Fanfic: Um amor pra recordar Portiñon | Tema: RBD Anahi e Dulce Maria

“Assim como a fênix que renasce das cinzas, rompendo as barreias da vida e da morte ...”

Três anos depois...

            Acordei subitamente com o estridente som do meu celular tocando. Abri os olhos lentamente e percebi que meu quarto ainda estava tomado pelas sombras. Olhei para o relógio da cabeceira e identifiquei os números como sendo duas e nove da manhã.

– Dulce, atende. – resmungou Anahi.

            O celular parou de tocar antes mesmo de eu me mover. Lentamente sentei-me na cama cobrindo a mão enquanto escancarava a boca em um bocejo. Estiquei o braço para segurar o aparelho, e o mesmo tocou outra vez, só que agora em minhas mãos. Não me dei o trabalho nem de olhar no visor, já fui logo proferindo desaforos.

– Escute aqui, isso são horas de ligar para alguém? – reclamei. – Quem você pensa que é para me acordar em uma maravilhosa madru...

– Sou eu, Letícia. – disse rápida me interrompendo.

– Lê?

– A Mariana, Dulce.

– O quê? Fala devagar, não estou entendo nada. É a Letícia ou a Mariana? – ouvi um suspiro longo como resposta.

– A Mariana, a Mariana entrou em trabalho de parto. – disse ritmicamente.

– Oh meu Deus. – exclamei acordando do meu torpor sonífero.

– O que houve amor? – Anahi virou-se para mim e me encarava com olhos inchados de sono. Fiz um sinal para que ela esperasse e continuei minha conversa com Letícia.

– Dulce? Você ainda está aí? – perguntou esbaforida.

– Sim, estou.

– Venha pro hospital, por favor. – pediu. – Estou tão angustiada que á capaz de eu mesma parir aqui.

– Em que hospital? – indaguei.

– Hospital? – silvou Anhi com olhar preocupado.

– Policlínica, Botafogo. – respondeu.

– Estamos indo aí. Já, já chegamos. Beijo. – despedi-me de Letícia e levantei pedindo que Anahi trocasse de roupa.

– O que está havendo? Porque estamos saindo? – inquiriu ela enquanto entrávamos no elevador.

– A Mariana entrou em trabalho de parto. – disse.

– Ai meu Deus. – sussurrou sorrindo. – Está nascendo?

– É... Acho que sim né? Se ela entrou em trabalho de parto. – ironizei.

– Boba! Ai que emoção. – riu baixinho. – Eu vou ser tia! – olhei para seus olhos e havia um lampejar incrível.

            Saímos do cubículo metálico e nos direcionamos ao nosso carro. Olhei para o meu relógio de pulso e já eram mais de duas e trinta.

– Onde fica isso? – perguntei totalmente entorpecida.

– Aqui mesmo na Princesa Isabel, ora. – gargalhou.

– Estou nervosa. – ri ligando o automóvel

            Ficamos alguns segundos em silêncio até sair do condomínio com o carro.

– E nós? – indagou Anahi quebrando o momento de mudez.

– Nós o quê? – continuei com a atenção no pouco trânsito daquela madrugada de segunda-feira.

– Quando vamos ter o nosso filho? – inquiriu sorrindo largamente,

– O quê? – dilatei os olhos e parei o carro abruptamente.

– Aí. – exclamou ela colocando a mão na cabeça que batera no vidro.

– Desculpe. – pedi beijando-lhe os cabelos e voltando a andar com o carro.

– Eu quero ser mãe! – gracejou.

– Vai ser amor, vai ser. – sussurrei engolindo em seco.

– Eu quero ser mãe agora! – ordenou franzindo o cenho.

– Ah por favor né? Nem que eu quisesse, nesse momento eu não conseguiria. – gargalhei. – Mas, podemos tentar quando voltar pra casa, o que acha? – mordisquei meus lábios e sorri maliciosa.

– Olha pra frente! – pediu. – Falando sério amor, eu quero ter um filho. – disse acariciando seu ventre. – Você não quer?

– Quero muito! Mas, podemos conversar quando voltarmos? – perguntei estacionando o carro. – Por enquanto podemos nos contentar com uma sobrinha. – sorri.

– Por enquanto. Não quero saber de enrolações ouviu? – riu e saímos do carro.

– Prometo que teremos um filho! – aproveitei que a rua estava deserta e roubei-lhe um selinho. – Mas para isso, termos que organizar a mudança. O apartamento ainda tá uma bagunça. – disse entrando.

            Quando encontramos com Letícia dentro da maternidade, eu quase acreditei na hipótese de que ela realmente teria um filho. Ela andava de um lado para o outro roendo o resto das unhas que ainda tinha nos dedos. Anahi ficou com ela o tempo inteiro tentando acalmá-la enquanto eu ria sentada no banco as observando.

            Olhei tudo em minha volta e fiquei imaginando como seria se Anahi estivesse no lugar de Mariana. Eu provavelmente estaria tão ou pior do que Letícia. Esse pensamento foi quase um estimulante, senti uma vontade tremenda de que aquilo estivesse acontecendo conosco.

            Minhas pálpebras estavam pesadas, o sono insistia em querer me vencer. Só fui mesmo conseguir ficar totalmente acordada na hora em que o médico saiu nos dizendo que a pequena Maria Eduarda, ou Duda, tinha nascido. Sinceramente? Foi muito emocionante entrar naquele quarto e ver Mari deitada com a pequenina em seu colo. Nos aproximamos lentamente para olhar aquela criança. Mariana parecia que acabara de ser atropelada por um trator, estava com uma cara cansada, mas com um enorme sorriso e um brilho nos olhos que fora o mesmo cintilar que pude ver dentro dos olhos de Letícia que estava abobada. A pequena tinha pequenos cachinhos castanho claro, e os mesmos mel esverdeados das íris de Mariana.

            Voltamos para casa uma hora depois e seguimos direto para a cama. – Apaguei! – Não quis saber de faculdade e nem nada do tipo. – Falando em faculdade. – Prestei vestibular para Neurocirurgia,  agora estou no segundo ano. Além disso faço residencia no Copa D´Or trabalhando junto com minha mãe. Anahi se formou em Artes Cênicas e agora está apresentando uma peça no Teatro do Jockey na Gávea.

            Nos mudamos esse final de semana para um apartamento ali mesmo em Copa. Isso aconteceu no sábado passado. Tivemos ajuda de todos para poder organizá-lo, mas ainda falta muita coisa para arrumar.

            Meus amigos ainda continuam sendo minha grande família. Beatriz prestou vestibular para arquitetura e estagia junto com Juliano, seu noivo, – Isso mesmo! NOIVO. – no escritório do pai dele. Cris está namorando um rapaz que conhecemos numa viagem para a casa em Paraty, que recebi de herença de meu pai. Minha mãe casou-se com Gustavo e agora vivem no apartamento em que vivi boa parte da minha vida. Sueli ainda continua firme e forte nos seus trabalhos domésticos. Mariana realmente fora destinada para Letícia, agora com a pequena Duda, elas vivem em uma casa em Laranjeiras. Lê fez pró-graduação em Supervisão Escolar e Orientação Educacional, e trabalha como orientadora no meu antigo colégio. Os pais de Anahi – pra ser sincera. – continuam na mesma. Clarisse me trata com o maior carinho, agora George, ele apenas nos respeita – E isso basta para mim! – O importante é que o convívio de Any com os pais melhorou bastante em comparação ao que era antes. E Landon? Esse nunca mais vi e nunca mais ouvimos falar. Cris disse que voltou para Los Angeles e está morando com seus pais.

– Meu Deus, é muita coisa. – disse Anahi enquanto me ajudava a retirar as coisas de dentro das caixas.

– Achou que fosse fácil se mudar? – indaguei rindo.

– Não, mas também não pensei que seria tão difícil. – deu-me a língua.

– Vocês duas literalmente trouxeram a casa. – gracejou Beatriz trazendo mais uma caixa.

– Fica quieta Beatriz. – dissemos em uníssono.

–Ok! Não está mais aqui quem falou. – riu e voltou para pegar a outra caixa que estava na sala.

– Por que é que você quis trazer tanta coisa? – perguntei para a loira elevando uma sobrancelhas.

– Ah claro, agora a culpa a minha. – ironizou. – Não era eu quem queria trazer dois pianos. – gargalhou.

– Mas... Mas os pianos são grandes e mais fáceis de achar. – gaguejei. – Agora você, trouxe umas coisas que eu nem sei o que são. – disse pegando alguns ursinhos de pelúcia e segurando-os enquanto fazia uma careta.

– Tira as mãos dos meus bichinhos. – pulou em cima de mim e retirou as pelúcias de minha mão.

– Nossa... não falo mais nada. – ri.

– Ei, o que é isso? – Bia apareceu segurando um caderno todo rosa e roxo.

– O meu caderno de anotações. Eu estava procurando.

– Eu guardei ele. - disse.

– Obrigada por ter guardado amor. – beijou-me nos lábios.

            Peguei o objeto em minhas mãos, sentei-me na cadeira mais próxima. Folheei algumas vezes e acabei por parar no interior da capa de trás. Olhei com um sorriso para a folha de papel colada cheia de anotações.

– Lembra quando você viu isso a primeira vez? – indagou Anahi com um sorriso me encarando.

– Usei a lista como desculpa pra te conquistar. – dei-lhe um meio sorriso e senti minhas faces corarem.

– Eu ajudei. – disse Bia levantando uma das mãos como se pedisse atenção.

– Tá, obrigada. – soprei revirando os olhos.

– Você realizou todas elas. – exclamou Any.

– Tem certeza? Pelo que vejo aqui, a principal eu não fui capaz de realizar. – disse cabisbaixa enquanto deslizava meus dedos pelo papel.

– Se refere a qual? – indagou.

– A testemunhar... o... o milagre. – balbuciei.

– Como não realizou Dulce? – perguntou Bia incrédula.

– Ué. Não realizando. – dei de ombros.

– Eu estou vendo um agora em minha frente. – disse minha amiga nos enrando.

– Como assim? – inquirimos juntas.

– Anahi... Fazem três anos e... E você ainda está aqui, não é? – sorriu. – Isso para mim é mais do que um milagre, acho que... que só o amor dela... – apontou para mim. – ... foi capaz dessa proeza. – piscou-me um dos olhos e saiu nos deixando sozinhas.

            Encaramos-nos por alguns segundos e não precisaram que rios de palavras fossem ditas para saber o que é que se passava na cabeça e no coração de cada uma. Segurei sua mão levando-a aos meus lábios e depositei um suave beijo.

– Eu te amo... Além do coração! – sussurrei.

– Além do coração! – repetiu ela.

FIM

muito obg a todos que leram a web espero que tenha gostado