Fanfic: Change My Mind | Tema: One Direction

Aquilo não podia ser verdade, ela não podia me deixar aqui! Não podia! Passei cerca de uma hora ali no quarto chorando sozinha com o corpo gélido de minha mãe, agora ela estava deitada em seu leito, o lençól fino lhe cobria até os ombros, sua expressão era calma e serena, seus olhos permaneciam fechados como se ela estivésse dormindo. Eu permanecia sentada na poltrona o mais perto possível da cama, estava com a cabeça baixa, encostada na ponta do colchão, meus cotovelos estavam apoiados em meus joelhos, tirei a toca e tentei limpar as varias lágrimas que eu havia derramado, ergui o olhar mais uma vez, vi seu livro em cima da mesinha ao lado da cama, o peguei e o abraçei, aquilo seria a mais recente lembrança que teria dela...

-Srta. Alicia... -Dr. Henrique entrou novamente no quarto, ergui o olhar para ele, me levantei -A srta. está mais calma? -Acenti com a cabeça -Devo ligar para o resto da família? -Baixei a cabeça pensando, olhei para ele novamente e acenti, ele sorriu de canto e saiu novamente da sala, olhei para a pessoa na cama novamente.

Nickelback - Far Away

Peguei a mão gélida de debaixo do lençól e a segurei firme -Sentirei sua falta mãe... Muita! -E senti mais uma lágrima escorrer de meu olho -Eu te amo! -Beijei as costas da mão e, em seguida, beijei sua testa -Te amo muito mesmo! -Forçei um sorriso, peguei o livro e recoloquei minha toca, estava saindo da sala, mas antes de fechar a porta, me virei e sorri novamente -Adeus mãe... Eu te amo! -Mandei-lhe um beijo e a fechei.

Fui até o elevador limpano os últimos vestígios de lágrimas de meu rosto e olhos, entrei no mesmo, que no momento não estava cheio, e olhei-me no espelho, meus olhos se encontravam mais inchados que o normal, minhas bochechas e nariz estavam vermelhos, geralmente quando tenho meus deslizes isso não acontece, mas como eu chorei durante uma hora, foi meio inevitável.

Passei pela secretária onde vi Dr. Henrique ao telefone, passei silênciosamente por ele e saí do hospital, fui até meu carro que estava na garagem, entrei no mesmo e me afundei no banco, respirei fundo algumas vezes e o liguei, desta vez não liguei a música, tudo o que eu precisava agora era um pouco de silêncio. Dirigi normalmente pelas ruas que agora se encontravam vazias, parei o carro em frente de casa e fui até a porta, deixei a chave do mesmo em cima do tapete de entrada, peguei um guarda-chuva que costuma ficar ao lado da porta e não entrei em casa, ao invés disso, caminhei lentamente até a calçada e segui rumo a algum lugar que eu ainda não havia descobrido qual seria...

Estava andando bem devagar, os fones estavam em meus ouvidos, estourando meus tímpanos com With Or Without You - U2. Meus pensamentos estavam longe, eu não conseguia definir bem para onde estava indo, só conseguia pensar nas palavras de minha mãe naquela tarde: 

"Esta música é especial... Diz tudo o que eu quero dizer a você!"

"Eu juro que não vou morrer antes de terminá-lo..."

"Terminei o livro..."

Eu estava com um tremendo ódio daquele livro! Parei por um instante e encarei sua capa, começei a folheá-lo e, quando cheguei as últimas páginas, um envelope caiu no chão.

-Mas o que é isso? -Perguntei a mim mesma com a expressão confusa enquanto o juntava do chão, abri o envelope e ali tinham vários papéis, um deles era uma carta, o outro a letra de uma música e o resto eram fotos, fotos minhas com ela, dela com meus irmãos, com o resto da família... Sorri e caminhei até debaixo de um poste de luz, sentei-me no chão e abri primeiro a letra da música para descobrir do que se tratava, ali estava a letra de Never Gonna Be Alone - Nickelback, sorri e li e reli a letra umas cinco vezes, limpei algumas lágrimas que começaram a cair. Peguei a carta e começei a lê-la:

Sarah Mclachlan - Angel (Tradução)

Querida Aly,

Eu finalmente consegui terminar este grande livro. Por favor querida, não fique nervosa comigo por isso, eu amo você! E é por isso que deixei está carta, exclusivamente para você! 

Lembra-se dos seus anos de colégio? Que aquele garoto te encomodava e você vivia deprimida, mas foi nesta mesma época que ficamos mais proxímas... Lembra-se de quando assistíamos a filmes juntas de madrugada? De quando limpávamos o jardim ouvindo música no último volume e a Sr. Wendy ameaçava chamar a polícia, mas segundos depois ela estava entregue ao som do rock também? Lembra-se das vezes que seus irmãos iam viajar com os primos e seu pai e ficávamos sentadas no telhado conversando? Então Aly, aqueles foram os melhores momentos que tivemos.

Você não sabe o quanto fiquei feliz de ver você deixar a faculdade e amigos de lado para vir até aqui para apenas ver como eu estava, qualquer outra pessoa apenas ligaria... E, eu só tenho a dizer: Obrigada meu amor! 

Obrigada por ser sincera comigo. Obrigada a você e a Fer que foram as melhores filhas que já pude ter, e a Edu por ser o melhor filho! Diga a todos que eu os amo muito! Diga a seu pai que ele foi e sempre será o homem da minha vida e eu o amo, que ele sempre foi o melhor pai e marido que já existiu!

Annie querida,

Não quero entre em depressão por minha partida,não quero que se isole de todos por isso, quero que siga sua vida e seja feliz! Mas, meu amor, não isole seus sentimentos! Chore quando tiver de chorar, sorria a todo momento, ria das coisas boas da vida, ame e viva como se fosse seu último dia! Seja feliz filha!

 Annie, chorar não significa que você seja fraca, nem indefesa, mas sim que tem sentimentos! Sentimentos lindos e preciosos, que são especialmente seus, não à mais ninguém com os sentimentos como os seus, eles são especiais e você pode muito bem demonstrá-lo as vezes!

Eu te amo Alicia! E sentirei sua falta, mas nunca se esqueça, eu sempre estarei com você, você só não poderá me ver.

Eu te amo!"

Aquilo me fez chorar mais, fechei a carta e a coloquei novamente no envelope, junto das fotos e da letra da música, o fechei e coloquei-o em meu bolso, levantei-me e recomeçei a andar, eu estava em uma rua que tinha vários comércios, a maioria fechado, algumas casas e, ao fundo, alguns prédios. Senti algumas gotas d`gua em minha cabeça e ombros, suspendi minhas mãos para os lados e senti a chuva aumentar, eu tinha guarda-chuva, mas não queria abrí-lo. Continuei andando, as mãos nos bolsos, o guarda-chuva pendurado no braço esquerdo, cabeça baixa, olhos quase fechando, eu queria cair ali mesmo e chorar, mas eu não o faria!

Andei mais uma meia hora, estava totalmente encharcada, a chuva caia forte, cheguei perto de um ponto de ônibus para me situar de onde eu estava e vi que não estava tão longe de casa. Levatei meu olhar e olhei em volta, vi uma mulher de uns 25 anos com algo envolvido nos braços, ela se debruçava sob o bebê, na tentativa de não faze-lo pegar chuva, em compensação, ela estava muito molhada, estavam abrigados embaixo de um toldo estreito, fiquei parada ali na calçada, em baixo da chuva a observando, ela espirrou algumas vezes, olhei para meu braço esquerdo no qual o guarda-chuva permanecia pendurado, o peguei e fui até ela.

-Tome! -Ofereci a ela sorrindo, ela me olhou confusa -Pegue! Eu já me molhei o sulficiente e não iria usá-lo de qualquer forma, pegue-o e proteja ele! -Olhei para o bebê em seu colo, que dormia profundamente, a moça pegou o guarda-chuva logo depois que eu o abri e o colocou sobre sua cabeça

-Obrigada! -Sorriu abertamente, fiz o mesmo

-Faça-me um favor... -Suspirei e coloquei a mão sobre seu ombro -Passe o maior tempo possível com ele... Apoio quando necessário, passe bons momentos com ele! E conte-lhe histórias... -Sorri e ela concordou com a cabeça

-Obrigada! -Acentiu com a cabeça

-Adeus... -Acenei já na calçada novamente, ela fez o mesmo e seguiu seu rumo.