Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter

Mamãe foi atrás de mim, agitada. Ela colocou uma bandeja com copos na mesa de jantar e então deu uma olhada no relógio.

Gime: Onde está Benjamin?

Lali: Ele vem direto do treino — respondi. — Deve ter se atrasado.

Gime: Ele não podia deixar isso de lado pelo menos no seu aniversário? Esse frango não vai ficar bom se ele demorar demais.

Lali: Mamãe, vai ficar ótimo.

Esperei que ela pousasse a bandeja, depois passei os braços em volta dela e lhe dei um abraço. Ela estava rígida de preocupação. Senti uma repentina onda de afeto por ela. Não devia ser fácil ser minha mãe.

Lali: De verdade, vai ficar ótimo. — Ela se desvencilhou de mim, deu um beijo no alto da minha cabeça e esfregou as mãos no avental.

Gime: Queria que sua irmã estivesse aqui. Parece errado comemorar sem ela.

Para mim, não parecia. Eu estava gostando muito de ser o foco das atenções, para variar. Talvez parecesse infantil, mas era verdade. Adorei que Peter e papai estivessem rindo de mim. Adorei que o jantar (do frango assado à mousse de chocolate) fosse só com meus pratos preferidos. E gostei de ser do jeito que eu quisesse ser, sem que a voz da minha irmã ficasse me lembrando de quem eu tinha sido. A campainha tocou e mamãe agitou as mãos.

Gime: Aí está ele. Lali, por que você não começa a servir? — Benjamin ainda estava corado por causa dos exercícios na pista.

Benja: Feliz aniversário, querida — disse, parando para me beijar. Tinha cheiro de loção pós-barba e desodorante e a pele morna de quem acabou de sair do banho.

Lali: Melhor ir direto para lá — Acenei com a cabeça em direção à sala de estar. — Mamãe está histérica com a hora.

Benja: Ah — Ele olhou o relógio. — Desculpe, devo ter perdido a noção do tempo.

Lali: Com o seu tempo você se preocupa, certo?

Benja: O quê?

Lali: Nada.

Papai tinha levado a grande mesa desmontável para a sala. E, seguindo minhas instruções, também havia encostado um dos sofás na outra parede, de modo que Peter pudesse entrar no cômodo sem obstruções. Peter manobrou a cadeira de rodas para onde mostrei e elevou um pouco o assento para ficar à mesma altura que todos. Sentei-me à esquerda dele e Benjamin ficou em frente. Ele, Peter e vovô se cumprimentaram com a cabeça. Eu tinha alertado Benjamin para que não estendesse a mão para Peter. Quando me sentei, pude notar que Peter observava Benjamin e pensei por um momento se ele seria tão simpático com meu namorado como tinha sido com meus pais. Peter inclinou a cabeça para mim.

Peter: Se der uma olhada na parte de trás da minha cadeira, vai ver que tem uma coisinha para o jantar. — Olhei e enfiei a mão na bolsa atrás da cadeira de Peter. Ao puxar minha mão de volta, ela trouxe uma garrafa de champanhe Laurent-Perrier.— Você sempre deve ter champanhe no seu aniversário — disse ele.

Gime: Ah, olha só — disse mamãe, trazendo os pratos. — Que simpático! Mas não temos taças de champanhe!

Peter: Essas servem — disse Peter.

Benja: Eu abro a garrafa — Benjamin pegou-a, retirou o arame e posicionou seus dedões embaixo da rolha. Continuou observando Peter, como se ele não fosse quem esperava.

Peter: Se fizer assim — observou Peter —, isso vai espirrar para todos os lados — Ele levantou o braço mais ou menos um centímetro, num gesto vago. — Acho que segurar a rolha e ir girando a garrafa pode ser mais seguro.

Nicolas: Eis um homem que conhece o seu champanhe — disse papai. — Faça isso, Benjamin. Girar a garrafa, foi isso que você disse? Bom, quem sabe?

Benja: Eu sei— disse Benjamin. — Era o que eu ia fazer.

O champanhe foi seguramente aberto e servido, e brindamos ao meu aniversário. Levantei-me e fiz uma mesura. Estava com um minivestido amarelo dos anos 60, evasê, comprado no brechó.

Nicolas: Que este seja o ano em que a nossa Lali finalmente cresça — brindou papai. — Eu ia dizer “que ela faça alguma coisa na vida”, mas parece que finalmente ela está fazendo algo. Preciso dizer, Peter, que desde que começou a trabalhar com você, ela... bem, ela realmente amadureceu.

Gime: Estamos muito orgulhosos — disse mamãe. — E gratos. A você. Por dar o emprego a ela, quero dizer.

Peter: Sou eu quem agradece — disse Peter. E olhou de relance para mim.

Nicolas: À Lali — disse papai. — E seu sucesso.

Gime: E aos membros da família que estão ausentes — disse mamãe.

Lali: Caramba — exclamei. — Acho que eu deveria fazer aniversário com mais frequência. Nos outros dias, vocês só me perseguem.

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