Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter
Pode parecer que não fazíamos muita coisa. Mas, na verdade, os dias com Peter eram sutilmente diferentes, variando conforme o humor dele e, mais importante, a intensidade das dores. Alguns dias, quando eu chegava, percebia pela rigidez do maxilar dele que não queria falar comigo, nem com ninguém. Assim, eu me ocupava do anexo, tentando prever o que ele ia precisar para não ter que perguntar.
As dores dele tinham causas variadas. Havia a dor pela perda muscular — apesar de toda a fisioterapia feita por Gaston, Peter tinha muito menos músculos para sustentar o corpo. Havia a dor de estômago causada por problemas digestivos; a dor no ombro; a dor por infecção urinária — inevitável, apesar dos esforços de todos. Ele também tinha uma úlcera estomacal devido ao excesso de analgésicos que tomara como se fossem balinhas no início da recuperação.
De vez em quando, tinha escaras na pele por ficar sentado na mesma posição durante muito tempo. Por duas vezes, precisou ficar na cama para que as feridas cicatrizassem, mas ele detestava ficar na cama. Ficava deitado ouvindo o rádio, os olhos brilhando de raiva de tal forma que nem conseguia controlar. Peter também tinha dores de cabeça. Para mim isso era efeito colateral da raiva e frustração que sentia. Ele tinha muita energia mental mas não podia usá-la para nada. Tinha de descontar em alguma coisa.
Mas o que mais incomodava era a incessante queimação nas mãos e nos pés que não o deixava pensar em outra coisa. Eu trazia uma tigela de água gelada e mergulhava as mãos dele, ou enrolava os pés em uma flanela fria na esperança de amenizar seu desconforto. Um músculo da sua mandíbula se retesava e ficava pulsando e de vez em quando Peter parecia sair do ar, como se a única forma de não sentir dor fosse deixar o próprio corpo. Surpreendentemente, eu havia me acostumado às suas necessidades físicas. Parecia injusto que, além de não poder usar ou sentir as mãos e os pés, eles ainda causassem tanto desconforto.
Apesar de tudo, ele não reclamava. Por isso levei semanas para perceber que estava sofrendo. Agora eu conseguia decifrar o cansaço em seu olhar, os silêncios, o jeito como ele parecia se refugiar dentro de si mesmo. Ele apenas pedia: — Pode trazer água gelada, Mariana? — ou: — Acho que preciso de alguns analgésicos.
Às vezes, a dor era tanta que ele ficava pálido, de um branco pastoso. Esses eram os piores dias.
Mas nos outros dias nós nos dávamos muito bem. Ele não parecia mais mortalmente ofendido quando eu falava com ele, como no começo. Naquele dia, tive a impressão de que ele estava sem dor. Quando a Sra. Lanzani veio nos avisar que as faxineiras demorariam ainda uns vinte minutos, fiz mais um chá para nós e demos outra volta vagarosa pelo jardim, Peter conduzindo a cadeira pelo caminho de pedras e eu olhando minhas sapatilhas de cetim escurecerem na grama molhada.
Per: Interessante escolha de sapatos — observou Peter. Eram verde-limão. Encontrei-as num brechó. Benjamin disse que eu ficava parecendo um duende drag queen. — Sabe, você não se veste como alguém daqui. Sempre aguardo ansioso a próxima combinação maluca de roupas com que vai aparecer.
Lali: Como é que “alguém daqui” deveria se vestir? — Ele virou a cadeira de rodas um pouco à esquerda para evitar um galho no caminho.
Peter: Com roupas esportivas de fleece. Ou, se for como minha mãe, com terninhos da Jaeger ou da Whistles. — Ele olhou para mim. — Então, onde você adquiriu seu gosto exótico? Morou fora?
Lali: Não.
Peter: Sempre morou aqui? Onde trabalhou?
Lali: Aqui, só. — Virei-me para ele e cruzei os braços, na defensiva. — O que tem de estranho nisso?
Peter: É uma cidade tão pequena. Tão limitada. Tudo gira em torno do castelo. — Paramos no meio do caminho e olhamos para ele, surgindo a distância em sua estranha colina que lembrava um domo, tão perfeita que parecia desenhada por uma criança. —Você tem vinte e seis anos, Esposito. Devia estar lá fora, buscando conquistar o mundo, arrumando confusão em bares, mostrando seu estranho guarda-roupa para homens espertos…
Lali: Estou contente aqui — disse.
Peter: Bom, não deveria.
Lali: Você gosta de dizer às pessoas o que elas devem fazer, não?
Peter: Só quando estou certo — disse ele. — Pode arrumar meu copo? Não consigo alcançar. — Virei o canudinho do copo para que ele pudesse alcançá-lo mais facilmente e esperei enquanto ele bebia. Ele fez uma careta. — Meu Deus, para quem vivia disso, você faz um chá horrível.
Lali: Você está acostumado com chá lésbico — falei. — Aquele negócio de erva Lapsang souchong.
Peter: Chá lésbico! — Ele quase se engasgou ao rir. — Bom, é melhor do que esse verniz de escada. Meu Deus. Dá para apoiar uma colher em cima.
Lali: Quer dizer que até o meu chá é ruim. — Sentei-me no banco de frente para ele. — E o que acha de você dar palpite sobre cada coisa que eu digo ou faço, quando ninguém mais diz nada?
Peter: Continue, Mariana Esposito. Diga o que acha.
Lali: De você? — Ele soltou um suspiro dramático.
Peter: E eu tenho escolha?
Lali: Você podia cortar o cabelo. Desse jeito, parece um mendigo.
Peter: E você agora parece a minha mãe.
Lali: Bom, você fica horrível. Podia fazer a barba, pelo menos. Essa cabeleira toda não dá coceira? — Ele me olhou de rabo de olho. — Dá, não é? Eu sabia. Certo: rasparei tudo esta tarde.
Peter: Ah, não.
Lali: Sim, senhor. Você pediu a minha opinião. Pois é essa. Não precisa fazer nada, pode deixar comigo.
Peter: E se eu não quiser?
Lali: Eu farei de qualquer jeito. Se ficar mais comprido, daqui a pouco estarei tirando restos de comida do seu cabelo. E se isso acontecer, sinceramente, terei de processá-lo por comportamento inadequado no local de trabalho. — Ele sorriu, como se estivesse se divertindo comigo. Pode parecer um pouco triste, mas os sorrisos de Peter eram tão raros que fiquei meio orgulhosa de provocar um.
Peter: Escute, Esposito. Pode me fazer um favor? — perguntou ele. Eu concordei — Coce a minha orelha, sim? Está me deixando doido.
Lali: Se eu coçar, vai me deixar cortar seu cabelo? Só uma aparadinha?
Peter: Não abuse da sorte.
Lali: Psiu. Não me deixe nervosa. Não sou muito boa com a tesoura.
***
Autor(a): Lee CasiAngeles
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Encontrei as lâminas de barbear e um pouco de creme no armário do banheiro, enfiados atrás de lenços de papel e do algodão como se não fossem usados há muito tempo. Convenci-o a entrar com a cadeira de rodas no banheiro, enchi a pia com água morna, fiz Peter inclinar um pouco a cabeça e coloquei uma toalha quente ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 178
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imdreamer Postado em 02/10/2013 - 17:53:04
Você é malvada! Chorei horrores por sua culpa! Mas, mesmo assim, foi perfeito! A história foi perfeita! E até mesmo o modo como o Peter morreu... Eu não queria que ele tivesse morrido. Não queria mesmo! Mas, tudo isso, de alguma forma, fez com que eu me apaixonasse por ele... Imagine se todos tivessem um amor como esse, se pudessem sentir um sentimento com tamanha intensidade e ternura... Ir a Paris e tomar um bom café lá, com certeza, vai entrar na minha lista de ambições u-u Ok! Talvez eu seja melancólica demais :P Enfim, obrigado por nós apresentar e adaptar essa história! Tenho muito o que agradecer! Te espero pra próxima, e espero que escreva uma sua u-u (já fico imaginando as barbaridades que você pode escrever, opaksop). Se escrever tão bem quanto escolhe livros, haha, estaremos bem u-u Até a próxima, se cuide, e bem, besos!
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dricaesposito Postado em 02/10/2013 - 09:07:25
Vou chorar;(;(, sua ruim. Amei a webb, bjs até a proxima.
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aniinhaesposito Postado em 01/10/2013 - 13:43:08
chorei ate. nunca pensei que o peter ia morrer achei que no ultimo momento a lali fosse conseguir mudar ele mas foi lindo a web. to chorando ate agora. que nos volvamos a ver hija
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maresposito Postado em 30/09/2013 - 22:42:34
FALA SÉRIO TÔ CHORANDO AQUI GATITA:( VOU SENTIR SAUDADES MUITAS SAUDADES.BOM EU QUERO TE DIZER QUE ESSA WEB É UMA DAS MELHORES QUE EU JÁ LI.E TIPO ASSIM EU TÔ CHORANDO AQUI E DAQUI A POUCO VOU FICAR COM OLHEIRAS POR CAUSA DISSO MAS VALEU A PENA TER LIDO CADA CAPÍTULO.SÉRIO EU É QUE AGRADEÇO POR VOCÊ TER ADAPTADO ESSA HISTÓRIA TÃO LINDA.
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viilaliter Postado em 30/09/2013 - 22:27:22
nem vou comentar nada pq vc sabe o quanto to chorando aqui
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aniinhaesposito Postado em 30/09/2013 - 13:26:07
obrigada eu vou sim hahaha ai Deus o peter ta vivo?? posta mais sabe como sou curiosa hahaha
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dricaesposito Postado em 30/09/2013 - 10:57:06
ahhhhhhhh eu vou chorar, n pode acabar assim tão rápido. tadinha da Lali estou com pena dela. tomara q ela consiga impedir o Peter de se matar. posta mais
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imdreamer Postado em 30/09/2013 - 10:11:54
ooh meu Deus! Não me diga que ele ainda está vivo?! Ele quer se despedir dela?! Ele é um príncipe! Cara, no começo Euge parecia tão egoísta... E agora ela está tão mais.. ah, não sei! Ela está sendo um anjo! Um anjo ainda um pouco egoísta u.u exijo os capítulos ainda hoje u-u estou meeeeeeega ansiosa pelos últimos capítulos! Sua fã sim u-u
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viilaliter Postado em 30/09/2013 - 07:31:18
pode ate parecer que sou chorona, mas nem sou. posso ate ter cara de chorona, mas nao sou. so choro em ultimo recurso, em emoções mt fortes e as vezes ainda me seguro ok? ha diversas possibilidades e eu so quero pensar na melhor e mais linda: Lali vai pra Suíça e impede ele de fazer essa besteira.então o Peter só quer morrer se ela estiver la junto? gENTE! Scrr! deixa eu dar um beijo nesse gostoso antes do final! eugenia tem sido uma diva com a Lali, serio. ain cara, ja ta no final? agora sim vou chorar. posta hoje plmdds! quero começar outubro chorando u-u
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maresposito Postado em 30/09/2013 - 01:21:19
POIS É,É BOM A LALI PEGAR AQUELE VOO PRA SUÍÇA ANTES QUE O PIOR ACONTEÇA.DE NADA,ESSE SITE É UMA LOUCURA ISSO SEMPRE ACONTECE