Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter

Eles começaram a conversar, papai contando alguma outra história contra mim, o que fez mamãe e ele rirem alto. Foi bom vê-los rir. Naquelas últimas semanas, papai parecia muito cansado, e mamãe estava distraída, como se estivesse sempre em outro lugar. Eu quis aproveitar aqueles momentos, vê-los esquecer um pouco os problemas, com piadinhas entre si e sentimento de união familiar. Apenas por um instante, pensei que eu não teria me incomodado se Thomas estivesse lá. Aliás, Euge também.

Estava tão perdida em pensamentos que levei um instante para notar a cara de Benjamin. Eu estava dando comida para Peter enquanto dizia algo para vovô, dobrando uma fatia de salmão defumado com os dedos e colocando-a na boca de Peter. Aquela era uma parte tão automática do meu dia agora que a intimidade do gesto só me surpreendeu quando vi o choque no rosto de Benjamin. Peter disse alguma coisa para papai e eu encarei Benjamin, querendo que ele parasse com aquilo.

Peter: Salmão delicioso — disse Peter para mamãe. — Um sabor ótimo, realmente.

Gime: Bom, isso não é algo que façamos todos os dias — disse mamãe, sorrindo —, mas quisemos que hoje fosse especial.

Pare de encará-lo, eu disse a Benjamin sem emitir som. Por fim, ele captou meu olhar e olhou para outro lugar. Parecia furioso. Dei a Peter outro pedaço de salmão e, quando ele deu uma olhadela para o pão, também ofereci um pouco. Percebi então, naquele momento, que eu estava tão em sintonia com relação às necessidades de Peter que eu nem precisava olhar para saber o

que ele queria. À nossa frente, Benjamin comia de cabeça baixa, cortando o salmão defumado em pequenos pedaços e pegando-os com o garfo. Deixou o pão.

Peter: Então, Benjamin — disse Peter, talvez percebendo meu desconforto. — Mariana me disse que você é personal trainer. Como é seu trabalho?

Queria que ele não tivesse perguntado. Benjamin entrou no seu linguajar de vendedor, falando sobre motivação pessoal e sobre como um corpo em forma constrói uma mente saudável. Então ele foi em frente com sua agenda de treinos para o Norseman Xtreme — as temperaturas do Mar do Norte, as taxas de gordura necessárias para a maratona, seus melhores tempos em cada área. Em geral, a essa altura da conversa eu desligava, mas tudo o que eu podia pensar naquele momento, com Peter ao meu lado, era em como aquele assunto era inapropriado. Por que Benjamin não respondeu alguma coisa vaga e pronto?

Benja: Na verdade, quando Lali disse que você vinha, pensei em dar uma olhada nos meus livros e ver se há algum exercício que eu possa recomendar. — Engasguei com meu champanhe.

Lali: Isso é um tanto específico, Benjamin. Não sei se você é a pessoa certa para isso.

Benja: Eu posso fazer treinos específicos. Sei trabalhar com lesões causadas pelo esporte. Tenho treinamento médico.

Lali: Não se trata de uma torção no joelho, Benja. Mesmo.

Benja: Há alguns anos, trabalhei com um homem que tinha um cliente paraplégico. Ele disse que hoje o cliente está quase totalmente recuperado. Participa de triatlos e tudo.

Gime: Interessante — disse minha mãe.

Benja: Ele me mostrou uma nova pesquisa feita no Canadá, segundo a qual os músculos podem ser treinados para lembrar as atividades que realizavam anteriormente. Se você os trabalhar o suficiente todos os dias, é como uma sinapse cerebral, eles voltam a funcionar. Aposto que, se fizéssemos uma boa tabela de atividades, você notaria diferença em sua memória muscular. Afinal, Lali me disse que você era um sujeito bastante ativo.

Lali: Benjamin — disse eu, alto. — Você não entende nada disso.

Benja: Eu só estava tentando...

Lali: Bom, não. De verdade.

A mesa ficou em silêncio. Papai tossiu e se desculpou. Vovô deu uma olhada geral, num silêncio precavido. Mamãe fez que ia oferecer mais pão a todos, mas pareceu ter mudado de ideia.

Quando Benjamin voltou a falar, havia um leve tom de martírio em sua voz.

Benja: Era só uma pesquisa que eu pensei que pudesse ajudar. Não falo mais nisso. — Peter olhou e sorriu, o rosto inexpressivo, educado.

Peter: Com certeza vou pensar nessa pesquisa.

O jantar seguiu sem qualquer outro incidente. Pude ver que meus pais ficaram completamente encantados com Peter. Benjamin, menos. Ele e Peter mal trocaram outras palavras. A certa altura, parei de me preocupar. Papai estava perguntando de tudo para Peter: sobre a vida que tinha antes do acidente e até como tinha sido o acidente; Peter parecia estar à vontade o suficiente para respondê-lo. Na verdade, fiquei sabendo de muita coisa que ele nunca tinha me contado.

Mamãe apenas arrulhava para Peter, toda cheia de preocupações com ele. Percebi, ao ver o sorriso dela, que, à certa altura do jantar, ele tinha se tornado apenas um jovem elegante à sua mesa. Como era de se esperar, Benjamin estava irritado.

Vovô: Tem bolo de aniversário? — perguntou vovô, quando mamãe começou a tirar os pratos. A pergunta foi tão clara e inesperada que papai e eu nos entreolhamos, pasmos. A mesa inteira ficou quieta.

Lali: Não. — Dei a volta na mesa e dei um beijo nele. — Não tem, vovô. Sinto muito. Mas tem mousse de chocolate. Você gosta. — Ele concordou, satisfeito. Mamãe sorriu radiante. Acho que nenhum de nós poderia ter recebido melhor presente. O mousse chegou à mesa com um enorme presente quadrado, embrulhado em papel colorido.

Nicolas: Vamos, abra o presente — disse papai.

Abri primeiro o deles, tirando o papel com cuidado para não rasgar. Era um álbum de fotos e cada página tinha uma fotografa de um ano da minha vida. Eu quando era bebê; eu e Euge meninas bochechudas; eu no primeiro dia de aula no ensino médio. Mais recentemente, uma foto minha com Benjamin, aquela em que na verdade estou dizendo para ele não me encher. E eu, de saia cinza, no primeiro dia do novo emprego. Entre as páginas, havia fotos da família tiradas por Thomas, cartas que mamãe guardou das excursões na escola, minha letra infantil contando sobre os dias na praia. Folheei o álbum, e apenas hesitei brevemente quando vi a garota com o cabelo preto, comprido, preso para trás. Virei a página.

Peter: Posso ver? — perguntou Peter.

Gime: Não foi... o melhor ano — respondeu mamãe, enquanto eu passava as páginas diante dele. — Quer dizer, estamos ótimos e tal. Mas, sabe, as coisas são assim mesmo. Outro dia vovô viu um programa na TV sobre fazer seus próprios presentes e achei que isso era algo que poderia... você sabe... realmente ter um significado.

Lali: E tem, mãe. — Meus olhos se encheram de lágrimas. — Eu amei. Obrigada.

Peter: Isso é lindo — disse Peter.

Lali: Eu amei — repeti. — O olhar de completo alívio que ela trocou com papai foi a coisa mais triste que já vi.

Benja: O meu é o próximo. — Benjamin empurrou a caixinha pela mesa. Abri-a devagar, sentindo-me levemente apavorada por aquilo poder ser um anel de noivado. Eu não estava preparada. Mal tinha conseguido um quarto só para mim. Abri a caixinha e, ali, no veludo azul-escuro, estava uma fina corrente dourada com um pingente de estrelinha. Era doce, delicado e não tinha nada a ver comigo. Eu não usava aquele tipo de bijuteria, nunca usei. Pousei meus olhos ali enquanto pensava no que dizer.

Lali: É adorável — falei, e ele se inclinou sobre a mesa e prendeu o colar no meu pescoço.

Benja: Estou feliz que você tenha gostado — disse Benjamin, e me beijou na boca. Juro que ele nunca tinha me beijado daquele jeito na frente dos meus pais. Peter ficou olhando, o rosto impassível.

Nicolas: Bom, acho que agora podemos comer o mousse.

Peter: Também tem uma coisa para você na minha bolsa — disse Peter, baixo. — Está

na parte de trás da minha cadeira. É um embrulho laranja.

Puxei o presente de dentro da mochila de Peter.

***

Hello peoples :D

Dedicado a:

carol: Ta postado linda.

aniinha: Ele fica mais lindo ainda assim, ta postado mami.

mar: Muito fofinha a carta do Peter *--* Ta postado.

vii: Ta ficando muito fofo com o Peter mudando. Se viu best que fofuxo ele falando pra ficar um pouco mais lá fora *-------*. Ain lembro de mim? >< Ta postado beest, ele ta mudando :DD