Fanfics Brasil - Laura Perseverança

Fanfic: Perseverança | Tema: Amor de Verão


Capítulo: Laura

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Perseverança.


 


Prólogo


 


- Você não pode estar falando sério! –


- Laura, a gente não tem outra opção! Eu não queria ter que me afastar de você, mas não dá mais! –


- Mauricio a gente já passou por tanta coisa e nada nos separou você não pode agora simplesmente fugir! –


- Eu não estou fugindo, eu estou fazendo o que você não tem coragem de fazer... –


- E o que seria? –


- Admitir que acabou! –


 


Capítulo 1 – Laura


 


- Eu não to acreditando que você não vai passar as férias com a gente! – Babi já fazia biquinho de choro, enquanto Laura colocava suas coisas dentro do carro. – Trate de aparecer para as bodas dos meus pais.


- Pode deixar, prometo que venho! – Laura abraçou a amiga já rindo, - Fê eu me esqueci de perguntar, mas será que você pode... –


- Ir te buscar? – Felipe, namorado de Babi há anos e um grande amigo de todas as meninas completou a frase já abraçando a menina. – Claro que sim, anjinho.


- ALGUÉM ME AJUDA AQUI? – Ouviram Manu gritar da porta da casa e quando se viraram, viram ela saindo com uma caixa imensa. Felipe logo correu para ajudar.


- Posso saber o que é isso? – Ele perguntou rindo e Manu revirou os olhos dando de ombros,


- Eu também gostaria de saber, você vai levar sua mãe morta dentro da caixa Laura? – No momento em que ela falou, todos olharam pra ela repreensivos,


- Babaca! – Babi lhe deu um tapa no braço séria. Felipe colocou a caixa no carro e foi abraçá-la em seguida.


- Desculpa, eu esqueci. – Manu cruzou os braços se apoiando no carro,


- Alguém sabe da Nana? – Laura perguntou tentando mudar de assunto,


- Ela já deveria estar aqui... – Felipe falou já pegando o celular e mandando uma mensagem,


- GENTE! – Nana vinha correndo na calçada e gritando, quando se aproximou se jogou no colo de Laura rindo. – Eu perdi o ônibus, vim correndo!


- Da sua casa? – Laura arregalou os olhos, - Baixinha, não precisava!


- Claro que precisava, é um mês longe! –


- Gente que drama, é só três semanas e não um mês! – Laura revirou os olhos colocando a última bolsa dentro do carro e fechando o porta-malas, tempo certo para seu pai sair de dentro da casa e vir na direção deles.


- Pronta? – O senhor Cadu, pai da Laura era um homem muito bem envelhecido, ele parecia mais o irmão mais velho dela, do que pai.


- Pronta! – Laura concordou se virando para os amigos e abrindo os braços, os quatro se aproximaram e deram um abraço em grupo.


- Me ligue assim que chegar, ok? – Babi falou ainda com biquinho de choro, abraçada a Felipe que sorria de canto,


- Isso, nos ligue pra avisar que chegou bem! – Ele concordou com a namorada, fazendo Laura sorrir abertamente, aqueles dois pareciam pais já.


- Eu ligo! –


- Aproveite muito e surfe por mim! – Manu falou abraçando a amiga mais uma vez.


- Pra você ler nos momentos de tédio, - Nana tirou da bolsa um livro e entregou a Laura que abriu a boca surpresa, ela estava louca para ler aquele livro em meses, mas a Nana super apegada ainda não tinha o emprestado.


- Ual! Assim eu vou viajar mais vezes! – Laura falou rindo e abraçando a amiga em agradecimento.


- Nem pense nisso! – Babi falou séria. No mesmo momento o senhor Cadu buzinou, mostrando que era para Laura entrar no carro. Ela então deu um ultimo abraço rápido em todos e entrou.


Os amigos ficaram parados na calçada acenando até que ela não pudesse mais vê-los. Pode parecer exagero, mas ela nunca tinha passado mais do que três dias longe daqueles amigos, e agora ela passaria três semanas inteiras com os avós no litoral, onde não tinha muito sinal de telefone ou internet, mas ela estava ansiosa para a viagem, sabia que seria fantástica.


- Pegou tudo? Não se esquece de nada? – Seu pai perguntou enquanto dirigiam ao som de Magic Numbers.


- Peguei! – Laura começou a pensar e a enumerar todas as coisas. Tinha pegado biquíni, toalhas, shorts, camisetas, blusas caso esfriasse, protetores solares, cremes, shampoo... Pela lista mental rápida ela tinha pegado tudo sim.


- Não se esquece de que seus avós precisam de ajuda, então nada de ficar surfando e esquecer-se deles! –


- Pai eu sei! Eu sempre ajudo! –


- Eu sei querida, só estou frisando! – Seu pai segurou sua mão, a beijando em seguida. – Na última semana nós chegamos.


- Vou esperar! – Laura abriu um sorriso de orelha a orelha, ela adoraria passar aquele tempo, mais sozinha, mas seria melhor ainda quando seus pais viessem com suas irmãs.


Laura era a caçula de três irmãs. Luiza e Julia tinham uma diferença pequena de idade, Lui tinha vinte e Julia dezenove, enquanto Laura tinha dezessete recém-feitos. As três tinham crescido praticamente como se fossem irmãs de seus pais, que as tiveram novos e mantinham o espírito jovem, seu pai Cadu foi surfista sua vida inteira e só parou de competir quando sua mãe Giovanna engravidou. Os dois então se mudaram para a cidade e começaram a trabalhar, ela fez vários cursos técnicos, o que acabou ajudando a conseguir um emprego bom como secretária e Cadu trabalhou durante muito tempo em uma loja de material esportivo, mas quando Julia fez quinze anos eles conseguiram abrir juntos uma loja própria e hoje a loja Flor Esportes é o paraíso dos adolescentes esportistas da cidade, incluindo Manu, uma das clientes mais fiel da loja.


Laura acabou pegando no sono e só foi acordar quando seu pai já parava em frente a casa dos seus avós, era tarde, mas a casa estava toda escura, eles provavelmente estavam no Quiosque. Ela e seu pai descarregaram o carro, entrando com a chave extra que ficava embaixo do vaso de orquídeas e foram em seguida para a praia.


- LAURINHA! – Dora, abriu os braços e já saiu correndo em direção a neta que tinha acabado de pisar na areia, ao lado de seu filho mais novo.


- Vovó! – Laura abraçou a avó com tanta vontade. Ela queria poder curar toda a saudade naquele abraço.


- Você está linda! – Dona Dora falou sorrindo e analisando melhor a neta, - Oi meu bem, - Ela se afastou um pouco abraçando o filho.


- Desculpa a demora, estava um transito terrível, - Cadu falou já andando em direção a parte de dentro do Quiosque onde seu pai provavelmente estava.


- Sem problemas... Você, minha linda, está com fome? – Dona Dora abraçou a neta de lado e foi andando com ela para perto do quiosque.


- Morrendo! – Laura respondeu, já acenando para as pessoas que trabalhavam ali e que ela conhecia. – Cadê a Tatá e o Digo? – Seus primos, trabalhavam no quiosque, pelo menos até onde Laura se lembrava.


- Eles não trabalham mais aqui, só a Flavinha, mas ela pediu dispensa hoje pra namorar... – A avó falou, mas em seguida tampou a boca, pedindo segredo.


- LAURINHA! – Agora foi à vez do senhor Romeu, gritar quando viu a neta, mas eles já estavam dentro do quiosque, por isso toda a fila do caixa e até do bar olhou para ver, deixando a menina tímida.


- Oi vovô, - Ela se aproximou o abraçando, tão forte quanto tinha abraçado a avó.


- Preparada para trabalhar e se divertir muito? – Ele riu a virando para todas as pessoas ali paradas, - MINHA NETA DA CIDADE GRANDE! – Ele falou e todo mundo começou a bater palma e gritar.


- Bem, ela está com fome! – Dona Dora falou puxando a neta e a levando para fora dali, - Eu vou te deixar longe do exibicionista do seu avô!


- Eu vou comer alguma coisa e já estou indo... – Cadu falou abraçando a mãe e a filha ao mesmo tempo, mas sua mãe o segurou quando ele tentou fugir.


- Nem pensar, está tarde é perigoso, dorme ai amanhã de manhã você vai. – Ela revirou os olhos quando falou, - Até parece que vou deixar pegar estrada agora!


- Mãe... – Ele nem terminou de falar, só por causa do olhar que recebeu, - Eu vou avisar a Gio então... – Dizendo isso ele saiu já pegando celular.


- Muito bem meu amor, se sente aqui que eu vou trazer algumas coisinhas pra você comer, ok? – A avó deixou Laura sentada em uma das mesinhas na areia e saiu, voltando para o quiosque. A menina então se virou olhando para o mar e sentindo a brisa passar por seus cabelos, como ela sentia falta de tudo aquilo, como ela adorava aquela sensação de tranquilidade.


- Licença? – Laura foi interrompida de seus pensamentos por uma voz um pouco trêmula, quando se virou, encontrou um dos rostos mais lindos, alto, com o ombro largo e o peitoral bem definido marcado na camiseta cinza do quiosque, os olhos pequenos e verdes, a barba por fazer no mesmo tom dos cabelos, um loiro escuro.


- Sim? – Ela perguntou sorrindo,


- Posso anotar o seu pedido? – Ele abaixou a cabeça indiferente olhando para o bloquinho que tinha em mãos,


- Ah, não obrigada, minha avó já foi buscar... A Dora... – Laura tentou explicar, de um jeito pouco torto, que ela era a neta dos chefes dele.


- Ah, você é a Laura? – Ele sorriu colocando o bloquinho no avental que estava preso em sua cintura, limpando as mãos na calça e as estendendo para ela. – Eu sou Mauricio, trabalho aqui.


- Ah, muito prazer... – Laura apertou sua mão e sentiu um choque passar por todo seu corpo no momento em que suas mãos se tocaram.


- Pronto, já falei com a sua mãe e... – Cadu apareceu ignorando o rapaz, até olhá-lo no rosto e reconhecê-lo. – O que você está fazendo aqui?


- Olá senhor Cadu, eu... Trabalho aqui. – Mauricio falou um pouco assustado e Laura não entendeu aquela reação, nem a dele nem a de seu pai.


- Trabalha aqui? Desde quando? – Cadu cruzou os braços olhando sério para Maurício, de um jeito que Laura se surpreendeu, aquilo não parecia nada com uma atitude vinda de seu pai.


- Desde o final do semestre, eu... – Mauricio estava atordoado, parecendo querer fugir dali a qualquer momento, suspirou alto quando viu Dona Dora se aproximando.


- Cadu eu espero que você esteja tratando bem o Mau. – Ela falou enquanto colocava o prato em frente à Laura.


- Mau? Mamãe desde quando você contrata o filho daquele lá. – Cadu parecia uma criança mimada,


- As suas rinchas com o Bruno não tem nada a ver comigo ou com o Mauricio! – Ela falou olhando séria para o filho, que se sentou, mas permaneceu emburrado. – Pode ir Mauricio, a mocinha aqui já foi bem atendida!


- Ok, - Ele sorriu fraco para Laura e a avó e saiu.


- Eu não consigo acreditar! Você sabe o quanto eu não suporto o Bruno e tudo o que ele já fez; como você pode deixar o filho dele no meio de nós? – Cadu falou se apoiando na mesa e falando baixo como se alguém pudesse ouvir.


- Até onde eu me lembro; tudo o que aconteceu foi há muito tempo atrás, e os filhos não devem ser responsáveis pelos erros dos pais... O Mauricio é um ótimo garoto e me ajuda muito aqui no quiosque, não vou perder um ótimo funcionário por conta da sua infantilidade repentina! –


- Quem é esse tal Bruno? – Laura perguntou curiosa ainda olhando para Mauricio de longe,


- Ninguém! – Cadu respondeu rápido, antes que sua mãe pudesse falar qualquer coisa, - Mais já que ele trabalha aqui a Laura não precisa!


- Que absurdo! – Dora falou.


- Pai! – Laura praticamente gritou olhando surpresa para ele.


- Eu não quero a minha filha perto dele! Eu conheço o pai, conheço a família e não me importa o que a senhora acha, os que saem aos seus não degenera. – Cadu terminou de falar e se levantou, - Eu vou pra casa e espero que a senhora respeite o fato de eu não querer minha filha perto desse moleque. – Cadu saiu pisando firme, parecendo um adolescente contrariado. Dora abaixou a cabeça rindo fraco enquanto Laura ficou de boca aberta.


- Vovó o que aconteceu pra meu pai ficar desse jeito? Ele nem conhece o menino! –


- Longa história meu amor, mas fique tranquila que eu resolvo. – Dora beijou a testa da neta e saiu, ainda tinha muito que resolver e precisava conversar com o marido sobre a atitude do filho.


Laura comeu e ficou sentada ali pensando no show que seu pai tinha feito e no rapaz, que de longe parecia simpático, educado e muito carinhoso com sua avó, ele não parecia em nada com uma pessoa que Laura deveria manter distância, muito pelo contrário, e aquela situação toda só a intrigava.


Depois de comer e ficar mais um tempo ali sentada olhando o mar foi ficando tão cansada que seus olhos já não aguentavam abertos, por isso foi se despedir dos avós e voltou para a casa deles, onde já tinha o quarto de hospedes arrumado para ela, seu pai estava sentado na varanda falando nervoso ao telefone com sua mãe, e aquilo não parecia que ia ser rápida, por isso Laura tomou um banho e se deitou. Durante a noite pensou ter ouvido um pouco de gritos, mas o sono era tanto que não conseguiu acordar para ver o que acontecia.


 


O sol invadia o quarto indo direto no rosto de Laura que despertou cheia de preguiça, escondeu o rosto embaixo do travesseiro, mas quando percebeu que não adormeceria mais se levantou. Foi ao banheiro, lavou o rosto e ficou se olhando no espelho, sorriu instantaneamente. Ela estava na praia, com seus avós e nada poderia ser mais perfeito do que aquilo. Correu para a mala pegar um biquíni, colocar um vestido leve e desceu. Quando chegou a sala percebeu a casa vazia, exceto por Blink, o imenso Rottweiler preto que seu avô amava e que vivia esparramado no sofá.


- Hey Blink, seu gordo! – Laura se aproximou e no mesmo momento ele já abriu as patas ficando de barriga para que ela fizesse carinho, - Cadê todo mundo ein gordão? Cadê? – Enquanto ela perguntava Blink a olhava com a língua pra fora todo feliz pelo carinho. Laura se levantou indo em direção à cozinha e ele veio atrás. Na bancada um bilhete da avó dizendo que eles estavam no quiosque.


- O que você acha de irmos passear? – Laura perguntou para o cachorro que agora estava sentado com aquele olhar pidão e fofo. – Vem, vamos pegar sua coleira! –


Depois de conseguir pegar Blink, que fugia da coleira, colocar e ficar de pé, Laura foi em direção à porta, pronto para levá-lo para dar uma volta, mas no momento em que a abriu foi surpreendida por Mauricio. Ele usava um short laranja florescente e um moletom preto por cima da camiseta cinza, o uniforme do quiosque não era nada discreto.


- Oi. – Os dois falaram juntos, surpresos.


- Eu vi pegar o Blink... Eu sempre o levo pra passear. – Mauricio falou sorrindo fraco e se abaixando para fazer carinho no cachorro.


- Eu ia levá-lo agora... – Laura fechou a porta atrás de si ficando parada de frente para Mauricio na varanda da casa.


- Ah tudo bem então, eu vou... –


- Se importa se eu for junto? – Ela o interrompeu antes que ele dissesse que ia embora, por algum motivo ela queria conversar com ele, queria saber quem ele era.


- Não acho que seu pai vá gostar... – Ele falou pegando a coleira de Blink da mão da garota e se virando, quando estava quase para fora do portão, Laura gritou por ele.


- Meu pai provavelmente já voltou pra casa e eu queria passear antes de ir para o quiosque... Ninguém precisava saber que fomos juntos... – Ela estava sugerindo para um completo estranho que eles saíssem escondidos, dá onde ela estava tirando aquilo? Estava ficando louca?


- Talvez tenhamos nos encontrado por acaso no meio do caminho. – Ele sorriu para ela indicando que ela poderia se aproximar; Laura então sorriu de orelha a orelha indo para perto deles e logo começaram a andar com Blink que parecia o mais animado de todos com a caminhada.


- Então... Sabe o porquê do ódio? – Laura perguntou e Mauricio franziu a sobrancelha como se não entendesse a pergunta, - Bom, ficou claro que nossos pais não se gostam...


- Ah! – Mauricio riu, - Acho que seu pai não gosta do meu, porque o meu tá de boas... –


- Então só meu pai é o problema? – Laura perguntou mais para si mesmo do que para Mau, ela não conseguia entender aquela situação toda.


- Parece que sua mãe namorava o meu pai antes de ficar com o seu... – Mauricio falou rindo de lado, - Tudo muito confuso.


- E por ciúmes deles nós não podemos ser amigos? –


- É o que parece... –


Os dois ficaram em um silêncio um pouco constrangedor, Laura ficou olhando para Blink tentando pensar em alguma coisa para falar, mas nada vinha em sua mente.


- É errado estarmos juntos aqui... – Mauricio começou a falar, - Mas por algum motivo eu quero te conhecer, talvez seja porque não posso, mas...


- Eu entendo. – Laura concordou sorrindo, - Eu também quero ter conhecer...


- Então... Seremos amigos escondidos? –


- Escondido é bem melhor, é perigoso e divertido. – Laura falou rindo e Mauricio gargalhou jogando a cabeça para trás.


- Paraíso proibido não é uma música sobre amizades escondidas. – Mauricio falou sorrindo, de uma forma um pouco maliciosa o que fez Laura sentir um frio na barriga estranho.


- Espero não atrapalhar no seu emprego, - Ela tentou mudar de assunto,


- Não, relaxa; eu sei que sua avó não concordaria com isso, e eu sou um bom empregado... –


- Eu não consigo acreditar que seja só por ciúmes, meu pai é tão relaxado com tudo, não guarda mágoa, eu não sei... –


- Você acha que pode ter alguma coisa a mais? –


- Com certeza! –


- Mais não vamos ficar pensando nisso, o que eles têm é com eles... – Mauricio se virou começando a andar de costas, ficando de frente para Laura. – Sua avó comentou que você surfa...


- Você vai cair, mas sim eu surfo, por quê? –


- O que acha que se encontrar comigo hoje mais à tarde para surfar? -


- Mais tarde que horas? –


- Às 14h, meu horário de almoço... – Mauricio olhou para o relógio, - Eu tenho uma hora, quero ir com você ao melhor pico que tem o que acha?


- Fechado. – Laura sorriu abertamente, - Vou ver com minha avó...


- Melhor você só jogar verde antes de perguntar, porque vai que seu pai... –


- Minha avó jamais será conivente com isso, fica tranquilo, às duas horas vem me pegar em casa, ok? –


- Caso contrário me manda mensagem e a gente se encontra na praia. – Mauricio entregou o celular para Laura, onde ela anotou seu numero e já mandou uma mensagem para que ela pudesse gravar no seu também.


- Não vai ser necessário, - Ela revirou os olhos e quando viu que ele a imitou jogou o corpo o empurrando, - Que cabeça dura, chato!


- Eu né? – Ele perguntou rindo, - Me fala chatinha, alguma coisa sua que não seja chata!


- Eu não sou chata! – Laura voltou a empurra-lo, - Eu que dei o nome para o Blink.


- Fã de Blink 182? Que surpreendente. – Ele revirou olhos rindo alto,


- Não foi por causa da banda! – Ela deu a língua e saiu andando, pegando a coleira do cachorro,


- Ah é? E por que foi? – Mauricio se aproximou segurando a garota pela cintura, para fazê-la parar de andar na frente, mas o gesto fez Laura quase desmoronar.


- Ele só pisca com um olho, - Ela se afastou rindo, - Por isso, blink é piscar em inglês, e como ele só pisca com um olho, achei fofo. –


- Ok, essa foi a pior explicação de todas! Fala que é por causa da banda que é melhor! –


- Cala a boca! – Laura o empurrou novamente – É fofo!


- Não é fofo! E ele pisca com os dois olhos. – Mauricio riu alto e quando Laura foi tentar empurrá-lo de novo ele a segurou, - Para de me empurrar! – Ele falou de uma forma um pouco grosseira.


- Ok, desculpa! – Ela falou um pouco alto, meio brava, - Eu tenho que ir...


- Só porque eu não achei a explicação legal? – Mauricio tentou puxá-la de volta, mas ela continuou afastada.


- Não porque você foi grosso! –


- Você me empurra e eu sou grosso? –


- Eu vou embora! Me dá o Blink, por favor? –


- Não! – Mauricio colocou as mãos para trás, como se estivesse escondendo a coleira, Laura revirou os olhos se aproximando e envolvendo Mauricio com os braços tentando pegar a coleira, deixando assim os dois a uma distancia mínima. Quando perceberam que seus rostos estavam tão próximos, Mauricio entregou a coleira e se afastou.


- Ficou com medo de mim? – Laura perguntou irônica,


- Não, só não quero que você se apaixone. –


- Pode deixar, - Ela puxou Blink já se virando, - Só acho que quem vai acabar se apaixonando é você, então... Cuidado!


- Vou tomar! – Mauricio piscou e saiu andando, Laura esperou um tempo para ver se ele olhava para trás, mas ele não olhou.


 


- Laura que bom que você está aqui! – Dona Dora falou assim que a neta passou pelo portão com o cachorro, - O Mauricio não veio buscá-lo?


- Eu o dispensei... – Laura falou quando percebeu o tom desgostoso da avó.


- Ah bem... Meu bem pode entrar? Precisamos conversar... –


- Claro. – Laura soltou a coleira do cachorro e entrou junto da avó, quando chegaram à cozinha viu seu avô ali sentado. – Ual, os dois juntos, o que eu fiz?


- Senta meu bem, - O avô falou apontando um lugar para Laura, que se sentou.


- Você sabe que nós nunca te privamos de nada e nem lhe demos regras, certo? – Dona Dora falou e Laura já começou a se sentir nervosa, ela sabia onde aquilo daria.


- Vó, se for por causa do Mauricio eu... –


- Nós conversamos com seu pai ontem, e Laura nós temos que respeitar as ordens dele! – Vô Romeu falou sorrindo fraco, - Nós não queríamos ter que demiti-lo então prometemos que você ficará longe dele!


- Isso é um absurdo! – Laura falou tentando manter a calma, - Eu nem conheço o menino, nem meu pai, como ele pode achar que tem o direito de julgar assim?


- Laura, é uma rincha antiga, nós não vamos mudar agora uma coisa que tem mais de vinte anos! – Dona Dora falou parecendo nervosa, - Eu sei que isso é um absurdo, mas era isso ou você teria que voltar para casa com ele.


- Nesses dezessete anos que eu venho pra cá, nunca tive esse problema, porque agora? –


- Porque nesses dezessete anos o Mauricio não morava aqui, ele... Ele estava em um reformatório. – Romeu falou receoso e aquilo deixou Laura por uns segundos sem saber o que dizer.


- Isso não quer dizer nada... Vô, o senhor... –


- Laura, você quer voltar para casa? – O avô falou sério e a neta apenas balançou a cabeça, - Então tem que seguir essa regra, vai tentar se manter longe do Mauricio.


- Eu não vou fingir que ele não existe! –


- Não queremos isso! – Dona Dora falou passando a mão nervosa pelos cabelos, - Só queremos que você evite; que ele seja apenas um conhecido e não um amigo!


- Ok, - Laura fingiu estar convencida e se levantou - Mas eu só queria falar uma coisa... – Ela foi até a porta tentando se segurar para não falar, mas não aguentou, como sempre, falou. – Se eu me lembro bem, já teve essa história na família antes. – Deixando seus avós boquiabertos ela saiu subindo para seu quarto.


Aquilo era um absurdo, independente de qualquer coisa, seu pai não o conhecia e não tinha o direito de julgar de querer restringir como se ela estivesse vivendo uma ditadura, o pior é que quanto mais falavam que ela não poderia vê-lo é que ela queria. Eles não se conheciam e tinha conversado pela primeira vez naquela tarde, mas ela sentia que precisava ter ele por perto, talvez por não poder, mas agora ela não queria nem saber, ela daria um jeito, ela conheceria melhor Mauricio e iria provar a todo mundo de que ele não era nada do que pensavam e que ele merecia um voto de confiança.


“Você estava certo, me encontre no cais às 14h.”


Laura terminou de escrever a mensagem e mandou indo tomar banho em seguida.


 


- Ué, ainda está aqui? – Laura se surpreendeu quando chegou à sala e viu a avó sentada no sofá.


- Eu queria conversar melhor com você. – Dora estendeu a mão chamando a neta para perto, que logo se sentou ao seu lado.


- Conversar o que? – Laura falou rude e a avó suspirou alto,


- Eu sei que você deve estar pensando... –


- Que a senhora me decepcionou? – Assim que a frase foi dita, Dora sentiu como se uma faca tivesse sido enfiada em seu estômago, o olhar de desaprovação da neta só piorou.


- Laurinha, você tem que entender que essa briga é de anos e que o Mauricio deu motivos para o seu pai de que não é de confiança! –


- E pra senhora? Porque se ele está trabalhando no seu quiosque é porque a senhora confia nele, isso não vale de nada? –


- Eu não sou sua mãe, eu não tenho o poder de dizer o que é certo para você ou não, mesmo que eu não concorde! –


- A senhora vai ser conivente com uma situação errônea só porque não lhe diz respeito? É quase a mesma coisa que dizer em briga de marido e mulher não se mete a colher quando vê o homem agredir a esposa! – Laura falou tudo tão rápido que até faltou o ar.


- Não seja infantil! Não tem nada a ver uma coisa com a outra! –


- Tem sim! – Laura se levantou irritada, - A senhora está baixando a cabeça só pra não ter que se comprometer! Você fugiu com o vovô quando o biso não queria que vocês ficassem juntos! A senhora fugiu do seu pai que te batia com espada de seu Jorge por motivos banais e agora abaixa a cabeça porque seu filho diz que sim? O que aconteceu com a corajosa Dona Isadora?


- Laura, não me julgue! –


- Eu só estou seguindo o exemplo... – Laura falou raivosa, - Como foi que o papai falou? Quem sai aos seus não degenera! – Laura falou já indo em direção à porta.


- Onde você pensa que vai? – Dona Dora se levantou tão nervosa que sentia o coração bater na boca,


- Eu vou dar uma volta, ou será que estou proibida de andar pela cidade também?! – Laura bateu a porta com força, sentindo tanta raiva que seria capaz de gritar. No mesmo momento seu celular começou a tocar, quando o pegou viu que era Babi.


- Você não ligou né cachorra? – Babi falou rindo e a voz da amiga foi o que precisava para acalmar Laura.


- Desculpa mozão, se eu te contar tudo o que aconteceu por aqui você não iria acreditar! –


- O que aconteceu? Você está com a voz tremula, está tudo bem? –


- Não! Meu pai e meus avós decidiram se tornar pessoas irracionais! – Laura falou revirando os olhos.


Durante o caminho de dez minutos até o cais ela foi conversando com Babi, contando tudo o que tinha acontecido e aos poucos ela ia se acalmando.


- Mais mozão isso tudo é por justiça ou por teimosia? –


- Um pouco dos dois, eu fiquei indignada com o fato deles quererem me dizer com quem eu devo ou não falar! Meu pai nem o conhece direito! –


- Nem você! E se seu pai estiver certo? –


- Eu só vou saber se der uma chance! –


- E essa chance é gatinha? –


- Babi! –


- Ué, pra querer tanto ou ele é um Brad Pitt ou foi amor à primeira vista! – Quando Babi terminou de falar e começou a rir, Laura a acompanhou, sentindo um incrível frio na barriga que só aumentou quando ela viu ao longe, bem na direção do sol que estava forte, Mauricio sorrindo de orelha a orelha, encostado ao parapeito do cais, de braços cruzados analisando Laura.


- Ele é lindo, mas não é só por isso. –


- Então foi amor à primeira vista! – Babi concluiu rindo, e Laura por dentro não sabia o que responder sobre aquilo.


- Tenho que desligar, não consigo encontrá-lo! –


- Laura, achei que você estivesse proibida de vê-lo! –


- Você me conhece. Beijos. – Sem esperar a resposta da amiga ela desligou, foi andando e olhando para todos os lados, mas não conseguia encontrá-lo em lugar algum.


Debruçou-se sobre o parapeito e ficou esperando, uma hora ou outra ele teria que aparecer.


Já estou no cais, onde você está?”.


Laura terminou de mandar a mensagem e guardou o celular no bolso, quanto mais esperava mais aflita ficava, já haviam se passado mais de dez minutos e nada de Mauricio aparecer, decidiu então ligar.


Tu... Tu... Tu... Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens...”, Laura já odiava a voz da moça de mensagens, mas naquele momento tinha vontade de dar na cara dela com um taco de Baseball. O que poderia ter acontecido? Mauricio queria se encontrar com ela, será que mudou de ideia? Laura esperou por mais meia hora, mas quando o relógio mostrou 15h ela decidiu ir embora. Ele não tinha aparecido.


Laura desceu até a praia e começou se caminho de volta para casa andando a beira mar. Nos seus pensamentos passaram todas as opções que pudesse ter feito Mauricio não aparecer. Poderia ser porque não foi dispensado do trabalho, medo de perder o emprego, sua avó descobriu e não o deixou sair, ficou com medo por causa de seu pai ou ele simplesmente não queria. Essa última opção foi a que mais pesou, ela não queria considerar, mas sabia que era necessário, mas afinal de contas porque se importava tanto? Eles não se conheciam, ele era apenas um total estranho que tinha se tornado um obstáculo, coisa que ela adorava e talvez esse fosse o real motivo para ela querer tê-lo por perto, ela não podia tê-lo por perto, e nem sabia o porquê, ou seja, era intrigante e desafiador, tudo o que ela mais adorava.


Quando se aproximou do quiosque, pode ver Mauricio, ele estava sentado atendendo a um guarda-sol. Sua vontade foi de se aproximar e gritar com ele até ter uma desculpa satisfatória, mas ela sabia que não poderia fazer isso, porque seus avós não poderiam saber que ela tinha marcado qualquer coisa com ela, e ela não era tão impulsiva assim, por isso foi caminhando a passos rápidos até o bar do quiosque, onde se sentou e esperou seu avô se aproximar.


- Está armada ou eu posso me aproximar? – Ele tinha um pano de prato em mãos e vinha sorrindo torto, de um jeito que fez Laura desarmar.


- Desarmada. – Ela falou estendendo a mão por cima do bar, o que fez seu avô segurar. – Desculpa, eu nem sei por que me importei tanto.


- Eu sei, - Ele se aproximou beijando a mão da neta e se debruçando na bancada, - Porque não deveria se importar.


- Birra. –


- Pode ser - o avô fez uma careta, - Mas quando eu tinha a sua idade... A minha birra resultou em uma felicidade que dura mais de quarenta anos. – Ele indicou com a cabeça a cozinha, onde Dona Dora provavelmente estaria.


- Ele não é o amor da minha vida, vô. –


- Não estou dizem que é só estou dizendo que talvez a sua birra lhe traga algo incrível! – Ele soltou a mão da neta e se agachou pegando um copo e uma lata de refrigerante.


- O senhor está me incentivando a falar com ele? Achei que estivesse proibida... –


- Laura, quem proibiu foi seu pai eu apenas aceitei tentar manter você longe dele para que não fosse embora... – Seu avô voltou a se aproximar e falou quase que em um cochicho, - Mas isso não quer dizer que eu não vá ficar surdo, mudo e cego se você quiser explorar novas amizades por ai... – Ele piscou para a neta e saiu indo até a cozinha. Laura sorriu abertamente ficando orgulhosa; de seu avô, ele sim era exatamente quem ela imaginava um senhor corajoso, perspicaz e que não abaixava a cabeça para birrinha de filho. Ele era o homem que ela imaginava ser capaz de fugir com a mulher que ama.


- Senhor Romeu? – Laura ouviu a voz de Mauricio e se virou, ele estava parado a poucos centímetros dela, encostado ao balcão esperando pelo avô dela voltar e lhe entregando um papel. – Sem maionese.


- Pode deixar, - Senhor Romeu respondeu piscando e depois indicando a neta com a cabeça, Mauricio virou a cabeça a olhando e sorrindo fraco, mas Laura se manteve séria e se virou colocando refrigerante no copo e fingindo que ele não estava ali. De rabo de olho pode vê-lo escrevendo rapidamente alguma coisa em um papel, mas tentou não se importar, quando percebeu que ele sairia se levantou, mas foi surpreendida pela mão de Mauricio em seu braço. Ela o olhou no fundo dos olhos e sentiu-o tocar sua mão lhe entregando um papel e saindo em seguida. Laura continuou seu caminho, pois não queria que ninguém percebesse que tinha recebido um bilhete dele. Quando já estava longe o bastante, quase no calçadão ela abriu o papel.


Me desculpe.”


 


Ter que trabalhar no quiosque com Mauricio sempre por perto era difícil para Laura, ainda mais porque ela não conseguia parar de se sentir uma idiota por ter achado que valia a pena conhecê-lo, por ter achado que valeria o esforço e que poderia ter uma linda história de verão. Agora olhando para trás, aqueles dois primeiros dias de praia tinham sido ridículos, considerando que ela tinha vivido achando que sua vida poderia ser igual a um filme de sessão da tarde.


- Laura, a ficha da mesa três. – Mauricio parou no balcão a fazendo sair do transe.


- Obrigada, - Ela falou pegando a ficha e registrando no computador. – VÔ! MESA TRÊS! – Laura gritou dentro da cozinha, mandar a ficha só pelo computador não servia muito, seu avô quase nunca checava.


Quando ela voltou, esperando que Mauricio ainda estivesse perto para puxar assunto o viu já quase no meio da praia, indo para perto de outro guarda-sol. Ele não abria uma brecha, ele não dava uma chance para ela se aproximar, isso era o mais frustrante.


- Querida, estou indo até o mercado, quer ir comigo? – Dona Dora perguntou saindo da cozinha com a bolsa na mão,


- Eu tenho que ficar no caixa, - Laura fez uma careta, ela queria poder sair dali, ficar um pouco longe de Mauricio.


- Besteira... PAULO! – Ela gritou para o outro menino que trabalhava ali, e ele veio correndo. – A Laurinha vai comigo ao mercado, cuida do caixa.


- Pode deixar, - Ele falou sorrindo fraco e Laura quase pulou de felicidade, saiu do balcão e foi abraçada a avó até o carro. Um jipe amarelo, lindo.


 


- Vamos dividir a lista, porque se não iremos demorar muito, - a avó falou já entregando um pedaço da lista para a neta quando entraram no imenso mercado.


- Ok, nós nos encontramos aqui na frente, - Laura pegou um carrinho e já foi a procura dos alimentos. Estava na parte de acompanhamentos, tentando tirar a enorme caixa de ketchup da estante.


- Posso te ajudar? – Um rapaz, alto, loiro e com uma linda barba quase ruiva se aproximou sorrindo, Laura que ficou completamente mole de tão lindo que ele era quase derrubou a caixa que foi pega rapidamente por ele.


- Ah, muito obrigada... – Ela sorriu mexendo no cabelo sem graça, - Essas caixas são... Pesadas.


- Magina, ajudar uma linda moça é o mínimo que posso fazer. – Ele sorriu depois de colocar a caixa no carrinho e se virar novamente para Laura, com as mãos no bolso. – Você por um acaso é Laura, neta da Dona Dora e seu Romeu do quiosque QuiPraia?


- Ual, ficha completa, só faltou falar meu RG! – Laura falou brincando.


- Você não se lembra de mim? – Ele perguntou baixando o olhar, parecendo um pouco tímido. Laura ficou se remoendo, como poderia conhecer aquele Deus Grego e não se lembrar? – Gustavo, ex-namorado da sua prima Tais. – OH MEU DEUS, ELE ERA O GUSTAVO DA TATÁ?!


- Nossa! Eu... Você... – Laura estava completamente desnorteada, quando namorava sua prima ele era um carinha cheio de espinhas e estranho, alias Tais sempre dizia que tinham terminado por ela querer conhecer novas pessoas e mais bonitas na faculdade.


- Faz tempo! – Gustavo falou rindo e se aproximando, - Você não mudou nada...


- Você... Ual! –


- Ual é uma coisa boa? – Gustavo falou rindo e Laura riu junto, muito sem graça.


- Sim, foi um elogio. –


- Gustavo! – Dona Dora apareceu já de braços abertos para abraçar o menino, - Quanto tempo!


- Oi Dona Dora! – Ele retribuiu o abraço com vontade, Gustavo adorava a Dona Dora, desde pequeno, ele e Tais namoraram da oitava série até o final do ensino médio, terminaram por conta da distancia da faculdade.


- Meu querido, não sabia que tinha voltado para a cidade! – Dora o abraçava com vontade, ela adorava aquele rapaz, e qualquer um que conseguiu aguentar o gênio forte de Tais, por tanto tempo só poderia ser uma boa pessoa.


- Voltei ontem, passar as férias com a família. – Ele falou sorrindo abertamente para Laura, - Não achei que você encontrar você, não está morando na cidade grande agora?


- Eu vim passar as férias também. – Laura respondeu tímida, uma sensação nova.


- Então vamos nos ver bastante... –


- A Tatá também está aqui! – Dona Dora falou animada, mas ao ver o sorriso de Gustavo se desmanchar, percebeu que não foi a coisa certa a dizer. – Mais e a faculdade? Como estão as coisas?


- Está tudo bem, obrigado... – Ele sorriu fraco, - Bom, eu...


- Porque não passa no quiosque? – Laura falou sem pensar, - Podemos almoçar e conversar mais, afinal faz tempo que não nos vemos.


- Claro, pode ser... – Gustavo sorriu mais abertamente agora. – Passo lá depois das quatro, eu ainda tenho que terminar de comprar as coisas aqui, aliás... Eu vou dar um luau, perto do Canal 7, se você quiser ir... –


- Claro, quando? –


- Amanhã, a partir das 21h; -


- Perfeito. –


- Então, às quatro horas combinamos melhor tudo. –


- Perfeito, quer dizer, claro! – Laura estava tão boba com a beleza do rapaz que falava as coisas sem pensar e sabia que estava parecendo um pouco babaca.


- Então tá, até daqui a pouco... – Gustavo foi se afastando, deixando Laura e Dora paradas e sorrindo para ele, quando virou saindo do corredor de acompanhamentos, as duas se olharam e riram alto.


- Desde quando ele é tão gato? – Laura falou para a avó que riu mais alto ainda.


- Aposto que se a Tatá vê-lo vai cair pra trás, -


- Se ela soubesse que ele ia se tornar esse Deus Grego duvido que ela teria terminado. –


- É, mas eu acho que ele ficou interessado em você agora. – Dona Dora deu um encontro de bundas na neta a fazendo rir, - Ele é lindo, educado, estudioso e trabalhador, o que mais você pode querer? – Por mais estranho que pudesse ser, no momento em que Dona Dora falou aquilo, apenas um rosto apareceu na cabeça de Laura, e não foi o de Gustavo.


 


Depois que voltaram para o quiosque e contaram para o senhor Romeu que tinham encontrado com Gustavo, o avô ficou tão animado que resolveu fazer várias comidas para dar para o rapaz, o quiosque inteiro ficou sabendo que ele viria, mas ninguém tinha consciência de quem ele era.


- Laura... – Flavinha, a prima mais nova de Laura e irmã da Taís; se aproximou do balcão, ela trabalhava no quiosque, mas ficava mais no mar do que trabalhando. – É sério mesmo que o Gustavo vem aqui hoje?


- É... nós encontramos com ele no mercado, hoje. –


- E você acha que eu deveria avisar a Tatá? –


- Não, acho que ele não ficaria muito feliz, - Laura se sentiu apavorada por pensar na ideia de Taís reencontrar Gustavo, porque ela não podia se enganar, ela tinha se sentido extremamente atraída por ele, por mais que o rosto de Mauricio aparecesse na sua mente toda vez que pensasse nisso.


- Ok então... – Flavinha ficou pensativa, - Acha que ele vai gostar de me ver?


- Acredito que sim, ele gostava de você, certo? –


- Ah, eu era criança quando eles terminaram agora eu... – Flavinha falou num tom de voz que Laura já entendeu tudo, ela estava interessada.


- Achei que você namorasse! –


- E eu namoro! – Flavinha se desencostou do balcão parecendo ofendida, - O que uma coisa tem haver com a outra?


- Nada, só achei ter percebido um tom de interesse da sua parte. –


- Ah, vai catar coquinho vai! – Flavinha saiu irritada e aquela só foi a confirmação de que ela tinha mesmo ficado interessada, mas agora é que Gustavo se tornou mais interessante ainda, ela e sua prima sempre tiveram uma certa rincha, desde pequenas e se Laura pensava tanto em Mauricio não teria outra solução a não ser colocar outra pessoa no lugar, mas o que ela não sabia era que Flavinha gostava de verdade de Gustavo desde pequena.


 


Laura estava custando a se concentrar para fechar aquela mesa, já que Mauricio estava extremamente perto e esperando pelo valor, quando viu Gustavo descer do carro e vir caminhando a passos lentos até o bar do quiosque.


- Olha só, não é que ele veio mesmo? – Laura falou sorrindo abertamente e finalmente entregando a conta fechada para Mauricio e praticamente o empurrando para sair do balcão e ir abraçar Gustavo.


- GUSTAVO! – Seu Romeu saiu da cozinha já com os dois braços erguidos indo em direção ao rapaz, e Mauricio sem saber explicar o porquê, odiou aquele babaca.


- Senhor Romeu! – O menino correspondeu o abraço todo animado.


- ESSE É OUTRO NETO! – Romeu mostrou o rapaz para todos no quiosque, mas Laura percebeu que ele não ficou constrangido, estava adorando tudo aquilo. – Eu preparei tanta coisa boa pra você!


- Ah muito obrigado. –


- Eu vou pegar, senta, senta... MAURICIO! – Seu Romeu chamou o rapaz que estava parado ao lado do balcão com os braços cruzados, - Trás uma cervejinha gelada aqui pro Gustavo. – O rapaz apenas conteve sua vontade de bufar e foi buscar a bebida, enquanto Laura se sentou com Gustavo a mesa.


- Que bom que ficou animada com a minha vinda, - Gustavo segurou a mão da menina por cima da mesa, o que fez sentir calor.


- Lógico, eu gostei de te reencontrar, mesmo que não tenha te reconhecido, - Ela falou brincando e ele riu.


- Quantos anos você tinha quando eu... Terminei? – Ele falou meio engasgado, ainda era difícil se lembrar de Tatá.


- Quando você foi para a faculdade, - Laura corrigiu vendo que ele não ficava muito confortável com aquele assunto, - Eu tinha doze? Acho que doze... Não sei.


- Eu tenho vinte e dois, você? –


- Dezessete. –


- Doze anos você tinha entre doze e treze anos. – Ele sorriu apertando a mão de Laura, - Uma criança e agora já é uma mulher.


- Muito obrigada, - Ela riu fazendo charme,


- Sua cerveja, - Mauricio colocou a bebida em cima da mesa mostrando o quão contrariado estava e Laura estava adorando aquela situação.


- Conhece o Mauricio? – Ela falou provocando, - Mau esse é o Gustavo, um grande amigo.


- Achei que fosse primo, - Mauricio corrigiu a menina, estendendo a mão em cumprimento para Gustavo.


- Não, meu avô exagerou. – Laura falou rindo e voltando a fazer charme para Gustavo o que causou mais raiva ainda em Mauricio.


- Nos conhecemos a tempo o suficiente para quase sermos. –


- Mas não somos. – Ela falou encerrando o assunto, o que fez Mauricio odiar, mas Gustavo adorou.


- Escuta, eu vou dar um Luau amanhã, se você quiser ir, é perto do Canal 7, não vai ser difícil de encontrar. – Gustavo falou para Mauricio que sorriu de lado,


- Claro, valeu. –


- Magina, - Gustavo sorriu fazendo joinha com a mão e voltou atenção para Laura, - Você vai certo?


- Claro, eu vou adorar, as nove né? –


- Eu posso te pegar, o que você acha? – Gustavo se aproximou e Laura deixou, Mauricio percebeu que estava sobrando e se retirou, mesmo tendo vontade de voltar e socar a cara daquele babaca, ele se conteve e foi atender as pessoas, coisa que Laura também deveria fazer ao invés de ficar se derretendo toda por aquele idiota.


- Eu acho ótimo, -.


- Olha só o que eu trouxe, - Seu Romeu interrompeu os dois, trazendo duas travessas de cebola frita e uma de batata. – Espero que você goste.


- Claro que sim, adoro as comidas que o senhor faz. – Gustavo falou todo educado pegando uma batata e comendo,


- Eu vou trazer os pastéis, - Seu Romeu saiu novamente, deixando os dois.


- Meu avô vai te empanturrar. – Laura falou rindo enquanto distanciava a comida, deixando melhor distribuída na mesa.


- Eu adoro, senti falta do calor que a sua família tem. –


- E pelo jeito eles sentiram sua falta. – Laura segurou a mão de Gustavo sorrindo docemente,


- Ok, eu vou perguntar, mas não se ofenda... – Gustavo se aproximou com a cadeira, ficando bem próximo da garota, - Você e esse Mauricio, o que acontece?


- Como assim? – Laura se fingiu de desentendida.


- Você fica muito mais... Simpática, quando ele está por perto. – Gustavo sorriu tão docemente que Laura percebeu que era numa boa.


- Eu... Meus avós, quer dizer, meu pai não quer que eu me relacione com ele de forma alguma, então... –


- Isso faz você querer mais do que qualquer outra coisa. –


- Mais ele me ignora totalmente, isso até você chegar! –


- Ah, então você está me usando de isca? – Gustavo riu se apoiando na cadeira, - Não posso negar que eu gostaria da ideia de ficar com você, mas...


- Mas você ainda não superou a Tatá de vez, - Laura concordou rindo baixo, - Somos dois babacas?


- Se você é afim dele, eu topo ser sua isca, - Gustavo se aproximou, - Pelo jeito precisou aparecer outro cara pra ele ficar esperto. – Gustavo olhou para Mauricio, que mesmo de longe os olhava com um ódio, que Gustavo teve certeza que se o garoto pudesse teria socado sua cara, e Laura percebeu.


- Bom, eu posso levar a Tatá também, se você quiser... – Laura sorriu maliciosa, ela estava adorando aquela troca.


- Não, eu prefiro que não, eu quero esquecer, por mais que seja difícil. – Ele sorriu voltando a se aproximar da menina, - Mas escuta... Um beijinho pode?


- Depende, vou ver como ele fica sobre isso primeiro. – Laura passou a mão pelo rosto de Gustavo provocando e já estava tão próxima que mais alguns milímetros eles se beijariam.


- Então! Quer mais cerveja? – Mauricio, que veio na velocidade da luz para perto da mesa, bateu a bandeja assustando aos dois e os fazendo distanciar.


- Pode ser, valeu! – Gustavo fez joinha com a mão e quando Mauricio saiu, ele e Laura caíram na risada. – É, acho que ele fica puto sobre a ideia de nos beijarmos.


- Ótimo! – Laura riu olhando para o menino de longe, - Quem sabe se ele ficar puto ele toma uma atitude de verdade?


 


Próximo da meia noite o quiosque foi finalmente fechado, mas Laura não quis voltar para casa, ela deixou os avós irem à frente e ficou um tempo na praia, novamente admirando o mar, que ela ainda não tinha entrado desde que chegara, por isso tirou seu uniforme do quiosque e de calcinha e sutiã mesmo ela entrou no mar. A água gelada refrescou sua pele quente e suada do dia de trabalho, e no momento em que ela afundou sentiu toda a calmaria que só o mar poderia lhe causar.


Depois de ficar boiando, nadando, Laura começou a sentir frio, por isso se preparou para sair da água. Quando voltava para perto da onde estava sua roupa viu Mauricio parado ao lado com os braços cruzados.


- Gostei da roupa de banho, - Ele sorriu de canto de olho enquanto Laura fingia não se importar pela calcinha azul e o sutiã preto.


- Achei que já tivesse ido embora. –


- Eu fiquei, queria ficar um pouco sozinho... – Ele falou entregando a camiseta para Laura que logo a vestiu.


- Obrigada... Você foi um pouco grosseiro hoje, está tudo bem? – Ela falou tentando não ser controlada pelo riso, a ideia de provocar Mauricio parecia cada segundo mais interessante.


- Tudo, só achei o cara meio babaca. –


- O cara se chama Gustavo... – Laura vestiu o short e pegou o chinelo, já se preparando para sair, mas parou, - Eu fiquei brava pro você não ter aparecido no cais, um bilhete de desculpas não serviu de muito. – Ela falou praticamente cuspindo as palavras.


- Nós não podemos ser amigos, apenas conhecidos. – Mauricio falou desviando o olhar, - Não quero perder meu emprego e pelo jeito você já achou outra pessoa para te distrair.


- Meus avós te adoram, não vão te demitir. – Ela tentou ignorar o novo comentário sobre Gustavo.


- Mais você sempre venceria, -.


- Isso não é uma competição. – Laura falou se aproximando, - E você se surpreenderia se tivesse ouvido o que meu avô falou outro dia.


- E o que ele falou? – Mauricio finalmente a olhou.


- Que poderia se tornar cego, surdo e mudo se eu quisesse me aproximar de você. – Laura falou sorrindo fraco e percebeu que Mauricio a acompanhou no gesto.


- Seu avô é incrível, mas... Não quero desrespeitar seu pai. –


- Meu pai está sendo infantil e está cego por alguma besteira! –


- Mas você não deveria confiar no seu pai? – Mauricio perguntou olhando para Laura que franziu a sobrancelha sem entender. – Ele não confia em mim, por que você confia?


- Eu não te conheço para julgar, nem ele! Quero provar que se precisa conhecer primeiro! –


- Que moralista! Será que tudo isso só não é birra? –


- Eu pensei a mesma coisa, mas uma coisa que meu avô me disse e pode ser verdade, talvez se isso for mesmo uma birra, não importa, porque pode me trazer uma coisa incrível! -


- Que coisa incrível? Eu quero saber, porque eu não quero ser uma peça no seu joguinho de ‘sou rebelde sem causa’, - Ele fez as aspas com a mão se sentou na areia abraçando os joelhos, - Eu finalmente consegui um emprego, eu to colocando minha vida nos eixos, não preciso de uma menina birrenta pra estragar tudo.


- Você agora está me ofendendo! Você não me conhece! –


- Nem você! – Ele falou um pouco mais alto a olhando no fundo dos olhos, - O que você quer de mim? Porque essa obsessão em me conhecer e provar... Provar o que?


- Eu não sei tá legal! Eu simplesmente preciso te conhecer! Eu preciso provar que eu estou certa, que essa vontade dentro de mim não é besteira! Eu preciso me colocar nos eixos tanto quanto você! – Laura falou se sentando ao lado do garoto.


- E que problemas você tem ein? Sua vida não é perfeita? –


- Não seu babaca, minha vida não é! Se você me conhecer vai ver que eu sou tão ferrada quanto você! –


- Duvido! –


- Eu não me importo! E quer saber talvez eu tenha errado no meu julgamento sobre você, talvez você não valha a pena e talvez não me traga nada de incrível. – Laura se levantou pronta para sair.


- Que bom que concordamos sobre algo. – Mauricio olhava para o mar e não se virou, Laura saiu pisando duro e o deixou lá, mesmo sentindo seu peito afundar.


 


No dia seguinte, Laura não foi trabalhar, pediu aos avós que a dispensasse, ela queria deixar Mauricio pensando onde ela poderia estar, se ela estaria com o Gustavo ou não, além de depois da briga que eles tiveram na noite anterior, ela não teria como encará-lo.


Ficou na varanda, deitada na balança com Blink até que ouviu o freio de um carro e olhou para fora vendo Gustavo descer da sua linda Land Rover.


- Achei que o Luau fosse só às nove horas, - Laura se levantou indo até ele e abrindo o portão.


- Quis te ver antes, não posso? – Gustavo a cumprimentou já entrando na casa e fazendo carinho em Blink que vinha todo manhoso.


- Claro que sim, adorei a surpresa, - Laura o abraçou pelo ombro e foi andando para dentro da casa com ele, - Mas ao que devo a honra? Você não tem nada para organizar?


- Bom, quando eu disse que daria um luau eu quis dizer, eu divulgo e meus amigos ralam. –


- Ah entendi. – Os dois riram juntos entrando na sala, - Quer beber alguma coisa?


- Qualquer coisa gelada, esse calor tá foda. –


- Nem fale, e estamos na praia, me explica porque não estamos no mar? – Laura falou indo para a cozinha pegar um suco e sendo seguida por Gustavo, que se sentou e esperou ser servido.


- Obrigado, e quanto ao mar só colocar um biquíni que resolvemos isso agora. – Ele ergueu o copo como que em brinde e bebeu.


- Eu adoraria! – Laura sorriu, - Me espera, dois segundos?


- Claro, vai lá. –


Laura subiu correndo e colocou o biquíni tão rápido que nem se importou em combinar nada, quando voltou para a sala não encontrava Gustavo, até que foi para a varanda e o viu brincando com Blink.


- Pronto? – Laura parou em frente à pequena cerca o olhando melhor, ele era lindo e não seria um problema como Mauricio tudo poderia ser muito mais fácil e talvez ela devesse se empenhar a ficar com Gustavo, mas toda vez que pensava isso seu coração apertava, como se não quisesse que ela desistisse de Mauricio.


- Pronto, vamos? – Gustavo estendeu o braço a chamando e Laura sorriu abertamente se aproximando dele,


 


- Que saudade que eu estava do mar, - Laura falou se jogando na areia, depois de ter ficado quase duas horas nadando com Gustavo.


- Nada melhor do que o mar, né? – Ele se jogou ao seu lado, ficando os dois deitados com os cotovelos apoiados. – Eu costumava vir aqui com a Tatá, todos os dias depois da aula.


- Vocês namoraram por tanto tempo... – Laura ficou olhando aquela imensidão e pensando, como duas pessoas podiam ficar tanto tempo juntas, dividirem tantas situações, tantos momentos e depois tudo acabar, simples assim.


- O pior, é pensar que agora... Nos tratamos como dois estranhos. – Gustavo falou se sentando. – Nós crescemos juntos, conhecemos cada pedaço de corpo e alma um do outro, mas quando nos vemos nos tratamos como se... Fossemos apenas conhecidos. –


- Você já conversou com ela desde que voltou? –


- Não ainda não... To sem coragem pra isso, - Ele se virou para olhá-la, - Eu vi a Flavinha e já senti como se meu coração parasse... Ela está igualzinha a Tatá.


- Deve ser horrível... Mas não vamos ficar pensando nisso! Agora você já é um moço praticamente formado, vai dar uma festa muito boa hoje e vão ter várias surfistinhas doidas para te fazer se esquecer da ex-namorada! – Laura se levantou animada estendendo a mão para Gustavo, - Agora vamos, ainda não matei as saudades do mar!


Depois de mais duas horas nadando e conversando, Laura já tinha Gustavo como o melhor amigo de todos os tempos e claro, já tinha se dado conta de que estavam atrasados, os dois precisavam voltar urgentemente, Laura para poder se arrumar e dar satisfação aos avós e Gustavo para dar o Luau.


Colocou a saia azul plissada longa, com uma cropped branca e um cardigã leve, estilo jogadora de baseball por cima, prendeu o cabelo ainda úmido em um coque alto e foi. Por conta do atraso na praia seu avô que teve que levá-la, já que Gustavo estava muito ocupado.


- Vô, vamos? – Laura desceu as escadas com o celular em mãos, estava tentando mandar mensagem para as amigas, mas além do sinal ser péssimo, nenhuma delas estava online. Saiu na frente entretida com o celular, mas quando a garota levantou o olhar sentiu seu coração pular e sua pressão ir parar no dedão do pé, do susto que levou ao ver Mauricio parado em seu portão, calado. Ela tentou falar alguma coisa, mas ele colocou o dedo em frente à boca, indicando para ela se manter calada e a chamou, Laura saiu da balança com o maior cuidado para não fazer barulho e se aproximou do portão, Blink pensou em latir, mas o olhar feio dos dois jovens fez o cachorro voltar para a casinha com o rabo entre as pernas.


- O que você faz aqui? – Laura sussurrou para o garoto, agora já próxima.


- Eu... – Mauricio tentou falar, mas sorriu mordendo os lábios, como se quisesse segurar a risada, - Ensaiei o que queria falar, mas agora...


- Mauricio eu não tenho tempo tá? Eu... –


- Me desculpa! Eu não quero perder meu emprego nem me meter em encrencas, mas... Tudo bem se quiser me fazer de peça no seu joguinho ‘rebelde sem causa’.


- Isso é um pedido de desculpas? – Laura franziu a sobrancelhas cruzando os braços, ela não sabia se sentia ofendida ou feliz pela pequena brecha que ele estava abrindo.


- Eu quero poder passar mais tempo perto de você, e eu sei que no quiosque isso é impossível então, eu topo ser seu segredo e aventura de férias! – Ele estendeu a mão, segurando o braço de Laura de uma forma doce, - Eu não vou dar a desculpa de querer te conhecer melhor, porque eu quero mais do que isso...


- Mauricio... – Ela tentou se afastar, mas ele apertou a mão a mantendo perto dele.


- Se você quer se encontrar escondida comigo, quer me fazer arriscar tudo o que consegui conquistar precisa pelo menos ser honesta comigo! Você está tão atraída por mim quanto eu por você? – Laura ouviu aquela pergunta e sentiu uma queimação dentro do peito, como se de repente tudo ficasse claro, como se de repente tudo estivesse exatamente como deveria ser.


- Estou. – Ela respondeu o suficiente para fazer Mauricio abrir um sorriso de orelha a orelha, - Mas você precisa sair, meu avô está vindo.


- Nos encontramos na praia então? – Ele perguntou já se agachando quando viu seu Romeu abrir a porta da varanda, Laura apenas balançou a cabeça concordando e se virou para o avô enquanto Mauricio ia se arrastando para longe da casa. Agora o Luau ficaria mais interessante ainda.


 


A praia estava lotada, eram nove e meia e já saiam jovens de todos os lados, carros paravam a todo o momento saindo o maior número de pessoas possíveis, uma fogueira imensa estava acessa bem no meio e próximo ao mar, quase ao lado do DJ uma mesa, que deveria ter quase três metros de comprimento, abarrotada de bebida. Laura encontrou Gustavo no meio da lotação e foi andando com cuidado para não pisar em ninguém, mas no meio do caminho seus olhos encontraram com o de Mauricio, recém-chegado com mais três amigos.


- A gente não pode ficar aqui, alguém pode nos ver. – Laura se aproximou quando viu que ele estava sozinho.


- Desculpa, mas o que? – Mauricio a olhou de cima abaixo e Laura sentiu um peso no peito, mas quando ele abriu o sorriso, mostrando que era brincadeira ela lhe deu um soco no braço.


- Idiota! –


- Desculpa, não consegui evitar. –


- Tudo bem, mas pra onde vamos? –


- Tem um estacionamento aqui perto, sabe onde é? –


- Sei, vou só encontrar o Gustavo, ele pode... –


- Qual é a desse cara ein? – Mauricio mudou a fisionomia, de fofo para furioso.


- Ficou com ciúme? – Laura perguntou achando graça, mas ele a olhou com a sobrancelha erguida.


- De você? -


- Não sei você é gay? – Laura retrucou, e os dois riram baixo. – Ele é apaixonado pela minha prima e um grande amigo, fica tranquilo.


- Ok, vai lá que eu vou dar uma volta, ficamos muito tempo perto. – Ele piscou para ela e saiu andando. Todo aquele clima de se esconder só a deixava mais, animada.


- Sutil o primeiro encontro. – Gustavo se aproximou de Laura que não conseguia esconder o sorriso.


- Ele está com ciúme, mas não vamos precisar de plano nenhum, ele foi atrás de mim hoje. – Laura cruzou os braços olhando para ele de longe.


- Antes de eu fazer qualquer comentário, você por um acaso chamou a Tatá? – Quando ela finalmente olhou para o amigo, pode ver o quão apreensivo ele estava.


- Não, eu passei a tarde inteira com você, quando teria esse tempo? –


- Verdade, eu não pensei por esse lado, é só que... Ela está ai, com a Flavinha e mais dois amigos. –


- Amigos, amigos, ou amigos peguetes? –


- Não sei e nem quero saber! – Gustavo bebeu sua cerveja quase que inteira em um gole.


- Ok, precisamos mudar os planos, o Mauricio não é mais problema, então precisamos causar desejo para a Tatá! – Laura falou, mas Gustavo não entendeu. – Se ela veio com a Flavinha provavelmente já sabe que estamos próximos, então ela precisa ver que você está garanhão, galinhão, porque a Tatá adora isso!


- Ok, você é uma pessoa diabólica! –


- Não, eu só acho que vocês merecem uma segunda chance! –


- Não seria mais simples pegar qualquer uma aqui e esquecer, dela? –


- Não Gu, porque você ainda a ama e isso não vai mudar em nada! – Laura falou explicando e no mesmo momento viu Tatá de longe, com os olhos compridos nos dois. – Nós vamos fazer o seguinte, fale comigo como se estivéssemos brigando, eu triste e você garanhão...


- Laura eu não sei... – Ele nem teve tempo de falar, Laura começou a fazer cara de coitadinha, como se estivesse desolada e implorando por Gustavo.


- Me dá uma chance Gustavo, por favor. – A voz que ela fez, pareceu que estava pedindo por algo doloroso e essencial, como se aquela frase fosse uma chance e não simplesmente uma frase banal.


- Sai fora Laura, sério, você é pirralha demais! – Ele tentou falar, parecendo que nem se importava e Laura teve que se conter para não rir, ficaram fazendo essa ceninha ensaiada por pouco tempo.


- CHEGA! QUER SABER? VOCÊ É UM BABACA! – Ela gritou fazendo quase todo mundo olhar em direção a ela, - Pega meu braço com força, tenta dar um de bonzinho agora. – Laura sussurrou para Gustavo que atendeu.


- Eu espero que dê certo. – Ele falou baixinho e Laura tentava se desvencilhar dos braços deles, fazendo o maior drama, Mauricio que olhava de longe parecia furioso, por isso veio andando a passos firmes até os dois.


- Se você levar um soco não revida! –


- O que? – Gustavo perguntou assustado, mas nem teve tempo de obter respostas, Mauricio chegou o empurrando pelo peito com força.


- Larga ela seu babaca. – Mauricio ficou entre os dois olhando tão firme para Gustavo, que fez Laura ficar com medo.


- Não se mete, tá legal? – Gustavo tentou se aproximar, mas Mauricio o empurrou de novo, - Eu to conversando numa boa com ela!


- Pelo grito que ela deu não acho que estava numa boa. –


- Ela é louca! – Gustavo apontou para Laura que arregalou os olhos surpresa, ele estava entrando no personagem.


- Fica longe da louca então, falou? – Mauricio se virou para a garota e Gustavo aproveitou para sair dali. – Você está bem?


- Estou, eu só... É teatro... – Laura falou a ultima parte baixinho, sorrindo de canto.


- O que? – Mauricio segurava Laura pelo braço com a sobrancelha erguida.


- A gente fez esse teatrinho pra minha prima, que é ex-namorada dele! –


- Ok então, você está bem...? –


- Claro! Mas gostei de ver como você se preocupou comigo! –


- Você devia ter me avisado, nós temos que ser discretos. – Mauricio olhou para os lados, preocupado, mas Laura nem se importou, o abraçou pelo pescoço o fazendo ficar mais próximo.


- Tá todo mundo bêbado, Mau! Ninguém liga pra gente! –


- Você que pensa! – Ele tirou o braço dela de seu pescoço e se afastou, - Vou para o estacionamento primeiro, me encontra lá daqui a pouco. –


- Sim, senhor. – Laura bateu continência, e o garoto riu antes de se afastar.


Laura sorriu abertamente feliz consigo mesma, e de longe pode ver Tatá puxando conversa com Gustavo. Realmente aquela noite estava saindo melhor do que a encomenda.


Depois de contar até 50, mentalmente ela saiu andando discretamente em direção ao estacionamento, mas logo se sentiu idiota, todos estavam bêbados demais para perceber qualquer coisa.


Quando chegou ao estacionamento abandonado, viu Mau olhando para a lua, seu aproximou, se jogando em suas costas e ele riu se virando e a abraçando pela cintura.


- Você é louca. – Foi tudo o que ele falou antes de encostar seus lábios aos de Laura, de um jeito doce e perfeito, como se agora, todas as dúvidas do porque querer ficar com ele tivesse sido resolvidas.



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Autor(a): livg

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Capítulo 2 – Mauricio.     BIP-BIP-BIP. Mauricio se virou na cama batendo com força a mão no despertador, 5h30 da manhã, em pleno domingo, depois de uma festa onde ele havia bebido demais. Sua cabeça latejava, mas um sorriso fraco no canto dos lábios apareceu sem que ele se desse conta. Ele tinha beijado Laura na ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • manolorhcp Postado em 09/07/2013 - 11:33:15

    Primeiro a comentar, gostei da história ;D


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