Fanfic: Entregue seu coração - AyA - Adaptada FINALIZADA. | Tema: AyA - Adaptada

Não havia motivo para ela ficar mais um dia no hotel, ou participar do próximo mergulho. Ela pegaria seu coração partido, seu orgulho ferido, seus sonhos desfeitos, e embarcaria no próximo avião para Phoenix.
Na segunda-feira de manhã, de sua janela, na sede da Barrington, Alfonso olhava para o estacionamento lá embaixo, observando o Toyota azul.
O carro de Anahi. Ela estava em algum lugar naquele prédio.
Alfonso olhou para o relatório em suas mãos e voltou a sentar-se à escrivaninha. Tentou ler, mas as letras e os números pareciam sem sentido, pois seus pensamentos eram só para Anahi.
Ele não conseguia pensar em outra coisa a não ser nela, desde aquele dia em que haviam mergulhado juntos. Ela ficara calada durante todo o trajeto de volta para a marina do hotel, obviamente magoada. Ele sabia que não lidara com a situação muito bem, mas a declaração de amor que recebera dera-lhe a impressão de estar novamente com falta de ar.
Não queria que ela o amasse. Não queria amá-la. Amor implicava em permanência, compromisso, casamento. Casamento significava perda da liberdade, uma gradual e lenta caminhada para uma sufocante rotina. Ele não desejava viver sufocado, preso, impedido de ser livre para crescer.
Suspirou, frustrado, e voltou a atenção para o relatório, mas foi interrompido por uma leve batida na porta, que se abriu em seguida. Ergueu a cabeça e sentiu o coração disparar.
— Anahi... entre.
Ele se pôs de pé e deu a volta na mesa, então apontou para uma cadeira, mas Anahi moveu a cabeça negativamente.
— O que tenho a dizer não demorará muito — ela informou.
Alfonso sentiu um arrepio e, para tentar aparentar tranqüilidade, sentou-se na mesa. Anahi entregou-lhe uma folha de papel.
— O que é isto? — ele perguntou.
— Uma requisição de transferência para os escritórios da Barrington em San Diego. Um diretor de lá me contou, durante a conferência em St. John, que estava precisando de uma secretária e perguntou se eu estava interessada. Na hora eu disse "não", mas depois...
Anahi sentiu a voz falhar. Respirou fundo e ergueu o queixo.
— Depois pensei â respeito e decidi aceitar—prosseguiu. — Já estive no departamento de pessoal. Patrícia disse que, se você me recomendar, Rex aprovará a transferência.
Alfonso sentiu um aperto no peito. Devia estar esperando para algo do gênero, mas aquilo o pegou desprevenido. Ergueu-se e deu um passo a frente, franzindo a testa.
— Não quero que você vá embora — falou.
— Não posso ficar aqui, não posso mais trabalhar para você. Além do mais, decidi voltar para a faculdade e tirar um diploma em educação infantil. Em poucos anos, poderei abrir uma pré-escola. Como secretária daquele diretor, terei um horário de trabalho mais regular, então será fácil freqüentar uma faculdade.
Uma sensação familiar dominou o íntimo de Alfonso. Era a mesma sensação de vazio que ele experimentara aos dezoito anos de idade, quando o pai expulsarã-o de casa.
— Vai seguir seu sonho — comentou.
— O único que posso realizar — Anahi salientou. Alfonso teve vontade de abraçá-la, de tirar a angústia dos olhos azuis e dizer que tudo ficaria bem, mas não podia. Respirou fundo e olhou para ela.
— Sabe que não me atravessarei em seu caminho — disse. —Se é o que você deseja, escreverei uma carta de recomendação.
— Mais uma coisa. Tenho direito a alguns dias de folga, que ficaram acumulados. Preciso usar dois.
— Certo. Para quando quer sua primeira folga?
— Para agora mesmo.
Ela não quer perder tempo, Alfonso pensou. Não posso nem criticá-la, pois fiz o mesmo, dois anos atrás.
— Tudo bem — concordou. — Se é o que deseja...
— É. — Ela se virou e caminhou na direção da porta. — Vou começar a juntar minhas coisas.
Alfonso alcançou-a e segurou-a pelo braço.
— Anahi...
Ela o fitou em silêncio.
— Vou sentir sua falta — ele admitiu.

Mais uma vez, obrigada pelos comentários meninas <3  

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