Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter

Nicolas: Três meses! — explodiu papai, quando mamãe colocou uma xícara de chá em minhas mãos. — Bom, é generoso da parte dele, já que ela trabalhou como escrava naquele lugar nos últimos seis anos.

Gime: Nicolas. — Mamãe o olhou com um olhar de aviso, indicando Thomas com a cabeça. Meus pais cuidavam dele depois da escola até Euge voltar do trabalho.

Nicolas: Ela vai trabalha aonde agora? No mínimo, poderia ter sido avisada com mais de um dia de antecedência.

Gime: Bom… ela simplesmente vai ter de arrumar outro emprego.

Nicolas: Não tem outra porcaria de emprego, Gimena. Você sabe tão bem quanto eu. Estamos numa maldita recessão. — Mamãe fechou os olhos por um instante, como se estivesse se controlando antes de falar.

Gime: Ela é uma garota inteligente. Vai achar alguma coisa. Tem um currículo consistente, não tem? Vico vai escrever uma boa carta de referências.

Nicolas: Ah, grande coisa… “Mariana Esposito é muito boa em passar manteiga na torrada e

excelente com o velho bule de chá.”

Lali: Obrigada pelo voto de confiança, pai.

Nicolas: Só to falando.

Eu sabia o verdadeiro motivo da preocupação de papai. Eles dependiam do meu salário. Euge ganhava quase nada na floricultura. Mamãe não podia trabalhar, pois tinha de cuidar do vovô e a pensão dele era mínima; papai estava sempre tenso em relação a seu emprego na fábrica de móveis. Fazia meses que o patrão vinha resmungando sobre um possível corte de pessoal. Meu modesto salário vinha sendo o suficiente para ajudar a cuidar de nossa família a cada semana.

Gime: Não vamos nos precipitar. Amanhã ela pode ir ao Centro de Trabalho e ver quais

são as ofertas. Ela tem o sufciente para se sustentar, por enquanto. — Eles falavam

como se eu não estivesse ali. — E é inteligente. Você é inteligente, não é, querida? Talvez possa trabalhar em um escritório.

Eu me sentei enquanto meus pais discutiam que trabalhos eu poderia conseguir com minhas poucas qualificações. Pela primeira vez naquela tarde, tive vontade de chorar. Thomas me olhava com seus grandes olhos redondos e, sem dizer nada, me deu a metade de um biscoito babado.

Lali: Obrigada, Tommy — falei apenas movendo os lábios, sem emitir som, e comi o biscoito.

Ele estava na academia de ginástica, como eu sabia que estaria. De segunda a quinta, pontual como sempre, Benjamin ficava lá se exercitando ou dando voltas na pista. Subi a escada abraçando a mim mesma para me proteger do frio e entrei devagar na pista, acenando quando ele chegou perto o bastante para conseguir me ver.

Benja: Venha correr comigo — disse ele, ofegante, ao se aproximar. — Faltam quatro voltas.

Relutei por um instante e então comecei a correr ao seu lado. Era o único jeito de conseguir ter qualquer tipo de conversa com ele.

Benja: Não estava esperando por você.

Lali: Eu me cansei de ficar em casa. Pensei que talvez pudéssemos fazer alguma coisa. — Ele me olhou de canto

Benja: Quanto antes você arrumar outro emprego, querida, melhor.

Lali: Eu perdi meu emprego há apenas vinte e quatro horas. Será que eu posso me sentir um pouco infeliz e desanimada? Sabe, só por hoje?

Benja: Você precisa ver o lado bom. Você sabia que não poderia ficar naquele emprego para sempre. Precisa seguir em frente.

Há dois anos atrás, Benjamin tinha sido eleito o Jovem Empreendedor do Ano de Stortfold e ainda não tinha se recuperado bem da fama. Ele achava que todos deveriam sempre estar se superando a todo o momento.

Benja: Lali, perder o emprego pode mudar a vida de uma pessoa. — Ele deu uma olhada no relógio, conferindo em quanto tempo havia feito aquela volta. — O que você quer fazer? Podia estudar. Tenho certeza de que o mercado valoriza gente como você.

Lali: Gente como eu?

Benja: Sim, que busca uma nova oportunidade. O que você quer ser? Poderia ser esteticista. É bonita o bastante. — Fez um sinal para mim enquanto corria, como se eu devesse agradecer o elogio.

Benjamin começou a correr mais rápido, e eu, fiquei para trás. Detesto correr.

Benja: Pense… lojista. Secretária. Corretora de imóveis. Sei lá… deve ter alguma coisa que você queira fazer.

Mas não tinha. Eu gostava de trabalhar no café. Gostava de saber tudo o que era possível saber a respeito do The Coffee Bar e de escutar sobre a vida das pessoas que frequentavam o lugar. Eu me sentia bem lá.

Benja: Não pode ficar infeliz, querida. Você precisa superar isso. Pense bem, ponha uma roupa bonita e vá ao Centro de Trabalho. Ou posso treinar você para trabalhar comigo, se quiser. Você sabe que personal trainer dá dinheiro. E não se preocupe com os gatos, eu pago. — Sorri para ele. Ele me jogou um beijo e sua voz ecoou pelo ginásio vazio.

— Você pode me pagar quando voltar a trabalhar.

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