Fanfic: Como eu era antes de você - Laliter | Tema: Laliter

Emilia: Então, você gostaria do emprego? — Foi tão inesperado que pensei ter ouvido errado.

Lali: O que a senhora disse?

Emilia: Precisamos que comece o mais rápido possível. O pagamento será semanal.

Lali: Prefere ficar comigo em vez… — comecei.

Emilia: O horário é puxado, das oito da manhã às cinco da tarde, às vezes mais. Não há exatamente um horário de almoço, mas quando Gaston, o enfermeiro do turno do dia, vier ajudá-lo com a refeição, você deverá ter meia hora livre.

Lali: A senhora não precisaria de alguém… da área médica?

Emilia: Peter recebe todo o cuidado médico que podemos oferecer. Queremos uma pessoa forte… e animada. Ele tem uma vida… complicada, e é importante que seja incentivado a… — Ela se interrompeu, de olhos fixos em alguma coisa do outro lado das janelas. Por fim, voltou-se novamente para mim. — Bom, digamos que o bem estar físico dele é tão importante quanto o mental. Entende?

Lali: Acho que sim. Vou precisar… usar uniforme?

Emilia: Não. Definitivamente nada de uniforme. — Ela olhou minhas pernas. — Embora seja bom que use algo… menos revelador.

Olhei para onde meu paletó tinha escorregado, revelando uma generosa extensão da minha perna.

Lali: Desculpe. Rasgou. Na verdade, a saia não é minha. — Mas a Sra. Lanzani parecia não estar mais ouvindo.

Emilia: Quando você começar, explico o que precisa fazer. No momento, Peter não é a pessoa mais fácil de lidar no mundo, Srta. Esposito. O trabalho vai exigir tanto de sua atitude mental quanto das… habilidades profissionais que possa ter. Então, nós nos vemos amanhã?

Lali: Amanhã? Você não quer… não quer que eu o conheça?

Emilia: Peter não está num bom dia. Acho melhor fazermos isso depois. — Levantei-me, percebendo que a Sra. Lanzani já esperava que eu saísse.

Lali: Muito obrigada. Chego às oito amanhã.

Mamãe estava servindo o jantar, estávamos a mesa meus pai, vovô, Euge, Thomas, Benjamin, que sempre vinha jantar às quartas-feiras.

Gime: Então, quão ruim está esse homem, Lali?

Nicolas: Não deve ser muito grave, se eles o deixam nossa filha cuidar dele — observou papai.

Benjamin: Acho que é uma grande oportunidade. Ela vai trabalhar numa das mansões mais caras da cidade. Para uma boa família. Eles são legais, querida?

Lali: Acho que sim.

Nicolas: Espero que você tenha agido de maneira educada. — Papai sorriu cinicamente

Euge: Você chegou a conhecê-lo? — Euge se debruçou para impedir que Thomas derrubasse, com o cotovelo, seu suco no chão. — O aleijado? Como ele é?

Lali: Vou conhecê-lo amanhã.

Nicolas: Estranho. Você vai ficar o dia inteiro com ele. Nove horas. Vai vê-lo mais do que vê Benjamin.

Lali: Como se a gente passasse algum tempo juntos — falei. Do outro lado da mesa, Benjamin fingiu não ter escutado.

Nicolas: Apesar disso, não vai ter de se preocupar com aquela velha história de assédio sexual, certo? — insinuou papai.

Gime: Nicolas! — exclamou minha mãe, ríspida.

Nicolas: Eu apenas disse o que todo mundo está pensando. Esse é provavelmente o melhor patrão que você poderia arrumar para a sua namorada, hein, Benjamin?

Do outro lado da mesa, Benjamin sorriu. Estava ocupado em recusar batatas, apesar dos melhores esforços de mamãe. Ele estava no mês carboidrato zero, preparando-se para participar de uma maratona no começo de março.

Gime: Sabe, eu estava pensando, você vai ter de aprender a linguagem dos sinais? Quer dizer, se ele não fala, como você vai saber o que ele quer?

Lali: Ela não disse que ele não fala, mamãe. — Na verdade, eu não conseguia me lembrar do que a Sra. Lanzani tinha dito. Ainda estava um pouco chocada por ter conseguido um emprego.

Euge: Talvez ele fale por um daqueles aparelhos. Como aquele cientista o…

Benja: Stephen Hawking

Euge: Acho que eu ficaria louca se o homem falasse comigo por aqueles aparelhos sintetizadores de voz. Imagina só! Me-dá-um-copo-de-água — ela imitou.

Brilhante. Mas não o suficiente para impedi-la de embarrigar, como resmungava papai de vez em quando. Ela tinha sido a primeira integrante da nossa família a ir para a universidade, até que o nascimento de Thomas obrigou-a a largar o curso no último ano. Papai e mamãe ainda têm esperança de que um dia ela traga fortuna para nossa família. Ou talvez trabalhe num lugar com mesa de recepção de um importante advogado. Qualquer um dos dois serviria.

Peter: Por que andar de cadeira de rodas significa que ele tenha de falar como um isso? — perguntei.

Euge: Mas você terá de se tornar próxima e íntima dele. No mínimo, limpar sua boca e dar de beber a ele, essas coisas.

Lali: E daí? Não se trata de Engenharia Espacial.

Euge: Falou a mulher que colocava a fralda de Thomas pelo avesso.

Lali Aconteceu só uma vez.

Euge: Duas. E você só trocou a fralda dele três vezes.

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