Fanfic: Cara Metade (Laliter) | Tema: Laliter

Estava sozinha - e o peso daquela palavra, naquele momento, era o que menos a perturbava. Não tinha dinheiro, não tinha nada. Sentou-se em um banco qualquer e ficou encarando a escuridão que a rodeava. Já não tinha lágrimas para chorar. Em sua mente,constantemente, aparecia cada rosto que estava na festa. Todos riram dela, com exceção de Rochi, Gás e Nico.

Forçava os olhos na tentativa de esquecer aqueles momentos que faziam de sua vida um verdadeiro inferno. Então, os abriu na esperança de acordar daquele pesadelo, infelizmente não adiantou, era sim, a vida real.

Encolheu as pernas e entralaçou os braços nelas para proteger-se do vento que cortava sua pele. Então, escondeu a cabeça e assim ficou até sentir alguém tocando seu ombro.

Rochi: Até que enfim te achei!- posicionou-se diante dela enquanto agachava-se para ficar á altura.

Mariana: Por que está aqui? - quis saber. Afinal, porque não a deixavam em paz?

Rochi: Vim te procurar, você saiu de lá tão desolada, tão frágil, você sabe o que poderia ter acontecido com você se ficasse sozinha por mais um tempo? - falava sem parar. - Poderiam ter te sequestrado, poderiam te machucar, você poderia ter se perdido... - todas aquelas possibilidades, mesmo á contragosto, eram verídicas e sabia que algo poderia ter acontecido, mas afinal, já havia acontecido e bem, nem seria tão ruim se alguma coisa colocasse um ponto final áquela vida medíocre. 

Mariana: Rochi, eu já sou dona do meu próprio nariz, eu sei o que é certo ou não e o que me convém! - respondeu aborrecida.

Rochi: Eu só quero te ajudar! - disse no mesmo grau de certeza.

Mariana: Então, por favor, me leve pra casa!

Sentiu os olhos marejados, mais uma vez. Precisava respirar ar puro, sem aquela poluição instantânea da capital, que uma vez lhe encantara. Agora, não era só a fumaça dos automóveis e das grandes indústrias que deixavam a respiração comprimida, ela se referia ao fato de estar no mesmo lugar que Juan Pedro, Maria Eugênia e tantas outras pessoas que a fizeram tanto mal.

Rochi: Eu não acredito que você quer ir embora. - reprovou sua atitude, gesticulando chateada.

Mariana: Eu preciso sair daqui, eu estou sofrendo, parece que minhas forças estão acabando e eu não quero que isso me prejudique ainda mais Rochi, por favor, faça o que eu te peço, me leve para o orfanato. - implorou. 

Foram horas impassáveis de viagem. Quando despediu-se de Rochi sentiu que não voltaria mais. Ela disse que a visitaria no dia seguinte e levaria sua mala, com todos os seus pertences. Estava com nojo de si mesma por ter desistido, por ter deixado eles vencerem, por ter deixando o sonho morrer.

Então, defronte para o orfanato, recordou sua história, toda sua vida que passou-se ali dentro e como era feliz e não sabia. Como aquela paz cotidiana era o melhor remédio para curar o coração feriado que o mundo lá fora lhe provocara. E, assim que a porta abriu e viu Helena, agradeceu aos céus, abraçou-a com desespero. Queria amenizar o que sentia e apesar de saber que aquilo era impossível, aquele abraço, era seu porto seguro.

``[...] Sonhei com você
E tudo se tornou realidade
Tudo se fez verdade.

Mas, o nosso castelo de areia desmoronou
Assim como qualquer construção mal feita.

A nossa aliança se quebrou
Assim como qualquer aliança
Construída na base de mentiras [...]`` - Jh Mon.