Fanfic: FÉLIX: A OUTRA FACE | Tema: Seriado
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As vezes eu tento entender até que ponto nós nos desvencilhamos da família para conseguirmos atingir o nosso grau de independência. Ou até mesmo sabermos quem somos, afinal.
Todos, ou quase todos, já passaram pela falação familiar de que temos que nos tonar Médicos quando crescermos. Bom, Sarah seguiu fielmente os conselhos dos nosso pais. É Médica e ama o que faz.
Deb, a caçula, é uma advogada exemplar, jovem, cheia de vida. O troféu da família Borges. Jane, a mais velha, de quem tenho um afeto especial. Mas não sei até que ponto ela iria para alcançar os seus objetivos.
Thiago. Pobre Thiago. O influenciável. O irmão dominado pela esposa.
E Carlos. O caçula, adolescente e, obviamente, confuso. Eu sei o que se passa na cabeça dele. A escola comenta, alguns amigos seus já vieram me dizer. Mas Carlos não se manifesta. Não tem coragem, na verdade, de contar tudo para a sua família. Bom, por enquanto, tudo bem, mas um dia, ele irá explodir.
Agora, hora de finalmente se levantar.
Enquanto abordo a personalidade dos meus irmãos na minha mente, tento enganar o tempo. Seis horas da manhã, em ponto. Preciso ir.
Sonolento, pois detesto acordar cedo, retiro o cobertor e deixo o vento frio e suave de Gramado bater no meu corpo. Sinto um arrepio nas partes íntimas, principalmente, pois durmo... Bom, costumo dormir pelado.
O meu quarto é um espaço pequeno. Cabe o guarda-roupa, a cama, as duas mesas de cabeceira e a Tv. A janela dica do lado direito da cama.
Ducha, então. Coloco na temperatura quente e passo 15 minutos. Tento, à todo custo, me manter acordado.
Sacudo os cabelos, me enrolo na toalha e vejo o meu abdômen no espelho. Bacana, não tão malhado, mas na medida certa. Poderia ter menos pelos, eu acho. Mas tudo ok.
Vou até a pequena cozinha, coloco dois pães na torradeira e coloco a água para ferver. Retorno ao quarto, coloco uma calça jeans preta, calço um tênis nike azul – presente de aniversário há seis anos atrás – e visto uma blusa rosa-clara, bem arrumadinha até para o meu estilo.
Coloco o pó do café na água quente e espero. Tomo o café com as torradas queimadas – sempre acontece – e, finalmente, faltando vinte minutos para as sete horas, sigo até o escritório.
Geralmente, a minha jornada começa um pouco mais tarde. Porém, infelizmente, o caso no qual estou envolvido necessita de um grau máximo de cooperação e trabalho.
_ Tem certeza? – disse Carol, quando estávamos subindo no elevador.
Preciso me controlar. Não aguento mais explicar para os meus amigos o motivo de está tão envolvido neste caso.
_ Claro. Ele é inocente.
Carol olhou pra mim em sinal de reprovação.
Andar 10.
A voz irritante do elevador anunciou o andar do meu escritório na torre comercial West Gramado e pude, então, me despedia de Carol.
Não pude deixar de notar o seu rebolado ao andar. Ela usava uma saia preta, colada às coxas brancas e bem torneadas. Sua blusa azul alinhada, fazia volume aos seios. O rosto, fino, além dos cabelos praianos, faziam dela uma bela mulher.
Entro no corredor, onde estão os meus sete companheiros trabalhando. Um escritório de oito advogados, contando comigo, especializado no melhor do show busness da cidade: o serviço à justiça.
Entro na minha sala, do mesmo tamanho da dos demais companheiros e coloco a pasta na mesa. Um espaço aconchegante, com uma janela para a vista principal, uma mesa de vidro quadrada, duas cadeiras de couro para os clientes ou convidados e um armário de serviços.
Toc toc.
Carol outra vez.
_ Entre. – respondi, tentando conter a ira.
_ Você sabe, Félix. Não posso deixa-lo estragar tudo!
Sentei na minha cadeira de couro, confortável, e respirei fundo.
_ Quantas vezes vamos discutir isso? – perguntei.
_ O julgamento é depois de amanhã. – falou, eufórica. – Sou a advogada de acusação, sabemos que a porra desse caso não chegou ao Ministério Público. E você. O advogado de defesa!
_ Ele não é o culpado!
_ Como sabe?
_ Veremos no julgamento.
Carol fechou os lindos olhos castanhos, como se estivesse cansada, e sentou-se.
Aproximando-se mais de mim, recomeçou, ameaçadora.
_ Escuta aqui. Odeio acordar cedo. (“Bom, pelo menos estamos quites nisso”, pensei.) Desde que a porra desse caso explodiu, nós começamos essa luta inútil. Você sabe, Félix. É um dos melhores advogados de Gramado. O lado mais forte ganha. O da acusação.
Aproximei-me também.
_ Pela minha competência, como disse, Senhora Carol Pope, sei muito bem aonde estou indo. Não iria colocar minha mão no fogo por um criminoso. O nosso suposto culpado, – peguei a papelada – Antônio Figueiredo, é inocente. Ele não matou a mulher.
_ Veremos. – retrucou Carol, rápida.
Ela levantou-se, então, no auge da raiva e fixou o olhar em mim.
_ À propósito, está com roupas horríveis.
_ Todos dizem isso. Você sempre diz.
Ela sorrir.
_ Não há prazer melhor, Félix Borges, do que diminuir um pouco o seu ego.
Carol sai, batendo a porta com força, e me deixa, mais uma vez, mais admirado do que furioso. A competência dela, somada com a coragem e garra, fazem-me um homem fascinado por uma leoa.
De qualquer forma, a raiva dela concentra-se no fato de que dois advogados do mesmo escritório irão julgar o caso de Antônio Figueiredo. Toda essa discussão, que vinha acontecendo há semanas, era uma espécie de preparação para o que iria ocorrer no tribunal.
Mas eu estou seguro. Tenho provas suficientes para inocentar o homem.
Hey jude...
Música linda, mas péssima escolha para ser o toque de um celular.
_ Bom dia, mamãe.
Ela não respondeu. Estava chorando.
_ Venha já aqui, Félix! Não contei nada para os seus irmãos ainda... Quis primeiro falar com você... Você tem... tem mais jeito para conversar...
Problemas de família. Quem se meteu em uma enrascada dessa vez? (Olhei a hora) E tão cedo?!
Mamãe falou de uma vez só, numa mistura de raiva e tristeza.
_ CARLOS! O seu irmão, Félix... Ele... Ele disse que era GAY! Falou que finalmente teve coragem para se assumir... Terrível, terrível!
Elena se lamentava, chorando compulsivamente.
Oh, não. Carlos decidiu revelar o seu segredo. Eu sabia que ele iria explodir.
_ Ok, mãe. Já estou indo.
Família em primeiro lugar. O caso Antônio esperaria um pouco.
Enquanto estava no carro, pensei sobre o assunto. Ter um irmão gay... Não sei por que, mas apesar de já saber disso, não fiquei chocado ou revoltado de alguma forma. Aceito numa boa.
E agora, hora de enfrentar as feras.
Autor(a): lucasf200
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