilhosamente bem. Clarisse e Any faziam de tudo para que eu me sentisse verdadeiramente em casa. Seu pai, George, não era mal educado, apenas silencioso e fechado. Mas, algumas vezes se arriscava a me perguntar algo. Falamos praticamente só sobre o musical. Clarisse estava encantada com o fato de sua filha estar no quarto ano de faculdade e estar preparando esse evento. Fora que ela ainda seria a pianista. A todo o momento, Giovanna que estava sentada ao meu lado, acariciava levemente minhas mãos por debaixo da mesa.


            Quando terminamos com a refeição, sua mãe insistiu que fossemos para a sala conversar um pouco. Eu mesmo tremendo, aceitei de prontidão. Minhas mãos começaram a suar descontrolavelmente quando percebi o que estava por vir.


– Mãe, pai. Queria falar com vocês. – disse Anahi após alguns segundos de conversa.


– Sim filha. Pode falar. – disse sua mãe.


– Primeiramente, gostaria de pedir para que vocês não me julgassem. Independente do que aconteça, eu sempre serei a filha de vocês, da mesma forma que sempre serão meus pais. Alguns fatos podem parecer estranhos, mas não é só porque se parecem estranhos que são diferentes ou errados. – Anahi começou a discursar.


– Por favor, filha. Vá direto ao ponto. – pediu George.


– Me perdoem se não sou exatamente como desejaram que sua filha fosse, mas, Dulce não é somente minha amiga ou aluna. Seja lá o que pensam. Ela é atualmente a pessoa mais importante da minha vida. E creio, mesmo que se passem mil anos, o que eu acho difícil, ela continuará sendo essa pessoa. Eu a amo de uma plenitude magnífica. E o que mais me alegra, é que mesmo depois de tudo que eu a pedi, de tudo que eu insistia em martelar, ela me ama de uma forma recíproca.


– Anahi. Não enrole mais. Diga logo. – seu pai elevou um pouco a voz.


            Como estávamos sentadas lado a lado no sofá, Any apertou minhas mãos com uma força consideravelmente grande. Não me importei. Apertei com a mesma intensidade lhe passando uma confiança que até então estava escondida.


– Dulce e eu... nós... nós nos amamos e... estamos namorando. – suspirou.


Meu coração gelou. Apertei com mais força a sua mão enquanto olhávamos seus pais a nossa frente. Clarisse parecia indiferente. Já George, ele parecia ter levado um susto. Seu olhar era perdido, vago. Seus dedos começaram a bater incansavelmente na poltrona, formando um ritmo afobado e descompassado.


– Anahi! Quero conversar com você AGORA! – enfatizou a última palavra quase como grito.


– Anahi, vamos até a cozinha comigo. Por favor. – pediu Clarisse.


            Não disse nenhuma palavra. Olhei para Anahi e ela me parecia ansiosa. Segui Clarisse até a cozinha deixando-os sozinhos no outro cômodo.


– Me desculpe por George. – disse Clarisse me pedindo para se sentar.


– Não se preocupe. – sorri amarelo.


            Voltamos a ficar caladas outra vez. Ainda havia pairava um silêncio sobre a sala. Clarisse não me olhava, só encarava suas mãos em cima da mesa.


– Fala. – ouvi a voz de Anahi como um sussurro fazendo com que sua mãe levantasse seu olhar até a porta.


– O que você pensa que está fazendo? – gritou seu pai.


– Eu é que pergunto. Por que todo esse barraco?


– Anahi, você sabe o que pode acontecer.


– Pai. Por favor. Uma vez na sua vida, confia em mim.


– Minha filha. Isso não vai dar certo.


– Se o senhor ficar agourando não vai mesmo.


            Enquanto a discussão acontecia na sala, eu e Clarisse não dizíamos nada com o fato de ouvir o que se passava entre os outros dois.


– Ela sabe? – perguntou ele.


– Não! Ainda não!


– E como você espera que dê certo se ela não sabe disso?


– Eu vou contar. Eu juro. – prometeu ela.


– Você só vai se machucar e vai machucá-la. Anahi, ela não merece. Ela tem toda uma vida pela frente, não tem que ficar presa a você.


– Pai! Por um momento seja meu pai. Isso me machuca. Isso que você, que diz ser meu pai, fica jogando na minha cara, isso machuca. Você acha que eu não lembro disso todos os dias da minha vida? Hein? Você não acha? Afinal, eu é que tenho o problema. Melhor, eu sou o problema. – gritou ela.


– Não. Não fale assim. Minha filha, eu amo você.


– Não parece! Eu sofro todos as noites com medo de que no dia seguinte eu não acorde mais. E quando vejo a luz do sol entrar fazendo eu me sentir feliz com o novo dia, vem o senhor e me diz que tentar viver é errado?


– Eu não disse que é errado. Mas, você vai machucá-la. – repetiu ele.


– E se eu não tê-la em minha pouca vida, morrerei machucada. – gritou mais alto. – Eu a amo! E se durante esses míseros doze meses eu tê-la em minha vida, morrerei feliz. Uma coisa que já faz mais de dois anos que não sou. Você poderia ser igual à mamãe, ela sim me apóia em todos os meus sonhos e objetivos.


– Por favor, Anahi.


– Eu tinha medo de ter a Dulce, e quando disse isso a ela, ela pouco se importou. Porque ela me ama. E eu a amo. Entenda-me pai. Eu a amo.


– Não diga mais nada. – ouvi a sussurro de seu pai.


– Eu a amo como nunca amei e vou amar alguém. Ela é tudo pra mim! Tudo! – o som do choro de Anahi me tirou de meu transe.


– Por favor. Deixe-me ir. – pedi a Clarisse.


– Acho que está na hora mesmo. – disse ela e me acompanhou até a sala.


– Meu amor. – Any correu para meus braços, me envolvendo fortemente.


            Senti suas lágrimas molhares minha camiseta enquanto dizia ritmicamente que me amava.


– Eu te amo. Não se preocupe. Fique calma. – pedi. – Quer me contar o que aconteceu? – indaguei.


– Acho que é melhor sairmos. – disse Clarisse para George.


– E-eu... Me perdoe minha filha. – balbuciou ele.


– Pai, só me d-deixe conversar com D-dulce. – pediu ela ainda em meus braços. – Nos falamos depois.


–Mas...


– Por favor, pai. Não era isso que o senhor queria? Pois então. Deixe-me fazer isto. – pediu ela.


            Eu estava totalmente confusa. Não entendia bulhufas do que eles falavam. George, após o pedido da filha, saiu da sala consolado por sua mulher.


            Senti-me mais vulnerável do que nunca. – O que poderia estar acontecendo? Por que toda essa confusão? Por que minha Anahi estava assim? Por que o pai dela disse aquelas coisas? – todas essas perguntas martelavam em minha cabeça. – Não foi o fato de sermos mulheres. Parece que isso nem mesmo incomodou o pai dela. – pensei.


– Vai me contar agora? – perguntei afagando sua face que ainda estava úmida devido às lágrimas.


– Eu tenho tanto medo. – disse ela ficando de costas para mim.


– Confia em mim. Por favor. – pedi abraçando-a por trás.


– Por que tudo tem que ser tão complicado? – indagou ela indo para o sofá.


– E por que tanto você foge de mim? Por que não pode me dar um voto de confiança? – sentei-me ao seu lado. – Eu não sou o suficiente? – perguntei cabisbaixa.


– Não meu amor. Você é mais do que suficiente. Acho que nem mereço tudo isso. – disse me abraçando.


– Então me diz. Deixe-me te ajudar. – pedi olhando no mar azul de seus olhos.


– Desde pequena meus pais sempre notavam a minha falta de entusiasmo. Eu não era o tipo de criança que passava o dia inteiro na rua. Sentia-me muito cansada. – suspirou. – Conforme o tempo foi passando, fomos percebendo que isso só piorava. Um dia resolvemos ir ao médico e fiz todos os exames e procedimentos normais, achando que fosse apenas uma bobeira qualquer. Mas depois que tudo estava pronto, para a minha infelicidade, estava escrito naqueles documentos que eu tinha uma doença. – disse a última palavra em um sussurro.


– Uma doença? – perguntei.


– Sim. Procuramos vários outros médicos, mas sempre foi o mesmo resultado. Então aos doze anos de idade eu comecei a fazer o tratamento. Até meus dezenove anos ele ainda surtia efeito. Mas de três anos para cá, percebemos que ele não resolvia mais. Tentei mudar o tipo de tratamento, mas nada mais funciona! Então quando eu fiz vinte e um anos, naquela troca, troca de tratamentos, ou seja, há um ano atrás, descobrimos que por conta do não efeito no meu organismo, não haveria mais nada que pudesse ser feito.


– Como assim? – indaguei confusa.


– Dulce. Eu tenho leucemia! – sussurrou.


            Minhas mãos congelaram, minha visão ficou turva, meu corpo parecia ter levado um anestesiante. Não sentia nem as pontas dos meus dedos que tocavam a pele de sua mão. Chacoalhei convulsivamente minha cabeça tentando tirar aquelas palavras da minha mente. Olhei para ela e vi em seus olhos o reflexo de minha face encharcada.


– Não, não, não! – gritei. – Você está mentindo pra mim. – gritei mais alto e me levantei.


– Eu não estou. – sussurrou.


– Anahi, não mente pra mim. Diz que é brincadeira. Eu não estou achando graça. Para de brincar. – pedi com a voz embargada. As lágrimas pareciam vir cada vez em maior quantidade.


– Dulce, me escuta. Queria eu poder te dizer que isso é apenas uma brincadeira. Mas eu convivo com esse carma há mais de dez anos.


– Não pode ser. – continuei gritando. – Você é saudável. Você é linda! Eu te amo e vou viver o resto da minha vida com você. Eu vou ficar velhinha ao seu lado.


– Não, não vai! Eu tenho menos de doze meses de vida. – murmurou mais para ela do que para mim.


– Que merda Anahi! – gritei. – Essa brincadeira não é legal! – gritei caindo de joelhos no chão.


– Dulce, não faz isso comigo. – pediu ela se ajoelhando em minha frente.


– Minha mãe. Minha mãe é médica, ela vai resolver. Eu vou ligar pra ela. – disse histericamente tentando retirar meu celular do bolso de trás da calça.


– Não Dulce. Ela não pode resolver. – abaixando minhas mãos quando eu estava apertando os números. – Me escuta. Por favor. – pediu.


– Anahi. Você não pode fazer isso comigo. Eu planejei uma vida inteira para nós duas. Eu sei que isso é cedo, mas eu te amo tanto. Você é a coisa mais importante da minha vida. Eu te amo muito mais do que do fundo do meu coração. Sabe por quê? – indaguei olhando-a.


– Não. – sussurrou.


– Porque o coração é um órgão. Órgãos morrem, são apodrecidos e esquecidos. Um dia ele vai parar de bater, e o amor morreria junto dele. Eu te amo além disso. Muito mais do que isso. Eu te amo com minha alma! Por mais que meu coração... – peguei sua mão e coloquei-a em meu peito. – ... pare de bater, eu vou continuar te amando. E por quê? Por que o seu amor é o que alimenta minha alma. Enquanto você me amar, eu continuarei te amando. Agora me diz que esse amor vale à pena. – sussurrei.


– Eu te amo! – disse. – Se você não quiser mais ficar comigo, eu entenderei. Afinal, você só tem dezesseis anos tem o resto da vida.


– Anahi Portilla, você é a minha vida! Sem você não me importo se tenho dezesseis anos ou quarenta, eu só quero passar o tempo que for, nem que seja somente doze meses... – as lágrimas desciam mais rápido. – ... ao seu lado. Te amando! – beijei-a delicadamente.


– Eu não quero fazer você sofrer. – disse me encarando.


– Eu vou sofrer de qualquer maneira, mas eu irei sofrer mais se você não me permitir tentar te fazer feliz durante esse tempo.


– Você vai estar se condenando. – sussurrou.


– Vou estar me condenando há você. Exclusiva e somente a você. A pessoa que em menos de um mês tornou minha vida completa e feliz. – sorri em meio a lágrimas.


– Eu queria tanto poder passar o resto da sua vida com você. – me abraçou.


– E irá. De alguma forma irá. Mas não pensaremos nisso. Vamos pensar no agora. Temos um musical daqui a quatro dias. – sorri olhando-a. – E ainda tenho mais dois objetivos para te ajudar a cumprir.


– Tem? – indagou.


– Sim. Temos que presenciar um milagre e depois passar a lua de mel no mesmo lugar em que seus pais passaram. – sorri maliciosa.


– Mas já está pensando nisso? – riu me dando um tabefe.


– Ai! É sempre bom pensar nisso. – ri massageando o lugar. – Temos que aproveitar. Que tal, tirarmos férias permanentes? – cerrei os olhos fazendo um biquinho.


– Você quase me convenceu. – gargalhou com a voz embargada.


            Ficamos nessa embolação toda durante mais ou menos uma hora. Eu ainda não tinha digerido nada sobre a Anahi ter leucemia. Na verdade, meu corpo todo doía só com o pensando de vê-la sofrer. Seria injusto, agora que me sinto feliz, a minha alegria ser tirada dolorosamente. E sem piedade!


            Mas tarde voltamos a conversar com seus pais e conseguimos resolver todos os empecilhos. Clarisse estava mais radiante do que nunca por saber que não irei abandonar a sua filha. George estava receoso, achando que isso era só uma aventura que daqui a algum tempo irei cansar e deixar sua filha machucada. Prometi para ambos que machucá-la seria o mesmo que me machucar.


            Anahi me levou para a casa e eu mantinha um sorriso enorme no rosto, mesmo que por dentro tudo sangrasse, tudo doesse. Estava acabada. Sentia-me como se um trem estivesse me atropelado, jogado ácido quente em meu corpo, socada por um lutador profissional de boxe e com o corpo todo furado por agulhas venenosas. – Talvez pior!


            Desabei no colo de minha mãe chorando compulsivamente, me permitindo ser fraca na presença dela. Diante de minha namorada, queria me mostrar forte, mas com minha mãe, eu podia ser só uma criança, sua filha de dezesseis anos.


            Conversei com ela bastante tempo tentando pedir a sua ajuda de alguma forma. Pedi para que ela a consultasse e acompanhasse algum novo tratamento.


– Dulce. Entenda. Eu gostaria muito de poder ajudar, mas eu não posso. Eu sou neurocirurgiã, e leucemia não tem nada haver com a minha área. E se você está dizendo que ela já tentou todo o tipo de tratamento, já ouviu várias opiniões médicas, eu não poderia fazer muito mais. Apenas confirmar o já óbvio.


– Eu queria tanto poder fazer alguma coisa. – sussurrei chorando.


            Fui para meu quarto tentar dormir, me enfiei debaixo do edredom e rolava de um lado para o outro. Fiquei muito tempo ali, olhando o teto. De repente minha porta se abre e meu refúgio vestido de Bia aparece na porta. Minha mãe havia ligado para ela pedindo que ela passasse a noite em casa e dizendo que estava indo pegá-la. Fiquei por horas chorando e conversando com minha amiga. Ela acariciava meus cabelos e tentava não soltar algumas lágrimas que insistiam em cair. Não demorou muito e eu dormi em seus braços. Estava cansada, esgotada, não tinha mais forças nem para chorar.



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Autor(a): Miaagron

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • AnBeah_portinon Postado em 02/04/2018 - 18:17:54

    Chorei horrores aqui! DEUS! quase morri por falta de oxigênio pelo meu choro compulsivo, ainda mais porque assisti os últimos capítulos ouvindo only Hope e You re missing It. No epílogo cry. Quase morri kkk. Amei!

    • AnBeah_portinon Postado em 02/04/2018 - 18:18:55

      Quer dizer, li os capítulos kk

  • flavianaperroni Postado em 06/10/2014 - 18:53:57

    Meu Deus eu chorei como um bb..não não eu chorei PIOR que um bb,que susto você me deu cara,Jurei que a Annie tinha morrido mesmo...Mais trando meu choro convulssivo eu AMEI DE PAIXÃO a web..ela é PERFEITA demais..Parabpens

  • brunamachado Postado em 02/09/2013 - 02:59:52

    Muito boa a história,emocionante,chorei igual uma cabrita pq pensei que ela tinha morrido mesmo,mais foi um lindo final feliz.

  • lunaticas Postado em 27/07/2013 - 04:19:25

    Nossa gostei demais ;)

  • Vondyreis Postado em 25/07/2013 - 21:55:03

    Que bom q a Any ñ morreu,vc conseguiu me enganar direitinho não foi?parabéns. pela fic ela é otima,ate a próxima eu espero!!!!

  • Vondyreis Postado em 24/07/2013 - 21:34:01

    Como vc pode matar a minha Any?!!!?!!?brincadeirinha!!serio eu chorei muito...E sua web é muito boa

  • lunaticas Postado em 24/07/2013 - 00:24:35

    amandooooooooo a Fic ;)

  • lunaticas Postado em 19/07/2013 - 03:40:50

    Adorei!!! Posta mais ;)

  • lunaticas Postado em 18/07/2013 - 04:00:09

    Oi adorando sua Fic!!! Espero q haja um milagre :( Ansiosa para os próximos cap.

  • rebecabel19hotmail.com Postado em 16/07/2013 - 10:05:02

    Posta mais...espero que continuem juntas;...


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