Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter
A cerimônia transcorreu sem incidentes. Maria estava ridiculamente linda como eu esperava, com a pele levemente dourada, o vestido de corte enviesado, de seda off-White, marcando seu corpo esbelto como se não ousasse ficar lá sem permissão. Vi-a flutuar pela nave da igreja e imaginei como seria ser alta, ter pernas compridas e parecer com alguém que a maior parte de nós só vê em comerciais. Imaginei se o cabelo e a maquiagem dela tinham sido feitos por uma equipe de profissionais. E se ela estaria usando uma calcinha modeladora. Claro que não. Devia usar coisinhas rendadas em tons suaves — lingeries femininas para quem não precisa levantar nenhuma parte do corpo e que custam mais que o meu salário semanal.
Enquanto o padre falava e as daminhas de sapatilhas de balé se agitavam nos bancos da igreja, olhei em volta, notando os outros convidados. Quase todas as mulheres podiam estampar as páginas de uma revista de luxo. Os sapatos, exatamente no mesmo tom das roupas, pareciam nunca ter sido usados. As mais jovens se equilibravam com elegância em saltos de quinze centímetros, com as unhas dos pés muito bem pintadas. As mais velhas, com saltos mais baixos, usavam vestidos bem-cortados, ombreiras de seda com costuras em cores contrastantes e chapéus que pareciam desafiar a lei da gravidade.
Era menos interessante observar os homens, mas todos tinham aquele ar que eu às vezes detectava em Peter, graças à riqueza e aos títulos, dando a impressão de que a vida corria sem problemas. Imaginei com que pessoas andavam, em que mundo viviam. Me perguntei se reparavam em pessoas como eu, que cuidavam dos filhos deles, os atendiam nos restaurantes. Ou faziam pole dance para seus colegas de trabalho, pensei, lembrando das minhas entrevistas no Centro de Trabalho.
Em geral, nos casamentos a que eu costumava ir, as famílias dos noivos ficavam separadas, pois temiam que alguém desrespeitasse a liberdade condicional deles. Peter e eu nos sentamos no fundo da igreja, eu na beirada do banco e a cadeira dele à minha direita. Ele olhou de relance Maria passar e virou-se para a frente, com uma expressão inescrutável. Um coro de quarenta e oito vozes (eu contei) cantava em latim. Pablo suava dentro do smoking e levantou uma sobrancelha como se estivesse se sentindo, ao mesmo tempo, satisfeito e meio bobo. Ninguém aplaudiu nem comemorou quando o padre declarou-os marido e mulher. Pablo pareceu um pouco estranho, inclinou-se sobre a noiva como se fosse morder uma maçã pendurada num barbante e errou o alvo. Perguntei-me se a classe alta considerava “deselegante” se agarrar no altar.
Então, a cerimônia chegou ao fm. Peter já estava se dirigindo para a saída da igreja. Vi a parte de trás da cabeça dele, altiva e curiosamente digna e tive vontade de perguntar se ele se arrependeu de ter ido. Queria perguntar se ainda sentia alguma coisa por ela. Queria dizer que ele era bom demais para aquela mulherzinha dourada sem graça, por mais que as aparências pudessem dar a entender o contrário e que... não sei o que mais eu queria dizer. Só queria deixar as coisas melhores.
Lali: Você está bem? — perguntei, ao me aproximar dele. A grande questão era que devia ser ele ali. Ele piscou várias vezes.
Peter: Estou ótimo — disse. Deu um pequeno suspiro, como se estivesse prendendo o ar no peito. Então olhou para mim. — Vamos tomar um drinque.
A tenda da recepção ficava num jardim cercado, com portão de ferro decorado com guirlandas de flores rosa-claras. O bar, no fundo, já estava lotado, por isso sugeri que Peter aguardasse do lado de fora enquanto eu ia pegar uma bebida. Abri caminho pelas mesas cobertas com toalhas de linho branco, talheres e cristais, numa quantidade que eu nunca tinha visto antes. As cadeiras tinham encosto dourado como aquelas que vemos em desfiles de moda e lanternas brancas penduradas sobre cada centro de mesa de frésias e lírios. O ambiente estava dominado pelo perfume das flores a ponto de me fazer sentir sufocada.
— Coquetel de frutas? — perguntou o barman, quando chegou minha vez.
Lali: Hum... — olhei ao redor, e descobri que essa era a única opção de bebida. — Ah, sim. Dois, por favor. — Ele sorriu para mim.
— As outras bebidas serão servidas mais tarde. A Srta. Del Cerro quer que todos comecem pelo coquetel. — Ele me olhou de um jeito meio conspiratório. A sobrancelha levemente erguida denunciou o que ele achava disso. Olhei para aquele drink cor-de-rosa. Meu pai dizia que os ricos eram mais resistentes, por isso fiquei pasma por não começarem a festa servindo bebida alcoólica.
Lali: Acho que isso vai ter que servir, então — eu disse ao barman, quando ele me entregou as taças.
Encontrei Peter conversando com um homem. Devia ser um pouco mais novo que Peter, estava meio agachado, apoiando um braço na cadeira de Peter. O sol estava a forte e apertei os olhos para vê-los direito. De repente, compreendi por que tantas pessoas estavam com chapéus de abas largas ali.
Agustin: Que ótimo reencontrar você, Peter — dizia o homem. — O escritório não é o mesmo sem você. Eu não devia dizer isso... mas não é mais a mesma coisa. Não mesmo.
Peter: Gentileza sua.
Agustin: Foi tão estranho. Como se você caísse num precipício. Um dia você estava lá, coordenando tudo, no dia seguinte você estava... — Ele olhou para cima, notando minha presença ali. — Ah — disse, e senti seus olhos pousarem nos meus peitos. — Olá.
Peter: Mariana Esposito, quero lhe apresentar Agustin Sierra. — Coloquei a taça de Peter no suporte de copo da cadeira e apertei a mão do rapaz.
Agustin: Ah — repetiu. — E...
Lali: Sou uma amiga de Peter — falei e, sem saber exatamente por quê, coloquei a mão no ombro de Peter.
Agustin: A vida não vai nada mal, hein? — disse Agustin Sierra, dando uma risada que mais pareceu uma tosse. Enrubesceu um pouco ao acrescentar: — Bom... vou dar uma volta pela festa. Sabe como são as coisas... devemos considerar esses eventos como uma oportunidade para conseguir novos contratos e garotas. Mas foi um grande prazer revê-lo, Peter. E... você, Srta. Esposito.
Lali: Ele parece ser uma ótima pessoa — falei, quando ele se afastou. Tirei a mão do ombro de Peter e dei um bom gole no coquetel. Era mais saboroso do que parecia. Mas achei estranho levar pepino.
Peter: Sim, é um cara ótimo.
Lali: Então, não foi embaraçoso.
Peter: Não. — Peter olhou para mim. — Não, Esposito, não foi nada embaraçoso.
Depois que Agustin Sierra parou para conversar, outras pessoas se sentiram à vontade para cumprimentar Peter. Algumas mantiveram certa distância, como se assim não precisassem lidar com o dilema do aperto de mãos; alguns homens puxaram um pouco a calça para se agachar quase aos pés dele. Fiquei ao lado de Peter e falei pouco. Percebi que ele se empertigou um pouco quando dois homens se aproximaram. Um deles, grande e gordo, com um charuto, parecia não saber o que dizer quando de fato ficou diante de Peter. O outro homem, que parecia ser um velho rival de Peter nos negócios, foi mais diplomático, mas havia algo no seu olhar direto e nas suas perguntas objetivas sobre seu estado de saúde que deixaram Peter tenso. Pareciam dois cachorros se rodeando, avaliando se partiam para cima ou não.
Peter: Ele é o novo CEO da minha ex-empresa — disse Peter, quando o homem finalmente se despediu com um aceno. — Acho que só quis confirmar que eu não pretendo recuperar meu cargo.
O sol ficou forte, o jardim se transformou numa fonte de perfume, as pessoas se protegiam à sombra das árvores. Levei Peter para a entrada da tenda, preocupada com sua temperatura corporal. Lá dentro, enormes ventiladores foram ligados, zunindo lentamente acima de nós. Ao longe, sob um abrigo, um quarteto se apresentava com instrumentos de cordas. Parecia uma cena de filme. Maria flutuava pelo jardim, uma visão etérea, mandando beijos e dando gritinhos, mas não se aproximou de nós. Observei Peter tomar dois coquetéis, o que, no fundo, me deixou feliz.
***
Autor(a): Lee CasiAngeles
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O almoço foi servido às quatro. Achei uma hora estranha para almoçar, mas, como observou Peter, era um casamento. O tempo parecia ter se esticado e perdido o sentido. De qualquer jeito, foi preenchido por inúmeros drinques e conversas passageiras. Não sei se foi o calor, ou o ambiente, mas quando chegamos à nossa mesa, eu estava quas ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 178
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imdreamer Postado em 02/10/2013 - 17:53:04
Você é malvada! Chorei horrores por sua culpa! Mas, mesmo assim, foi perfeito! A história foi perfeita! E até mesmo o modo como o Peter morreu... Eu não queria que ele tivesse morrido. Não queria mesmo! Mas, tudo isso, de alguma forma, fez com que eu me apaixonasse por ele... Imagine se todos tivessem um amor como esse, se pudessem sentir um sentimento com tamanha intensidade e ternura... Ir a Paris e tomar um bom café lá, com certeza, vai entrar na minha lista de ambições u-u Ok! Talvez eu seja melancólica demais :P Enfim, obrigado por nós apresentar e adaptar essa história! Tenho muito o que agradecer! Te espero pra próxima, e espero que escreva uma sua u-u (já fico imaginando as barbaridades que você pode escrever, opaksop). Se escrever tão bem quanto escolhe livros, haha, estaremos bem u-u Até a próxima, se cuide, e bem, besos!
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dricaesposito Postado em 02/10/2013 - 09:07:25
Vou chorar;(;(, sua ruim. Amei a webb, bjs até a proxima.
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aniinhaesposito Postado em 01/10/2013 - 13:43:08
chorei ate. nunca pensei que o peter ia morrer achei que no ultimo momento a lali fosse conseguir mudar ele mas foi lindo a web. to chorando ate agora. que nos volvamos a ver hija
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maresposito Postado em 30/09/2013 - 22:42:34
FALA SÉRIO TÔ CHORANDO AQUI GATITA:( VOU SENTIR SAUDADES MUITAS SAUDADES.BOM EU QUERO TE DIZER QUE ESSA WEB É UMA DAS MELHORES QUE EU JÁ LI.E TIPO ASSIM EU TÔ CHORANDO AQUI E DAQUI A POUCO VOU FICAR COM OLHEIRAS POR CAUSA DISSO MAS VALEU A PENA TER LIDO CADA CAPÍTULO.SÉRIO EU É QUE AGRADEÇO POR VOCÊ TER ADAPTADO ESSA HISTÓRIA TÃO LINDA.
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viilaliter Postado em 30/09/2013 - 22:27:22
nem vou comentar nada pq vc sabe o quanto to chorando aqui
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aniinhaesposito Postado em 30/09/2013 - 13:26:07
obrigada eu vou sim hahaha ai Deus o peter ta vivo?? posta mais sabe como sou curiosa hahaha
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dricaesposito Postado em 30/09/2013 - 10:57:06
ahhhhhhhh eu vou chorar, n pode acabar assim tão rápido. tadinha da Lali estou com pena dela. tomara q ela consiga impedir o Peter de se matar. posta mais
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imdreamer Postado em 30/09/2013 - 10:11:54
ooh meu Deus! Não me diga que ele ainda está vivo?! Ele quer se despedir dela?! Ele é um príncipe! Cara, no começo Euge parecia tão egoísta... E agora ela está tão mais.. ah, não sei! Ela está sendo um anjo! Um anjo ainda um pouco egoísta u.u exijo os capítulos ainda hoje u-u estou meeeeeeega ansiosa pelos últimos capítulos! Sua fã sim u-u
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viilaliter Postado em 30/09/2013 - 07:31:18
pode ate parecer que sou chorona, mas nem sou. posso ate ter cara de chorona, mas nao sou. so choro em ultimo recurso, em emoções mt fortes e as vezes ainda me seguro ok? ha diversas possibilidades e eu so quero pensar na melhor e mais linda: Lali vai pra Suíça e impede ele de fazer essa besteira.então o Peter só quer morrer se ela estiver la junto? gENTE! Scrr! deixa eu dar um beijo nesse gostoso antes do final! eugenia tem sido uma diva com a Lali, serio. ain cara, ja ta no final? agora sim vou chorar. posta hoje plmdds! quero começar outubro chorando u-u
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maresposito Postado em 30/09/2013 - 01:21:19
POIS É,É BOM A LALI PEGAR AQUELE VOO PRA SUÍÇA ANTES QUE O PIOR ACONTEÇA.DE NADA,ESSE SITE É UMA LOUCURA ISSO SEMPRE ACONTECE