Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter
Fui à biblioteca no dia seguinte, e mamãe ficou com Thomas, então me despedi de Lali no ônibus sabendo que não a veria até a hora do chá. Eu não tinha muita esperança naquela entrevista, mas, a partir do momento em que a deixei, não pensei mais nisso. Pode soar um pouco egoísta, mas não gosto de me atrasar no meu curso e foi um certo alívio ter uma folga no sofrimento de Lali. Ficar perto de alguém tão deprimido é meio desgastante. Você pode sentir pena, mas não dá para não pedir que a pessoa procure se recompor também. Coloquei minha família, minha irmã e a enorme confusão onde ela se meteu num arquivo mental, fechei a gaveta e concentrei minha tenção no Imposto sobre Valor Agregado. Tive as segundas melhores notas no ano em Contabilidade I e nada no mundo me faria deixar essa nota cair só por causa dos caprichos de um sistema de avaliação da Arrecadação de Tributos e Impostos de Sua Majestade. Cheguei em casa por volta de quinze para as seis, coloquei minhas pastas na cadeira da entrada e todos já estavam espreitando a mesa da cozinha enquanto mamãe começava a servir. Thomas pulou em mim, enganchou as pernas na minha cintura e dei um beijo nele, sentindo aquele delicioso cheiro de menininho levado.
Gime: Sentem-se, sentem-se — pediu mamãe. — Papai acabou de chegar.
Nicolas: Como vão seus livros? — perguntou papai, dependurando o paletó nas costas da cadeira. Ele sempre perguntava pelos “meus livros” como se tivessem vida própria e obedecessem ordens.
Euge: Vão bem, obrigada. Estou quase no final do módulo Contabilidade II. Amanhã tenho direito corporativo. — Desvencilhei-me de Thomas, coloquei-o na cadeira ao meu lado, uma das mãos repousando sobre seu cabelo macio.
Nicolas: Ouviu essa, Gimena? Direito corporativo. — Papai pronunciou “direito corporativo” como se gostasse do som. E provavelmente gostava mesmo. Conversamos um pouco sobre os temas do módulo.
Depois, falamos do trabalho dele, sobretudo sobre como os turistas quebravam tudo. Não dava para acreditar em como era preciso haver manutenção, aparentemente. Até mesmo os postes de madeira da entrada do estacionamento precisavam ser substituídos em poucas semanas porque os idiotas não conseguiam passar o carro num espaço de dois metros. Particularmente, eu aumentaria o preço do estacionamento para cobrir essas despesas, mas isso sou eu.
Mamãe terminou de servir e finalmente se sentou. Thomas comia com as mãos quando pensava que ninguém estava vendo e dizia bunda baixo com um sorriso secreto, e vovô comia com o olhar voltado para cima, como se pensasse mesmo em algo totalmente diferente. Olhei para Lali. Ela estava encarando o prato, empurrando o frango assado para o lado como se tentasse escondê-lo.
Gime: Não está com fome, querida? — perguntou mamãe, acompanhando o meu olhar.
Lali: Não muita — respondeu ela.
Gime: Está muito calor para frango — concedeu mamãe. — Só pensei que isso a faria melhorar um pouco.
Nicolas: Então... não vai nos contar como foi a entrevista? — O garfo do papai parou à caminho da boca.
Lali: Ah, isso. — Ela parecia distraída, como se papai perguntasse sobre algo que tivesse feito cinco anos antes.
Nicolas: Sim, isso. — Ela separou um pedacinho de frango.
Lali: Foi bem. — Papai olhou para mim. Dei de ombros levemente.
Nicolas: Só “bem”? Eles devem ter lhe dado uma ideia de como você foi.
Lali: Fui aprovada.
Gime: O quê? — Ela continuava olhando para baixo, para o prato. Parei de mastigar.
Lali: Disseram que sou exatamente o tipo de candidata que eles procuram. Vou fazer uma espécie de curso básico, que dura um ano, depois posso me requalificar. — Papai recostou-se na cadeira.
Nicolas: Que notícia maravilhosa. — Mamãe deu um tapinha no ombro de Lali.
Gime: Muito bem, querida. Isso é ótimo.
Lali: Nem tanto. Não sei se consigo bancar quatro anos de estudos.
Nicolas: Não pense nisso agora. De verdade. Veja como Euge está se saindo. Ei — ele fez um sinal para ela —, vamos dar um jeito. Sempre damos, não é? — papai sorriu para nós duas. — Acho que está tudo melhorando para nós, agora, meninas. Acho que será uma boa época para esta família.
Então, sem mais, Lali se derramou em lágrimas. Lágrimas de verdade. Como Thomas chora, gemendo, o nariz e as lágrimas escorrendo, sem se importar com quem estava escutando. Thomas ficou olhando para ela, boquiaberto, então tive de colocá-lo no colo e distraí-lo para não se descontrolar também. E enquanto eu brincava com pedaços de batata e ervilhas falantes, Lali contou para eles.
Contou tudo — de Peter e do contrato de seis meses e o que aconteceu nas Ilhas Maurício. À medida que ela falava, mamãe pôs a mão na boca. Vovô parecia solene. O frango esfriou, o molho ficou estagnado na molheira. Papai balançou a cabeça, incrédulo. E aí, quando minha irmã contou detalhes do voo de volta do Oceano Índico, sua voz foi diminuindo até virar um sussurro, e quando ela revelou as últimas palavras que disse para a Sra. Lanzani, papai empurrou a cadeira e se levantou. Contornou a mês a devagar e tomou Lali nos braços, como fazia quando éramos pequenas. Ele ficou ali e a segurou bem, bem junto a ele.
Nicolas: Ah, meu Deus, coitado. E coitada de você. Ah, meu Deus. — Não sei se algum dia vi papai tão chocado.
Gime: Você passou por tudo isso? Sem dizer nada? E nós só recebemos um cartão-postal sobre mergulho submarino? — Minha mãe estava incrédula. — Pensamos que você estava na melhor viagem da sua vida.
Lali: Não passei por tudo sozinha. Euge sabia — disse Lali, olhando para mim. — Ela foi ótima comigo.
Euge: Não fiz nada — disse, abraçando Thomas. Ele se desinteressou da conversa depois que mamãe colocou uma lata aberta de biscoitos diante dele. — Eu apenas ouvi. Você fez o resto. Você teve todas as ideias.
Lali: E algumas ideias se concretizaram. — Ela se inclinou para papai, parecendo desolada. Papai segurou no queixo dela para que o olhasse.
Nicolas: Você fez tudo o que pôde.
Lali: E fracassei.
Nicolas: Quem disse? — Papai puxou os cabelos dela para trás, tirando-os do rosto. Sua expressão era carinhosa. — Estou pensando no que sei sobre Peter Lanzani, o que sei sobre homens como ele. Vou lhe dizer uma coisa: não sei se alguém no mundo conseguiria convencê-lo de alguma coisa se ele estivesse decidido. Ele é assim. Não se pode mudar as pessoas.
Gime: Mas os pais! Eles não podem permitir que o rapaz se mate! — disse mamãe. — Que gente é essa?
Lali: São pessoas normais, mamãe. A Sra. Lanzani não sabe mais o que fazer.
Gime: Bom, não levá-lo para essa maldita clínica já ajuda — disse mamãe, zangada. Dois pontos de cor surgiram em seu rosto. — Eu lutaria por vocês duas, por Thomas, até o último suspiro.
Euge: Mesmo se ele já tivesse tentado se matar? — perguntei. — De forma bem cruel?
Gime: Ele está doente, Eugenia. Deprimido. As pessoas vulneráveis não deviam ter chance de fazer algo de que possam... — Ela ficou numa raiva muda e secou os olhos com o guardanapo. — Essa mulher deve ser insensível. Sem coração. E pensar que eles meteram Mariana nisso. Ela é juíza, pelo amor de Deus. A gente imagina que uma juíza saiba o que é certo e errado. Mais que todo mundo. Tenho vontade de ir lá agora e trazê-lo para cá.
Euge: É complicado, mamãe.
Gime: Não. Não é. Ele está vulnerável e a mãe não pode fazê-lo mudar de ideia. Estou chocada. Aquele coitado. Coitado. —Mariana olhou-a, meio surpresa. Mamãe nunca ficava irritada.
Nicolas: Acabei de me lembrar... não tenho visto o Sr. Lanzani no castelo. Fiquei pensando onde ele estaria. Presumi que estivessem numa espécie de viagem de família.
Lali: Eles... eles viajaram?
Nicolas: Ele não aparece no trabalho há dois dias. — Lali desmontou na cadeira.
Lali: É amanhã. — Lali olhou para mim e olhei para o calendário na parede. — Treze de agosto. É amanhã.
***
Autor(a): Lee CasiAngeles
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
No último dia, Lali não fez nada. Ficou na minha frente, olhando pela janela da cozinha. Choveu, depois parou, depois choveu de novo. Ela ficou no sofá com vovô, bebeu o chá que mamãe fez para ela e a cada meia hora, mais ou menos, olhava devagar para a cornija da lareira e checava o relógio. Foi horrível de se ver. Leve ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 178
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
imdreamer Postado em 02/10/2013 - 17:53:04
Você é malvada! Chorei horrores por sua culpa! Mas, mesmo assim, foi perfeito! A história foi perfeita! E até mesmo o modo como o Peter morreu... Eu não queria que ele tivesse morrido. Não queria mesmo! Mas, tudo isso, de alguma forma, fez com que eu me apaixonasse por ele... Imagine se todos tivessem um amor como esse, se pudessem sentir um sentimento com tamanha intensidade e ternura... Ir a Paris e tomar um bom café lá, com certeza, vai entrar na minha lista de ambições u-u Ok! Talvez eu seja melancólica demais :P Enfim, obrigado por nós apresentar e adaptar essa história! Tenho muito o que agradecer! Te espero pra próxima, e espero que escreva uma sua u-u (já fico imaginando as barbaridades que você pode escrever, opaksop). Se escrever tão bem quanto escolhe livros, haha, estaremos bem u-u Até a próxima, se cuide, e bem, besos!
-
dricaesposito Postado em 02/10/2013 - 09:07:25
Vou chorar;(;(, sua ruim. Amei a webb, bjs até a proxima.
-
aniinhaesposito Postado em 01/10/2013 - 13:43:08
chorei ate. nunca pensei que o peter ia morrer achei que no ultimo momento a lali fosse conseguir mudar ele mas foi lindo a web. to chorando ate agora. que nos volvamos a ver hija
-
maresposito Postado em 30/09/2013 - 22:42:34
FALA SÉRIO TÔ CHORANDO AQUI GATITA:( VOU SENTIR SAUDADES MUITAS SAUDADES.BOM EU QUERO TE DIZER QUE ESSA WEB É UMA DAS MELHORES QUE EU JÁ LI.E TIPO ASSIM EU TÔ CHORANDO AQUI E DAQUI A POUCO VOU FICAR COM OLHEIRAS POR CAUSA DISSO MAS VALEU A PENA TER LIDO CADA CAPÍTULO.SÉRIO EU É QUE AGRADEÇO POR VOCÊ TER ADAPTADO ESSA HISTÓRIA TÃO LINDA.
-
viilaliter Postado em 30/09/2013 - 22:27:22
nem vou comentar nada pq vc sabe o quanto to chorando aqui
-
aniinhaesposito Postado em 30/09/2013 - 13:26:07
obrigada eu vou sim hahaha ai Deus o peter ta vivo?? posta mais sabe como sou curiosa hahaha
-
dricaesposito Postado em 30/09/2013 - 10:57:06
ahhhhhhhh eu vou chorar, n pode acabar assim tão rápido. tadinha da Lali estou com pena dela. tomara q ela consiga impedir o Peter de se matar. posta mais
-
imdreamer Postado em 30/09/2013 - 10:11:54
ooh meu Deus! Não me diga que ele ainda está vivo?! Ele quer se despedir dela?! Ele é um príncipe! Cara, no começo Euge parecia tão egoísta... E agora ela está tão mais.. ah, não sei! Ela está sendo um anjo! Um anjo ainda um pouco egoísta u.u exijo os capítulos ainda hoje u-u estou meeeeeeega ansiosa pelos últimos capítulos! Sua fã sim u-u
-
viilaliter Postado em 30/09/2013 - 07:31:18
pode ate parecer que sou chorona, mas nem sou. posso ate ter cara de chorona, mas nao sou. so choro em ultimo recurso, em emoções mt fortes e as vezes ainda me seguro ok? ha diversas possibilidades e eu so quero pensar na melhor e mais linda: Lali vai pra Suíça e impede ele de fazer essa besteira.então o Peter só quer morrer se ela estiver la junto? gENTE! Scrr! deixa eu dar um beijo nesse gostoso antes do final! eugenia tem sido uma diva com a Lali, serio. ain cara, ja ta no final? agora sim vou chorar. posta hoje plmdds! quero começar outubro chorando u-u
-
maresposito Postado em 30/09/2013 - 01:21:19
POIS É,É BOM A LALI PEGAR AQUELE VOO PRA SUÍÇA ANTES QUE O PIOR ACONTEÇA.DE NADA,ESSE SITE É UMA LOUCURA ISSO SEMPRE ACONTECE