Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter

Pensei um pouco.

Lali: Hum… certo… Bom, outro dia, você reparou nos meus sapatos, não foi?

Peter: Difícil não reparar.

Lali: Pois minha mãe diz que gosto de sapatos diferentes desde os três anos. Ela comprou para mim galochas com purpurina azul-turquesa, o que na época era bem diferente, as crianças tinham apenas galochas verdes ou, no máximo, vermelhas. Ela diz que desde esse dia, não as tirei mais do pé. Usava para dormir, tomar banho e para ir à creche até no verão. Meu visual preferido eram essas galochas com purpurina e meia-calça de abelhinha.

Peter: Meia-calça de abelhinha?

Lali: Tinham listras pretas e amarelas.

Peter: Que coisa linda. — irônico.

Lali: Eram meio cafonas.

Peter: Bom, é verdade. Parece um pouco rebelde.

Lali: Você pode achar que não, mas, por incrível que pareça, Peter Lanzani, nem todas as garotas se vestem só para agradar os rapazes.

Peter: Bobagem.

Lali: Não, não é.

Peter: As mulheres fazem tudo pensando nos homens. Todo mundo faz as coisas pensando em sexo. Não leu A Rainha Vermelha? — perguntou Peter.

Lali: Nunca ouvi falar. Mas garanto a você que não sentei na sua cama para cantar a Canção Molahonkey com segundas intenções. E aos três anos eu simplesmente adorava usar meias listradas.

Percebi que a preocupação que senti o dia todo aos poucos ia sumindo junto com os comentários de Peter. Eu não era mais a única responsável por um pobre tetraplégico. Estava apenas sentada com um sujeito particularmente irônico, batendo um papo.

Peter: Mas, e aí, o que aconteceu com as belas galochas de purpurina?

Lali: Mamãe teve de jogar fora. Meus pés cresceram rápido.

Peter: Que ótimo.

Lali: As meias também foram para o lixo.

Peter: Por quê?

Lali: Nunca soube. Mas fiquei arrasada. Nunca mais tive meias das quais gostasse tanto. Como aquelas não existem mais. Ou, se existem, não fazem para adultos.

Peter: Que estranho.

Lali: Ah, pode zombar. Você nunca gostou tanto assim de alguma coisa? — Eu mal o enxergava, o quarto estava praticamente no escuro. Podia ter acendido a luz, mas algo me impediu. E assim que percebi o que tinha dito, me arrependi.

Peter: Sim — disse ele, baixinho. — Já gostei.

Conversamos mais um pouco até que Peter acabou adormecendo. Fiquei ali observando sua respiração, e algumas vezes imaginava o que ele diria caso acordasse e me visse ali encarando-o, olhando para o seu cabelo comprido demais, os olhos fundos e a barba por fazer. Mas não conseguia me mexer. As horas tinham se tornado irreais, uma ilha fora do tempo. Eu era a única pessoa na casa e tinha medo de deixá-lo. Pouco depois das onze horas, percebi que ele começou a transpirar de novo, sua respiração ficou mais curta. Acordei-o e dei um remédio para febre. Ele não falou nada, só murmurou um obrigado. Troquei o lençol que o cobria e as fronhas e quando ele finalmente adormeceu de novo, deitei perto dele e, bem depois, também peguei no sono.

Acordei com alguém me chamando. Abri os olhos lentamente. Eu estava na cama. Pisquei, consegui focar a vista e vi Emilia Lanzani me olhando de cima. Ela usava um pesado casaco de lã e uma bolsa pendurada no ombro.

Emilia: Mariana. — Levantei-me, assustada. Ao meu lado, Peter dormia sob as cobertas, a boca entreaberta, os braços dobrados na frente do corpo. A luz entrava pela janela, mostrando uma manhã clara e fria.

Lali: Hum.

Emilia: O que você está fazendo? — Senti como se tivesse sido surpreendida fazendo algo horrível. Esfreguei o rosto, tentando entender o que se passava. Por que eu estava ali? O que devia dizer a ela? — O que está fazendo na cama de Peter?

Lali: Peter… — repeti, baixinho. — Peter não estava bem… achei que devia ficar de olho…

Emilia: O que significa não estava bem? Venha, vamos para o corredor. — Ela saiu do quarto, esperando que eu a seguisse.

Fui atrás dela tentando ajeitar minhas roupas. Tinha a horrível impressão de que minha maquiagem estava toda borrada. Ela fechou a porta do quarto de Peter. Fiquei de frente para ela, tentando arrumar o cabelo enquanto concatenava as ideias.

Lali: Peter estava com febre. Gaston conseguiu abaixar a temperatura quando chegou, mas eu não sabia daquele negócio de equilíbrio da temperatura corporal e queria ficar de olho nele… Gaston disse para eu ficar… — Minha voz estava grossa, esquisita, e eu não tinha certeza se o que falava tinha alguma coerência.

Emilia: Por que não me ligou? Se ele estava doente, você devia ter me ligado na mesma hora. Ou para o Sr. Lanzani. — Meus neurônios pareceram se conectar de repente. O Sr.Lanzani. Ai, meu Deus. Olhei o relógio. Eram quinze para as oito.

Lali: Eu não… Gaston parecia…

Emilia: Escute, Mariana. Realmente não se trata de ciência interplanetária. Se Peter estava doente a ponto de você precisar dormir no quarto dele, devia ter me avisado.

Lali: Sim. — Pisquei, encarando o chão.

Emilia: Não entendo por que não me ligou. Tentou ao menos ligar para o Sr. Lanzani? — Gaston disse para eu não contar nada.

Lali: Eu… — Nesse instante, a porta do anexo se abriu e o Sr. Lanzani apareceu com um jornal dobrado embaixo do braço.

Juan: Você voltou! — disse ele para a esposa, tirando os flocos de neve dos ombros. — Fiz um esforço para conseguir sair e comprar jornal e leite. As estradas estão muito perigosas. — Ela o encarou e por um momento me perguntei se havia percebido que o marido usava a mesma camisa e o mesmo suéter do dia anterior.

Emilia: Sabia que Peter passou a noite doente? — Ele olhou diretamente para mim. Olhei para meus pés. Acho que nunca fiquei tão sem jeito.

Juan: Você me ligou, Mariana? Desculpe… não ouvi. Acho que o interfone de casa está com defeito. Ele já não funcionou outras vezes. E eu também não estava me sentindo muito bem na noite passada.

Eu ainda estava usando as meias de Peter. Olhei para elas, imaginando o que a Sra. Lanzani ia achar daquilo também. Mas ela parecia distraída.

Emilia: Foi uma longa viagem até em casa. Acho que… vamos deixar isso para lá. Mas, se acontecer algo parecido de novo, você deve me ligar imediatamente. Entendeu? — Não queria olhar para o Sr. Lanzani.

Lali: Sim — respondi, e sumi dali ao entrar na cozinha.

***

Oi gente.

Dedicado a:

vii: Ok então não tem ninguem revoltado. Graças a Deus acabou essas provas. Peter ta ficando dodinho u-u. Mas tudo pra voce tem qe ter malicia né? Não pode falar de fogo interior qe voce ja pensa qe é fogo no rabo kkk. Ta postado.

aniinha: Ta postado mamy.

drica: Ta amolecendo sim *--* te obedece nada, me obedece kkk. Amooo deixar o povo curioso, ta postado.

shelencoa: Ta postado

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