Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter

Peter: Então, vamos lá, Esposito. Que programas animados você planejou para esta noite?

Estávamos no jardim. Gaston fazia fisioterapia em Peter, levantando as pernas dele até o peito e abaixando-as enquanto Peter estava deitado em um cobertor, seu rosto voltado para o sol, seus braços estendidos, como se estivesse tomando banho de sol. Eu me sentei no gramado perto deles e comi meus sanduíches. Agora, eu raramente saía para almoçar.

Lali: Por quê?

Peter: Curiosidade. Quero saber como passa seu tempo quando não está aqui.

Lali: Bom... esta noite participarei de uma pequena luta de artes marciais avançadas, depois vou de helicóptero jantar em Monte Carlo. E então, no caminho de volta para casa, talvez tome um drinque em Cannes. Se você olhar para cima às... aah... lá pelas duas da manhã, acenarei para você quando passar — respondi. Abri o meu sanduíche e olhei o recheio. — Acho que vou terminar de ler meu livro. — Peter deu uma olhada para Gaston.

Peter: Dez pratas — disse ele, sorrindo. Gaston enfiou a mão no bolso para pegar o dinheiro e falou:

Gas: Sempre assim. — Olhei para os dois e perguntei:

Lali: Sempre assim o quê? — Gaston pôs o dinheiro na mão de Peter.

Gas: Ele disse que você ia ler um livro, eu disse que ia ver TV. Ele sempre ganha a aposta. — O sanduíche grudou nos meus lábios.

Lali: Sempre? Vocês têm apostado quão chata é a minha vida?

Peter: Não usamos essa palavra — respondeu Peter. O olhar levemente culpado me fez pensar em outra coisa.

Lali: Deixe-me ver se entendi. Vocês estão apostando dinheiro se numa noite de sexta feira eu vou estar em casa para ler um livro ou ver TV?

Peter: Não — respondeu Peter. — Teve uma rodada em que apostei que você iria ver o Corredor na pista. — Gaston soltou a perna de Peter. Pegou o braço, esticou-o e começou a massageá-lo a partir do pulso.

Lali: E se eu dissesse que ia fazer uma coisa totalmente diferente?

Gaston: Mas você nunca faz — disse Gaston.

Lali: Na verdade, vou ficar com o dinheiro — falei, tirando a nota de dez da mão de Peter. — Porque esta noite vocês erraram.

Peter: Você disse que ia ler! — protestou.

Lali: Agora que tenho isto — continuei, mostrando a cédula de dez libras —, vou ao cinema. Pronto. Pode acionar o Juizado de Pequenas Causas ou seja lá como se chame.

Levantei, guardei o dinheiro no bolso e joguei o resto do meu almoço no saco de papel pardo. Sorri ao me afastar deles mas, estranhamente, e sem qualquer razão aparente, meus olhos se encheram de lágrimas.

Naquela manhã, fiquei uma hora trabalhando no calendário antes de ir para a Mansão Lanzani. Em alguns dias, eu apenas me sentava na cama e, de lá, olhava o calendário, a caneta na mão, pensando para onde eu poderia levar Peter. Ainda não estava convencida de que poderia levá-lo para muito mais longe e, mesmo com a ajuda de Gaston, pensar em passar a noite em algum lugar parecia uma ideia assustadora.

Olhei o jornal da cidade, à procura de jogos de futebol e festas regionais, mas, após o fracasso das corridas, tive medo de que a cadeira de Peter atolasse na grama. E ficava preocupada que multidões o fizessem se sentir exposto. Tinha de excluir todos os eventos relacionados com cavalos, o que, na nossa região, significava uma quantidade surpreendente de atividades ao ar livre. Sabia que Peter não gostaria de ir ver Benjamin numa corrida e que detestava críquete. Às vezes, eu ficava pasma com minha incapacidade de pensar novas coisas.

Talvez Peter e Gaston tivessem razão. Talvez eu fosse chata. Talvez eu fosse a pessoa menos capacitada do mundo para inventar coisas que pudessem instigar a vontade de viver em Peter.

Um livro, ou a televisão.

Posto assim, era difícil concluir outra coisa a meu respeito.

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