Fanfic: Hidden by chance | Tema: One Direction

- Desce daí Julia, você vai acabar caindo. – ouvi o Niall dizer, enquanto eu me esticava para alcançar o macaco, fracassando pela enésima vez.

- Niall, fica quieto e me dá outro dicionário.

- Você vai acabar caindo, ‘tô te avisando.

- Deixa que eu mesma pego.  – desci da cadeira irritada, andando até o outro lado da sala e voltando com um dicionário e um livro grosso para complementar os três que já estavam em cima da cadeira.

 Sim, quando eu disse que a estante era alta, ela era alta mesmo. Não sei como que o Louis conseguiu colocar minha pelúcia lá em cima. Esse garoto deve ser macumbeiro ou algo do gênero. Subi com algum esforço lá em cima, me desequilibrando levemente quando estava lá no alto.

- Ufa, foi por pouco essa. – murmurei com uma meia risada.

- Julia, desce daí você vai cair. – disse Zayn, e o Harry apoiou. Louis estava vendo alguma coisa muito engraçada na televisão porque a sua risada era facilmente ouvida na sala. Ou talvez ele esteja rindo de mim. Vai saber o que se passa na cabeça daquele ser.

- Eu já disse que eu consigo pegar, que coisa. – respondi áspera, me colocando na ponta dos pés para alcançar.

Senti a pelúcia na ponta dos meus dedos, só mais um pouquinho e eu conseguiria pegar o macaco. E passar na cara daquele bundudo estranho. Me estiquei mais um pouquinho, fazendo a pilha de livros vacilar minimamente, me fazendo recuar à posição anterior. Não queria ter que ficar com o braço quebrado com aqueles cinco dentro da minha casa.

- Desce Julia, e pego para você. – ouvi a voz do Liam, e a mão dele na minha cintura, tentando me fazer descer de lá.

- Eu já disse que eu consigo pegar! – me virei bruscamente, tirando a sua mão da minha cintura e vi que não foi a ideia mais lógica naquele momento.

 Lembram aquela torre de livros em que eu estava em cima? Pronto. A dita cuja não pode ficar lá, paradinha me dando apoio. Não, ela tem que ameaçar desmoronar a cada movimento que o indivíduo faz. E no meu caso, não foi só uma ameaça, ela desmoronou de vez. Não sobrou livro sobre livro. Nada. Isso foi praga do smurf, sem dúvida. 

Sabe aquelas cenas de romance, quando a mocinha cai e é amparada pelos braços do mocinho e rola todo aquele clima? Mais clichê impossível não?  “E a mocinha é salva de se esborrachar no chão pelos braços fortes do mocinho.” Típico conto de fadas. Pena que conto de fadas não existem na vida real. Porque eu adoraria que aparecesse um mocinho para me salvar de me esborrachar no chão como eu acabei de fazer. Ia me poupar de muitas dores de cabeça, pernas e braços como as que eu estou começando a sentir nesse exato momento.

Mas então eu sinto que tem algo não tão duro quando o chão embaixo de mim. Oras não é que o mocinho apareceu mesmo? Mesmo que ele não tenha me amparado como nos romances, pelo menos me serviu para alguma coisa.

- Eu disse que você ia cair. – disse Niall.

- Eu também. – Zayn completou.

- Se vocês dois não tivessem jogado uma praga em mim para eu cair, eu não iria. – falei acusadoramente.

- Deixa de coisa, você tá adorando tirar uma casquinha do Liam aí. – Louis murmurou maliciosamente, o que fez os outros olhar para nós nessa, no mínimo, estranha posição. É impressionante como um diz uma coisa e no segundo seguinte os outros já estão tendo os mesmos pensamentos. Impressionante não, irritante.

- Não pense que eu me esqueci do que você fez, descrição em pessoa. Não vai querer que eu aumente os motivos para te bater.

- Não vou nem falar desse galo astronômico que vai nascer na sua testa então.

- Era só o que me faltava. – murmurei irritada, apoiando as palmas da minhas mãos no chão para me levantar, e consequentemente fazendo pressão com os joelhos para me ajoelhar. Teria dado tudo muito certo se uma certa parte sensível do Liam não estivesse sobre o meu joelho. Sim, é essa parte mesmo que vocês estão pensando, suas mentes poluídas. Olhei para cima e o Liam estava com os lábios franzidos, os olhos fechados e a mão direita sobre a testa.

- M-Me desculpe Liam, eu não... – ele fez uma aceno de mão como se dissesse deixa para lá. Ou talvez estivesse gesticulando para que eu saísse de cima dele para que pudesse se recolher em posição fetal. Vai saber né?

Rolei com todo cuidado de cima dele, com medo de machucar mais alguma parte. Assim que fiz isso ele virou de lado, recolhendo-se em posição fetal. É, ele não estava falando um “deixa pra lá” mesmo. Levantei-me, andando até o espelho do banheiro para ver os estragos dessa minha empreitada para resgatar o Senhor Bubbles.  Alguns hematomas certamente apareceriam nos meus braços depois, mas eu estava preocupada mesmo era com a possibilidade de nascer um galo na minha cabeça. De acordo com a dor, do lado esquerdo, na raiz do cabelo. Se eu estou com esses machucados mesmo tendo caído em cima do Liam, como ele deveria estar? Com esse pensamento, saí do banheiro rapidamente, vendo-o se levantar lentamente do chão quando cheguei novamente à sala.

- Ai meu deus, você tá bem?

- Claro, estou melhor do que nunca. – ele respondeu sarcasticamente e eu levantei uma sobrancelha.

É, eu tinha merecido essa.

- Eu vou pegar... gelo pra você. – saí cambaleante da sala, ainda meio atordoada da queda.

Estendi duas toalhas, uma para mim e uma para ele, enchendo-as com alguns cubos de gelo. Isso impediria de ficar roxo. Ou não deixaria que o galo crescesse? Sei lá, é uma dessas duas coisas que eu não me lembro de qual agora. Me virei, vi ele sentado na mesa de jantar, com a cabeça apoiada em uma das mãos, olhando na minha direção com um olhar meio perdido.

- Aqui. – disse, lhe entregando a toalha com o gelo. – Para a cabeça.

- Obrigado. – ele fechou os olhos quando o gelo tocou o galo na sua testa, franzindo os lábios.

- Você poderia ter se poupado disso, me deixando esborrachar sozinha no chão. – comecei, sentando-me na cadeira à sua frente. – Não precisava ter se oferecido para pegar para mim.

- Bem, se eu soubesse que iria acabar assim, não chegaria nem perto. – ele falou com um meio sorriso, me fazendo sorrir também, minimamente. – Mas já que eu fiz o contrário disso, um obrigado seria muito bem vindo. – eu ri levemente do comentário dele.

- Obrigada. Eu provavelmente estraria bem pior se você não tivesse amortecido a queda.

- Finalmente alguém reconheceu minhas incríveis habilidades de amortecedor! – ele falou com uma falsa animação, praguejando quando aquilo fez a sua cabeça doer um pouco mais. Uma cena hilária, sem dúvidas. – legal, agora você via ficar rindo de mim? Valeu pela consideração.

- Mas foi engraçado ué! – dei mais uma risada, mas me contive quando ele me lançou um olhar mortal. Que fique bem claro, eu ainda estava rindo por dentro.

- Você costuma cair o tempo todo?

- Algumas vezes.  Por quê?

- Você vai acabar se quebrando toda quando eu não estiver aqui para te socorrer. – ele falou convencido e eu dei um soco de leve no seu braço.

- Eu sobrevivi dezoito anos sem você aqui, então pode ir baixando a bola aí Payne.  – foi a vez dele de rir.

- Porém, uma vez que você prova das minhas habilidades amortecedoras, sua vida nunca mais será a mesma.

- Meu deus, como você é iludido! – falei de brincadeira, fazendo nós dois rirmos. Paramos de rir e ficamos nos encarando por alguns instantes, inconscientemente, até o Niall entrar na cozinha.

- Eai, casal pancada? Alguém gravemente ferido?

- Só o ego do Liam, mas eu acho que ele se recupera fácil. – falei com um sorriso para o Niall e recebi um leve empurrão do Liam, juntamente com um “Ei!” indignado, em fazendo rir novamente.

- Legal, já que ‘tá todo mundo bem , menos o ego do Liam, eu ‘tô com fome.  

- E porque seria importante que eu soubesse disso Niall?

- Porque você, linda, fofa, meiga e super legal Julia, poderia fazer algo para eu comer né? – disse ele, com uma carinha fofa que não deu pra resistir. Sério, eu tentei, mas foi algo que não deu pra controlar. Como alguém nega alguma coisa àquele garoto quando ele faz essa carinha?

- Você deveria parar de fazer essa carinha para convencer as pessoas, é golpe baixo Niall. – disse emburrada, me levantando para tentar – repito tentar – fazer alguma coisa para aquele ser faminto sem colocar fogo no restante da casa.