Fanfic: Entregue seu coração - AyA - Adaptada FINALIZADA. | Tema: AyA - Adaptada
Já estava anoitecendo, quando Alfonso dirigiu seu Acura preto até a nova residência. Parou na frente da casa e comentou consigo mesmo que era ainda mais bonita do que na foto que o corretor de imóveis lhe enviara. Era uma casa branca, de telhado vermelho, cercada por um jardim que necessitaria de cuidados semanais.
Só que, para Alfonso, mais interessante do que a casa era a mulher que vinha dirigindo um Toyota azul logo atrás do seu carro. Rever Anahi naquela tarde fizera com quê ele experimentasse a sensação de ter levado um soco no estômago. Como pudera esquecer o poder que Anahi exercia sobre ele?
"Talvez porque passei muito tempo tentando me convencer de que a esquecera", ele pensou.
Ficou irritado. Tinha esquecido Anahi! Mudara de cidade e não mantivera contato com ela por dois anos.
"Mas, se de fato a esqueci, por que agarrei a primeira oportunidade de voltar para Phoenix?", indagou-se, passando a mão nos cabelos e suspirando. Anahi não teve nada a ver com minha decisão de voltar para cá. Trabalhei duro noa últimos anos para ganhar essa promoção e, além do mais, este é um excelente lugar para criar uma criança.
Pensar em Jenny fez com que ele sentisse uma estranha sensação. Não tinha medo de praticar rafting em águas turbulentas, ou de saltar de pára-quedas, ou de escalar montanhas, porém tinha medo de sua pequena sobrinha.
Não entendia nada de crianças. Não tivera muitos amigos durante a infância e, de acordo com o modo como Jenny reagia, obviamente não possuía um dom natural para lidar com crianças.
Fora muito bom Anahi concordar em ajudá-lo naquela noite, apesar de ele ter detestado pedir um favor a ela, mas pedira, porque estava com os nervos à flor da pele, e sua paciência esgotava-se. Olhou na direção do carro dela através do espelho retrovisor, Não tinha o direito de ficar lhe pedindo favores. Não, depois da maneira abrupta como fora embora. Devia um pedido de desculpas e uma explicação, e prometeu a si mesmo que corrigiria aquilo antes de a noite acabar. Desceu do carro e caminhou na direção do Toyota,
Anahi baixou o vidro automático ao ver Alfonso se aproximando. Ele parou junto à porta do motorista e observou as pernas bem torneadas. Sempre adorara as pernas dela.
Não é hora de ficar fantasiando, ralhou consigo mesmo e, com esforço, desviou o olhar.
— Como Jenny se comportou durante o caminho? .—-perguntou.
— Muito bem — Anahi respondeu,
Alfonso olhou para o banco de trás do Tpypta e viu o bebê dormindo tranqüilamente na cadeirinha.
— Ela adormeceu antes de sairmos do estacionamento — Anahi contou.
— Com você, essa danadinha comporta-se de modo totalmente diferente.
— Mas quase todas as crianças dormem, quando passeiam de carro.
— Comigo isso não funcionou — Alfonso disse. — Jenny chorou no avião, e depois no carro, do aeroporto até o escritório. Na verdade, quando está comigo, não faz outra coisa a não ser chorar.
Anahi sorriu. Mais uma vez, Alfonso pegou-se com os olhos fixos nos dela. Sempre adorara aqueles olhos azuis. Desviou o olhar, focalizando-o na casa.
— O que acha de minha nova residência? — indagou.
— E linda. Estou ansiosa para vê-la por dentro. Alfonso olhou para o banco traseiro do veículo.
— Isso significa que teremos de tirar a menina da cadeirinha, certo? — indagou. — Existe alguma possibilidade de fazermos isso sem acordá-la?.
— Mas Jenny precisa acordar. Você disse que ela não comeu nada o dia inteiro. Temos de fazê-la comer alguma coisa. Não se preocupe. Após uma boa refeição e um banho quente, ela dormirá de novo.
— Espero que tenha razão.
— Ela o deixou traumatizado, não? — Anahi comentou com uma risadinha.
— Totalmente.
Anahi tornou a rir. Alfonso tinha esquecido como aquele riso o enfeitiçava. Abriu a porta do carro e estendeu a mão para ajudá-la a descer. Ela hesitou, então aceitou a mão estendida. Algo parecido com uma corrente de energia percorreu todo o corpo de Alfonso, quando as mãos deles se tocaram.
"E melhor evitarmos contatos físicos", ele pensou, soltando a mão de Anahi assim que ela saiu do carro, então pegou a sacola com os pertences do bebê e abriu â porta traseira. Anahi inclinou-se para pegar Jenny.
— Olá, querida — murmurou. — Seja bem-vinda a sua nova casa.
Jenny abriu os olhos, então esfregou-os preguiçosamente. Anahi abriu o cinto de segurança da cadeirinha e tirou a menina, que deitou a cabeciriha em seu ombro.
— Ela está boazinha — comentou, recuando para a calçada.—Quer segurá-la?
Alfonso preferia andar descalço sobre brasas do que pegar Jenny, porém não admitiria isso.
— Não quero deixá-la perturbada — respondeu.
— Agora que Jenny está calma, aposto que vocês dois se entenderão muito bem. Ela passou o dia inteiro com você, deve ter se acostumado com sua presença.
Jenny com certeza tinha se acostumado, Alfonso pensou. Tinha se acostumado a chorar!
Mas, como não desejasse dar a impressão de que estava com medo da menininha, acabou aceitando a idéia de pegá-la.
— Tudo bem — concordou, relutante, passando as alças da bolsa pelo ombro. — Vou tentar.
Estendeu os braços e pegou a sobrinha, No mesmo instante, Jenny deu-lhe um chute no estômago e começou a gritar.
— Acho que ela não está pronta para ser minha amiga — ele comentou, devolvendo-a rapidamente para Anahi.
O bebê aquietou-se.
"Eu não a culpo", Alfonso falou a si mesmo, passando a mão no local onde recebera o chute.
Lembrava-se muito bem como era gostoso ficar nos braços de Anahi, sentir os cabelos sedosos em seu rosto, os seios redondos contra seu peito...
"Preciso manter meus pensamentos sob controle", alertou-se.
— Vamos entrar — convidou.
Logo que entraram na sala de estar, Anahi encantou-se com a bela decoração em tons suaves.
— E linda — ela comentou.
— De fato — Alfonso concordou.
Cruzaram a casa, passando pela sala de jantar, pelo escritório equipado com uma mesa de carvalho e um computador e pararam na grande cozinha. Alfonso abriu aporta do armário e ficou feliz ao ver que tudo o que pedira para Jenny fora devidamente arrumado em fileiras.
— Como soube o que devia comprar para alimentá-la? — Anahi indagou.
— O pediatra dela, iá de Oklahoma, me deu uma lista do que era preciso. Tenho de introduzir na alimentação dela uma nova comida a cada semana. — Ele se inclinou na direção do bebê e sorriu. — Ei, neném, veja quanta comida só para você.
Jenny escondeu o rosto na curva do pescoço de Anahi.
— Será que foi algo que eu disse? — sugeriu. — Será que estou com mau hálito? Talvez meu desodorante tenha vencido.
Jenny recusava-se a fitá-lo, mas pelo menos ele tinha feito Anahi rir.
— Não leve isso para o lado pessoal — ela aconselhou, afagando o bebê: — Jenny está cansada, com fome e deve estar molhada. Por que não procuramos onde fica o quarto dela e trocamos a fralda para então dar-lhe o jantar, um banho, e colocá-la na cama?
Para Alfonso, cada tarefa daquelas soou como um terrível desafio.
— Ainda bem que você está aqui — disse. — Onde aprendeu tanto sobre bebês?
Anahi voltou pelo corredor até a sala de estar e caminhou na direção da escada.
— Fiz uns cursos sobre educação infantil quando estive na faculdade — respondeu.
Alfonso ajeitou a alça da sacola no ombro e olhou para ela curiosamente.
— Uma matéria estranha, num curso de contabilidade — comentou.
— Na verdade eu pensava em seguir outra carreira. Planejei me formar em pedagogia. Sempre sonhei em ter minha própria escola, mas meus pais me convenceram a não seguir esse caminho.
— Por quê?
Anahi deu de ombros.
— Achavam que era muito arriscado — declarou. — Eles me mostraram várias estatísticas sobre o número de pequenos negócios que vão à falência em menos de um ano e me convenceram de que eu estaria destinada a uma vida de insegurança e pobreza. Meus pais sempre foram obcecados por segurança.
— Ambos são contadores, não?
— São. Você tem sorte de seus pais não terem querido que seguisse os passos deles.
Alfonso riu com desdém.
— Oh, mas eles quiseram — afirmou. Anahi ergueu as sobrancelhas, surpresa.
— Eu nunca soube disso — falou.
Havia muita coisa sobre Alfonso que ela desconhecia. Não sabia nada sobre a infância ou a família dele, a não ser o fato de que ele crescera numa fazenda ao sudoeste de Oklahoma.
— Com certeza você não aprendeu tudo sobres bebês apenas lendo livros — Alfonso falou, desconversando.
— Quando adolescente, trabalhei como babá diversas vezes.
— É mesmo? Estou surpreso.
— Por quê?
Alfonso fitou-a de cima a baixo intensamente.
— Não consigo imaginar você passando as noites de sábado cuidando de crianças — disse.
Anahi corou diante daquele olhar malicioso e, para disfarçar, ajeitou o bebê no colo e subiu a escada.
— Eu era um patinho feio nos tempos do colegial—contou.
— É difícil acreditar nisso.
Anahi sorriu. Achava-se uma pessoa comum, sem nenhum atributo físico que a fizesse se destacar, porém, quando estava ao lado de Alfonso, sentia-se atraente, especial e interessante.
— E quando terminou sua fase de "patinho feio"? — Alfonso indagou.
— Ainda não terminou.
Anahi subiu o último degrau da escada e parou indecisa no corredor que se estendia tanto para a direita quanto para a esquerda. Decidiu seguir para a esquerda e entrou num quarto escuro. Alfonso seguiu-a e acendeu a luz.
Anahi tinha entrado numa suíte decorada em tons de bege, creme e branco, com uma grande cama de casal. A mobília era uma mistura de móveis femininos e masculinos, e o ambiente era sedutor, sensual e aconchegante. Pela porta aberta do banheiro, ela viu uma enorme banheira de hidromassãgem e arrepiou-se, quando uma imagem erótica invadiu sua mente. Deu um passo atrás e trombou com Alfonso, que a segurou pela cintura. — Desculpe-me — ela pediu.
O simples toque das mãos fortes em sua cintura fez com que Anahi recordasse o primeiro beijo que trocaram. Fora num mês de janeiro, num sábado à tarde. Ela e Alfonso tinham passado o dia com outros colegas de trabalho, escalando a montanha Squaw. Em algum ponto da subida, a atração que vinha crescendo entre eles durante as últimas semanas chegou ao ápice.
Todos chegaram ao topo da montanha, apreciaram a vista, mas, na hora de descer, Alfonso e Anahi ficaram para trás e, quando se viram sozinhos, ele pousou as mãos na cintura dela e capturou-lhe os lábios num beijo ardente.
Quando Alfonso a beijava, Anahi esquecia tudo, via estrelas, ouvia o barulho de ondas batendo contra pedras, mesmo o oceano estando a quilômetros de distância.
E sentia-se da mesma maneira naquele momento. Foi um alivio, e ao mesmo tempo um desapontamento, ouvir o bebê soltar um resmungo de protesto. Alfonso ergueu os braços, num gesto de rendição.
—Tudo bem, tudo bem, prometo manter distância, Jenny!
Não fez a mesma promessa a Anahi. Ao perceber o brilho nos olhos dele, Anahi segurou o bebê na frente do peito, como se fosse um escudo, afastou-se e mostrou interesse na decoração.
— Que lindo quarto! — comentou.
Alfonso abriu as gavetas do armário, passou a mão no encosto da poltrona que estava num canto do aposento, entrou no banheiro, saiu, então aproximou-se da cama.
Sentou-se na beirada, e fitou Anahi com um brilho malicioso no olhar e um sorriso nos lábios.
— Não parece justo — comentou.
— O quê?
— Passei dois anos e meio sonhando em trazê-la para o meu quarto, e agora que finalmente consegui, temos companhia.
Anahi sentiu suas faces corarem. A temperatura do ambiente pareceu aumentar, e os pensamentos dela voltaram ao passado, a uma noite de sábado, dois meses depois do primeiro beijo deles, dois meses em que se tornaram inseparáveis. Eles haviam passado um dia maravilhoso no Festival Renascentista do Arizona, então voltaram para o apartamento de Alfonso para assistirem a um filme. Assim que se sentaram no sofá, o filme fora esquecido, e a atração entre eles explodira. Abraçaram-se, beijaram-se e, a cada minuto, as carícias tornaram-se mais íntimas. Alfonso, porém, de repente levantara-se, emitindo um longo suspiro.
— É melhor eu levar você para casa, antes que façamos algo de que nos arrependeremos depois — disse.
— O que o faz pensar que nos arrependeremos?
— Você não está facilitando as coisas. — Alfonso sentou-se novamente e cocou o queixo. —Você faz o tipo "para Sempre" e eu faço o tipo "só por algum tempo".
— Como assim?
— Você é do tipo de mulher que precisa de um compromisso e de um futuro, e não posso lhe oferecer isso. — Ele tornou a suspirar e passou a mão no rosto. — Nâo sou o que você precisa e não quero magoá-la.
— E quem disse que vai me magoar?
— Eu. Não tenho interesse em assumir um compromisso. Vivi preso durante toda minha infância e adolescência e, quando me libertei, prometi a mim mesmo que nunca mais deixaria que alguém tirasse minha liberdade.
Alfonso fez uma pausa, olhando-a nos olhos.
— Não penso em assumir um compromisso, em me dedicar a uma família, e você... — prosseguiu, afagando o rosto dela. — Você pensa. — Levantou do sofá, pegou Anahi pela mão e ajudou-a a pôr-se de pé. — Venha, vou levá-la para casa. E de agora em diante vamos ver todos os filmes no cinema. Acho que não serei capaz de resistir, na próxima vez.
Um estalido do estrado da cama trouxe Anahi de volta à realidade. Alfonso levantou-se e aproximou-se dela.
— Eu não quis perturbá-la — comentou.
— Não estou perturbada.
— O comentário que fiz sobre levá-la para o meu quarto foi uma piadinha sem graça. Desculpe, não tive a intenção de deixar você embaraçada.
— Você não me embaraçou. Está tudo bem. Anahi colou nos lábios um sorriso que tinha certeza que parecia falso, mas era o melhor que podia fazer diante das circunstâncias. Como conseguiria trabalhar com Alfonso diariamente, depois de tudo o que acontecera entre eles? Não fazia a menor idéia. Só sabia que precisava proteger seu coração quando Alfonso estivesse por perto. Ele era o velho Alfonso, com o mesmo charme devastador e com o mesmo poder de despedaçar o coração dela.
— Jenny está cansada — Anahi falou após respirar profundamente. — Vou procurar o quarto dela. Enquanto isso, você poderia ir buscar a bagagem.
Meia hora depois, Alfonso parou entre os batentes da porta do banheiro da suíte de Jenny, observando Anahi dar banho na menina.
— Lave primeiro o rostinho com uma bolinha de algodão, mas cuidado com os olhos — Anahi instruiu. — Os bebês detestam água nos olhos.
Alfonso movimentou a cabeça afirmativamente. Sabia que tinha de prestar atenção naquelas orientações, porque teria de banhar Jenny no dia seguinte, mas estava mais interessado em observar Anahi.
Ela é linda, pensou. Tinha esquecido como o corpo dela é curvilíneo.
Aproximou-se da banheira para tentar sentir o perfume de Anahi, mas Jenny fitou-o, fez uma careta e resmungou, o que fez com que ele se afastasse no mesmo instante.
— Desculpe, Jenny—Alfonso pediu. — Não quis aborrecê-la. Anahi sorriu.
— Uma boa noite de sono fará com que ela mude de atitude — afirmou.
Alfonso caminhou até a porta e novamente parou, apoiado num batente.
— Espero realmente que ela mude, do contrário, os próximos dezoito anos serão difíceis — comentou.
Anahi riu, então voltou a atenção para Jenny e começou a conversar com ela enquanto terminava de lavá-la. Alfonso observou-a tirar Jenny da banheira e enrolá-la numa toalha, então seguiu as duas até o quarto, mas ficou longe para não irritar a sobrinha.
"Anahi de fato tem jeito com crianças", comentou consigo mesmo, observando o modo como Jenny balbuciava e ria.
Jenny comera toda a papinha do jantar, brincara alegremente durante o banho e estava se comportando muito bem, enquanto Anahi vestia-lhe o pijama.
— Agora estamos prontas para ir para a caminha — Anahi disse.
"Não fale assim", Alfonso pensou. "Como gostaria de pegar você no colo e levá-la para a minha cama! Oh, diabos!. É melhor eu parar com esse tipo de pensamento."
— E agora? — indagou. Anahi pegou Jenny nos braços.
— Hora da historinha — anunciou. — Jenny tem algum livro de histórias infantis?
Alfonso moveu a cabeça afirmativamente.
— A sra. Olsen colocou-os na caixa de brinquedos — respondeu. — Mas Jenny não é muito pequena para ouvir histórias?
— Os bebês adoram ouvir histórias, e é bom para eles também. Na verdade, os que ouvem histórias desde pequenos tomam gosto pela leitura quando mais velhos.
Alfonso aproximou-se da caixa de brinquedos, abriu-a e tirou alguns livros com-capas coloridas.
— Aqui estão — falou, passando-os para Anahi e em seguida voltando para perto da porta.
— Obrigada.
Anahi escolheu Cachinhos Dourados e colocou os outros livros sobre a cômoda. Levando Jenny, foi sentar-se na cadeira de balanço num dos cantos. Alfonso observou-a ajeitar o bebê no colo e começar a ler, adorando o tom doce e suave da voz dela tanto quanto a menininha parecia adorar.
No fim da história, Jenny estava com os olhos fechados. Anahi carregou-a até o berço, acomodou-a carinhosamente entre os lençóis e cobriu-a com um pequeno acolchoado rosa e branco.
— Boa noite, querida — murmurou, inclinando-se para dar um beijo na bochecha dela. — Bons sonhos.
Alfonso saiu do aposento e observou Anahi cruzar o quarto devagar e fechar a porta. Os dois desceram a escada e entraram na sala de estar.
—- E incrível — ele comentou. — Se eu estivesse sozinho, ela choraria até cansar. — Olhou intensamente para Anahi. — Não sei como agradecer.
— Fico feliz por ter podido ajudar — ela disse.
— Bem, ao menos posso lhe oferecer um jantar. Pensei em pedir uma pizza.
Anahi desviou o olhar, alarmada.
— É melhor eu ir embora — falou Alfonso não queria que ela fosse.
— Arruinei seus planos para esta noite — declarou. — Eu me sentiria bem melhor, se você comesse uma pizza comigo.
— Acho que não é uma boa idéia. Alfonso deu um passo na direção dela.
— Já que vamos trabalhar juntos, precisamos nos acostumar um com o outro — disse. — Talvez ajude, se conversarmos um pouco.
Ela soltou um longo suspiro.
— Tudo bem — concordou. — Acho que você tem razão. Alfonso sentiu-se aliviado.
— Que bom — falou. — Ainda gosta de pizza com orégano, cogumelos, azeitonas pretas e pepperoni?
Anahi entreabriu os lábios, surpresa.
— Não acredito que conseguiu lembrar tudo isso — comentou.
Poucas coisas Alfonso esquecera, embora houvesse tentado esquecer tudo. Cada vez que quisera suprimir um detalhe, ele voltava com mais força. Por exemplo, nunca, por mais que se esforçasse, conseguira esquecer os lábios carnudos de Anahi. Abruptamente, desviou o olhar, pousando-o no telefone em cima da mesinha ao lado do sofá.
— O Mário ainda serve a melhor pizza da cidade? Anahi apenas movimentou a cabeça afirmativamente.
Alfonso pegou o telefone, dizendo a si mesmo para controlar o súbito desejo de beijar Anahi.
Uma hora e meia depois de ter colocado Jenny no berço, Anahi estava sentada ao lado de Alfonso à mesa da elegante sala de jantar, com uma caixa de pizza vazia a sua frente, adorando estar ali. Não sabia se fora o vinho que Alfonso encontrara no armário ou a conversa sobre assuntos neutros que a deixara à vontade, mas o jantar transcorrerá numa atmosfera calma e agradável.
— Tem viajado ultimamente? — Alfonso perguntou, colocando mais vinho no copo dela.
— Fui a Minnesota, no Natal, para ver meus pais.
— Como eles estão?
— Ainda superprotetores, mas estão bem.
— É o que acontece, quando se é filho único.
— Filha única e com asma. Eles ainda não conseguem acreditar que esse problema acabou. Umas das razões pelas quais me mudei para Phoenix foi para não ter de ver minha mãe aparecer todas as manhãs em minha casa, para certificar-se de que eu estava adequadamente agasalhada. Alfonso riu.
— Está brincando — comentou. Anahi revirou os olhos.
— Eu bem que queria que fosse brincadeira — disse.
— Eles devem ter detestado o fato de você ter mudado para tão longe.
— Detestaram. O único motivo que os impediu de deitar na frente do caminhão de mudança foi o bom clima de Phoenix. Mamãe achou que seria muito bom para minha saúde, e papai, que eu teria mais chances de construir uma carreira aqui.
Alfonso tomou um gole de vinho.
— Você tem sorte de ter pais que a amam tanto a ponto de deixá-la partir — declarou.
Aquela era uma frase estranha. Anahi sabia que a mãe de Alfonso tinha morrido quando ele estava na faculdade, e que o pai falecera cinco anos depois, mas era óbvio que não sabia quase nada daquela família.
— Na época em que namoramos, você nunca falou muito sobre seus pais — ela observou.
— Não há muito o que contar.
Ele ainda estava relutante em falar sobre os pais. Rachel tentou outra tática.
— Como foi crescer em uma fazenda? — indagou.
— Difícil. — Alfonso bebeu todo o vinho em seu copo. — Muito trabalho, pouca sorte. O fator sorte era o que eu mais odiava. Muitas coisas estavam fora de controle, como as chuvas, os insetos e as pragas. Havia muitas coisas que podiam dar errado, e freqüentemente davam. — Colocou o copo na mesa. — Acho que é por isso que amo lidar com números. Eles são confiáveis. Não importa se o tempo está bom ou ruim, um mais um é sempre igual a dois.
Anahi intrigava-se com o fato de alguém que adorava aventuras como Alfonso ter escolhido uma carreira segura como a de contador, mas agora entendia o motivo. Ele precisava estar no controle das situações.
— Deve haver algo de bom em passar a infância e a adolescência numa fazenda — ela comentou.
Alfonso moveu a cabeça negativamente.
— Para mim não há nada — respondeu. — Aquele lugar sugou a vida de meus pais e quase sugou a minha também, mas consegui escapar. Meu irmão não teve tanta sorte.
— Como assim?
— A fazenda está na família há gerações. E sempre herdada pelo filho mais velho, e papai estava determinado a manter a tradição. Ele quis que eu assumisse a fazenda, disse que era uma responsabilidade familiar. Eu não queria ser fazendeiro, não queria passar o resto de minha vida num lugar como aquele. Tivemos uma discussão, e eu saí de casa. Infelizmente, deixei toda a responsabilidade para o meu irmão.
— Ele podia ter saído de casa também.
— Ben nunca abandonaria meu pai — Alfonso disse, em seguida olhou para a caixa de papelão vazia, nitidamente querendo mudar de assunto. — A pizza estava uma delícia, não? O que deseja de sobremesa?
—Acho que não consigo comer mais nada. Estou satisfeita. Alfonso sorriu.
— Isso é mau, porque tem sorvete de chocolate no congelador — falou.
— Chocolate? — Anahi endireitou-se na cadeira e sorriu. — Bem, talvez eu possa arranjar um espaço para um pouco de sorvete de chocolate.
Ele riu.
— Você não mudou nem um pouco — comentou, inclinando o tronco para frente. — Lembra-se daquela vez em que pedimos uma sobremesa enorme?
Ela colocou a mão no estômago.
— Era enorme mesmo — concordou. — Dava para umas cinco ou seis pessoas. Como se chamava?
— Maravilha de Chocolate.
— Um nome bem apropriado.
— Lembro-me de como você adorou — ele comentou.
— Eu me recordo de você colocando pedaços na boca e sujando meu queixo.
Alfonso fitou-a com um brilho intenso no olhar.
— Só o queixo? Lembro-me de limpar com beijos o canto de sua boca. Foi bem aqui — disse, estendendo a mão e tocando os lábios dela. — Você estava com o doce sabor de chocolate.
Afaste-se, afaste-se, Anahi falou a si mesma e, com grande esforço, levantou-se da cadeira.
— Você tem boa memória — elogiou.
— Quando o assunto é você, tenho mesmo.
— Então, por que foi embora?
Aquela pergunta estava presa na garganta de Anahi havia dois anos e meio, e acabara escapando, desfazendo a magia que pairava no ar.
Alfonso suspirou e endireitou-se na cadeira.
— Tive aquela ótima oferta de emprego, que seria um grande passo em minha carreira — justificou.
— Soube que foi você que pediu a transferência.
— Pedi, sim.
.— E por que não me contou?
— Provavelmente pela mesma razão que quase me fez não aceitar o novo cargo, longe daqui.
— Do que está falando? — Anahi indagou.
— Não queria perder você.
Ela teve a impressão de que seu coração tinha parado de bater. Fitou-o com receio de perguntar, mas precisava saber.
— Então, por que aceitou o cargo? — indagou.
— Pela mesma razão.
O tempo parecia suspenso. O silêncio era total, tanto que Anahi podia ouvir o tique-taque do relógio na parede da cozinha.
— Não compreendo — ela falou.
Alfonso pousou as mãos na mesa e tornou a suspirar.
— Estávamos nos envolvendo demais — explicou. — Eu havia dito que não tinha a menor intenção de casar, e você não é do tipo de mulher que fica feliz com um relacionamento inseguro. Não era justo deixar que as coisas seguissem em frente. Detestei deixar você, mas pensei que era melhor ir embora antes que alguém se magoasse.
Anahi lutou para manter as emoções sob controle e segurar as lágrimas, recordando o último dia em que ficaram juntos. Pensara que Alfonso a pediria em casamento. Havia semanas estava apaixonada por ele e tivera quase certeza de que era correspondida. Nenhum dos dois tinha declarado seus sentimentos, mas ela estava certa de que isso mudaria, ou melhor, certa de que Alfonso já mudara de idéia, pois não mencionara sua aversão ao casamento nos últimos dois meses.
Ele parecia estar esperando o momento certo para fazer a proposta. Quando a levara de volta para o apartamento dela, encostara-a na parede do corredor, fitan-do-a com carinho.
— Foi um grande dia, Anahi. Queria que nunca acabasse.
— Não precisa acabar — ela respondera, abrindo a porta do apartamento. — Entre.
Alfonso abraçara-a e empurrara-a para dentro do apartamento, fechando a porta. Beijara-a com paixão, acariciando-lhe o corpo, fazendo Anahi arder de desejo. Pegara-a no colo e a carregara para o quarto.
Colocando-a na cama, deitara-se sobre ela, olhando-a com um brilho intenso nos olhos verdes. Abrira a boca para dizer alguma coisa, então sua expressão endurecera, e ele se levantara rapidamente. Com um pedido de desculpas, saíra do apartamento, deixando Anahi totalmente confusa.
Ela não o vira no domingo. Na segunda-feira de manhã, ele ligara e anunciara que estava sendo transferido. Disse que tentara contar no sábado, mas que não encontrara o momento certo.
Não conversaram mais, porque Alfonso participou de uma reunião após a outra, o dia inteiro. No fim do expediente, ela foi para casa com o coração partido e ficou esperando um telefonema de Alfonso. Ele não ligou, e no dia seguinte já fora embora.
— Não estou preparado para assumir um compromisso sério como um casamento — Alfonso declarou, arrancando Anahi das dolorosas lembranças.
Ela forçou um sorriso.
— Lamento dizer isso, mas agora você tem um bebê, e isso é um compromisso — observou.
— Não como um casamento. Uma criança está sempre crescendo, mudando, tornando-se cada vez mais independente. O casamento faz o contrário com as pessoas.
De onde ele tirou esse conceito?, ela perguntou a si mesma.
— Detesto me sentir preso — ele disse. — Só de pensar, sinto claustrofobia.
Era Anahi que estava sentindo claustrofobia no meio de tantos pensamentos, sentimentos e lembranças. Precisava sair dali, pois sentia que estava prestes a chorar.
— Já é tarde — murmurou. — Vou deixar o sorvete para um outro dia.
Levantou-se, pegou a bolsa e andou rapidamente para o corredor.
Alfonso alcançou-a e segurou-a pelo braço, impedindo-a de atravessar a porta.
— Ei, não há por que ter pressa — falou.
— Se eu me apressar, ainda consigo pegar Patrícia em casa.
Enquanto ela procurava a chave do carro na bolsa, sentia que era observada intensamente por Alfonso. Tinha certeza de que ele não acreditara naquela desculpa de que queria se apressar para encontrar Patrícia, mas estava grata por ele não argumentar.
— Eu acompanho você até o carro —ele disse.
— Não é preciso. Fique aqui para poder ouvir, se o bebê chorar.
Caminharam na direção da porta da frente. Alfonso ainda segurava o braço dela.
— Obrigado por ter me ajudado com Jenny — agradeceu.
— E para isso que servem os amigos.
Ele abriu a porta, e ela saiu quase correndo, indo direto para o carro.
"Amigos", Alfonso pensou, observando Anahi partir. "É realmente o que ela acha que somos?"
Talvez a situação fosse mais fácil, se tivessem dividido uma cama. Assim, pelo menos, Alfonso saberia como lidar com Anahi, pois seria uma situação familiar já que ele dormira com todas as namoradas que tivera.
Da porta, ficou observando o Toyota até perdê-lo de vista.
Amigos, repetiu mentalmente, franzindo a testa, não entendendo por que aquela palavra o incomodava tanto.
Não era a amizade de Anahi que desejava? Um relacionamento agradável e platônico? Então, porque aquela idéia fazia-o experimentar uma tão estranha sensação de tristeza?
Autor(a): ayaremember
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Na manhã seguinte, a campainha do telefone acordou Anahi. Ela abriu os olhos e olhou para o relógio no críado-mudo. Sete horas. Quem estaria ligando àquela hora, em pleno sábado? Sem levantar a cabeça do travesseiro, atendeu o telefone.— Alô?— Anahi, é o Alfonso.O coração dela acelerou. Anahi s ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 43
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millaponny2014 Postado em 18/09/2014 - 11:40:00
to morrida com essa fanfics perfect <3 lindop final
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traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:08:33
que historia linda, conseguiu mexer com minhas estruturas sem nem ao menos os Los As terem se pegado de verdade, foi lindo demais
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lyu Postado em 11/08/2013 - 20:17:15
foi lindo o final
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isajuje Postado em 10/08/2013 - 20:30:17
Ai, que final mais bonito e romântico e 'oh oh' KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK eu não gostei nada nada da demora dele pra entregar seu coração U_U mas no fim, ele entregou. Minha campanha deu certo! HAHHA' A reconstituição da cena foi demais, imaginem vocês no lugar da Anahí? MA-RA-VI-LHO-SO! Alfonso sempre foi um cavalheiro só era um cabeça-dura de ter medo de entrar em um relacionamento sério. Mas até que enfim um final lindo, e feliz [: obrigada por compartilhar a história e já vou lá ler a outra! Abçs
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ponnyaya Postado em 10/08/2013 - 19:59:40
amei o final, o poncho foi perfeito!
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lyu Postado em 10/08/2013 - 01:05:57
AAAAAAAAAAAAAAAAAAA PONCHO VAI ATRAS DELA POE O LINK DA PROXIMA FIC PQ VOU LER
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ponnyaya Postado em 09/08/2013 - 21:44:33
aaaaaaa, você quer me fazer chorar?! Eu vou matar o Alfonso! posta mais!
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anapaulamaito2gmail.com Postado em 09/08/2013 - 21:42:28
o poncho deve ir atras da any e se declarar
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isajuje Postado em 09/08/2013 - 20:53:04
[AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA] esqueci de dizer uma coisinha, sobre:''Não havia motivo para ela ficar mais um dia no hotel, ou participar do próximo mergulho. Ela pegaria seu coração partido, seu orgulho ferido, seus sonhos desfeitos, e embarcaria no próximo avião para Phoenix.'' U-A-U! que poético, nada mais a dizer. [;
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isajuje Postado em 09/08/2013 - 20:50:26
obrigada por ser tão meiga ayaremember *u* KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK essa próxima que você vai postar 'Uma Vez Mais Com Ternura' eu fiquei supermegacuriosa pra saber como é a história. Mal vejo a hora de começá-la. Já que você tem outra pra postar, eu apoio você terminar essa aqui já KK ><