Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Dulce

Os olhos de Anahí estavam rasos, e meu coração partido por estar falando aquilo com ela.



Abracei Anahí antes das lágrimas rolarem soltas. Ficamos algum tempo abraçadas
até que ela se acalmou.



- Tem mais uma coisa, Any... Sua mãe pode estar correndo verdadeiro perigo.
Existe um seguro de vida, onde Ricardo é o beneficiário...



O choro de Anahí agora era mais alto e seus soluços eram cada vez mais fortes.



- Calma, minha linda! Calma... Olha, não podemos ir para a próxima cidade.
Vamos voltar depois de amanhã, ainda precisamos que essa família reabra o caso.
A Angel já está mandando tudo o que conseguimos coletar para a polícia...
Entrega anônima. Não sei como ela vai fazer, mas ela tem um jeitinho pra tudo.
Enfim... Aquelas provas vão ajudar a colocar ele na cadeia, mas não são
suficientes.



- Quantas famílias ele destruiu, Dul? Quantas vidas ele destruiu? Que tipo de
monstro é esse? Crianças, Duk!... Só queriam uma vida melhor! E agora ele quer
destruir a minha!



Any me abraçava forte e chorava. Ficamos abraçadas até que ela recuperasse a
calma. Coloquei-a na cama e deitei de frente para ela, acariciando seus cabelos
e rosto. Detestava mais que tudo no mundo ver ela daquele jeito.



- Gostaria de fazer algo para que você não ficasse assim... – fui sincera.



- Você já está fazendo... Está comigo. Obrigada... – tentou um sorriso.



- Não é favor... – sorri. – Agora descansa, tá? – falei me levantando.



- Não! Fica aqui comigo até eu dormir? Só até eu dormir...



- Tudo bem – sorri e me deitei novamente.



Anahí fechou os olhos e aos poucos foi relaxando enquanto eu acariciava seus
cabelos.



- Obrigada... – A voz sonolenta denunciava que já estava totalmente entregue ao
sono. Beijei sua testa.



Acabei adormecendo também.



Acordei e estava envolvendo Anahí em meus braços. Meu braço a abraçava pela
cintura e seus dedos estavam entrelaçados nos meus. Tentei me levantar, mas
Anahí manteve minha mão presa na sua.



- Fica mais? – Me pediu com a voz sonolenta.



- Fico...



Seu corpo se acomodou. Apertei delicadamente sua mão, que ainda estava
entrelaçada na minha.



- Por que você me deixa calma? – sorri com a pergunta.



- Não sei...



Mais algum tempo de silêncio se seguiu.



- Você está melhor? – disse em um sussurro.



- Sim... Mas estou preocupada. Quero voltar logo. Estou com medo, Dul.



Apertei seu corpo contra o meu, como se aquele contato pudesse protegê-la de
alguma coisa, ou confortar de alguma forma. A verdade é que eu não sabia bem o
que fazer, mas sabia que queria proteger ela de tudo aquilo, queria que essa
coisa louca terminasse.



- Ei... Eu estou aqui, tá? E não vou a lugar nenhum. O que eu puder fazer pra
te ver feliz eu vou fazer, tá?



- Obrigada.



Ficamos em silêncio por muito tempo, apenas abraçadas. Anahí acariciava minha
mão e eu fazia carinho em seus cabelos.



O celular interrompeu. Tentei me levantar mas Anahí impediu, me apertando ainda
mais contra seu corpo.



- Deixa tocar... – sussurrou . O celular continuava tocando.



- Any... Pode ser as meninas com mais alguma informação. Prometo que volto
assim que atender.



Levantei e peguei o celular. Olhei o visor, apertando o aparelho entre os dedos
por alguns instantes, me perguntando se atenderia ou não. Era Lorena. Passei os
dedos pelos cabelos e esperei mais um pouco. Parou de tocar.



Fiquei alguns segundos com o aparelho nas mãos até que ele começou a tocar
novamente. “Atender ou não... Eis a questão.”



- Não vai atender? – Anahí me tirou dos pensamentos.



- Er... Vou – “Seja o que Deus quiser!” – Alô... Alô??? Não estou ouvindo, a
ligação está ruim... Pode falar mais alto??? Espera vou pra varanda ver se fica
melhor – fui para fora rapidamente tentando ganhar tempo. Anahí não se moveu da
cama.



- Oi... Está tudo bem ai? – reconheci o tom de chateação na voz de Lorena.



- Ei! Está sim. Tirando o calor que faz aqui...



- Hum... Quando você volta?



- Amanhã. Resolvemos antecipar a volta. Temos que visitar mais umas famílias e
voltamos. Está tudo bem?



- Está, na medida do possível, Dulce.



- Precisamos conversar, Lorena.



- Não, Dul... Não precisamos – sua voz estava fria.



- Loh...



- Só me avisa quando chegar, tá? Divirta-se – desligou.



Encostei o celular na testa, repassando o tom e as palavras de Lorena. Respirei
fundo e voltei para o quarto.



- Eram as meninas?



- Uhum... – Resmunguei enquanto deitava novamente atrás de Anahí, me
aconchegando em seu corpo.



- Mais alguma noticia desagradável?



- Não. Só queriam saber se voltaríamos mesmo amanhã.



- Ah, tá.



Passamos a manhã inteira assim.