Fanfic: Entregue seu coração - AyA - Adaptada FINALIZADA. | Tema: AyA - Adaptada

O choro de um bebê desviou a atenção de Anahi Portilla do relatório sobre perdas e lucros que digitava mensalmente para a reunião dos executivos da Corporação Barrington.
Alguém veio aqui com um bebê, pensou.
Seu coração encheu-se de alegria. Como adorava crianças e desejava conhecer aquela, salvou as informações em seu computador e levantou-se da cadeira. Naquele momento, sua amiga Patrícia abriu a porta e entrou, trazendo um bebê nos braços.
— Bem que ouvi um chorinho de bebê! — Anahi exclamou. — E é uma menina!
Patrícia sorriu, quando o neném puxou uma mecha de seus cabelos.
— Você e metade de Phoenix ouviram esse "chorinho" — disse.
Anahi deu a volta na mesa.
— Oh, ela é adorável — comentou. — Posso segurá-la?
— Claro. Não consigo fazê-la parar de chorar. Anahi pegou a garotinha no colo. A criança parou de chorar, pestanejou e fitou Anahi, que olhou para os belos olhos azuis cheios de lágrimas.
— Olá, lindinha — Anahi murmurou carinhosamente, exibindo um amplo sorriso.
O bebê pestanejou mais uma vez, então colocou a mão na boca e começou a sugá-la. O coração de Anahi foi dominado por um estranho sentimento. Adorava bebês e desejava ter filhos, mas não sem marido, sem um casamento feliz. Ter uma família era o que mais desejava.
Do jeito que as coisas iam, casar, ter filhos e constituir família continuaria sendo um sonho. Estava com trinta e um anos de idade, e seu relógio biológico estava funcionando como uma bomba, porém ela ainda não encontrara alguém que quisesse como namorado, muito menos como marido. Pelo menos, não nos últimos dois anos.
Soltou um suspiro de saudade, mas em seguida ralhou consigo mesma por deixar-se levar por aquele sentimento e enumerou mentalmente uma lista de razões que mostravam que Alfonso não era o homem certo para ela.
Para começar, eles eram totalmente opostos. Anahi era cautelosa, e Alfonso adorava aventuras. Ela gostava de rotina, e ele preferia espontaneidade e mudanças. Ela apreciava jardinagem e culinária, enquanto que, para ele, divertimento era pular de pára-quedas ou mergulhar em águas infestadas de tubarões. Mas, acima de tudo, Anahi queria um lar e uma família, e Alfonso tinha deixado bem claro que não queria compromisso.
Ela devia ter percebido logo que o melhor era não se deixar envolver, mas fora inevitável. Alfonso era irresistível, não apenas por ser bonito, charmoso, inteligente, engraçado e muito mais, mas porque algo mágico e eletrizante acontecia entre eles, quando estavam juntos.
Alfonso libertava algo que havia no íntimo de Anahi. Quando estavam juntos, ela perdia a excessiva timidez, não se achava entediante, nem se envergonhava com facilidade, como se fosse um "bicho-do-mato". Ao lado dele, ela se sentia bela, engraçada e atraente, ignorava a razão e seguia o coração.
Mas aprendi a lição, pensou, olhando para o bebê em seus braços.
Desejava um homem com quem pudesse construir um futuro, dividir seus sonhos de companheirismo e estabilidade, e Alfonso Herrera não nascera para ser marido e pai. Voltou a atenção para a menininha e gentilmente limpou as lágrimas das bochechinhas rosadas. Seu toque delicado fez a criança sorrir.
— Como conseguiu isso? — Patrícia inda`gou.
— Consegui, o quê?
— Fazer com que ela parasse de chorar e começasse a sorrir.
— Não sei. Acho que sempre tive jeito para lidar com crianças. — Anahi apertou carinhosamente a garotinha contra o peito. — E esta aqui é um anjinho. De quem é?
— Do seu novo patrão.
— Quer dizer que Rex finalmente contratou um novo vice-presidente para 0 departamento de contabilidade?
Patrícia revirou os olhos.
— É, finalmente, depois de fazer com que todos nós do departamento de pessoal trabalhássemos feito loucos, desde a aposentadoria do sr. Martin — disse.
Anahi sorriu e moveu a cabeça negativamente. As excentricidades do dono da companhia, Rex Barrington, eram muito bem conhecidas por todos que trabalhavam ali. Quando Rex queria algo, queria na hora, e esperava que todos os seus empregados concentrassem suas energias naquele objetivo. A insistência dele para ações imediatas ocasionalmente deixavam todos irritados, mas também era uma das razoes de a empresa sobressair como unia das mais bem-sucedidas do mundo.
— Rex queria alguém competente para lidar com o dinheiro da empresa só isso — Anahi comentou. — Quando o novo vice-presidente começa a trabalhar?
— Na segunda-feira.
— Já?
— Você conhece o Rex.
— Se ele começa na segunda, ou seja, daqui a dois dias, o que está fazendo aqui hoje?
Patrícia deu de ombros.
— Rex insistiu para que ele viesse aqui assim que o avião pousasse em Phoenix — contou. — Fiquei encarregada de ser a babá.
— E quem é esse homem? Como ele é? Deve ser uma pessoa adorável, já que é pai deste anjinho.
— É sobre isso que quero falar com você. Lembra-se que me contou que esteve apaixonada por um antigo chefe, com quem trabalhou até uns dois anos atrás?
E como Anahi podia esquecer? Seu antigo chefe era nada menos que Alfonso Herrera. Na época, ela era assistente da secretária do departamento de contabilidade da Barrington, e ele, diretor-assistente.
Alfonso era completamente diferente dos contadores que Anahi conhecera. Tinha um jeito de fazer com que os números ganhassem vida, e a contabilidade parecesse um esporte emocionante. Incentivava competições amigáveis, oferecia mensalmente incentivos aos empregados com as melhores idéias, e dava festas para celebrar tanto os grandes lucros quanto os pequenos.
Era o homem mais excitante que Anahi conhecera, e logo ela se apaixonada, ingenuamente acreditando que o sentimento era recíproco, chegando a pensar que seria pedida em casamento. Então, sem o menor aviso ou explicação, Alfonso fora subitamente transferido para o escritório da Barrington no Canadá.
O bebê balbuciou algo incompreensível e mexeu os bracinhos, trazendo Anahi de volta à realidade.
— Você não tem com que se preocupar, Patrícia — ela disse. — Não me apaixono por todos os meus patrões. Você me viu apaixonada pelo sr. Martin?
— Ele era gordo, careca e tinha uns sessenta anos.
— Também não me apaixono por homens casados, e aposto que o pai desta gracinha tem uma esposa.
— Você não está entendendo. O novo vice-presidente...
— Olá, Anahi.
Anahi sentiu-se petrificar. Aquela voz masculina era-lhe muito familiar. Com o coração parecendo preso na garganta, ela se virou lentamente na direção da porta e viu Alfonso Herrera encostado no batente.
— Alfonso... O que está fazendo aqui? — murmurou.