Fanfics Brasil - Estudante de Artes Cênicas. Um amor pra recordar Portiñon

Fanfic: Um amor pra recordar Portiñon | Tema: RBD Anahi e Dulce Maria


Capítulo: Estudante de Artes Cênicas.

616 visualizações Denunciar


Voltei para a casa sabendo que depois de amanhã começaria meu martírio, carma, ou seja lá como queiram chamar.


Logo quinta-feira chegou. Já acordei em um estado de aflição. – Mas que droga! – disse a mim mesma quando me lembrei da porcaria do musical.


Quando cheguei à escola, estranhei a ausência de Letícia. De tanto importunar a Dona Maria a faxineira, acabei por descobrir que ela havia tido folga. Queria pedir que ela me acompanhasse no ensaio hoje à tarde, mas estou vendo que isso vai acabar sobrando para a Bia.


 


– Não, não, não e não! – disse-me ela depressa.


– Por favor, Bia. Eu não quero vir sozinha. – choraminguei.


– Que parte do NÃO você não entendeu? Eu já disse que não venho. Odeio essas coisas. – disse fazendo uma careta.


– Meu Deus, o que custa?


– Nã na ni na não! Ene a ó tio, NÃO! – esbravejou.


– Por favorzinho? – implorei.


– Não vou nem te responder.


– Mas que droga! Vai á merda então! – explodi.


– Caramba! Eu não tenho culpa se você vive se atrasando. Eu sou sua amiga, mas não tenho que vir com você nisso. Vai ser legal, você vai ver. – tentou me animar.


– Faz séculos que não canto e que não represento em um palco. Mas que droga! – resmunguei – Se eu gostasse não tinha parado com isso!


– Você no palco eu não sei. Mas pelo menos canta legal! – sorriu.


– Sabe há quanto tempo eu não toco no piano? Hein? – franzi o cenho.


– Desde ontem? – ironizou.


– Não garota! Faz uns quatro meses já. Se não fosse Sueli limpar ele de vez e nunca, provavelmente as traças ou a poeira já tinham acabado com ele.


– Ué, é só aproveitar depois do ensaio, treinar na sua casa. – disse.


– Mas eu não gosto mais. Antes eu até tocava sem problema nenhum. Hoje quando ameaço entrar no quarto, já me lembro de meu pai. – suspirei cabisbaixa.


– Ei Dulce, não dá pra ser assim tá? – levantou meu queixo com uma das mãos. – Você toca muito bem. Mas se não quiser ensaiar tocando, não ensaie. Só cante! E até porque, é a única coisa que vai fazer no musical, certo? – perguntou.


– Eu não sei o enredo ainda. – fiz uma careta. – Ninguém me contou!


– Olha, vai lá, relaxa, e representa! – sorriu de orelha a orelha.


– Ai meu Deus! Aonde é que fui amarrar meu burro? – Bia gargalhou extremamente alto e se levantou.


– Vamos. Temos que fazer trabalho de história. – estendeu a mão para me ajudar a se levantar.


– Trabalho é? – encarei-a com uma sobrancelha elevada.


– A Marlene disse que quem não fizer, ela vai dar ZERO nesse terceiro bimestre. – enfatizou a palavra ZERO. – E eu como sei que ela cumpre as promessas, e minhas notas com ela não estão lá às melhores, tenho que fazer direitinho né. – revirou os olhos.


 


            Cheguei em casa faminta. Larguei minha bolsa no sofá e corri para a cozinha de encontro a Sueli.


 


– O que temos de almoço hoje? – perguntei euforia já beijando a bochecha de Sueli que estava de costas para mim.


– Temos berinjela assada com quiabo. – me encarou.


– Éka Sueli. Que horror. – fiz uma careta.


– Estou brincando minha menina. Temos filé de franco com salada de cogumelos. – sorriu se gabando. – E de sobremesa, fiz mousse de maracujá.


– Meu Deus. Eu morro com você. Daqui uns dias não vou conseguir mais andar de tanto que como. Mas eu não tenho culpa, você é que faz coisas irresistíveis. – dei mais uma beijo e fui para meu quarto. – Vou me trocar e já volto para comer.


– Sua mãe comentou comigo que você vai voltar a fazer teatro.


– Aquela fofoqueira. – sorri para Sueli que estava sentada em minha frente. – Começo o ensaio hoje.


– Que boa notícia. – sorriu me incentivando. – Sinto tanta saudade de ver você em um palco. Nem piano você tem tocado.


– Pois é. Mas não pense que eu voltei porque quis. Praticamente fui obrigada. – fiz uma careta e tomei um gole de meu suco.


– Por quê?


– A minha diretora me puniu por chegar atrasada. – revirei os olhos.


– Mas ela está certa. Você sempre se atrasa. Mas pelo menos foi uma coisa boa. – sorriu.


– Vai ser musical! – bufei. – Poderia ser só uma peça normal. Mas musical é sacanagem.


– Oh minha menina, vai ser bom para você. Vou adorar ver você voltar a tocar.


– Mas eu não vou tocar. Só vou cantar! – bufei de novo. – E olhe lá!


– Mas... Nem ensaiar a voz no piano você não vai?


– Pra quê? É bobeira! – terminei de almoçar e me levantei.


– Sueli, meu ensaio vai ser às três horas. Eu vou lá deitar um pouquinho, qualquer coisa me chame.


– Tá bom!


 


            Tava um calor infernal, mas resolvi pelo menos fechar as cortinas a fim de diminuir a claridade em meu quarto. Olhei para o meu querido relógio e eram uma e meia. – Dá tempo de descansar. – pensei. Segui com os meus olhos até meu celular a procura de algum vestígio de mudança de Idéia de Bia, mas nada. Sem mais o que para fazer, deitei e me deixei levar pelo cansaço.


 


– Dulce. Levante! – ouvi a voz de Sueli ao longe.


– Levante! – insistiu ela me dando leves empurrões.


– Me deixe dormir! – resmunguei.


– Garota, te dou dois segundos para levantar. Sabe que horas são? – arrancou meu lençol.


– Caramba Sueli! – sentei na cama e esfreguei meus olhos.


– Caramba nada. São cinco para as três.


– O quê? – levantei e corri para o meu guarda-roupa. – Como me deixou dormir até agora? – perguntei ríspida.


– Ah claro, a culpa é minha. – debochou e saiu do quarto.


 


            O calor parecia ainda mais forte. Vesti um short jeans branco, uma batinha preta, coloquei uma rasteirinha e corri até lá em baixo atrás de minha bicicleta.


– Eu te mato Beatriz Nogueira! Mato e, mato sem dó nem piedade. – falei para mim mesma enquanto pedalava. – Ainda se diz minha amiga! Oh, bela melhor amiga essa minha!


 


            Se nesse exato momento Bia aparecesse em minha frente, eu provavelmente passaria correndo com a bicicleta por cima dela e ainda teria um enorme sorriso no rosto.


 


 – Sua peste! – grunhi.


 


            Chegando à escola, eu não fazia a mínima idéia de onde seria o ensaio. Pensei na possibilidade de ser no auditório. Corri para lá, mas não havia ninguém.


 


– Oh que droga. Ainda vou ter que encontrar a Fernanda para isso.


 


            Fui para o lugar mais odioso da escola e bati na porta o mais leve possível.


 


– Entre. – ouvi a voz de Fernanda.


– Oi Fernanda! Vim para o ensaio, mas não sei aonde vai ser! – disse envergonhada.


– Oi Dulce! Que bom que veio! O ensaio será lá no auditório.


– Mas eu acabei de vir de lá e não tinha... – não terminei minha frase, pois alguém me interrompeu batendo na porta.


– Oi Landon. – disse Fernanda.


– Eu mereço! – disse a mim mesma e cobri meu rosto com uma das mãos.


– Olá Dulce. – sorriu e eu apenas disse um oi com movimentos labiais.


– Então Fernanda, eu acabei de vir do auditório e não tinha ninguém. – me adiantei.


– Ah, foi sobre isso que eu vim falar. – disse Landon.


– Fale. – pedimos eu e Fernanda ao mesmo tempo.


– Eu e a Srta. Portilla estávamos na quadra assistindo o treino de futebol esperando por você. – apontou para mim.


– Por mim? – perguntei incrédula.


– Sim. Você sabe que horas são? – disse ele.


– Hã. Então... E-eu acabei me atrasando um p-pouquinho. Mas estou aqui, não estou? – balbuciei.


– Até para isso você se atrasa? – debochou Fernanda. – Você não tem jeito mesmo. – sorriu.


– Vamos logo para o ensaio. Tchau Fernanda. – acenei para ela e puxei Landon para fora da sala.


– Tchau. Bom ensaio. – ouvi o cintilar da voz dela quando fechamos a porta.


– Quem mais veio? – perguntei soltando o braço do menino.


– Na verdade, o musical só terá eu, você e a Srta. Portilla.


– Por quê?


– Ué, é o roteiro. São apenas dois personagens e uma pianista. – sorriu.


– Pianista? Meu Deus. – suspirei e parei em frente à porta do auditório de onde dava para se ouvir uma suave melodia.                                                                                                                               


– Qual o problema? Vamos, entre! – disse agora ele me puxando.


– É ela quem está tocando? – perguntei.


– Sim. Toca bem pra caramba né? – sorriu.


– Espere. – pedi e o segurei quando ele começou a andar. – Me deixe ouvir mais um pouco. Não quero atrapalhá-la.


 


            Estávamos parados em pé no fundo do auditório. Lá de longe eu não podia vê-la direito, até porque a iluminação era pouca. Eu não estava prestando muita atenção na letra que ouvia, só conseguia absorver as notas que ela tocava.


 


            Passados mais alguns minutos, sinto pela harmonia que ela estava recomeçando a música.


 


– Ah Dulce, vamos. Já estamos atrasados demais. Ela vai te dar uma porrada. – sorriu e puxou meu pulso para ardamos.


– Que vergonha. – disse e abaixei minha cabeça.


– Srta. Portilla. Encontrei a sua atriz.  – disse Landon.


– Ah, muito bem. Achei que não viesse mais.


– É c-claro que eu... – não consegui completar a frase, pois quando levantei minha cabeça para olhá-la, tive a maior surpresa da minha vida. – A-Anhi? – perguntei.


– Dulce? – olhou-me assustada.


– O que v-você está fazendo a-aqui? – indaguei.


– Eu vou ser a pianista e quem vai produzir o teatro. – explicou-me


– Mas, por que você?


– Foi Letícia quem me indicou. Faço faculdade de Artes cênicas e como sou amiga da Lê, acabei por vir.


– Ué, vocês já se conhecem? – perguntou Landon que até então estava quieto.


– S-sim. Nos conhecemos na festa da Jéssica, no sábado.


– Não sabia que você que seria a minha protagonista. – sorriu.


– E eu não sabia que você seria minha diretora. – sorri com ela.


– Venha. Não vai me cumprimentar direito? – abriu os braços.


– Ah sim, desculpe. – fui em sua direção. Chegando perto, consegui definir pela primeira vez a cor de seus olhos. Azuis.


 


            Quando me encostei em seus braços, senti o sangue em minhas veias correrem mais rápidos, os meus pêlos se eriçaram e minhas mãos suaram frio.


 


– Dulce? Podemos começar? – perguntou-me ela ainda abraçada a mim.


– Oh sim, c-claro. Desculpe-me. – me desvencilhei de seus braços e senti minhas bochechas ruborizadas.


– Tudo bem. Venham aqui. – sentou-se no branquinho em frente ao piano. – Quero mostrar a música a vocês.


– Era a que você estava tocando? – perguntei.


– Sim. Ela se chama Only Hope. De Switchfoot.


– Acho que na minha antiga escola teve um teatro com essa mesma música. – disse Landon.


– Sério? E onde era? – perguntou Anahi.


– Em Los Angeles. – sorriu.


– Legal! – disse.


– Então, cadê a música? – perguntei.


– Estão aqui. – ela nos entregou uma folha para cada. – Eu vou tocar e vocês acompanhem com a leitura, certo?


– Uhum. – dissemos em uníssono.


 


            Eu não olhei uma única vez se quer na folha que ela me dera. Só conseguia prestar atenção nas mãos dela acariciando as teclas daquele piano. De repente ela começou a cantar, e com o meu pouco inglês, conseqüência de um curso feito há dois anos, consegui entender a maior parte da letra.


 


There`s a song that`s inside of my soul


(Há uma música dentro da minha alma )


It`s the one that I`ve tried to write over and over again


(É uma que eu tentei escrever de novo e de novo)


I´m wake in the infinite cold


(Estou acordada no frio infinito)


But you sing to me over and over and over again


(Mas você canta para mim mais uma vez e mais uma vez )


 


So I lay my head back down


(Então eu abaixo minha cabeça )


And I lift my hands and pray to be only yours


(E junto minhas mãos e oro para ser somente sua )


I pray to be only yours


(Eu oro para ser somente sua )


I know now you`re my only hope


(Eu sei agora você é minha única esperança )


 


Sing to me the song of the stars


(Cante para mim a canção das estrelas )


Of your galaxy dancing and laughing and laughing again


(Da sua galáxia dançando e rindo e rindo de novo)


When it feels like my dreams are so far


(Quando sentir que meus sonhos estão tão longe)


Sing to me of the plans that you have for me over again


(Cante para mim os planos que você tem para mim mais uma vez)


 


So I lay my head back down


(Então eu abaixo minha cabeça)


And I lift my hands and pray to be only yours


(E junto minhas mãos e oro para ser somente sua)


I pray to be only yours


(Eu oro para ser somente sua)


I know now you`re my only hope


(Eu sei agora você é minha única esperança)


 


I give you my destiny


(Eu te dou meu destino)


I`m giving you all of me


(Estou te dando tudo de mim )


I want your symphony


(Eu quero sua sinfonia)


Singing in all that I am


(Cantando tudo que eu sou)


At the top of my lungs


(Com todo o meu fôlego)


I`m giving him all I have


(Estou te dando tudo o que tenho)


 


So I lay my head back down


(Então eu abaixo minha cabeça)


And I lift my hands and pray to be only yours


(E junto minhas mãos e oro para ser somente sua)


I pray to be only yours


(Eu oro para ser somente sua)


I pray to be only yours


(Eu oro para ser somente sua)


I know now you`re my only hope


(Eu sei agora você é minha única esperança)


 


– Então? – perguntou ela nos encarando.


– Uau! É demais! – disse Landon.


– Você gostou? – Anahi me fitava.


– Hã... Eu não sei o-oque dizer. É l-inda! – eu não tava falando exatamente da música. Até porque, com ela me olhando eu não conseguia pensar em mais nada.


– Que bom que gostou, porque será você quem vai cantar! – me sorriu.


– Tá brincando que eu vou ter que cantar isso?


– Vai sim!


– Vai ficar maravilhosa! – disse Landon me olhando.


– Tá legal! – bufei. Esse garoto é um idiota né.


– Srta. Portilla... Sabia que Dulce também toca piano? – disse ele.


– Sério?


– Cala boca seu fofoqueiro! – rosnei.


– É sério que você sabe tocar? – perguntou-me ela.


– Dá pro gasto. Mas faz muito tempo que não toco. Nem olhar para ele ultimamente eu estou olhando.


– Por favor? – disse ela se levantando e indicando o instrumento.


– Oh não. Nem pensar. – dei dois passos para trás.


– Ah Dulce, toca ai vai. – pediu Landon.


– Não mesmo. Já disse. Deixa que ela mesmo toque. – apontei o indicador para Anahi.


– Vai Dulce. Eu te ensino a tocar essa música se quiser. Podemos ensaiar na sua casa. Assim você pega o tempo e os tons das músicas, o que adianta o nosso lado quando for ensaiar aqui.


 


            De repente uma idéia surgiu em minha cabeça. Se eu disser que sim, vamos nos ver mais vezes e ela irá à minha casa. Mas será que seria bom isso? – Diga que não. Você já fica pensando nela, se vê-la mais vezes só vai piorar. – pensei.


 


– Se você me ensinar eu toco. – sorri.


 


            Definitivamente eu sou uma idiota ou masoquista. – Eu gosto de sofrer! – Pra que eu tenho consciência? Eu nunca uso mesmo! Não serve para nada. – Garota estúpida!


 


– Então vai ter que tocar alguma coisa.


– Deixa para a próxima. Como eu disse, faz muito tempo mesmo que não toco. Só iria passar vergonha. – cabisbaixa.


– Você nunca passa vergonha! – disse ela, e eu retribui com um sorriso.


– Vamos começar o ensaio Srta. Portilla? – perguntou Landon. Eu não gosto desse garoto.


– Pode me chamar de Anahi. – sorriu. – Na verdade, o ensaio não vai começar hoje. Eu só queria me apresentar e mostrar a música para vocês. Mas já que vocês já se conhecem e eu também só faltava “conhecer” a Dulce, podemos ir embora, e o próximo ensaio fica para segunda. – fez aspas ao dizer a palavra conhecer.


– Mesmo horário? – perguntei.


– Sim. Eu espero por vocês aqui no auditório mesmo. E não esqueçam essa folha que eu entreguei a vocês.


– Tá bom. Vamos indo Dulce. – disse Landon e puxou para fora. – Tchau Anahi.


– Dulce, espere. Queria falar com você um minuto. – pediu ela.


– Pode indo embora, eu vou mais tarde. – me soltei dele e voltei de encontro a ela.


– Tchau. – dissemos juntas e ele se foi. Graças a Deus.


– P-pode falar Anahi. – pedi.


– Que isso Dulce? Me chama de Any. – sorriu.


– Any. Pode deixar.


– É sobre os ensaios na sua casa. Você vai querer mesmo? – perguntou.


– Se você puder e não se importar de ter que ir em casa, eu queria sim.


– Quais dias você pode?


– Qualquer dia. Eu sou não faço nada. Vagal, literalmente. – sorri.


– Pode ser nas terças e sextas? Aí na segunda e quinta ensaiamos aqui com o Landon.


– Claro. Pode sim. – seria melhor sem ele!


– Me passa seu celular, aí qualquer coisa eu te ligo.


 


            Passei o celular para ela e esperei que ela guardasse as coisas dela. Reparei enquanto isso em uma coisa em sua mão que eu não tinha reparado mais cedo.


 


– O que é isso? – perguntei.


– É um anel. – olhei o pequeno anel e ele estava no dedinho mindinho. Na mesma hora me lembrei da festa, da garota que esbarrou em mim.


– Então foi você. – berrei rindo.


– Eu o quê? – perguntou confusa.


– Você que esbarrou em mim na festa. Garota, você quase me derrubou sabia? – ri


– Ai, é verdade. Desculpe-me. – sorriu amarelo.


– Tudo bem. Eu queria te xingar mas quando virei você já tinha sumido. Só havia conseguido reparar nesse anelzinho. – apontei para sua mão.


– Nossa. Boa observadora você. – sorriu e caminhamos para fora do auditório.


– Na verdade, foi por acaso que eu o vi.


– Eu ganhei da minha mãe quando fiz quinze anos. É uma coisa de tradição sabe? Ela tinha ganhado da mãe dela também no aniversário de quinze.


– Legal. É muito bonitinho.


– Ela diz que é um amuleto. Mas não acredito muito nessas coisas não. Só que por incrível que pareça, sempre que me acontece alguma coisa boa, eu estou usando ele.


– Talvez ele seja. – sorri e chegamos perto do portão.


– Precisa de carona? – perguntou.


– Não, não. Eu moro aqui pertinho. To de bicicleta.


– Então, nos vemos amanhã na sua casa?


– Claro.


– Vou tenta levar a Letícia. – disse se aproximando de mim.


– I-isso, leva ela sim. – gaguejei.


Não é que não goste da Letícia, mas queria ficar um pouco mais sozinha com ela. Conhecê-la melhor. Fazer amizade. – Entende?


 


            Novamente senti aquela sensação estranha ao ser abraçada por ela. Eu não tava agüentando mais de vontade de ligar para a cachorra da Bia. Vou pedir para ela ir lá em casa ainda hoje.


 


– Então, tchauzinho. – se soltando de meus braços.


– Ah, t-tchau. Até amanhã. – peguei minha bicicleta e fui para a casa.


 


            No caminho fui logo discando o número mais conhecido no meu celular;


 


– Bia!


– Ei, como foi o ensaio? – perguntou.


– Vai agora para a minha casa. Preciso urgentemente falar com você.


– Mas... Agora?


– Agora garota! – rosnei. – Já basta não ter ido comigo, pelo menos faça isso que eu estou pedindo.


– Tá bom chata. To indo já. Beijo.


– Beijo.


 


            Não demorou muito e eu já estava entrando no meu apartamento. Ofegante, pedi para que Sueli dissesse a Bia quando chegasse, para ir direto para o meu quarto.


 


– O que foi que houve? – perguntou Bia entrando no meu refúgio feliz.


– Ela. Ela estava lá. – andava de um lado para o outro.


– Ela quem? – sentou-se em minha cama. – Fica calma, pelo amor de Deus. Respira vai. – pediu.


– Ela Bia. A Anahi. – trinquei os dentes.


– Como assim? O que ela tava fazendo lá? – perguntou. – Senta agora nessa cama. Tá me irritando você ficar andando.


Sentei ao seu lado e comecei a explicar o porquê do meu nervosismo.


– É ela a diretora. É ela a talzinha Srta. Portilla que o Landon disse. É ela a pianista e quem vai vir na minha casa me ensaiar.


– Que mundo pequeno. Mas, como ela foi parar lá? E porque ela vai vir na tua casa? O ensaio não é lá?


– Calma, uma pergunta de cada vez. – suspirei. – Ela faz faculdade de Artes Cênicas e é amiga da Lê, quem a indicou para a Fernanda.


– Só podia ter dedo daquela inspetora. – sorriu. – Mas e o negocio do ensaio e tal? E meu Deus, eu tinha esquecido, o que você sentiu quando há viu?


– Aí é que entra o meu desespero todo. Quando eu entrei no auditório com o Landon, eu ainda não sabia que era ela. Mas quando a vi, meu coração disparou e eu faltei perder o ar. O negocio só piorou mesmo quando fui abraçá-la. Eu estou ficando louca! – berrei a última frase e me levantei andando de um lado para o outro, outra vez.


– Amiga, isso não é normal! – me puxou para sentar ao lado dela de novo.


– Eu estou ficando louca! – berrei de novo, mas, fitando-a. – Landon, aquele cachorro, disse que eu sabia tocar piano, ai ela se ofereceu para me ajudar a ensaiar a música. Na hora eu pensei em dizer não, eu tinha plena certeza que se dissesse sim, eu iria ficar perto dela e tudo seria pior. Mas, eu não consegui. Foi mais forte do que eu. Agora ela vai vir em casa duas vezes por semana, inclusive amanhã, para me ajudar. Eu vou me matar! – me joguei deitada na cama.


– Dulce, você tá gostando dela. – disse ela e um sopro.


– Não, não pode ser! Eu gosto de homens. Eu gosto muito de homens. Acho o Landon lindo! – fiz uma careta. – Por mais idiota que ele seja.


– Ainda sim, isso me parece que você tá gostando dela.


– Eu não posso gostar dela! Ouviu? Eu não posso! Ela é uma... uma... – não terminei a frase.


– Mulher. – completou Bia.


– Eu não posso! – comecei a choramingar a me agarrei na cintura da minha amiga colocando a cabeça em seu peito.


– Eu, sinceramente, não sei o que falar.


– Além disso tudo, ela era a garota que esbarrou em mim na festa da Jéssica. Aquela que quase me derrubou na entrada.


– Belo começo de romance. – disse ela afagando minhas madeixas.


– Não fala assim. – supliquei.


– Meninas, tá acontecendo alguma coisa? – ouvi a voz de minha mãe junto com duas batidas na porta.


– Não mãezinha. É só cólica. Entra! – pedi e me separei de Bia.


– Oh meu amor. Já tomou remédio? Oi Biazinha. – me abraçou e depois a Bia.


– Oi tia! Sua filha tá muito manhosa viu? – sorriu e acariciou meu rosto.


– Eu? Você é que não é uma amiga de verdade. Mãe, acredita que ela não foi capaz de me acompanhar no ensaio? Ótima amiga essa. – dei-lhe a língua.


– Eu odeio essas coisas tia. – disse também me dando a língua. – E creio que ela ficaria super irritada, já que a Ana... – fuzilei-a com os olhos e ela tentou consertar a frase –... o Landon é o par dela e estava lá.


– Landon? Aquele amigo de vocês lindo? – perguntou minha mãe se sentando na cama e abanando o rosto com uma das mãos.


– Ele mesmo! Na mosca. – disse Bia rindo.


– Só vocês mesmo para me fazerem rir numa hora dessas. – ri


– Dulce, são quase cinco e meia, tenho que ir embora. Nem avisei minha mãe que viria aqui. – fez uma careta.


– Que menina má. – disse minha mãe. – Fica mais um pouco, liga para ela avisando.


– Nem dá tia. Tenho que terminar o NOSSO trabalho de história né Dulce. – me fuzilou.


– Eu tinha esquecido. Putz! – bati com a mão na testa. – Nem te mandei as coisas que me pediu. Desculpa amiga. – disse.


– Tudo bem. Já fiz a sua parte, agora tenho que ir porque tenho que terminar a minha. – sorriu.


– Quer que eu te leve? – perguntou minha mãe.


– Não precisa. Eu pego a Figueiredo Magalhães e chego lá em um minuto. Eu to de bike!


– Vou com você até lá em baixo então. – disse e me levantei.


– Então eu estou indo lá tomar um banho porque nem troquei de roupa. – minha mãe ainda usava seu uniforme branco. Ela fica tão linda de médica séria.


– Tchau tia. A gente se vê. – deu um beijo na minha mãe e saiu comigo atrás.


– Já volto. – gritei e abri a porta do apartamento.


– E ai? – disse Bia no elevador.


– Estou perdida! Se tudo que você disse for verdade, eu realmente não faço a mínima idéia do que fazer.


– Conta para ela. – soltou Bia.


– Não posso chegar na Any e contar assim.


– Gi? Nossa. Íntima já. – gargalhou. – Mas é sério, acho melhor contar.


– Você é louca? Como você acha que eu vou chegar nela e falar? “Oi Any eu vim aqui para te falar que estou apaixonada por você!”- imitei horrivelmente a voz de Bia.


– Viu, viu, viu como eu to certa? – gritou.


– Hã?


– Você! Você disse! “Apaixonada por ela” – arregalou os olhos. – Admiti. Você está apaixonada por uma mulher!



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Miaagron

Este autor(a) escreve mais 4 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

            Subi outra vez para o meu refúgio feliz e me joguei em minha cama. Como a Bia teve a ousadia de dizer isso? – Eu não posso gostar, amar, ou seja lá o que for, uma mulher! – Isso é errado! Eu, definitivamente, estou ficando louca. Mas a Anahi é tão... tão linda, fofa, perfei ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 11



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • AnBeah_portinon Postado em 02/04/2018 - 18:17:54

    Chorei horrores aqui! DEUS! quase morri por falta de oxigênio pelo meu choro compulsivo, ainda mais porque assisti os últimos capítulos ouvindo only Hope e You re missing It. No epílogo cry. Quase morri kkk. Amei!

    • AnBeah_portinon Postado em 02/04/2018 - 18:18:55

      Quer dizer, li os capítulos kk

  • flavianaperroni Postado em 06/10/2014 - 18:53:57

    Meu Deus eu chorei como um bb..não não eu chorei PIOR que um bb,que susto você me deu cara,Jurei que a Annie tinha morrido mesmo...Mais trando meu choro convulssivo eu AMEI DE PAIXÃO a web..ela é PERFEITA demais..Parabpens

  • brunamachado Postado em 02/09/2013 - 02:59:52

    Muito boa a história,emocionante,chorei igual uma cabrita pq pensei que ela tinha morrido mesmo,mais foi um lindo final feliz.

  • lunaticas Postado em 27/07/2013 - 04:19:25

    Nossa gostei demais ;)

  • Vondyreis Postado em 25/07/2013 - 21:55:03

    Que bom q a Any ñ morreu,vc conseguiu me enganar direitinho não foi?parabéns. pela fic ela é otima,ate a próxima eu espero!!!!

  • Vondyreis Postado em 24/07/2013 - 21:34:01

    Como vc pode matar a minha Any?!!!?!!?brincadeirinha!!serio eu chorei muito...E sua web é muito boa

  • lunaticas Postado em 24/07/2013 - 00:24:35

    amandooooooooo a Fic ;)

  • lunaticas Postado em 19/07/2013 - 03:40:50

    Adorei!!! Posta mais ;)

  • lunaticas Postado em 18/07/2013 - 04:00:09

    Oi adorando sua Fic!!! Espero q haja um milagre :( Ansiosa para os próximos cap.

  • rebecabel19hotmail.com Postado em 16/07/2013 - 10:05:02

    Posta mais...espero que continuem juntas;...


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais