Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter

Dessa vez, não fiz planos. Não estava esperando nada. Só queria que, após o fracasso da corrida de cavalos, Peter ainda tivesse disposição para sair do anexo. O amigo violinista mandou os tais convites, um folheto com informações e o endereço do evento. Ficava a quarenta minutos de carro. Cumpri com meu dever e liguei antes para saber onde ficava o estacionamento de deficientes físicos e a melhor maneira de conduzir Peter até o local. Eles reservariam lugares na primeira fila para nós e me sentaria numa cadeira dobrável ao lado dele.

— Na verdade, esse é o melhor lugar que temos — disse a bilheteira, animada. — É mais impactante quando se fica bem próximo ao fosso da orquestra. É onde eu mesma gostaria de me sentar.

Ela perguntou até se queríamos que alguém nos encontrasse no estacionamento para ajudar a chegar aos nossos lugares. Com medo de Peter achar que isso chamaria muito a atenção, agradeci e disse que não seria preciso.

À medida que a noite foi chegando, não sei quem ficava mais nervoso: Peter ou eu. Eu lembrava do fracasso da última saída e a Sra. Lanzani não ajudava entrando e saindo do anexo quatorze vezes para confirmar onde e quando era o evento e o que faríamos exatamente.

A rotina vespertina de Peter exige certo tempo, ela disse. Ela precisava ter certeza que alguém estaria à disposição para ajudar. Mas Gaston tinha outros compromissos naquele dia e aparentemente o Sr. Lanzani iria sair.

Emilia: Demora pelo menos uma hora e meia para prepará-lo — ela reforçou.

Peter: E é incrivelmente entediante — acrescentou Peter. Percebi que ele estava procurando uma desculpa para não ir.

Lali: Eu faço o que for preciso, basta Peter me dizer como. Não me incomodo de ficar aqui para ajudar. — Só percebi o que estava aceitando depois que já tinha falado.

Peter: Bom, nós dois estamos ansiosos para isso — disse Peter, amuado, depois que a mãe saiu.— Você vai dar uma boa conferida na minha bunda e então serei carregado por uma pessoa que desmaia ao ver alguém nu.

Lali: Eu não desmaio ao ver alguém nu.

Peter: Esposito, você é a pessoa que fica mais desconfortável com o corpo humano que já vi. Parece até que acha que contém elementos radioativos.

Lali: Vamos pedir para a sua mãe dar banho em você, então — retruquei, ríspida.

Peter: É, assim fico com mais vontade ainda de sair.

E ainda havia o problema da roupa. Eu não sabia o que vestir.

Usei a roupa errada para ir ao hipódromo. Como ter certeza que não iria errar de novo? Perguntei a Peter o que devia vestir e ele me olhou como se eu fosse Louca.

Peter: As luzes estarão apagadas — explicou. — Ninguém vai olhar para você. Todos estarão atentos à música.

Lali: Você não entende nada de mulher — falei.

Acabei trazendo no ônibus quatro roupas diferentes, penduradas na velha capa para ternos de meu pai. Era a única maneira.

Gaston chegou às cinco e meia para o intervalo do chá e, enquanto ele cuidava de Peter, fui para o banheiro me arrumar. Primeiro, experimentei a roupa mais “artística”, um vestido verde larguinho com enormes contas de âmbar aplicadas. Eu achava que as pessoas que iam a concertos deviam ser bem artísticas e exibidas. Tanto Peter quanto Gaston olharam para mim assim que entrei na sala.

Peter: Essa roupa, não — disse Peter, direto.

Gaston: Parece algo que a minha mãe usaria — acrescentou Gaston. Os dois riram enquanto eu voltava para o banheiro.

A segunda roupa era um vestido preto bem sério, de corte enviesado, gola e punhos brancos, que eu mesma tinha feito. Para mim, ele era ao mesmo tempo chique e parisiense.

Peter: Parece que você vai servir os sorvetes — disse Peter.

Gaston: Nossa, colega, você daria uma boa empregada doméstica — disse Gaston, elogiando. — Você devia usar essa roupa em um evento diurno. Devia mesmo.

Descartei a terceira roupa — calça amarela de boca de sino —, já prevendo que Peter ia lembrar do ursinho com calça amarela, então vesti a quarta opção, um antigo vestido de cetim vermelho-escuro. O modelo fazia parte de uma fase minha mais frugal e eu sempre rezava para o zíper passar pela minha cintura, mas dentro dele ficava com a silhueta de uma estrela de cinema dos anos 1950. Era um vestido “sensação”, daqueles que fazem quem usa se sentir bem. Coloquei um bolero prata sobre os ombros, cobri o decote com uma echarpe de seda cinza, passei um batom combinando e entrei na sala.

Gaston: Ulalá — exclamou Gaston, admirado.

Peter olhou o vestido de cima a baixo. Só então vi que ele estava de terno. Barba feita e cabelo penteado, o que o deixou muito bonito. Não consegui conter o sorriso ao vê-lo.

Não tanto pela sua aparência, mas pelo esforço em se arrumar.

Peter: É esse — disse ele. Sua voz estava inexpressiva e contida. E quando ajeitei a gola, ele completou: — Mas tire o bolero. — Tinha razão. Eu sabia que não estava muito bom. Tirei, dobrei com cuidado e o coloquei no encosto da cadeira. — E a echarpe também. — Levei a mão ao pescoço.

Lali: A echarpe? Por quê?

Peter: Não combina. E parece que você está querendo esconder alguma coisa.

Lali: Mas... assim todo o decote vai ficar aparecendo.

Peter: E daí? — Ele deu de ombros. — Escute, Esposito, se for usar um vestido assim, tem que se sentir segura. É preciso vesti-lo mental e fisicamente.

Lali: Só você, Peter Lanzani, para dizer a uma mulher como ela deve usar um maldito vestido.

Acabei tirando a echarpe.

Gaston foi arrumar a bolsa de Peter. Estava pensando em fazer um comentário sobre como Peter era controlador, quando virei-me e vi que ele continuava me olhando.

Peter: Você está ótima, Esposito. De verdade — disse ele, baixinho.

***

 Oi oi gente

Dedicado a:

aniinha: Não tenho nem coragem de disputa com a Lali kkk Que irmã não é egoista né mãe? Ta postado.

vii: Euge muuito egoista, será que esse passeio vai da certo best? kkk Ta postado

diva: Então você é das minhas, quando li a sinopse do livro já mudei os nomes, ai comecei a ler como Lali e Peter, e não Lou e Wil kkk

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