Fanfics Brasil - Para Você Um amor pra recordar Portiñon

Fanfic: Um amor pra recordar Portiñon | Tema: RBD Anahi e Dulce Maria


Capítulo: Para Você

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            Fiquei acariciando suas madeixas claras até Morfeu a pegar em seus braços. O resto da noite eu passei zelando por seu sono, não queria pregar os olhos com medo que pudesse acontecer algo há ela. Minhas pálpebras não suportaram o peso da exaustão do dia anterior e, se fecharam quando os primeiros raios de sol adentraram pelas frestas da cortina.


– Ei. Acorde. – ouvi um sussurro perto de minha orelha e senti minha face ser acariciada.


            Virei para o lado oposto em que eu estava e cingi com um braço o corpo que estava em minha frente. Enterrei meu rosto em seus cabelos e inalei seu perfume anestesiante, inebriante.


 – Dorminhoca. Acorda. – um arrepio subiu das pontas dos meus pés até o meu último fio de cabelo quando senti os dentes de Anahi pressionarem com delicadeza o meu lóbulo esquerdo.


– Oh. – gemi com o ranger dos seus dentes.


– São onze e... – pausou emendando logo em seguida... – vinte e sete. Daqui a pouco sua mãe está chegando. – avisou.


– Como sabe que ela vem? – indaguei roçando meus lábios em sua garganta.


– S-sua mãe... sua mãe l-ligou hoje c-cedo para avisar. – balbuciou já com respiração alterada.


– Ah. Entendi! – sorri ainda de olhos fechados e alisando sua pele com minha boca.


            Beijei delicadamente seu pescoço traçando uma linha imaginária até sua boca, onde nossos lábios se acariciavam enquanto nossas línguas travavam uma deliciosa batalha.


– Como você se sente? – inquiri me apoiando em uma das mãos para me sentar.


– Ainda estou com um pouco dor de cabeça e dor no corpo, mas creio que não seja nada demais. – respondeu deitando sua cabeça em minhas pernas. – Mas estou bem. – sorriu.


– Como pode estar bem se sente dor? – arqueei uma das sobrancelhas e olhei fixamente em suas esmeraldas.


– Não me olha assim! – disse encolhendo os ombros e sorrindo desajeitadamente.


– Oxe. Eu não estou fazendo nada. – ri.


– Quando você me olha com esses penetrantes e levanta uma sobrancelha, sinto meu corpo até tremer. – rimos e dei-lhe um leve beijinho.


– Mas, respondendo a sua pergunta anterior: É uma dor suportável e muito pequena comparada a felicidade que eu estou sentindo por ter você ao meu lado.


            Sorri em resposta e inclinei-me para beijar-lhe os lábios outra vez. Passamos o tempo entre conversas e carinhos esperando minha mãe chegar. Quando Anita chegou, a recepção nos avisou de que ela estaria subindo. Já havia arrumado todas as nossas coisas enquanto Anahi ainda continuava deitada.


– Any, você não me parece bem. – disse enquanto colocava nossas malas em cima da cama.


– E-eu... eu... a dor só aumentou um pouquinho. – fez um careta de dor.


– Anahi, me diz o quanto está doendo. – pedi afagando seu braço que cobria seus olhos.


– Dói... dói muito Dulce. – disse.


            Tentei outra vez tirar a sua temperatura e estava normal. Observei detalhadamente o rosto de minha namorada, e se possível, ela parecia mais pálida do que de costume.


– Você está pálida. – disse.


– Mas, eu sou pálida. – protestou.


            Ouvimos algumas batidas na porta e pronunciei um “já vai” antes de beijar a testa de Any e seguir em direção a porta.


– Mãe! – disse e pulei em seus braços.


– Oi meu amorzinho! – apertou-me fortemente beijando meus cabelos.


– Que saudade! Obrigada por ter vindo! – agradeci.


– Eu também estou com saudade.


– E-ela... ela está com dor de novo. – sussurrei tremulamente em seu ouvido.


– Deixe-me vê-la. – soltou-se de meu aperto e entrou em nosso quarto. – Cadê aquela pequena loira? – indagou em um tom alegre.


– Anita. – disse Any.


– Ei. Que saudade de você minha norinha! – minha mãe correu para a cama e abraçou minha namorada enquanto eu me sentava ao lado das duas.


– Saudade de você também. Você me parece cansada. – disse olhando para a face de Anita.


– É que vim direto do plantão. – avisou.


– Oh meu Deus. – Anahi levou as mãos em sua boca e dilatou os olhos. – Mas... mas você deve estar cansada.


– Estou acostumada. – sorriu. – Mas ei... quero saber como é que a senhorita está? Anda dando muito trabalho para a minha filha? – a face da loirinha ruborizou e ela deu um sorriso amarelo.


– Acho que sim. – assentiu cabisbaixa.


– Você não me dá trabalho. – sibilei levantando sua cabeça pelo queixo.


– O que você está sentindo?


– Dores de cabeça e no corpo, cansaço e tortura. – disse a pianista.


– Ela está mais pálida e quase não come. – completei.


– Fofoqueira. – Anahi cerrou os olhos e me fitou, não pude evitar um sorriso.


– Agora, nesse momento, você sente algo? – continuou minha mãe com seu interrogatório.


– Dor de cabeça e dor no corpo.


– E está pálida. – emendei de novo.


– Caramba menina! – reclamou Anahi.


– Ai! – dessa vez levei dois tapas das duas mais velhas.


– Isso é pra deixar de ser fofoqueira e de entrar na conversa dos outros. – exclamou Anita.


– Tá bom, tá bom. Não falo mais nada! – fiz bico e cruzei os braços na altura do peito.


– Não faz essa carinha. – pediu Anahi sorrindo acompanhada de minha mãe.


            Terminamos de nos arrumar e seguimos para o carro. Anahi e eu fomos sentadas no banco traseiro enquanto minha mãe ia dirigindo. Depois de mais ou menos uma hora de viagem, Any começou a reclamar de dor de cabeça e acabou deitando em meu colo.


– Anahi? – chamou minha mãe.


– Oi Anita? – respondeu de olhos fechados.


– Não dorme ok? Você está com dor, mas não dorme! – mandou a mais velha.


– Mas... mas eu estou com sono. – sussurrou.


– Eu sei minha querida, mas você não pode dormir. Pelo menos agora não.


– Por quê? – perguntei quebrando o meu silêncio.


– Porque ela está com dor de cabeça. É perigoso, ela pode desmaiar de novo quando acordar.


– Ouviu amor? Não dorme tá?


– Uhum. – concordou se acomodando melhor em meu colo.


            Continuamos a viajar tranquilamente. A mudança climática já era percebida por nosso sistema nervoso, e meu corpo já parecia querer se livrar do meu casaco.


– Estão com fome? – indagou Anita.


– Um pouquinho só. Está com fome Any? – como não obtive resposta, perguntei outra vez. – Amor, está com fome?


– Hum. – resmungou.


– Não acredito que você dormiu! – suspirei. – Anahi, abra esses olhos agora! – mandei.


– D-desculpe. Eu estava com sono. – respondeu sentando no banco e esfregando os olhos.


– Meu amor, você não podia ter dormido. – disse acariciando sua bochecha.


            Olhei para a minha mãe e ela estava seguindo para o estacionamento de um restaurante e começava a estacionar o carro.


– Vamos. Não almoçamos ainda e já são quase duas horas. – avisou saindo do carro.


– Ok. Vamos Any. – abri a porta e sai.


            Anahi se arrastou para fora do carro, levantou em um salto e cambaleou para trás.


– Any. – exclamei agarrando o corpo de minha namorada que estava caindo. – Mãe. – gritei para ela que já havia começado a andar.


– Oh meu Deus. – gritou minha mãe correndo para me ajudar. – Deite-a outra vez no banco, corre!


            Fiz o que minha mãe pediu e fiquei observando ela fazer as mesmas coisas que havia me instruído nessa madrugada. Meu corpo todo tremia só de observar o corpo de minha namorada nesse estado.


– Anahi? – chamou a neurocirurgiã. – Ela acordou. – avisou.


– Any, Any. Como você está? – corri para o outro lado do carro e abri a outra porta traseira.


– O que aconteceu? – perguntou com uma das mãos na testa. – Ai que dor!


– Você desmaiou outra vez. – disse Anita.


– Oh! – as mãos agora foram parar na boca. – D-de novo?


– Sim! – respondi.


– Eu não sei nem o que dizer. Me desculpem. – pediu cabisbaixa.


– Não peça desculpa amor, você não está bem. – disse.


– Olha, é melhor comermos alguma coisa.


– Eu não estou com muita fome. – disse a loira.


– Mas vai comer! – ordenou Anita. Anahi arregalou os olhos e eu comecei a rir. – Desculpe. – pediu a mais velha caindo na risada. – Não resisti.


– Há, há, há! Muito engraçado! – debochou Anahi me empurrando e saindo do carro.


– Calma, calma! Eita mulher apressada! – disse.


– Anda logo garota! Sai logo desse carro! – continuou me empurrando.


– Isso mesmo Anahi. Mostra para ela quem é que manda! – gracejou Anita.


– Opa! Espera aí! Ninguém manda aqui não! – disse apontando para as duas alternadamente.


– Uhum. – debocharam em uníssono e começaram a andar me deixando parada.


– Vai ficar aí sozinha é? – perguntou Any ainda andando.


– Pois é. Vou ficar aqui esperando passar alguma gostosa. Talvez ela me leve para dar uma voltinha. – ironizei.


– Dulce Maria! – esbravejou se virando para mim. – Se você não vir aqui agora, eu juro que vou te buscar aos tapas. – disse entredentes.


– Estou indo, estou indo! – arregalei os olhos e corri até elas.


– Eu disse que ela é quem mandava. – gargalhou Anita.


– Pelo menos eu não sou a pesada da relação. – disse.


– Como assim? – perguntaram juntas.


– Any, tu é pesadinha hein filha! – zombei.


– Ora sua... sua... – saiu correndo atrás de mim deixando uma Anita aos prantos de tanto rir.


            Anahi mal tocou na comida, na verdade, ela mais parecia estar brincando com os alimentos do que se alimentando. Olhava para a minha mãe de soslaio e via seu olhar pousar várias vezes sobre a minha namorada que continuava distraída com a comida. Reparei por várias vezes seu olhar se virar para mim em uma forma tristonha e ao mesmo tempo censurado. Encolhia-me e afundava mais na cadeira e lhe lançava um sorriso amarelo.


            Voltamos para o carro com o intuito de continuar a viagem sem mais delongas e contratempos. Cada uma sentou no mesmo lugar de anteriormente e se acomodou da melhor forma possível esperando a chegar à “cidade maravilhosa”.


– Chegamos! – avisou minha mãe quando estávamos passando pela Av. Atlântica. – Você vai para a sua casa? – indagou Anita lançando seu olhar para Anahi através do retrovisor.


– Acho melhor. Tenho que conversar com eles sobre nós. – disse se referindo a mim e a ela. – Na verdade, gostaria de conversar com você também Anita.


– Claro querida! Mas se for sobre o anel que a Dulce comprou, saiba que já conversarmos e eu ficaria muito feliz se você aceitasse.


– Não só ela, como também eu. – lhe sorri.


– Eu me sinto meio intrusa. – disse ela mordendo seu lábio inferior.


– Pianista. Tu é da família já! – riu Anita. – E família vive com família! – completou.


– E você vive comigo! – emendei salpicando-lhe um beijo.


– É uma coisa muito importante a se pensar. Fato que vai mudar muita coisa em minha vida. Digo, em nossas no caso.


– Nós sabemos! – avisou Anita. – Mas reforço que ficaria muito feliz. Até mesmo Sueli já sabe e sorriu de orelha a orelha dizendo que iria fazer um mousse de chocolate caso você aceitasse. – sorriu.


– Olha, isso muda todo o contexto. – gargalhou Anahi.


– Credo amor. – ri. – Você só iria morar comigo caso Sueli lhe fizesse mousse de chocolate? – indaguei irônica.


– Claro que não né amor. Mas o mousse cairia muito bem. – riu. – Mas falando sério. Se não fosse muito incomodo, gostaria que vocês fossem comigo. Assim já poderíamos ir hoje. – disse ela.


– Anahi. Você tá falando sério? – perguntei com os olhos cintilando e um enorme sorriso.


– Faria qualquer coisa para passar o resto dos meus dias com você! – disse ela.


– Ok! Sem melação. – interveio Anita manobrando o carro e entrando na Figueiredo Magalhães.


            Poucos minutos depois e já estávamos parando o carro diante do portão de Anahi. Descemos as três do automóvel e entramos na casa sem nem nos darmos ao trabalho de pegar as malas da loira.


            Como sempre George e Clarisse estavam em casa. Ele é um professor de geografia aposentado e nunca sai para lugar algum. Já Clarisse, essa é cabeleireira e nos finais de semana não tem trabalho.


            O medo me assolava da cabeça aos pés. Sei que Anahi é maior de idade e tudo o mais, mas ela nunca sairia assim da asa dos pais sendo eles contra. Estava rezando para quem quisesse ouvir, pedindo para que não houvesse discussão e saísse com meu amor indo para a minha casa.


            Anahi pediu para que seus pais se sentassem na sala, onde nós também nos acomodamos. Minha mãe foi a primeira a começar a falar, e a cada palavra dita eu segurava mais firmemente a mão de minha namorada para que essa sentisse o quão importante isso é para mim. George o impassível, batucava ritmicamente os dedos do estofado do sofá formando um abafado som, e Clarisse ostentava um quase imperceptível sorriso e acariciava a mão de sua filha com o braço estendido. Percebi que para ela o mais importante era que Anahi fosse feliz, e se caso essa fosse à forma para que ela se alegrasse, Clarisse apoiava fielmente.


            Após várias discussões e objeções de George, conseguimos fazer com que ele aceitasse a mudança de Anahi. Ela não precisaria levar nenhum móvel para o apartamento, as únicas coisas seriam seus pertences pessoas e roupas. Nem mesmo uma cama iria precisar, sendo a minha já de casal. Clarisse abraçou a filha desejando toda a sorte e felicidade do mundo, e o mesmo fez comigo ainda agradecendo por estar devolvendo a vida a sua filha. Sorri com o encanto de pessoa que ela é. Definitivamente, Anahi  havia puxado a sua mãe. George limitou-se a abraçar e dizer secamente que se precisasse ela poderia voltar para a casa. Para mim e ela, ele apenas nos deu um balançar de cabeça ao qual retribuímos da mesma forma.


            Minha mãe, eu e Clarisse subíamos até o quarto para ajudar a Anahi pegar o resto ou a maioria das roupas que ela queria. Pegamos também alguns poucos pertences mais importantes e nos despedimos indo para o nosso apartamento ainda com o carro da Any.


            Abrimos a porta do apartamento e seguimos direto para o meu, quer dizer, nosso quarto! – sorri com esse pensamento, o que não passou despercebido pela minha namorada.


– Por que está sorrindo?


– Porque estou feliz, oras! – larguei as malas no chão e cingi sua cintura com meus braços.


– E, por que está feliz? – sorriu.


– Porque você está aqui! – selei nossos lábios em um beijo lento e apaixonado.


– Eu juro que não queria interromper. – disse Anita fechando a porta que havia aberto. – Só vim avisar que estou indo dormir, e se quiserem alguma coisa para comer, que vocês mesmo façam! – avisou e saiu.


– Está com fome? – indaguei.


– Não. Nenhum pouco. Eu queria que você me ajudasse a arrumar as coisas. Eu... eu não sei como vai ficar. – disse ela.


– Tá bom. Eu sedo metade do meu guarda-roupa para você. – rimos.


– Você me ajuda? – pegou as malas e colocou sobre a cama de casal.


– Claro, claro. Eu só vou tomar um banho e já venho. – avisei e segui para o banheiro.


            Deixei que aquela água morna escorresse pelo meu corpo relaxando cada parte da minha musculatura. Fechei os olhos e aproveitei essa “massagem” renovadora.


            Eram quase sete horas e eu e Anahi já havíamos arrumado lugar para quase todas as suas coisas. Interrompendo nossa conversa, uma batida estrondosa se fez ouvir vindo da porta do apartamento. Segui para a entrada e abri a porta dando de cara com um grupo gritando “Surpresa” em uníssono.


– Jesus, que susto! – gritei colocando a mão no peito.


– Que saudade de você sua vaca! – Bia correu na frente e me abraçou fortemente.


– Oh amiga, que saudade também!


– Viemos te fazer uma surpresa. – disse Letícia atrás de Bia e me cumprimentando logo em seguida. – Senti a falta de vocês duas. – disse ela.


            Logo depois fui saudada por Cris, Ju, Gustavo e Mariana. – Eu não fazia a mínima idéia de quem era essa garota. – Letícia a apresentou como sua namorada. Fique tão feliz com essa notícia. Mariana era realmente uma mulher muito bonita. Cabelo castanho escuro, olhos mel esverdeado, altura mediana, tímida, mas muito simpática. Realmente eu esperava que elas dessem certo. Letícia merecia uma pessoa igualmente especial a ela.


– O que é isso? – disse Anahi aparecendo na sala e encontrando a nossa algazarra. – Oh! – arregalou os olhos e sorriu largamente.


– Ali está a outra encolerada. – disse Bia correndo para ir abraçá-la.


– Encolerada? Como assim? – perguntamos eu e Anahi em uníssono.


– Já sabemos da novidade. – disse Letícia.


            O olhar cúmplice que Lê trocava com Anahi não me deixava dúvidas de que a amizade de infância havia voltado a ser o que era antes de tudo acontecer. Os olhos brilhavam e um largo sorriso estampava cada um dos rostos. Letícia correu para abraçá-la de uma forma que eu nunca havia visto antes. Era emocionante ver os corpos cingidos pelos braços e as vozes entrecortadas dizendo a mesma coisa: “Eu senti tanto a sua falta”. A entonação não deixava qualquer pingo de dúvidas de que era uma saudade não só devido ao tempo de nossa viagem, mas uma saudade de muito antes.


            Letícia também apresentou Mariana para ela e Anahi ficou toda boba por saber dessa nova novidade.


– Cadê o Gustavo? – perguntou a minha namorada.


– Aqui, aqui! – disse ele entrando na sala e arrastando uma Anita quase morta pelo braço.


– Ela morreu? – perguntou Bia apontando para a minha mãe.


– Você matou ela? – exclamei rindo.


– Eu não! Ela já estava desse jeito quando cheguei no quarto. – disse ele.


– Eu não estou morta! – bradou Anita. – Pelo menos não no sentido literal da coisa. – riu.


– Ok! Chega de baboseira. Tia, nós trouxéssemos muitos DVDs para fazer sessão pipoca.


– Mesmo eu não concordando! – protestou Cris.


– E por quê? – indagou Anahi.


– Hello. – disse estralando os dedos. – Será que não está obvio? – riu.


– Se estivesse eu não tinha perguntado. – disse Anahi rindo.


– Oh! Essa doeu! – exclamou Ju teatralmente colocando a mão no peito.


– Pensem comigo: Dulce e você; Bia e Ju; Letícia e Mariana; Gustavo e Anita; e EU! Olha a minha situação! SÓ EU ESTOU SOZINHA! – ressalvou a última frase.


            Todas caíram na gargalhada e ela ficou mais enfezada ainda.


– Prometo para você que sábado que vem te levamos em uma balada gay, não é amor? – ironizou Letícia para Mariana.


– Ah claro! Tenho certeza que mulher não vai faltar. – rimos.


– A ta! Se vocês ainda não se ligaram, eu gosto de testosterona! Nada contra, mas eu gosto de algo mais... mais... mais Juliano sacas?


– Êpa, vamos parar com essa conversinha. Não estou gostando. – riu Bia.


– Saí pra lá chulé. Eu não encostaria no Juliano nem que ele fosse o último homem da face da terra. Isso seria quase um incesto. – rimos outra vez.


            Acabamos ignorando qualquer comentário de Cris e nos juntamos na sala para fazer a sessão pipoca. Beatriz queria a todo custo dormir em casa, o que prontamente foi negado por mim. Devido a tanta insistência, o grupo presenteou-a com uma enxurrada de almofadas e dizendo um “O empata foda” em coral.


            Já se passada de uma hora da manhã e havíamos assistido a três filmes. Letícia e Gustavo tomaram à dianteira dizendo que estava na hora de ir embora. Quando fui me despedir de Mariana, disse que ela sempre seria bem-vinda em minha casa e que estava torcendo para que elas dessem certo. Anahi aproveitou a situação e fez um pequeno relatório do que ela deveria ou não fazer a Letícia, deixando Mari – como pediu a nós para chamá-la. – totalmente encabulada e tímida. Ri com a preocupação de minha namorada, ao qual não dei opiniões, porque sei como é importante ver que nossa melhor amiga está feliz. Mas é somente olhar para o novo casal e ver o quanto são carinhosas uma com a outra. Fiquei feliz por Letícia ter achado alguém tão especial.


            Enfim, o pessoal foi todo embora e só sobrou uma Anita mais cansada do que já estava, e eu e Anahi igualmente exaustas. Foi apenas o tempo de tomarmos banho e cairmos na cama em um confortável sono.


            Acordei no dia seguinte com um leve afago nas bochechas em uma quentura nos lábios.


– Amorzinho, acorda! São quase seis e meia! – senti os suaves lábios de Anahi roçarem nos meus.


– Nem quero acordar! – disse a puxando pelo pescoço.


– Mas você tem aula amor. Levanta vai! – disse me dando mais um beijinho e puxando o edredom.


– Anahi. Achei que não iria precisar ir à aula hoje, até porque chegamos de viagem ontem e estou cansada. – disse cobrindo meus olhos com o travesseiro.


– Mas você já faltou uma semana na aula e eu na faculdade. Temos que começar nossa rotina, e que seja o mais rápido possível. – içou-me pelo braço me fazendo levantar.


– Quero ficar aqui com você! – amoleci meu corpo deixando que ela me amparasse em seus braços.


– Tu tá pesada! – me disse rindo. – Anda, chega de frescura! Se não for para a aula, tu dorme no sofá. – gargalhou me pondo em pé.


– O quê? – arregalei os olhos. – Ok! Isso é chantagem e eu não gosto. – trinquei os dentes.


– É só ir para a aula. Até porque, mesmo que você fique eu não vou estar aqui. – sorriu.


– Tá bom! Estou indo! – levantei, beijei seus lábios e fui para o banho.


            Minhas aulas começavam às sete horas e as da Anahi começam meia hora depois. Com isso ela decidiu me levar todos os dias até o colégio, assim ela também poderia ver Letícia. Liguei para a Bia avisando sobre isso dizendo que ela viesse até meu prédio para deixar a bicicleta e daqui iríamos de carro. Percebi que o horário de faculdade de Letícia era diferente do de Anahi. Perguntei para a minha namorada, e ela me explicou que Letícia também estudava de manhã até ter conseguido o estágio na escola, então foi obrigada a pedir transferência de horários e passar para tarde.


– Você está feliz não é? – indagou Bia enquanto saímos para o intervalo.


– E tem como não estar? – sorri largamente.


– Ei, você ainda não me contou como foi. – riu maliciosa.


– Como foi o quê? – perguntei já sabendo a resposta.


– Ué! A primeira noite de vocês! Transa, sexo. Sei lá!


– Bia! – bati em seu braço.


– Ai! O que foi?


– Não fala assim! – cerrei os olhos.


– Quer que eu fale como? – inquiriu.


– Não fale! É fácil! – silvei.


– Nem pensar! Pode ir dizendo! Quero detalhes. E não ouse me poupar dos mais sórdidos.


– Ah, mais você vai querer ficar sabendo! – ironizei.


– Começa logo! – pediu emburrada sentando-se em um baquinho do jardim.


– Eu não vou falar Beatriz! – sentei ao seu lado.


– Pelo amor de Deus Dulce! Você não vai fazer isso comigo! Fala vai! – a última frase foi quase uma súplica.


– Bia, não me faz falar essas coisas. Por favor. – implorei.


– Mas eu quero saber! – sibilou.


– E para que quer saber tanto? – pausei. – Não vai me dizer que você tem curiosidade.


– Eu... eu...


– Beatriz, você tem curiosidade de saber como e ficar com uma mulher? – ri.


– Não né! Lógico que não! Eu só quero saber como foi! Afinal, você era virgem e perdeu isso com uma mulher! Fato que eu quero saber!


– Tem certeza que é só isso? – ainda rindo.


– Eu tenho o Juliano! Ele dá conta do recado! – gargalhou.


– Cuidado! Se eu souber que ele não está dando conta, eu preencho as faltas. – disse mordendo sua bochecha.


– Éka! Ele dá conta sim! E como dá! – riu.


– Até parece que eu ia querer alguma coisa com você! – gracejei. – Até porque, só para constar, a Anahi também sabe dar conta muito mais do que bem! – sorri maliciosa.


– Então conta logo! – implorou.


– Prometo contar, mas antes, que história é essa de “O Juliano da conta do recado”? – imitei minha amiga.


– Não é nada disso que você está pensando! – riu. – Eu só queria te dar um fora!


– Ok! Levei um fora da minha melhor amiga! – dei-lhe a língua.


– Fica com essa língua bem dentro da sua boca quando estiver falando comigo. – gargalhou e tapou a minha boca. – Mas agora me conta. Como foi?


            Gesticulei para a mão dela que estava na minha boca e ela a soltou. Começamos a rir e não consegui escapar das perguntas de Beatriz.


– Sueli! Cheguei! – gritei entrando no apartamento e largando minha mochila em cima do sofá.


– Oi! – ouvi uma voz melodiosa atrás de mim quando segui ir pra cozinha.


– Oi! – virei e me deparei com o rosto de Anahi a centímetros do meu.


– Como foi à aula? – perguntou ela e senti seu hálito quente acariciar minha face.


– F-foi... foi boa! – balbuciei olhando para a sua boca próxima a minha. – E a s-sua?


– Foi legal! – disse de imediato mordendo o lábio inferior. – Hum... Sabia que você fica linda de uniforme? – inquiriu com um sorrisinho malicioso.


– F-fico?


– Uhum! – ela envolveu seus braços em meu pescoço e me puxou para um beijo urgente.


– Uou! – suspirei ofegante.


– Acho que me acostumei a ficar com você o tempo todo. Um minuto longe e já sinto saudade. – sorriu ainda com os braços acariciando minha nuca.


– Eu também! – respondi e avancei em seus lábios outra vez.


– Hã, hã! – alguém pigarreou atrás de mim.


– Desculpe. – pediu Anahi com as bochechas ruborizadas retirando seus braços de mim.


– Pivete?


– Sueeeeeeli! – gritei indo de encontro a ela. – Que saudade de você! – disse apertando seu corpo.


– Que saudade de você pirralha! Chega, não fala comigo e ainda fica de agarramento aqui na sala. – disse ela rindo e me apertando.


–Desculpe. – pedi com um sorriso descarado.


– Tudo bem! Mas, se forem se agarrar, que façam isso quando eu não estiver aqui, e se possível lá no quarto. – gargalhou. – Não sou obrigada a ficar vendo beijo de novela das oito e sendo IGNORADA. – ressaltou a última palavra.


– Pensa comigo... – pausei. – ... pelo menos você não precisa ficar esperando até as oito horas para ver um beijo desses aqui olha. – corri até Anahi, enlacei sua cintura e lhe tasquei um super beijo.


– Para com isso pivete. Você vai sugar a pianista para dentro de você. – gargalhou me batendo com um pano.


            Com um braço Anahi me batia dando leves tapinhas nas costas e com o outro me puxava mais de encontro ao seu corpo.


– Uau! – disse Sueli de olhos arregalados quando soltei uma Anahi meio cambaleante e sem ar. – Nem em novela das oito se vê algo assim. – riu.


– Não faça mais isso! – riu Anahi enrubescida. – Desculpe Sueli. Essa menina não tem jeito. – me deu mais um tapa.


– Ok! Não te beijo mais! – sorri e levantei as sobrancelhas.


– Experimenta fazer isso! – cerrou os olhos.


            Seguimos as três para a cozinha ainda rindo do episódio dos beijos. Depois de almoçarmos, fomos para o quarto esperar Bia chegar. – Ela não larga do meu pé. – pensei.


– Any... O que você achou de Mariana? – indaguei quando sentamos na cama.


– A namorada da Lê?


– É. Achei-a bem simpática.


– Eu gostei. Acho que é uma pessoa legal. Pareceu-me que gosta bastante da Lê e isso é o que importa para mim. – sorriu acariciando minhas mãos.


– Você sabe da Letícia há muito tempo? – averigüei.


– Na verdade não. Ela nunca havia me contado. Só fiquei sabendo depois que nós ficamos juntas e ela me disse que gostava de você. – sussurrou a última parte.


– Ela me contou em um dia que saímos juntas. – disse.


– Fiquei sabendo. – sorriu.


– Antes de mais nada... – ri. –... eu só chamei-a para sair porque queria saber mais sobre você. – expliquei.


– Eu não me importo. – deu-me um meio sorriso. – O que me magoava antes, era saber que ela gostava de você. – suspirou. – Primeiro: eu não sabia que Letícia era gay; Segundo: eu não sabia que EU era gay; Terceiro: NUNCA me passou pela cabeça me apaixonar por uma mulher de quem minha melhor amiga gostava, mas eu não fazia a mínima idéia desse sentimento.


– Any... – hesitei. – ... se... se você soubesse que a Letícia gostasse de mim, você... você não teria ficado comigo? – inquiri.


– Não. Eu não teria! – respondeu cabisbaixa.


            Aquilo foi como uma adaga em meu peito. Senti um arrepio em minha espinha e o ar me faltou por alguns segundos.


– Eu amo você mais do que qualquer coisa meu amor, mas eu sei que se você estivesse com a Letícia, você teria uma vida inteira com ela. O que comigo, por sinal não vai ter. – completou.


            Eu não conseguia dizer nada, apenas olhava para a minha namorada de cabeça baixa proferindo aquelas palavras destruidoras.


– Dulce? – chamou-me.


            Olhei para ela e senti uma gota explodir de encontro a minha perna. Só foi nesse momento que percebi que estava chorando.


– Dulce, por que está chorando? – indagou se aproximando para me abraçar.


– É só que... que... me machuca demais saber que você iria desistir de mim. – murmurei com a voz embargada.


– Eu não iria desistir de você. – replicou me abraçando.


– Iria sim Anahi! Você iria me deixar para a Letícia mesmo sabendo que eu te amo! Mesmo você me amando. – continuei sussurrando com dificuldade. – Você iria desistir do nosso amor.


– Não fala assim! Por favor! – suplicou.


– Não falar assim como? Não falar a verdade? – me soltei de seus braços e me levantei.


– Por que está fazendo isso agora? – indagou ainda sentada.


– Não é isso Anahi. O fato é que... é que sinto que o meu amor por você é um lixo quando você diz que eu tenho a vida toda pela frente e tudo o mais , ignorando o fato de que eu ainda estaria te amando e sendo recíproco de sua parte.


– Mas meu amor, eu digo isso porque é sua vida. Eu me importo com você! Você acha que eu me sinto bem sabendo que estou te condenando a viver comigo por pouco tempo? Te dando falsas esperanças?


– E você acha que eu me sinto bem sabendo que você rejeitaria o meu amor? – proferi isso mais para mim do que para ela.


– Me perdoe! – levantou e me abraçou por trás. – Olhe, eu sei que estaria sendo covarde. Mas, estamos aqui não estamos? – perguntou dando vários beijinhos em minha nuca.


– Anahi. Estamos brigando! Você não pode resolver tudo com... com beijinhos. – disse ofegante.


– Tudo bem. – sorriu. – Parei. – soltou-se de mim.


– Nem ouse parar! – virei meu corpo ficando de frente para ela e segurei seu rosto entre minhas mãos beijando seus lábios com veemência.


            Sentamo-nos outra vez na cama e ficamos trocando beijos por algum tempo indefinido.


– Você nunca tinha ficado com outra mulher antes de mim? – indaguei com ela deitada em meu colo.


– Não! Na verdade, eu me afastava de qualquer indicio de relacionamento com qualquer pessoa. Eu só tive um namorado na minha vida, e foi aos quinze anos. Nesse tempo os tratamentos ainda surtiam efeito. É até estranho pensar nisso. É como se o meu amor estivesse te esperando, como se ele fosse somente PARA VOCÊ!


– Entendi! Eu te desvirginei então! – gargalhei.


– Olha quem fala! Quem vê pensa que você saia dando...


– Não termina essa frase se você quiser morrer. – cerrei os olhos sorrindo.


– Momento Love! – disse Bia entrando no quarto.


– Ei garota! – saudei-a.


– Pelo menos vocês estão usando roupas. – disse ela nos abraçando ao mesmo tempo.


– Se demorasse mais meia hora, você não teria a mesma sorte. – repliquei deixando Anahi completamente envergonhada.


 



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Autor(a): Miaagron

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • AnBeah_portinon Postado em 02/04/2018 - 18:17:54

    Chorei horrores aqui! DEUS! quase morri por falta de oxigênio pelo meu choro compulsivo, ainda mais porque assisti os últimos capítulos ouvindo only Hope e You re missing It. No epílogo cry. Quase morri kkk. Amei!

    • AnBeah_portinon Postado em 02/04/2018 - 18:18:55

      Quer dizer, li os capítulos kk

  • flavianaperroni Postado em 06/10/2014 - 18:53:57

    Meu Deus eu chorei como um bb..não não eu chorei PIOR que um bb,que susto você me deu cara,Jurei que a Annie tinha morrido mesmo...Mais trando meu choro convulssivo eu AMEI DE PAIXÃO a web..ela é PERFEITA demais..Parabpens

  • brunamachado Postado em 02/09/2013 - 02:59:52

    Muito boa a história,emocionante,chorei igual uma cabrita pq pensei que ela tinha morrido mesmo,mais foi um lindo final feliz.

  • lunaticas Postado em 27/07/2013 - 04:19:25

    Nossa gostei demais ;)

  • Vondyreis Postado em 25/07/2013 - 21:55:03

    Que bom q a Any ñ morreu,vc conseguiu me enganar direitinho não foi?parabéns. pela fic ela é otima,ate a próxima eu espero!!!!

  • Vondyreis Postado em 24/07/2013 - 21:34:01

    Como vc pode matar a minha Any?!!!?!!?brincadeirinha!!serio eu chorei muito...E sua web é muito boa

  • lunaticas Postado em 24/07/2013 - 00:24:35

    amandooooooooo a Fic ;)

  • lunaticas Postado em 19/07/2013 - 03:40:50

    Adorei!!! Posta mais ;)

  • lunaticas Postado em 18/07/2013 - 04:00:09

    Oi adorando sua Fic!!! Espero q haja um milagre :( Ansiosa para os próximos cap.

  • rebecabel19hotmail.com Postado em 16/07/2013 - 10:05:02

    Posta mais...espero que continuem juntas;...


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