Fanfics Brasil - Lamento Um amor pra recordar Portiñon

Fanfic: Um amor pra recordar Portiñon | Tema: RBD Anahi e Dulce Maria


Capítulo: Lamento

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            Hoje seria o dia em que Anahi veria a tal chuva de meteoros. O trabalho valeu muito a pena, o telescópio tinha uma visão de longo alcance. Quem visse não nunca iria acreditar que fomos nós mesmos que construímos. – Nem eu acreditava. – Sem modéstia, ele realmente ficou fantástico.


            Já havia ligado para Beatriz avisando que logo iríamos para lá. Só faltava mesmo dizer isso a Anahi.


– Você tem certeza que vai conseguir dar uma volta? – perguntei entrando no elevador.


– É claro Dulce. Não precisa ficar nessa preocupação toda. – disse ela.


– Impossível não é Any? Eu me preocupo com você. – exclamei. – Mas me prometa que caso você sinta alguma coisa, você vai me avisar. – pedi.


– Prometo qualquer coisa se isso me fizer sair um pouco do apartamento. – sorriu.


– Então pronto. – beijei sua bochecha.


            A porta do elevador se abriu e saímos em direção à rua. – Nada de Anahi dirigir. – O táxi já estava nos esperando.


– Botafogo. – silvei para o motorista.


– O que vamos fazer lá? – indagou Anahi sentada ao meu lado.


– Vamos à casa da Bia. – respondi.


– Oh meu Deus. Saio da casa de uma para ir à casa de outra. – revirou os olhos. – O que vamos fazer lá? Não acha que está um pouquinho tarde? Já são... – olhou em seu relógio de pulso. –... quase dez horas.


– Sempre é hora para ir ver os amigos. – ri. – E Bia já sabe que vamos lá, ela nunca dorme esse horário. – informei.


– Por que eu sempre sou a última a saber? – ironizou cruzando os braços na altura do peito fazendo um pequeno biquinho.


– Oh minha bravinha. Não fica assim não. Tenho certeza que vai gostar. – sorri.


– E o que vamos fazer lá? Só vai tá a Bia? Quem mais vai? – metralhou.


– Nossa, quantas perguntas. Fiquei até confusa agora. – debochei.


– Boba!


– Vamos ver umas coisinhas lá. E não sei se mais alguém vai. – disse sinceramente.


– Que saco. – bufou.


            Chegamos até a casa da minha amiga, e para a minha surpresa, tinha uma pequena quantidade de pessoas nos esperando.


– É festa? – indaguei entrando na sala.


            Todos riram e foram nos cumprimentar. Para variar, a nossa grande família estava lá, menos o Gustavo.


– Cadê seus pais? – perguntei a Bia.


– Sei lá. Devem estar por aí. – riu. – Brincadeira. Saíram com sua mãe e o Gustavo.


– Hã? Como assim? Eu nem estou sabendo de nada. – disse.


– Eu também nem sabia. Cheguei agorinha com o Ju e tinha um bilhete avisando que eles tinham saído. – deu de ombros.


– E então, o que viemos fazer aqui? – inquiriu Anahi me abraçando por trás.


– Vem. – Beatriz puxou minha loirinha. – Temos uma surpresa para você lá atrás.


– Pra mim?


            Seguimos Bia até o fundo de sua casa onde colocamos o telescópio para Anahi.


– Meu Deus. – exclamou ela arregalando os olhos e colocando a mão na boca. – Que negócio é isso? – perguntou sem tirar os olhos do objeto.


– É um... um... Como isso se chama? – indagou Mariana para Letícia.


– Sei lá. Um super-hiper-mega-gigante-telescópio feito por nós. – respondeu se gabando.


– E como vocês fizeram isso? Quando?


– Chega de perguntas amiga. Um obrigado está de bom tamanho. – disse Letícia abraçando minha pequena loira.


– Oh meu Deus. Obrigada gente. Eu sinceramente não sei nem como agradecer a vocês. – disse com olhos marejados.


– Por favor, sem choro ok?! – disse Lê secando suas lágrimas.


            Aanahi olhou para mim que estava um pouco distante e sorriu vindo em minha direção. Retribui o sorriso e abracei-a com força.


– Eu te amo! – sussurrou. – Você é a minha vida.


– E você a minha. – disse. – Gostou? – perguntei.


– Se eu gostei? Eu adorei. – sibilou.


– Chega de melação. Não quer experimentar o seu novo brinquedinho? – perguntou Bia.


– É lógico.


– Então aproveita, porque a chuva de meteoros... – Bia fez uma careta. –... sei lá como se fala esse nome... já está acabando.


– A chuva. – exclamou Any. – É mais perfeito do que eu imaginei.


            Anahi seguiu com Beatriz até onde estava o telescópio e ficou revezando com as outras pessoas. Sentei em um banquinho que ficava distante de onde eles estavam. Definitivamente eu não queria sair da minha posição, preferia mil vezes ficar ali observando as caras e bocas que a loira fazia.


– Ela está feliz. – Letícia sentou ao meu lado.


– Está não é? – disse com um enorme sorriso.


– E por sinal você também está. – retribuiu o sorriso.


– O que você faria? – indaguei ainda observando Anahi brigando com Bia para ver de quem era a vez.


– Sobre?


– Se... se Mariana estivesse no lugar de Anahi. – sussurrei colocando os pés no banco e dobrando os joelhos.


– Eu não sei. – respondeu. – É uma situação muito difícil.


– Sabe... eu... eu também não sei mais o que fazer. – sorri tristemente e deitei minha cabeça nos joelhos encarando-a.


– Qualquer coisa que eu disser agora não vai surtir muito efeito, mas, tudo que você poderia fazer, você já fez. Acho que até mais coisas do que qualquer outra pessoa faria.


– Você acha?


– Eu estou sendo super sincera Dulce. Passar pelo o que você está passando, sem sair do lado dela e fazer tudo para que ela se sinta melhor, isso é lindo! Eu não me culpo por um dia ter sido apaixonada por você... – suspirou. –... você é especial, na verdade, vocês duas são. – apontou com a cabeça para a pianista.


– Lê... é... você gostava mesmo de mim? Digo, por que nunca me disse?


– Eu não sei. Acho que eu tinha medo de perder sua amizade. E sim, eu gostava muito de você. Não minto que no começo quando fiquei sabendo de vocês, isso não me machucou, mas... só de olhar para vocês já se percebe que nasceram uma para a outra.


– Eu a amo tanto. – murmurei. – Eu não posso deixar isso acontecer com ela, eu não posso. Ela é a minha vida, Lê.


– Escute... – segurou uma de minhas mãos. – Olhe como ela está feliz. – olhamos as duas para a direção e contemplamos um dos mais belos sorrisos que já vi. – Isso tudo é devido a você. Eu posso te afirmar com todas as letras que Anahi era... era triste antes de te conhecer. Triste para dizer no mínimo. Ela não se divertia, não saia de casa a não ser para ir à faculdade. Ela não sorria Dulce. Eu mesma só continuei sendo amiga dela porque a conheci antes mesmo de ela saber sobre a leucemia. Ela até que tentou me afastar, mas eu não deixei, da mesma forma que você não deixou. – hesitou. – Aquele dia na festa eu me surpreendi.


– Por quê? – inquiri.


– Eu achei muito, muito estranho mesmo ela te tratar daquela forma. A Anahi era totalmente reservada, mal falava com as pessoas. Ela sorriu para você. Você tem noção do que era aquilo? – riu. – A Anahi não sorria para ninguém a não ser para mim e para os pais. Desde o começo ela te tratou diferente, acho que dentro dela algo dizia que você era especial. – sorri em resposta.


– Você não vai ver amor? – perguntou Anahi sentando em meu colo.


– Como? Vocês ficam brigando para ver quem é o próximo. – gargalhei. – Parecem um bando de crianças. Ai! – resmunguei com o tapa que Anahi deu em meu braço.


– Não sou criança! – franziu o cenho. – Sou mais velha do que você. – mostrou-me a língua.


– Sim! A mais velha da casa. – corrigiu Letícia.


– Podia dormir sem essa. – debochei.


– É complô agora?


– Nem te conto. – elevei as duas sobrancelhas.


– Letícia, vai dar uma voltinha vai. – Any expulsou nossa amiga. – Vai ver como a Mariana está. Sai, sai, sai.


– Eita! Tá bom, estou indo. – riu. – Dulce, depois terminamos aquele assunto lá, ok?


– Opa. Que assunto hein? – perguntou Any.


– Estou indo! – Letícia saiu correndo.


– Dá pra ver legalzinho? – inquiri.


– É perfeito amor. Você tem que ver.


Para variar, eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser a saúde de Anahi. Cada dia me sentia mais fraca e sem forças, me sentia cansada, desgastada. Claro que não demonstrava isso quando estava perto dela, mas ao lado de Beatriz eu deixava que todas as minhas defesas caíssem por terra. Por muitas vezes passava o intervalo com meus amigos recebendo motivação e energia positiva. – Juro que estava me esforçando.


            Entrei no apartamento e Sueli já veio toda esbaforida me jogando uma enxurrada de palavras.


– Fala devagar Sueli. Não estou entendendo nada. – disse colocando minha bolsa sobre o sofá.


– É a Anahi... – a simples menção do nome dela já me fez estremecer.


– O que ela tem? – interrompi.


– Ela está ardendo em febre.


            Corri até o quarto e encontrei minha pequena loira deitada na cama e coberta com o edredom até o pescoço. – Jesus. Quase morri sufocada de pensar o calor que não estava debaixo daquele pano.


            Olhei para o seu rosto e ela estava de olhos fechado, seus lábios entreabertos não negavam a respiração dificultada. Algumas mechas de seus cabelos dourados estavam grudadas na testa devido ao suor excessivo. Aproximei-me lentamente e afaguei o seu rosto. Ela estava queimando em febre.


– Tirou a temperatura? – indaguei para Sueli.


– Faz uns quarenta minutos, ela estava com trinta e nove.


– Vou tirar de novo. Cadê o termômetro?


            A mais velha foi até a cozinha e segundos depois voltou com o objeto em suas mãos. Entregou-me e coloquei-o em baixo do braço de Anahi.


– Você ligou para a minha mãe? – continue com o interrogatório.


– Liguei. Ela disse que se Anahi ainda estivesse assim quando você chegasse, era para pegar um táxi e irmos para o Samaritano e depois ligar para ela avisando que ela iria também.


– Quase quarenta. – exclamei com olhos arregalados olhando para o termômetro que acabara de tirar de Anahi.


– Dulce, a febre está alta demais.


– Ligue para o táxi e depois para a minha mãe e avise que estamos indo para o hospital. – pedi começando a trocar de roupa.


            Não demorou muito e já estava pronta e havia mudado os pijamas de Anahi por uma roupa um pouco mais... mais... usável.


– Amor, levanta. Vamos ao médico. – disse beijando sua face e afagando seus cabelos.


– Não pai. Eu não vou terminar com a Dulce. – sussurrou ela com olhos fechados.


– Amor? Acorda. – pedi.


– Pára com isso. Eu preciso dela pai. Eu preciso. – continuava a sussurrar e seus músculos começaram a se contrair.


– Ela está tendo alucinações. A febre está muito alta. – disse Sueli entrando no quarto. – O táxi chegou, temos que ir.


 


            Sueli me ajudou a levar a loira até o carro e entrou para nos acompanhar até que minha mãe chegasse. Anahi continuou divagando e delirando durante todo o percurso. Sua cabeça estava recostada em meu peito e seu corpo suava e tremia exageradamente.


– Vá sentar com ela ali naqueles bancos enquanto eu vou à recepção. – disse a mais velha.


– Peça para chamar o Doutor Thomas. Diga que a Dulce, filha da doutora Anita está aqui fora com Anahi. – expliquei.


            Ela assentiu fracamente e se direcionou até a recepção ao mesmo tempo em que eu me sentava com Anahi.


– Dulce? – sussurrou ela.


– Não fale nada. Você está com muita febre. Estamos no hospital e Sueli já foi chamar o Doutor Thomas. – avisei.


            Ela esboçou o que eu acho ser um sorriso cansado e voltou a deitar a cabeça em meu ombro fechando os olhos outra vez.


            Não demorou muito para que minha mãe passasse por aquela porta e fosse até nós. Ela ainda usava seu uniforme branco e seu crachá. Verificou a febre de Anahi e foi dispersar Sueli que acabava de voltar. Logo depois se sentou ao meu lado segurando em uma de minhas mãos e fitou meus olhos. Seu semblante era calmo, sereno, tranqüilo... Se eu não fosse sua filha, nunca teria sido capaz de identificar o brilho de seus olhos. – Ela estava com medo. – Seu olhar estava amedrontado e um arrepio subiu pela minha espinha por ter sido capaz de presenciar esse sentimento nela. Continuei olhando em seus olhos e deixei que uma lágrima solitária escorresse pela minha face. Anita levou uma de suas mãos até meu rosto e acariciou minha bochecha sorrindo tristemente.


– Anita. – ouvimos uma baixa e rouca voz em nossa frente.


– Doutor Thomas. – exclamamos em uníssono.


– Não podemos nos falar agora. Vim para buscar Anahi. – gesticulou com a cabeça para a loira em meu ombro. – Venha menina, sente aqui. – pediu para ela sentar na cadeira de rodas que ele havia trago.


            Anahi ainda estava muito fraca, tivemos que ajudá-la a se sentar.


– Você gostaria de ir junto? – perguntou ele para minha mãe.


– Eu gostaria... gostaria de ficar com minha filha aqui. – respondeu sorrindo para mim.


– Tudo bem. Eu venho te chamar daqui a alguns minutos então. – assentimos e ele já foi logo virando a cadeira com a Any.


– Não vemos daqui a pouco tá? – sorri para ela e beijei a sua testa.


            Observei ela ser levada até o final do corredor e virar a esquerda, onde minha visão já não mais alcançava. Deixe-me cair sobre a cadeira e cobri o rosto com as mãos em sinal de nervosismo.


– O que vai acontecer agora? – inquiri para a minha mãe que me abraçada de lado.


– Ele vai fazer mais alguns exames nela. – hesitou. – Dulce, eu quero ser verdadeira com você. Quando cheguei aqui e verifiquei a temperatura dela, cheguei a me assustar de como estava alta, provavelmente acima de quarenta, quase quarenta e um. A temperatura estava tão alta que Sueli disse que Anahi delirou o caminho inteiro. As manchas na pele dela estão terrivelmente pior do que estava há dois meses atrás. Como médica eu digo que Anahi está... ela está muito mal. – dizia pausadamente.


            Estremeci com a forma como ela discursou, sei que se minha mãe estava dizendo aquilo, é porque realmente ela sabia do que estava falando.


– Não posso dizer para você que ela vai viver pouco ou muito tempo, até porque não sou especializada nessa área. Mas posso afirmar que ela está piorando cada dia mais. – suspirou e emendou. – Mas como mãe, como sua mãe, digo que você não pode desistir. O seu amor irá fazer muito bem a ela, principalmente agora. É a única coisa que eu digo: Não desista filha! E pra que você não fraqueje, estarei aqui do seu lado, como sempre. Eu e todos os seus amigos. Nós amamos vocês duas! – sorriu para mim.


– Eu sei. – murmurei.


– Vou ligar para os pais dela. Quer que eu avise alguém? – indagou.


            Olhei para ela com olhos cintilando, o que não passou despercebido.


– Ok! Ligo para Beatriz. – sorri confirmando o que ela disse.


            Juro que eu devo ter ficado sentada naquele banco por no mínimo umas três horas. Meu corpo estava todo dolorido. Fui acordada pela voz e toque de Bia dizendo que o médico gostaria de falar comigo.


– Nossa! Eu dormi? – indaguei esfregando os olhos com o dorso das mãos.


– Uhum. – respondeu ela.


– Nem vi você chegando. – bocejei.


– Podemos nos falar um minuto Dulce? – perguntou Doutor Thomas ao meu lado. Levei o maior susto.


– Sim claro. – chacoalhei minha cabeça tentando ficar mais acordada.


            Levantei-me para segui-lo e Anita veio logo atrás. Passamos pelo mesmo corredor que horas antes ele tinha ido com Anahi, mas não entramos no mesmo lugar que ela estava. Na porta onde paramos havia uma pequena placa indicando “Dr. Thomas”, identifiquei como sendo o seu consultório. Adentramos a sala, não me preocupei muito em reparar no local, estava ocupada demais com os meus pensamos para dar atenção a sua decoração. O máximo que consegui enxergar foi a sua mesa e as cadeiras onde ele indicou para que sentássemos.


– Como Anahi está? – indaguei logo de cara.


– Dulce... – ele suspirou e minha mãe segurou em uma de minhas mãos.


– Fala! – trinquei os dentes.


– Lembra que eu te disse que nos exames de Anahi mostrou que ela estava piorando? – perguntou.


– Sim, me lembro. – afirmei.


– Então... – titubeou. – ... Hoje quando ela chegou, estava ardendo em febre. Resolvemos fazer alguns exames. Muitas coisas aconteceram durante esse tempo...


– Por favor, diga o que ela tem. – cortei-o.


– Além dos sintomas ‘normais’, Anahi apresentou esplenomegalia (aumento do baço), patéquias nas pernas e na sala de exames teve sangramento pelo nariz (epistaxe).


– Ok! Isso significa? – exprimi a mão de minha mãe entre as minhas e um nó surgiu em minha garganta.


– Anahia terá que ficar internada por tempo indeterminado. Ou até que ela se recupere, ou...


– Ou até que ela me deixe. – murmurei cabisbaixa e senti as lágrimas banharem o jeans em minha perna.


– Você gostaria de vê-la? – indagou.


– Na verdade, eu não quero sair de perto dela um segundo sequer, nem que eu tenha que passar o resto da minha vida aqui com ela. – afirmei convicta.


            Levantamos e voltamos a segui-lo por aquele mesmo corredor. Esperamos que ele batesse em uma das portas e entramos no quarto para poder observar uma pequena loirinha totalmente serena dormindo deitada na cama.


            Passou-se duas semanas que eu já estava com Anahi naquele hospital. Minha rotina era hospital, casa para tomar banho e voltar para o hospital. Não suportava ter que sair um minuto do lado dela, até mesmo me alimentava com ela do lado. Era tão doloroso observá-la naquela cama, toda conectada a tubos e fios. Seu lindo rosto estava coberto por uma máscara de oxigênio. Todas as noites eu passava chorando silenciosamente olhando para ela. Minha aparência estava deplorável, havia enormes olheiras em meu rosto, emagreci, mal comia. Não tinha um dia sequer que nossos amigos ou nossos pais não aparecessem por lá. Minha mãe estava com uma aparência cansada, ela mal ia para casa. Quando não estava no HospitalCopa D´Or, onde trabalhava, estava no Samaritano comigo. Na primeira semana houve muitas discussões entre nós, o fato é que eu não queria e não quero ficar saindo do lado de Anahi.


– Dulce? – ouvi o sussurro vindo da cama.


– Oi meu amor. – levantei da poltrona posicionada estrategicamente para mim, e fui até a beira da cama.


– Estava dormindo? – indagou com uma voz fraca.


– Não se preocupe, já dormi bastante. – esbocei um leve sorriso.


– Você me parece... me parece cansada. – suspirou.


– Impressão a sua. Estou super bem. – menti.


– Esse negócio está me atrapalhando a conversar com você. – disse se referindo a máscara.


– Primeiro: você tem que usar a máscara; Segundo: você nem deveria estar conversando.


– Eu te amo! – sussurrou de repente ela com voz falha.


– Você é a minha vida! Eu te amo mais do que qualquer coisa nesse mundo! – disse com olhos marejados.


“Nosso amor é como o vento não podemos ver mas, podemos sentir.” – disse ela. – Prometa que nunca vai me esquecer? – pediu.


– Prometo! – engoli em seco.


– Prometa que vai fazer de tudo para viver feliz se alguma coisa ruim me acontecer...


– Não fale assim, nada de ruim vai te acontecer. – esbravejei.


– Só me prometa.


– Eu... eu prometo. – murmurei.


– Dulce... – fitou fixamente os meus olhos. O olhar dela era tão penetrante que quase achei possível que ela lesse minha alma. – ... Você foi à coisa mais importante, a mais bonita, a mais especial, que aconteceu na minha vida. – suspirou.


– Meu amor... – balbuciei agarrando uma de suas mãos.


            Olhamo-nos por mais vários segundos sem dizer nada, apenas nos amando pelo olhar, apenas nos observando.


 


            A força imposta por sua mão ao apertar a minha, ia lenta e angustiantemente se afrouxando, dando acesso para que o ar ventilasse os espaços criados entre elas.


            Suas pálpebras iam se fechando aos poucos e, eu sentia meu peito ser comprimido por uma força brusca, muito parecida ao um soco no estômago. Meu corpo se esqueceu de inalar o oxigênio vendo àquela cena, e por um momento, tive a impressão que não precisaria mais dele. Com dificuldade, eu tentei ritmar minha respiração ao compasso do meu coração; se é que ele ainda me pertencia!        


            O silêncio era torturante, mas, não conseguia pronunciar nenhuma palavra; não sei se era o fato de ainda não conseguir respirar direito ou, as lágrimas salgadas em minha boca.


            Dolorosamente ela, talvez sentindo meu desespero, forçou o canto dos lábios para cima em um sorriso amarelo e cansado. Sorri em retribuição, e apertei nossas mãos com força outra vez. Não houve nenhum ruído em resposta, o que eu pude ver, foram os movimentos labiais, lentos e cansados, aos quais ela dizia: Eu te amo... Além do coração! Não tive tempo de lhe responder, pois aquele silêncio duradouro foi quebrado por um bip tristonho. – Um bip que me informou que naquele corpo frágil em minha frente, já não havia mais vida.


 


            Gritei desesperada, me debruçando sobre o corpo de minha Anahi. Gritei aflita, pedia para que ela voltasse, pedia para que ela nunca me deixasse. Meu coração doía, meu corpo doía, minha alma doía.


 


            Doutor Thomas entrou correndo junto com Anita que me abraçou e senti que ela também estava chorando. Meus soluços começaram a ficar mais fortes e uma dor se apoderou de mim. Sentia-me sem chão. Um vazio surgiu em meu coração, um vazio me tomou. Minha respiração estava falha, meu peito era comprimido por uma dor inexplicável. Era a dor mais forte que eu já senti em toda a minha vida. Era uma força tão brusca que chegava a ser física. Se estivessem arrancando algum de meus membros, não estaria doendo tanto. Senti-me um lixo, faltava apenas jogar fora. Senti-me frágil, senti-me fraca, senti-me falha.


– Anita. – exclamou ele depois de ter tentado socorrer a mulher que foi e é a minha vida.


            Minha mãe abraçou-me mais forte e forçou meu rosto a ser comprimido em seu peito me tirando a visão do corpo sobre a cama.


– Eu lamento. – sussurrou ele.


– Mãe? – olhei para ela e seu rosto estava banhado em lágrimas.


– Eu sinto muito. – ele voltou a dizer.


– Não! Você não sente muito! – gritei correndo outra vez até a cama. – Ninguém sente! – acariciei o rosto de Anahi.


– Dulce! – Anita passou seus braços em volta de mim e me apertou com força.


– Mãe. Ajude a Anahi mãe, ajuda ela. Faz ela voltar pra mim, eu peço por tudo é que sagrado mãe. Me coloca no lugar dela, mas trás ela de volta. – me aninhei em seus braços.


            Tudo em minha volta naquele momento parou. Nada mais fazia sentido. Via as pessoas em nossa volta, chorando, tristes, mas a dor que elas sentiam, nem se comparava a que estava ardendo em meu peito. As pessoas vinham falar comigo e eu apenas me esquivava, fugia. Tudo naquele ambiente estava sem cor e sem som. Sentia-me uma espectadora de um filme de terror assistindo áquelas imagens mudas. Anita e Beatriz me abraçavam simultaneamente. Eu já não chorava mais, não tinha mais forças e nem lágrimas para isso. Não comandava os movimentos do meu corpo, eu estava no piloto automático. Meus olhos ardiam de tristeza, de angústia, de saudade. Estava em uma multidão sendo abraçava e me sentia só, me sentia sem vida. Não suportava mais ficar em pé e sendo sufocada por essa gente. Olhei outra vez para ela, para aquela que um dia me fez feliz. Olhei para seu rosto tão sereno, tão lindo. Eu não via mais seus olhos, as pálpebras fechadas não me permitiam vê-los. Sua boca estava pálida e sem cor, suas narinas não respiravam. Toquei levemente sua face gélida e o ar faltou em meus pulmões. Desenhei seus lábios com as pontas dos meus dedos e não senti o calor que antigamente eles carregavam. Engoli em seco e fechei meus olhos. Ainda afagando seu rosto, joguei minha cabeça para trás e me permiti chorar mais uma vez, mesmo sem ter forças para isso. Beatriz apertou-me contra seu corpo, e abracei minha amiga como se dependesse dos seus braços para continuar em pé.


            Deitei em minha cama e comprimi o seu travesseiro em meu rosto, abracei-o ainda sentindo o seu cheiro impregnado no tecido. Olhei para o seu caderno de anotações musicais que estava em cima do criado-mudo e peguei-o. Deslizei meus dedos em sua capa antes de abri-lo em uma página qualquer. Caiu justamente em uma música que um dia pude ouvi-la tocar e cantar para mim. Lembrei de estar em pé ao seu lado enquanto ela dançava com suas mãos em cima das teclas do piano. Ainda abraçada ao seu travesseiro, pus-me a cantar baixinho aqueles versos que me faziam lembrar dela.


 


It`s cold again and I do not know what to do


(Está frio novamente e eu não sei o que fazer)


I need a friend, but all I really want is you


(Eu preciso de um amigo, mas tudo o que eu realmente quero é você)


Where have you been? I haven`t seen you for so long


(Onde você estava? Faz tempo que eu não vejo você por aqui)


I guess you`re gone


(Eu acho que você foi embora)


You`re really gone


(Você realmente se foi)


So long ago you told me you`d never leave


(Muito tempo atrás você disse que jamais iria)


What do you know


(O que você sabe)


Things have changed so suddenly


(As coisas mudaram tão de repente)


Here I am. I am moving on without you


(Aqui estou eu. Estou seguindo em frente sem você)


Without you


(Sem você)


 


Chorus: (Refrão)


Now the years have passed us by


(Agora os anos passaram por nós)


And I still do not know why


(E eu ainda não sei por quê)


Before you tried


(Antes de tentar)


You chose to quit


(Você optou por encerrar)


So where are you tonight


(Então, onde está você esta noite)


You could make it all alright


(Você poderia fazer tudo ficar bem)


But instead you`re missing it


(Mas, em vez disso, você está perdendo)


You`re missing it


(Você está perdendo)


 


 


You`re missing it.


(Você está perdendo)


All the things that I have done


(Todas as coisas que eu fiz)


You`re missing it


(Você está perdendo)


Everything I have become


(Tudo o que eu me tornei)


So wave goodbye.


(Então, adeus.)


You can never get it back


(Não, você não pode)


No you can`t. You really can`t


(Você realmente não pode)


 


 


There`ll be a day when you wish you could go back


(Haverá um dia em que você vai desejar poder voltar atrás)


When your mistakes will catch up with where you`re at


(Quando seus erros vão te alcançar não importa onde você esteja)


Before you know all your chances will be gone


(Antes de você se dar conta, suas chances acabarão)


They will be gone


(Elas acabarão)


 


Jason Walker - You`re Missing It


 


            Cantei uma, duas, três, várias vezes até me deixar levar pelos braços de Morfeu ainda sentindo o cheiro dela entrando pelas minhas narinas e acalmando o meu coração.



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Autor(a): Miaagron

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Vondyreis:kkkk obrigada por ler a web vai ter um final feliz     – Por favor, não vai embora! – berrei acordando de sobressalto.   – Dulce? – ouvi aquela mesma voz e senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto. – Por que está chorando meu amor? – senti seus braços cingirem meu corpo e seu calor ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



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  • AnBeah_portinon Postado em 02/04/2018 - 18:17:54

    Chorei horrores aqui! DEUS! quase morri por falta de oxigênio pelo meu choro compulsivo, ainda mais porque assisti os últimos capítulos ouvindo only Hope e You re missing It. No epílogo cry. Quase morri kkk. Amei!

    • AnBeah_portinon Postado em 02/04/2018 - 18:18:55

      Quer dizer, li os capítulos kk

  • flavianaperroni Postado em 06/10/2014 - 18:53:57

    Meu Deus eu chorei como um bb..não não eu chorei PIOR que um bb,que susto você me deu cara,Jurei que a Annie tinha morrido mesmo...Mais trando meu choro convulssivo eu AMEI DE PAIXÃO a web..ela é PERFEITA demais..Parabpens

  • brunamachado Postado em 02/09/2013 - 02:59:52

    Muito boa a história,emocionante,chorei igual uma cabrita pq pensei que ela tinha morrido mesmo,mais foi um lindo final feliz.

  • lunaticas Postado em 27/07/2013 - 04:19:25

    Nossa gostei demais ;)

  • Vondyreis Postado em 25/07/2013 - 21:55:03

    Que bom q a Any ñ morreu,vc conseguiu me enganar direitinho não foi?parabéns. pela fic ela é otima,ate a próxima eu espero!!!!

  • Vondyreis Postado em 24/07/2013 - 21:34:01

    Como vc pode matar a minha Any?!!!?!!?brincadeirinha!!serio eu chorei muito...E sua web é muito boa

  • lunaticas Postado em 24/07/2013 - 00:24:35

    amandooooooooo a Fic ;)

  • lunaticas Postado em 19/07/2013 - 03:40:50

    Adorei!!! Posta mais ;)

  • lunaticas Postado em 18/07/2013 - 04:00:09

    Oi adorando sua Fic!!! Espero q haja um milagre :( Ansiosa para os próximos cap.

  • rebecabel19hotmail.com Postado em 16/07/2013 - 10:05:02

    Posta mais...espero que continuem juntas;...


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