Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter

Juan: Acho uma ótima ideia — disse o Sr. Lanzani. — Seria maravilhoso que Peter passeasse por aí. Não pode ser bom para ele passar dia após dia olhando para quatro paredes.

Emilia: Tentamos sair com ele, Juan — disse a Sra. Lanzani. — Não queríamos que ficasse mofando em casa. Tentei inúmeras vezes.

Juan: Eu sei, querida, mas não deu muito certo, não é? Se Mariana está disposta a sugerir coisas que ele queira tentar, só pode ser algo bom, não acha?

Cande: Bom, “disposta a sugerir” é a frase-chave.

Lali: É só uma ideia — insisti. De repente, fquei irritada. Sabia o que ela estava pensando. — Se vocês não quiserem...

Emilia: ...você vai embora? — ela olhava direto para mim.

Sustentei o olhar. Emilia Lanzani não me assustava mais. Pois agora sabia que ela não era melhor do que eu. Era uma mulher capaz de sentar-se e deixar o filho morrer bem na sua frente.

Lali: Sim, provavelmente irei.

Cande: Então, isso é uma chantagem.

Juan: Candela!

Cande: Bom, não vamos encobrir os fatos, papai. — Aprumei-me um pouco.

Lali: Não, não é chantagem. É o que posso oferecer. Não posso ficar parada esperando até que... Peter... bem. — Minha voz sumiu. Cada um olhou para sua xícara de chá.

Juan: Como eu disse — repetiu o Sr. Lanzani, firme. — Acho que é uma ideia muito boa. Se conseguir convencer Peter, não há mal nenhum. Adoraria que ele saísse de férias. Só... só diga o que precisamos fazer.

Emilia: Tive uma ideia. — A Sra. Lanzani pôs a mão no ombro da filha. — Você poderia sair de férias com eles, Candela.

Lali: Acho ótimo — concordei. Achava mesmo. Pois a possibilidade de eu levar Peter de férias era a mesma de competir no Mastermind.

Candela Lanzani mexeu-se desconfortável no sofá.

Cande: Não posso. Você sabe que começo no novo emprego daqui a duas semanas. Não poderei voltar para a Inglaterra tão cedo.

Emilia: Você vai retornar para a Austrália?

Cande: Não fique tão surpresa, mamãe. Eu disse que era apenas uma visita.

Emilia: Eu só achei que... considerando os últimos fatos, você fosse querer ficar um pouco mais. — Emilia Lanzani olhava para a filha como jamais olhara para Peter, por mais agressivo que ele fosse.

Cande: É um emprego muito bom, mamãe. Eu corri atrás dele por dois anos. — Ela olhou para o pai. — Não posso colocar minha vida em suspenso por causa do estado psicológico de Peter. — Fez-se um longo silêncio.

Cande: Não é justo. Se eu estivesse numa cadeira de rodas, você pediria para Peter mudar os planos dele? — A Sra. Lanzani não olhou para a filha. Abaixei a cabeça e li e reli em silêncio o primeiro parágrafo da minha lista de sugestões. — Eu também tenho uma vida, sabe. — A frase saiu como um protesto.

Juan: Vamos discutir isso outra hora. — O Sr. Lanzani colocou a mão no ombro da filha e o apertou de leve.

Emilia: É, vamos. — A Sra. Lanzani mexeu nos papéis em seu colo. — Muito bem. Então proponho que façamos desta forma: quero saber tudo o que está planejando — disse, olhando para mim. — Quero saber os preços e, se possível, as datas para tentar conseguir uma folga e ir com vocês. Tenho alguns dias de férias que não tirei, posso...

Juan: Não. — Todas nós viramos para o Sr. Lanzani. Ele acarinhava a cabeça do cachorro com uma expressão simpática, mas sua voz era firme. — Não. Acho que você não deve ir, Emilia. Peter precisa fazer isso sozinho.

Emilia: Juan, ele não pode fazer isso sozinho. Ele precisa levar muitas coisas quando vai a qualquer lugar. É complicado. Acho que não podemos deixar por conta de...

Juan: Não, querida — repetiu ele. — Gaston pode ajudar e Mariana consegue muito bem dar conta.

Emilia: Mas...

Juan: Temos que deixar Peter se sentir um adulto. O que será impossível com a mãe ou, quem sabe, a irmã sempre ao lado dele.

Lali: Posso garantir que ele vai ficar bem — disse. — E vou avisar com bastante antecedência tudo o que pretendemos fazer. Também desejo que Peter queira viver — acrescentei, por fim.

Juan: Nós sabemos — disse o Sr. Lanzani. — E agradecemos a sua determinação. E discrição.

Não entendi bem se isso era em relação a Peter, ou a outra coisa completamente diferente; ele então se levantou e percebi que era um sinal para eu me retirar. Candela e a mãe continuaram no sofá, caladas. Concluí que, assim que eu saísse da sala, eles continuariam a conversar sobre o assunto.

Lali: Muito bem — concluí. — Mostrarei o plano a vocês depois de estruturar tudo na minha cabeça. Não demoro. Não temos muito... — O Sr. Lanzani deu um tapinha no meu ombro.

Juan: Eu sei. Basta nos avisar o que decidiu — disse.

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